segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Ferrugem asiática ou ferrugem da soja: como combater esse mal nas lavouras?

Segundo dados da SNA (Sociedade Nacional de Agricultura), a ferrugem da soja, ou ferrugem asiática, causa um prejuízo de U$ 2 bilhões no Brasil, sendo uma das doenças com o maior poder destrutivo da cultura existente hoje. Ela chega a comprometer 20% da receita anual produzida pelas lavouras de soja no país.

Somente esses dados são suficientes para entender que os sojicultores lutam contra um inimigo perigoso. No entanto, existem diversas práticas que são capazes de prevenir o avanço da doença e reduzir seu impacto na lavoura. É sobre isso que falaremos neste post. Acompanhe!

O que é ferrugem asiática ou ferrugem da soja?

A ferrugem asiática, também conhecida como ferrugem da soja, é uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, e é hoje reconhecida como a principal praga dessa cultura. Segunda a Embrapa, trata-se de um inimigo tão perigoso para a lavoura que pode causar perdas que variam entre 30% e 90%, se não forem tomadas ações adequadas de controle.

A planta atacada pela ferrugem asiática perde precocemente suas folhas, o que a impede de formar grãos. O resultado é uma redução significativa na produtividade da safra.

Ela é visivelmente identificável por meio de pequenos pontos escuros na parte superior da folha e pequenas verrugas na parte inferior, onde os esporos do fungo ficam alojados. Com o tempo, essas pontuações se tornam castanho-escuras, e o tecido foliar fica castanho-claro, dando um aspecto enferrujado que dá nome à doença.

Ela foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2001. Desde então, tem sido monitorada por diversos centros públicos e privados de pesquisa não só aqui no país, mas também em todo o mundo.

O combate à ferrugem da soja tem sido árduo, uma vez que desde a safra de 2007/08, o fungo tem se tornado cada vez mais resistente ao tratamento convencional, em virtude das adaptações naturais do patógeno. Entenda, então, quais são as melhores formas de combate!

Como combater esse mal?

Aplique fungicidas adequados

Com o aparecimento da ferrugem em 2001, os fungicidas eram os principais aliados dos sojicultores. Os grupos de fungicidas existentes eram os triazóis, as estrobilurinas e as carboxamidas. Desses, os triazóis e as misturas de triazóis e estrobilurinas eram os mais aplicados para o controle da ferrugem asiática e apresentavam uma boa eficiência.

No entanto, com o tempo, os fungos se tornaram resistentes aos triazóis, quando os agricultores perceberam uma perda de eficiência no uso do produto em 2005. Vieram, então, os grupos das estrobilurinas e as carboxamidas, e mais uma vez desenvolveram-se biotipos resistentes do fungo que reduziram a eficácia desses fungicidas.

Atualmente, existem no mercado novos fungicidas, como os multissítios, com mecanismos de ação diferenciados. Eles são aplicados junto com os fungicidas de sítio específico já conhecidos. O primeiro lançado no mercado brasileiro foi o Unizeb Gold. Além de serem mais eficientes, eles otimizam a ação dos fungicidas tradicionais, dando-lhes uma sobrevida necessária, até que surja um grupo químico novo que apresente uma eficiência maior contra o fungo.

Tendo em vista a tendência da ferrugem asiática de perder sua sensibilidade aos fungicidas, são feitas algumas recomendações importantes:

  • sempre misture dois ou mais fungicidas de ações distintas;
  • sempre siga as recomendações do fabricante, aplicando doses em intervalos indicados por ele;
  • não aplique o mesmo produto mais do que duas vezes seguidamente;
  • não adote fungicidas do grupo das carboxamidas caso a praga já esteja estabelecida na lavoura;
  • aplique no máximo duas vezes carboxamidas por cultivo.

É importante lembrar que as aplicações de fungicidas devem ser preventivas, ou seja, não espere que a presença dos poros seja sintomática. Além disso, é importante que os produtos de sítio específico sejam sempre aplicados com fungicidas multissítios.

Realize semeadura no início da época recomendada

Siga o calendário agrícola, semeando a soja logo no início da época recomendada. Quanto mais tardio for a semeadura, mais tarde sua lavoura vai se desenvolver e maior a possibilidade de a ferrugem se instalar ainda nos estágios iniciais da planta, comprometendo sua produtividade.

Com essa ação, muito provavelmente será necessária uma quantidade menor de aplicações de fungicidas. Lembre-se de que quanto menos aplicações, menor o avanço da resistência do fungo aos produtos.

Siga o vazio sanitário

Plantas presentes no talhão em períodos entressafras podem servir de hospedeiras para o fungo, o que inclui plantas daninhas e, especialmente, a soja voluntária. Por isso, pode acontecer de a ferrugem surgir antes mesmo de se iniciar o cultivo das lavouras comerciais.

O vazio sanitário “corta” essa ponte entre uma safra e outra, além de evitar que haja plantas potencialmente hospedeiras (que normalmente não recebem proteção e tratamento químico). Trata-se de um período de 60 a 90 dias sem plantio no campo, reduzindo a possibilidade de sobrevivência do fungo.

Plante variedades resistentes

Já existem no mercado cultivares tolerantes e diversas pesquisas para desenvolver variedades resistentes, como a BRS 511, da Embrapa, que tem por objetivo tornar mais demorado o desenvolvimento da ferrugem na soja.

Adote a rotação de culturas

Rotacionar o plantio da soja com culturas que não são hospedeiras do fungo, como o milho, tem um efeito semelhante ao vazio sanitário, uma vez que reduz as chances de sobrevivência do patógeno entre as safras. Essa é uma das principais práticas do Manejo Integrado de Pragas que ajudam o agricultor a combater essas doenças de forma sustentável.

Qual é a importância de fazer o monitoramento da doença nas lavouras?

O monitoramento é essencial para você determinar quando implementar ações de controle. Para monitorar a doença, inspecione as folhas e procure por pontos escuros. Use uma lupa para examinar a parte inferior das folhas e verificar se há urédias (saliências, semelhantes a um vulcão, que liberam o esporo do fungo).

Dessa forma, caso sua lavoura tenha sido infestada pela ferrugem, você poderá tomar medidas precoces que reduzirão o impacto na produtividade.

Outra forma de monitorar a doença é por meio do portal Consórcio Antiferrugem. Ele apresenta um mapa que indica as ocorrências da ferrugem da soja em todo o Brasil. Esses dados serão indispensáveis para você verificar se há casos na sua região ou em locais próximos.

A ferrugem asiática, ou ferrugem da soja, é sem dúvida uma das maiores ameaças às lavouras de soja no Brasil. Os riscos que ela traz à safra são tão grandes que chegam a causar pânico em muitos produtores rurais. Apesar disso, seguindo as melhores práticas e utilizando as tecnologias disponíveis no mercado, o agricultor ganha força diante desse grande vilão.

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