Joseph Schumpeter, no último capítulo de seu livro “Teoria do Desenvolvimento Econômico” (original publicado em 1911), afirma: três circunstâncias aumentam o efeito do aparecimento em conjunto dos novos empreendimentos, sem serem, no entanto, causas reais iguais a ele.
Em primeiro lugar, a argumentação na Teoria do Desenvolvimento Econômico schumpeteriana permite esperar — e a experiência o confirma — a grande maioria das combinações novas não brotará das empresas antigas nem tomará imediatamente o seu lugar, mas aparecerá a seu lado e competirá com elas. Do ponto de vista da Teoria de Destruição Criativa, esse elemento não é novo nem independente. Nem é essencial para a existência de booms e depressões, embora seja obviamente muito importante na explicação da amplitude do movimento em forma de onda.
Em segundo lugar, o fato de a demanda empresarial aparecer en masse significa um aumento muito substancial do poder de compra por toda a esfera dos negócios. Isso inicia um boom secundário. Ele se espraia por todo o sistema econômico. É o veículo do fenômeno da prosperidade geral. Só pode ser completamente entendido desse modo. Não pode ser explicado satisfatoriamente de outra maneira.
Somente porque o novo poder de compra vai, em grande volume, das mãos dos empresários para os proprietários de meios materiais de produção, para todos os produtores de bens para o “consumo reprodutivo” (Spiethoff) e para os trabalhadores, e então se difunde por todos os canais econômicos, todos os bens de consumo são vendidos finalmente a preços sempre crescentes. Com isso os varejistas fazem encomendas maiores, os industriais estendem as operações, e, com esse propósito, meios de produção cada vez mais desfavoráveis e em geral já abandonados voltam de novo ao uso. Somente por causa disso a produção e o comércio rendem temporariamente um lucro em toda parte, exatamente como num período de inflação, por exemplo, quando as despesas de guerra são financiadas com papel moeda.
Muitas coisas flutuam nessa “onda secundária”, sem nenhum impulso novo e direto da força propulsora real e no fim o prognóstico especulativo adquire um significado causal. Os sinais de prosperidade por si mesmos tornam-se finalmente um fator de prosperidade, de modo como sabemos.
Evidentemente isso é muito importante para os índices da Teoria dos Negócios e para a compreensão da situação dos negócios como um todo. Para o objetivo de Schumpeter, todavia, só é essencial a divisão entre as ondas primária e secundária e é suficiente notar esta última onda poder se remontar à primeira. Logo, em uma teoria elaborada com base no princípio schumpeteriano, tudo o que sempre foi observado no movimento cíclico encontraria o seu lugar definido.
Mas, em uma exposição como a presente, não se pode fazer justiça a tais coisas, pois pode surgir uma impressão de afastamento da realidade. Na verdade, isso não se justifica. A crítica dela enfatizar unilateralmente e de modo exagerado um elemento entre muitos é uma objeção capaz de confundir o problema de explicar a natureza e o mecanismo do ciclo com o problema de uma explicação dos fatores concretos de ciclos individuais.
Em terceiro lugar, segue-se da argumentação schumpeteriana, os erros devem desempenhar um papel considerável no começo do boom e no curso da depressão. Em sua maior parte, as teorias das crises usam, de fato, esse elemento de uma maneira ou de outra. Contudo, os erros não ocorrem normalmente na extensão máxima requerida. A produção é iniciada por homens sensatos e somente com base numa investigação mais ou menos cuidadosa dos fatos. Embora possam ocorrer erros de cálculo, em uma escala possível de facilmente pôr em perigo uma firma individual, em casos excepcionais talvez toda uma indústria, não é em geral suficiente para pôr em perigo o sistema econômico como um todo.
Então, como erros tão gerais podem ser feitos de tal modo a todo o sistema ser afetado, e, na verdade, como uma causa independente – e não meramente como uma consequência da depressão – deve ser explicada?
Uma vez que tenha começado por outras razões, a depressão certamente transtorna muitos planos anteriormente perfeitamente razoáveis e torna perigosos certos erros, de outro modo, facilmente retificados. Os erros iniciais requerem uma explicação especial, sem a qual nada se explica.
A análise de Schumpeter fornece essa explicação. Se o traço caraterístico de um período de boom não é meramente a ampliação da atividade econômica enquanto tal, mas a realização de combinações novas e ainda não experimentadas, fica então imediatamente claro o erro desempenhar um papel especial, qualitativamente diferente do seu papel no fluxo circular.
Não obstante, não se encontrará na análise schumpeteriana nenhuma “Teoria do Erro”. Pelo contrário, para evitar tal impressão, isola esse elemento. Na verdade, ele é um elemento acidental de apoio e reforço, mas não uma causa primária necessária à compreensão do princípio.
Ainda haveria movimentos cíclicos — embora de forma mais suave — mesmo quando ninguém nunca fizesse qualquer coisa de modo a poder ser descrita como “falsa” sob seu ponto de vista. Mesmo não havendo nenhum “erro” técnico ou comercial, “febre especulativa”, ou otimismo e pessimismo sem fundamento, e ainda se todos tivessem o dom de uma ampla presciência, a situação objetiva criada necessariamente pelo boom explica exclusivamente a natureza da coisa.
Isso não significa se negar a importância prática do elemento erro, nem a dos elementos comumente designados por febre especulativa, fraude etc. — categoria à qual também pertence a superprodução. Schumpeter afirma apenas todas essas coisas serem em parte consequências. Mesmo não sendo esse o caso, a natureza do fenômeno não pode ser entendida a partir delas.
Ondas de Empreendedores Inovadores publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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