Billy Ehrenberg-Shannon e Lauren Fedor (Financial Times, 06/12/2019) informam: mais de 60% dos americanos acham os recordes atingidos por Wall Street neste ano terem tido pouco ou nenhum impacto em suas finanças pessoais, o que coloca em dúvida se a onda de alta, uma das maiores em dez anos, vai melhorar as chances de reeleição de Donald Trump.
Uma pesquisa com prováveis eleitores feita para o “Financial Times” e para a Peter G. Peterson Foundation mostrou: 61% dos americanos acham as variações no mercado acionário terem pouca ou nenhuma influência em seu bem-estar. Os demais 39% disseram o desempenho das ações teve impacto “muito forte” ou “de certa forma forte”.
A pesquisa sinaliza a maioria dos americanos não tem conhecimento do comportamento do mercado de ações, com apenas 40% respondendo corretamente as ações terem se valorizado em 2019. Outros 42% disseram o patamar do mercado ser “mais ou menos o mesmo” em relação ao do início do ano, enquanto 18% achavam ele ter caído. Os três principais índices de ações dos Estados Unidos – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq – atingiram recordes em novembro de 2019.
O presidente Trump aposta sua tentativa de reeleição na força da economia dos EUA e com frequência alardeia o desempenho das ações como evidência de seu bom comando econômico. Em comício de campanha em New Hampshire no verão americano, Trump disse: os americanos “não [teriam] escolha” a não ser votar nele em 2020, porque se perdesse os planos de aposentadoria iriam “pelo ralo, tudo iria pelo ralo”. “Então, você me adorando ou odiando, precisa votar em mim.”
As conclusões da pesquisa fazem parte do Monitor Econômico FT-Perterson dos EUA. Ele acompanha mensalmente a percepção dos eleitores sobre a economia americana antes das eleições presidenciais. A pesquisa tenta acompanhar se os prováveis eleitores se sentem melhor ou pior desde que Trump se tornou presidente.
Em episódio que ficou famoso, Ronald Reagan derrotou Jimmy Carter em 1980 perguntando aos eleitores: “Você está melhor do que estava há quatro anos?”. A pesquisa mais recente, realizada pouco antes do feriado do Dia de Ação de Graças, mostrou: dois terços dos americanos não acham suas finanças pessoais terem melhorado desde a eleição de Trump, basicamente o mesmo mostrado no estudo mensal anterior.
A pesquisa mais recente agregou perguntas novas sobre a percepção do público em relação ao desempenho em Wall Street. Além de querer ganhar os créditos pela onda de alta das ações, Trump frequentemente causa volatilidade nos mercados.
Além dos investidores de varejo, há muitos americanos expostos ao mercado acionário por meio de planos de aposentadoria do tipo 401(k)s – uma espécie de plano de contribuição definida -, de planos de aposentadoria individual, de fundos mútuos e de outros veículos de poupança.
De acordo com a pesquisa mais recente do Federal Reserve (Fed) sobre as finanças dos consumidores, cerca de metade das famílias americanas detinha ações de uma forma ou de outra, mas apenas 14% possuíam ações diretamente.
A pesquisa FT-Peterson mostrou a inclinação partidária ter sido um fator importante de influência na opinião dos eleitores sobre os mercados. Entre os republicanos, 58% dos consultados sabiam que as ações haviam se valorizado neste ano, em comparação a 25% dos democratas. Entre os republicanos, 45% disseram o mercado acionário ter um efeito “muito forte” ou “de certa forma forte” em suas finanças pessoais em comparação a 35% dos democratas.
A pesquisa também indicou: as opiniões dos americanos sobre os mercados acionários estão relacionadas à sua renda: 60% dos consultados com renda acima de US$ 100 mil por ano identificaram corretamente que o mercado acionário havia se valorizado neste ano, em comparação a apenas 29% dos eleitores ganhando menos de US$ 50 mil por ano. Quem ganhava mais de US$ 100 mil por ano também tinha mais chances de dizer: o mercado acionário teve um impacto “muito forte” ou “de certa forma forte” em suas finanças pessoais.
De acordo com a pesquisa, 31% dos americanos acreditam agora estarem em pior situação financeira do que no início da presidência de Trump. Outros 37% disseram que não houve mudança desde a posse de Trump em janeiro de 2017, enquanto 32% disseram estar em melhor situação.
A pesquisa mais recente do FT-Peterson foi realizada pela internet pelo Global Strategic Group, um grupo de pesquisas democrata, e pelo North Star Opinion Research, um grupo republicano, entre 19 e 24 de novembro. Reflete as opiniões de 1.010 prováveis eleitores e tem margem de erro de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo. A Peterson Foundation é uma organização apartidária sem fins lucrativos cujo foco de atuação são os problemas fiscais dos EUA.
Votos dos Norte-Americanos por Efeito Riqueza da Bolsa de Valores ? publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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