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Meu nome é Álvaro Matias e sou apaixonado por ler, comentar, escrever e compartilhar informações e textos sobre performance e produtividade no trabalho, em casa...
Bem, amo a organização pessoal e o alto rendimento nas minhas atividades diárias.
Uma das companhias de Elon Musk, a The Boring Company (“A Empresa Chata”, em tradução livre), tem como função desenvolver túneis subterrâneos para ajudar motoristas a fugir dos congestionamentos. Se você pensa que essa inovação irá demorar para chegar, podemos responder que você está muito enganado.
No fim de semana passado, Elon Musk, que também é dono da Tesla Motors, criou uma enquete no Twitter, onde perguntou aos seus seguidores se túneis super seguros e à prova de terremotos em cidades seria a solução para o tráfego. As opções de respostas eram: “Certamente”, “Talvez” e “Não, eu gosto de trânsito”.
A enquete “popular” teve quase 1,5 milhão de votos. A maioria (66.5%) disse que “Certamente”, seguido por “Talvez” (17.5%).
Em uma thread, Elon Musk explicou que o sistema funcionaria exclusivamente para veículos elétricos. Também ressaltou que os túneis não ficariam limitados apenas a carros da Tesla. “Estes seriam túneis rodoviários apenas para veículos com zero emissões – nenhum vapor tóxico é a chave. Realmente, apenas uma estrada subterrânea, mas limitada a veículos elétricos (de todas as montadoras)”, ressaltou Elon Musk.
Seguidores perguntaram sobre o túnel que está sendo construído em Las Vegas pela The Boring Company. Musk, por sua vez, respondeu: “esperançosamente entrarão em operação total em 2020”. Ou seja, tudo indica que essa inovação estará em operação já no próximo ano.
A empresa do bilionário está construindo um túnel que liga o Las Vegas Convention Center até Sunset Strip, nos Estados Unidos. O projeto é composto por dois túneis com 1,6 quilômetro de extensão cada. Os passageiros poderão viajar por eles em veículos autônomos a até 250 km/h.
Após desenvolvido, Elon Musk anunciou que a The Boring Company passará a atuar em outros projetos ainda com túneis em Washington D.C e em Chicago. O sistema desenvolvido pela companhia “Chata” tem como objetivo melhorar a mobilidade em grandes centros urbanos.
Seguindo os passos dos concorrentes, a Ferrari está preparando o terreno para lançar seu primeiro SUV, que deve chegar em 2021. Batizado de Ferrari Purosangue, o modelo deve estrear com a plataforma da recém-apresentada Roma, um Gran Turismo de 620 cv de potência.
A informação de que o Purosangue usará a plataforma da Ferrari Roma foi revelada por Michael Lieters, diretor de tecnologia da fabricante, em entrevista à Revista Auto Express.
“Em geral, teremos duas famílias de arquitetura – famílias de motores dianteiro e traseiro”, disse Lieters. “A modularidade existe e, especialmente na arquitetura do motor dianteiro, temos que prever muitos outros modelos. Temos 2 + 2, temos 4+, estamos pensando em Purosangue e assim por diante”, completou.
Tudo leva a crer que essa é a melhor base para o Purosangue, visto que ela foi projetada para receber motor V6, V8 ou V12, além de trens de força elétricos.
A Ferrari também adiantou que não há planos para encerrar a oferta de motores V12. Tanto é que a marca está trabalhando em um hipercarro 12 cilindros que será lançado nos próximos anos, depois de 2022.
Com relação aos veículos eletrificados V12, Enrico Galliera, diretor de marketing da marca, em entrevista à Auto Express, disse: “Para ser sincero, eletrificar um V12 significa criar, muito provavelmente, um carro pesado e grande. Portanto, a eletrificação deve ser idealmente acoplada a motores menores”.
A eletrificação continua como segundo plano para a Casa de Maranello. Galliera revelou que uma Ferrari 100% elétrica não está no plano do produto.
Soltando detalhes aos poucos, a Ferrari Roma foi revelada no mês de novembro. O Gran Turismo tem motor 3.9 V8 turbo de 620 cavalos de potência e 77,5 kgfm de torque, associado a um câmbio de dupla embreagem de oito velocidades, o mesmo que equipa o SF90 Stradale. Com esse conjunto, o supercarro é capaz de fazer de zero a 100 km/h em 3,4 segundos.
Victor Rezende e Lucas Hirata (Valor, 18/12/2019) advertem quanto ao risco da crise de 1929 se repetir quase um século depois.
O ambiente global de taxas de juros mais baixas já se reflete em um aumento significativo da dívida mundial. Ele deve fechar o ano no nível recorde de US$ 255 trilhões. Com o alto endividamento observado em empresas não financeiras, analistas e instituições reguladoras têm se mostrado mais preocupadas com a questão.
