Gabriel Vasconcelos (Valor, 21/08/2020) informa: o número de desempregados no Brasil chegou a 12,3 milhões em julho, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 438 mil pessoas desocupadas a mais do que em junho, um aumento de 3,7%. Em paralelo, o instituto detectou a terceira expansão seguida na cobertura do auxílio emergencial, que passou a alcançar 107,1 milhões de brasileiros, mais da metade da população (50,7%).
Ao limitar a circulação, a pandemia fez aumentar o número de pessoas fora da força de trabalho, ou seja, quem não procura emprego e, por isso, não é considerado desocupado. Com a crescente flexibilização do isolamento, porém, esperava-se que as pessoas voltassem à busca por vagas e o contingente fora da força caísse, aumentando a pressão sobre o mercado de trabalho. O fenômeno aconteceu em junho, mas não se repetiu em julho.
Nesse mês, a população fora da força cresceu 2,1% com relação ao dado de junho, somando 76,5 milhões de pessoas. Isso levou especialistas a descartarem sua dinâmica como principal fator gerador do desemprego no país. Mais grave, dizem, o desemprego provavelmente foi alimentado por novos cortes de pessoal ou fechamento de empresas. Segundo o IBGE, no quinto mês da pandemia, a taxa de desocupação do país subiu para 13,1%, ante 12,4% em junho.
Nos próximos meses, sobretudo no quarto trimestre, as variações no desemprego devem se associar novamente à redução do desalento. Não há nenhum sinal de recuperação do trabalho, exceto a redução dos afastados. Esse afastamento mascarava o número de desocupados. Em julho, com a flexibilização e a volta dessas pessoas, elas mesmas podem ter sido demitidas ou abriram espaço para outros cortes.
O IBGE mostrou que, dos 81,5 milhões de ocupados em julho, 9,7 milhões estavam afastados do trabalho. Desses afastados, 6,8 milhões dos casos se deviam ao distanciamento social. Os dois contingentes caíram, respectivamente, 34% e 42,6% ante junho. Entre os que permaneciam trabalhando em julho, 8,4 milhões o faziam remotamente, parcela 3,3% menor que a do mês anterior.
Para o desemprego oficial (Pnad Contínua), o IBRE projeta desemprego de 13,6% em julho e, no ano, taxa de 13,2%.
Mecanismo de redução dos danos no trabalho, o auxílio emergencial chegou a 30,2 milhões de lares em julho, 44,1% do total e onde moram mais da metade dos brasileiros. Em maio, primeiro mês de medições, o socorro chegava a 26,3 milhões de casas (38,7%) e, em junho, a 29,4 milhões (43%).
Seu peso na recuperação da massa de rendimentos tem caído. O auxílio teria ancorado metade da recuperação dos rendimentos em junho, mas só 20% em julho. O fim das reduções de salário e o aumento das horas trabalhadas já têm sido mais importante para a renda do que o auxílio em si..
Desalento publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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