quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Empreendimento: Fator Essencial do Desenvolvimento

Joseph Schumpeter, em seu livro “Teoria do Desenvolvimento Econômico” (original publicado em 1911), chega ao terceiro dos elementos de sua análise do processo de desenvolvimento, a saber, a “nova combinação de meios de produção” e o crédito. Embora os três elementos formem um todo, o terceiro pode ser descrito como o fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico.

Chama de “empreendimento” à realização de combinações novas. Chama de “empresários” aos indivíduos cuja função é realizá-las. Esses conceitos são a um tempo mais amplos e mais restritos em relação ao uso comum. Mais amplos porque em primeiro lugar chama de “empresários” não apenas aos homens de negócios “independentes” em uma economia de trocas, de modo geral, assim designados, mas todos aqueles, de fato, capazes de preencher a função pela qual define o conceito.

Por exemplo, está se tornando regra os empreendedores serem empregados “dependentes” de uma companhia, como gerentes, membros da diretoria etc., ou mesmo se o seu poder real de cumprir a função empresarial tiver outros fundamentos, tais como o controle da maioria das ações.

Como a realização de combinações novas é a capacidade constituinte do empresário, não é necessário ele estar permanentemente vinculado a uma empresa individual. Muitos “financistas”, “promotores” etc. não são e ainda podem ser empresários no sentido dado por Schumpeter.

Seu conceito é mais restrito se comparado ao tradicional, ao deixar de incluir todos os dirigentes de empresas, gerentes ou industriais. Eles simplesmente podem operar um negócio estabelecido, incluindo entre eles apenas quem realmente executa aquela função.

Não obstante, Schumpeter sustenta a definição acima não fazer mais além de formular com maior precisão o que a doutrina tradicional realmente pretende transmitir. Em primeiro lugar, sua definição concorda com a comum, no ponto fundamental da distinção entre “empresários” e “capitalistas” — independentemente de os últimos serem vistos como proprietários de dinheiro, de direitos ao dinheiro, ou de bens materiais.

Essa distinção hoje em dia é geralmente aceita e o tem sido por um tempo considerável. Sua definição coloca também a questão de o acionista comum ser um empresário enquanto tal, e descarta a concepção do empresário como aquele capaz de correr riscos.

Além disso, a caracterização comum do empresário por expressões tais como “iniciativa”, “autoridade” ou “previsão” aponta diretamente em sua direção.

A função do empresário é combinar os fatores produtivos, reuni-los. Como isso é uma atuação de tipo especial apenas quando os fatores são combinados pela primeira vez — ao passo de ser mero trabalho de rotina quando feito no curso da operação de um negócio —, essa definição coincide com a de Schumpeter. Os empreendedores quebram a rotina dos negócios.

Empreendimento: Fator Essencial do Desenvolvimento publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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