O Federal Reserve (Fed) é uma das mais recentes a emitir sinais de alerta nesse sentido, em linha com o pensamento de profissionais conscientes do fato: ainda se a dívida não se mostrar uma ameaça iminente para o sistema financeiro, choques comerciais e a desaceleração global podem expor vulnerabilidades em empresas alavancadas e em estruturas não testadas de mercado.
Nos EUA, a dívida corporativa está em torno de 45% do Produto Interno Bruto (PIB), maior nível desde a Segunda Guerra. O cenário de crescimento econômico deve ser monitorado. Duas coisas poderiam mudar esse ambiente:
uma elevação substancial das taxas de juros e
uma deterioração do fluxo de caixa das empresas, o que poderia ocorrer em um cenário de desaceleração da atividade econômica.
Se as taxas de juros aumentarem bastante, as empresas veriam seus custos subirem e poderiam ter alguns problemas, mas isso não deve acontecer no curto prazo. O Fed deve manter sua política monetária inalterada ao longo de 2020 — e com mais capital especulativo inflar a bolha de ações na bolsa de valores de NYC.
Quanto a um desaquecimento econômico adicional, várias situações poderiam causar um choque negativo forte. Como exemplos:
uma deterioração substancial das relações sino-americanas e
um cenário em que tropas chineses invadissem Hong Kong.
Não estamos no ponto quando o setor corporativo nos EUA e no restante do mundo está prestes a entrar em colapso. Contudo, três anos atrás não havia nenhuma preocupação com o endividamento no setor corporativo, mas hoje tem de se estar mais apreensivo, embora não de forma exagerada.
Sentimento semelhante é visto no Fed. Em relatório bianual sobre estabilidade financeira, divulgado em novembro, o banco central americano afirmou que “o excesso de empréstimos por parte de empresas e famílias deixa-as vulneráveis a estresse se seus rendimentos diminuírem”. Caso tais choques ocorram, avalia o BC dos EUA, “as empresas e as famílias altamente endividadas podem precisar reduzir drasticamente os gastos, afetando o nível geral de atividade econômica”.
Já o Fundo Monetário internacional (FMI) dedicou um capítulo inteiro de seu relatório sobre estabilidade financeira global para discutir os riscos do aumento da dívida corporativa. De acordo com o FMI, as vulnerabilidades do setor corporativo já estão elevadas em várias economias sistemicamente importantes como resultado do aumento do ônus da dívida e do enfraquecimento da capacidade de serviço da dívida.
“Em um cenário de desaceleração econômica relevante, com intensidade equivalente à metade do que foi a crise financeira global, a ‘dívida em risco’ do setor corporativo [passivo acumulado por empresas que não podem cobrir suas despesas de juros com suas receitas] pode subir para US$ 19 trilhões – ou quase 40% do total das dívidas das empresas nas principais economias do mundo, e acima dos níveis pós-crise”, apontou o FMI, em outubro de 2019.
Diante de medidas de relaxamento quantitativo empregadas pelos grandes bancos centrais e em meio ao período de taxas de juros baixas globalmente, foram criadas condições de financiamento mais atrativas para o setor corporativo. Nesse ambiente, empresas realizaram emissões e aumentaram o nível da dívida em seus balanços. Nesse período, houve um aumento tanto na alavancagem corporativa quanto no número de emissores com ratings mais baixos (“high yield”). Ambos se beneficiaram do maior apetite por risco.
Esse movimento pode ser observado no desempenho do fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) HYG, composto por uma cesta de títulos de renda fixa emitidos por empresas americanas com nota de crédito abaixo do grau de investimento. Somente em 2019, o HYG acumula alta de 8,21%.
Sem dúvida, há um aumento nos riscos globais. A combinação de baixo crescimento, inflação contida e espaço monetário limitado (em função das taxas de juros já baixas) deixa a economia global mais vulnerável em caso de eventos negativos. Os bancos centrais globais teriam espaço limitado para atuar na prevenção de uma recessão.
Ainda assim, agência avaliadora de risco não trabalha com um cenário de recessão em 2020 e 2021. Espera os países do G-20 terem crescimento de 2,6% em 2020, em linha com 2019, e de 2,8% em 2021, mas abaixo dos 3,0% de 2018. Já a taxa de default de empresas não financeiras “high yield” deve ficar em linha com a média dos últimos anos. Esse indicador deve chegar globalmente a 3,6% no fim de 2020, acima do nível de 2,3% em 2019 até outubro, mas em linha com a média de 3,3% desde 2010. O número fica aquém da média de 4,1% se considerados os percentuais desde 2001. No caso de uma recessão, esse percentual poderia chegar a 15%.
Assim, o aumento da alavancagem corporativa por si só não é um gatilho para uma possível recessão. Pelo lado positivo, o ambiente de taxas de juros baixas vai continuar a beneficiar as condições de funding para empresas de mercados emergentes, incluindo o Brasil. A resolução de conflitos comerciais entre EUA e China também poderia trazer aumento para as expectativas de crescimento atuais. Mas um choque cambial elevará muito a fragilidade financeira das grandes empresas endividadas no exterior.
