quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Teoria da Causação das Crises

Joseph Schumpeter, no último capítulo de seu livro “Teoria do Desenvolvimento Econômico” (original publicado em 1911), expõe sua Teoria do Ciclo. Se considerarmos a lista de possíveis causas de perturbações, é bem possível ficar na dúvida: se restará qualquer coisa ao abstrairmos todos esses itens e se, portanto, podemos dizer algo mais sobre a causação das crises além delas ocorrerem se, em consequência de acidentes externos ou internos, algo bastante importante vai mal.

A história não entraria em contradição com essa teoria. Em quase todos os casos históricos há tantos “acidentes” possíveis de ser responsabilizados pela crise ocorrida, realmente, não haveria nenhum disparate evidente quanto à descrição. Porém, a necessidade de qualquer busca de causas mais gerais e fundamentais é menos óbvia para alguns economistas “equilibristas”.

Em qualquer decisão dessa questão, o cenário individual da maioria das grandes crises da história é mais importante para a explicação dos acontecimentos efetivos observados em cada caso. Estaria em lugar de qualquer teoria geral — supondo tal teoria ser possível —, nunca esta teoria podendo ser tomada como produzindo nada mais além de uma contribuição tanto ao diagnóstico quanto à política de correção em qualquer caso real.

Se os homens de negócios quase sempre tentam explicar qualquer crise por circunstâncias especiais ao caso em questão, não estão inteiramente errados. Também não o está o antagonismo do “empirista” em relação a qualquer tentativa de construir uma teoria geral sem fundamento — embora não seja antagonismo o que se requer nesse caso, mas uma distinção clara entre duas tarefas inteiramente diferentes.

Uma descoberta decisiva resolveu essa questão e ao mesmo tempo pôs o problema em bases um tanto diferentes. Consistiu em estabelecer o fato de haver, de qualquer modo, alguns tipos de crises com elementos ou, pelo menos, componentes regulares, senão necessários, de um movimento em forma de onda. Ela alterna períodos de prosperidade e depressão. Estes têm permeado a vida econômica desde o início da Era Capitalista.

Esse fenômeno emerge então da massa de fatos variados e heterogêneos responsabilizados pelos retrocessos e colapsos de toda espécie. Para explicar primeiramente essas grandes peripécias da vida econômica o método da Economia visto como um componente de um Sistema Complexo, interativo com os demais de outras áreas de conhecimentos, seria bastante útil. Ponderaria os distintos pesos dos elos de interconexões entre todos eles e focalizaria os nódulos mais potentes para a emergência do Efeito de Rede.

Quando dominarmos esse problema, não apenas estaremos justificados, mas forçados, para fins de análise teórica, a supor a ausência de todas as outras perturbações — externas e internas — às quais está exposta a vida industrial, para isolar a única questão interessante do ponto de vista da teoria. Ao fazê-lo, não devemos, contudo, esquecer nunca aquilo descartado não é por isso de menor importância.

Se a teoria abstrata da crise for mantida dentro dos estreitos limites da pergunta-chave, deverá se tornar desproporcional a todos os esforços analíticos de maior alcance com o objetivo de fornecer um aparato para o pleno entendimento do curso efetivo das coisas.

A pergunta-chave pode agora ser formulada da seguinte maneira: por que o desenvolvimento econômico, como o definimos, não avança uniformemente como cresce uma árvore, mas, por assim dizer, espasmodicamente? Por que apresenta ele esses altos e baixos tão característicos?

Neste ponto, Schumpeter parece esquecer em sua metáfora da “poda da árvore”. Na jardinagem, poda, podadura ou desbaste é o ato de se retirar parte de plantas, arbustos e árvores, cortando-se ramos, rama ou braços inúteis. Pode ser periódico. Se for bem executada, favorece o crescimento das plantas, formando-as, tratando-as e renovando-as.

Pode ocorrer a poda natural. Esta é a queda ou morte natural de ramos, devido a humidade excessiva, falta de incidência de luz ou apodrecimento.

Poda de forma é uma forma artificial de poda utilizada na jardinagem. Ela retira folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética. A poda pode fazer a árvore crescer de forma ordenada. Diferentes espécies de plantas possuem diferentes padrões de repouso. Esse período deve ser levado em conta quando se considera a melhor época para a poda.

Infelizmente, apenas a queda da maçã inspirou Isaac Newton a elaborar sua Lei da Gravidade – e não o crescimento das maçãs. Neste caso, talvez economistas pudessem ter feito descobertas inovadoras a respeito do organismo do mercado em lugar do mecanismo gravitacional e/ou equilibrista de mercado.

Verificariam, por exemplo, os níveis de um estoque mudarem com o tempo, devido ao saldo entre suas entradas e saídas, ou seja, devido aos fluxos. Ciclos de feedback são interconexões: as de reforço fazem o sistema se mover; as de equilíbrio ou balanceamento o impedem de explodir ou implodir.

Com reforços de feedback, quanto mais se tem, mais se ganha. Sem controle, amplificam o movimento em círculos virtuosos ou viciosos, geradores de crises.  Atrasos nos fluxos para acumulação de estoque podem gerar obstinação no sistema, isto é, tempo demasiado para regeneração, por exemplo, da confiança.

Teoria da Causação das Crises publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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