quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Ultradireita Corrupta é Presa nos EUA e no Brasil será com Atraso

Sarah N. Lynch e Andy Sullivan (Reuters, de Washington 21/08/2020) informa: Steve Bannon, um dos mentores da vitória de Donald Trump nas eleições de 2016, foi preso em um iate ontem e acusado de ludibriar doadores, em um esquema destinado a contribuir para construir o muro ao longo da fronteira entre EUA e México. Pregou esse bordão xenófobo na campanha do presidente dos EUA.

Como assessor da campanha presidencial de Trump que posteriormente atuou como estrategista-chefe da Casa Branca, Bannon ajudou a articular o populismo de direita caracterizado pelo mote “EUA em 1o lugar” e a enérgica oposição à imigração que foram as marcas registradas da gestão Trump. O presidente demitiu Bannon de seu cargo na Casa Branca em agosto de 2017.

Bannon, de 66 anos, estava entre quatro pessoas presas e acusadas por promotores federais em Manhattan de associação criminosa para cometer fraude eletrônica e de associação criminosa para cometer lavagem de dinheiro. Bannon se declarou inocente diante da corte federal de Manhattan.

Os promotores acusaram o grupo de enganar milhares de doadores por meio de uma plataforma de financiamento coletivo de US$ 25 milhões chamada “We Build the Wall” (“Nós Contruímos o Muro”). Bannon usou centenas de milhares de dólares desse dinheiro para cobrir despesas pessoais, de acordo com as acusações.

Antes de se integrar a campanha de Trump, Bannon comandou o site de direita Breitbart News – do movimento “direita alternativa” dos EUA, que abriga nacionalistas, supremacistas brancos, neonazistas e antissemitas radicais.

Trump disse à imprensa na Casa Branca que se sente “muito mal” diante das acusações mas tentou se distanciar de Bannon e do suposto esquema. “Considero, efetivamente, um acontecimento triste”, disse Trump. “Não trato com ele absolutamente nada há anos já; literalmente, anos.”

Trump disse saber pouco sobre o projeto. Mas um dos envolvidos, o ex-secretário de Estado do Kansas Kris Kobach, disse em 2019 que Trump tinha oferecido seu apoio, segundo o “New York Times”.

Bannon é o oitavo colaborador próximo de Trump a ser preso ou condenado por um crime, lista que inclui, entre outros, o ex-diretor de campanha Paul Manafort, o amigo de longa data e assessor Roger Stone, o ex-assessor em segurança nacional Michael Flynn e o ex-advogado pessoal Michael Cohen.

Marcos de Moura e Souza (Valor, 21/08/2020) informa: preso ontem nos EUA, Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente americano, Donald Trump, começou a se aproximar de Eduardo Bolsonaro antes da campanha eleitoral de 2018. O tema que ligava o americano ao filho do presidente Jair Bolsonaro era a onda de direita que tinha embalado a eleição de Donald Trump dois anos antes e que seria decisiva também no Brasil e em outros países.

Após deixar a Casa Branca, Bannon criou o que batizou “The Movement”. Ele queria o movimento de ultra-direita neofascista se tornasse uma aliança de líderes nacionalistas populistas, com encontros periódicos para debaterem e difundirem o ideário em comum. Em entrevista ao Valor, em fevereiro de 2019, Bannon mostrou grande entusiasmo em relação ao papel que imaginou que Eduardo Bolsonaro teria nesse grupo – que acabou não prosperando.

O nome de Bannon havia aparecido na campanha de Bolsonaro, como o de um conselheiro informal. Em agosto de 2018 ele e Eduardo haviam se encontrado em Nova York. Também ao Valor, em outubro daquele ano, às vésperas de eleição, Bannon afirmou que não tinha tido nenhum papel formal da campanha brasileira. E que nunca havia estado até então com Jair Bolsonaro.

Otimista em relação ao ex-capitão do Exército, cuja trajetória vinha acompanhando desde 2015, Bannon disse às vésperas da eleição que acreditava que Bolsonaro poderia se tornar um líder global, caso conseguisse reverter a crise econômica que assolava o país.

Bannon parece ter se mantido como uma voz de referência no núcleo de Bolsonaro – apesar do fato de o americano ter virado uma figura indesejada por Trump e seus aliados mais próximos.

Em junho, o Valor informou que um executivo americano do mercado financeiro, bastante próximo a Steve Bannon, estava sendo cotado para passar a atuar como assessor especial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Gerald Brant conhece outro filho do presidente, Flávio Bolsonaro, há anos foi quem ajudou na aproximação da família com Bannon. No ano passado, conforme lembrou a reportagem, Bannon e Brant, estiveram à frente da organização de um evento em Washington com o escritor Olavo de Carvalho e com formadores de opinião nos Estados Unidos.

Ultradireita Corrupta é Presa nos EUA e no Brasil será com Atraso publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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