sábado, 14 de dezembro de 2019

Inteligência Artificial X Burrice Natural

João Luiz Rosa (Valor, 25/11/2019) detalha uma visão de futuro, descrita pelo francês Jean-Philippe Courtois, presidente global de vendas, marketing e operações da Microsoft. A inteligência artificial será o fator de mudança mais radical na economia nos próximos cinco a dez anos, o que implica inúmeros riscos, incluindo a eliminação de empregos, mas não haverá nenhuma hecatombe digital se os cuidados necessários forem tomados a tempo.

“É correto dizer: alguns empregos serão completamente automatizados”, diz o executivo de 59 anos — 35 deles passados na companhia americana. A adoção crescente de robôs e sistemas capazes de aprenderem sem intervenção humana, o chamado aprendizado de máquina, é inevitável, porque traz ganhos econômicos indispensáveis à competição. Mas na maioria dos casos, só parte do trabalho será automatizada, o que abre espaço para as pessoas adquirirem novas habilidades e se reposicionarem no mercado de trabalho.

A inteligência artificial tem se disseminado tão rapidamente a ponto de mesmo operários e outros profissionais cujas atividades não tinham nenhuma conexão com a tecnologia – de balconistas de loja a funcionários de uma estação de trem – poderão ter a possibilidade se reposicionar. Isso porque as empresas nas quais trabalham dependem de sistemas de dados e precisam de pessoas para lidar com a demanda crescente por informações.

Até 2030, a expectativa é a inteligência artificial acrescente US$ 15,7 trilhões à economia mundial, com base em levantamento da consultoria PwC – o equivalente a um PIB chinês. Esse montante virá principalmente dos ganhos com produtividade e do estímulo ao consumo proporcionado pela melhoria dos produtos. A questão para países, sociedades e empresas é como se antecipar a esse movimento — e tirar vantagem dele — em vez de ficar para trás e reagir tardiamente às mudanças. A resposta está, em grande parte, na requalificação.

“No Brasil, formamos metade da demanda dos profissionais de tecnologia de que precisamos, e 50% deles saem da universidade sem estar atualizados nas tecnologias mais recentes”, diz Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil. Para ajudar a combater essa deficiência, a companhia fechou um acordo com a ABMES, associação que congrega quase 80% das universidades privadas do país, para a criação conjunta de um currículo para a área de inteligência artificial, informa a executiva.

O futuro, no entanto, não será um mundo conduzido por engenheiros. Muitas profissões vão, de fato, exigir habilidades técnicas voltadas ao mundo digital, algo que as gerações mais jovens já estão desenvolvendo intuitivamente dentro das organizações. Toda empresa está se tornando uma empresa de software, mas isso não significa todas as pessoas se tornarem engenheiros.

Além disso, existe a necessidade de desenvolver um segundo conjunto de habilidades. Este não depende de um curso de tecnologia. São capacidades de colaboração e criatividade para pessoas com experiências de vida distintas encontrarem, na tecnologia, saídas para os problemas enfrentados — de forma coletiva e mais rápida.

Esse componente humano, em contraste com um mundo supostamente dominado por máquinas, está na base de outro dilema a se intensificar: com o uso da inteligência artificial, Estados autocráticos não poderiam se transformar em ditaduras digitais, capazes de controlar os passos de seus cidadãos de uma maneira nunca vista antes?

Precisamos de princípios quanto à maneira de conduzir as inovações. São princípios éticos de inteligência artificial. Devemos os aplicar a nós mesmos, mas também podem ser compartilhados com governos. Entre esses princípios estão a imparcialidade e a diversidade, exatamente para garantir as pessoas criadoras dos algoritmos não sejam apenas homens brancos, com as mesmas crenças, mas pessoas com visões diferentes. É fácil culpar um algoritmo por alguma atividade indevida, mas por trás de qualquer algoritmo existem pessoas.

Courtois é responsável pelas 124 subsidiárias da empresa no mundo. Ele é um dos principais homens de operação do executivo-chefe da companhia, o indiano Satya Nadella.

Desde quando assumiu o cargo, em 2014, Nadella mudou a rota da Microsoft. Historicamente concentrada no sistema Windows, a companhia foi reorientada para os serviços em nuvem. Ela têm impulsionado os resultados. No trimestre mais recente, fechado em setembro, a receita da Microsoft aumentou 14%, para US$ 33 bilhões, e o lucro líquido cresceu 21%, para US$ 10,7 bilhões, em relação ao ano anterior.

O trabalho da Microsoft é estabelecer a mais confiável plataforma de nuvem para os usuários. A Microsoft nunca tentará se tornar uma operadora de telecomunicações, mas atender clientes da área. Não é o que faz a Amazon. Esta oferece serviços de nuvem ao mesmo tempo a deixar outros varejistas “aterrorizados”. Também o Google recentemente anunciou a entrada nos serviços financeiros. As Big Techs GAFA (Google, Amazon, Facebook, Apple) sofrem ataque da Microsoft! Briga de brancos…

Inteligência Artificial X Burrice Natural publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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