Dessa forma, os riscos derivados da expansão da dívida corporativa continuam “administráveis”, na avaliação do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo.
“As empresas se endividaram muito, mas estão sentadas em um volume de caixa muito significativo. É inegável a dívida ter crescido, é inegável que pode ser um ponto de fraqueza em algum momento. Mas não temos nenhuma indicação de que estamos na iminência de um problema”, afirma Rodrigo Azevedo, sócio e gestor da Ibiuna Investimentos.
Ex-diretor do Banco Central, Azevedo ressalta: os spreads de crédito “high yield” e “high grade” nos EUA estão bem baixos, mesmo num momento que se discute o risco de recessão. “Isso ratifica a percepção de não ser um problema iminente”, afirma. A informação neste momento é: “pode estar sendo criada uma vulnerabilidade, mas isso não diz nada se essa vulnerabilidade vai, de fato, mostrar sua cara em 2020, 2021 ou 2025”.
Joseph A. Schumpeter, no livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1943), afirma: a primeira coisa a ser descartada é a concepção tradicional do modus operandi da concorrência. Os economistas finalmente começam a sair da etapa quando só enxergavam a concorrência dos preços.
Assim quando a concorrência da qualidade e o esforço de venda são admitidos no recinto sagrado da teoria, a variável preço é retirada da sua posição dominante. No entanto, o que praticamente monopoliza a atenção do teórico continua sendo a concorrência em um molde rígido de condições invariantes, especialmente os métodos de produção e as formas de organização industrial.
Mas, na realidade capitalista (em oposição à sua imagem estampada nos manuais), o que conta não é esse tipo de concorrência, e sim a concorrência da nova mercadoria, da nova tecnologia, da nova fonte de abastecimento, do novo tipo de organização, por exemplo, a unidade de controle em grandíssima escala.
A concorrência impõe uma vantagem decisiva em custo ou qualidade e ataca não nas margens dos lucros e da produção das empresas existentes, mas nos seus alicerces e na sua própria existência. Esse tipo de concorrência entre grandes corporações é tão mais eficaz se comparada à outra quanto um bombardeio em comparação com o arrombamento de uma porta.
Tanto mais importante é quanto passa a ser relativamente indiferente à concorrência, no sentido ordinário, funcione mais ou menos prontamente. Em todo caso, a poderosa alavanca capaz de, em longo prazo, expandir a produção e baixar os preços é feita de outra matéria.
Seria quase desnecessário mencionar: a concorrência do tipo tido agora em mente atua não só quando se concretiza, mas também quando é meramente uma ameaça permanente. Ela disciplina antes de atacar.
O homem de negócios se sente em uma situação concorrencial mesmo quando é o único no seu ramo ou, ainda não o sendo, quando ocupa uma posição tal de modo a nenhum auditor do governo conseguir detectar uma concorrência efetiva entre ele e quaisquer outras firmas do mesmo ramo ou de um ramo afim.
Consequentemente, conclui as suas queixas da concorrência não passarem de simulacro. Em muitos casos, embora não em todos, essa pressão impõe em longo prazo um comportamento muito parecido com o padrão de um sistema de concorrência perfeita.
Muitos economistas adotam o ponto de vista contrário. Schumpeter o ilustra com um exemplo. Suponhamos em um bairro haver certo número de varejistas tentando melhorar a sua posição relativa, esforçando-se para aprimorar o serviço e a “atmosfera”, mas evitam a concorrência dos preços e se atêm aos métodos da tradição local: um quadro de rotina estagnante. Quando outros entram no negócio, esse quase equilíbrio é destruído, mas de um modo a não beneficiar a clientela.
Com o estreitamento do espaço econômico ao redor de cada loja, os seus proprietários já não conseguem ganhar a vida e tendem a remediar a situação elevando os preços em um acordo tácito. Isso reduz ainda mais as suas vendas e, assim, o estrangulamento sucessivo cria uma situação onde uma oferta potencial crescente vem acompanhada de preços crescentes em vez de decrescentes, e de vendas decrescentes em vez de crescentes.
Esses casos ocorrem efetivamente, e é correto e conveniente analisá-los. Mas, como mostram os exemplos habitualmente invocados, são casos marginais encontráveis principalmente nos setores mais distantes de tudo quanto é mais característico da atividade capitalista. Além disso, são transitórios por natureza.
No caso do comércio varejista, a concorrência relevante não é a das lojas adicionais do mesmo tipo, e sim a da loja de departamentos, a da cadeia de lojas, a do comércio por reembolso postal e a do supermercado. Cedo ou tarde, destruirão essas pirâmides.
Ora, uma construção teórica a descuidar desse elemento essencial do caso estudado perde de vista tudo o que é mais tipicamente capitalista nele. “Mesmo se ela fosse lógica e factualmente correta, seria como encenar Hamlet sem o príncipe dinamarquês.”
Trecho de: Schumpeter, Joseph A. “Capitalismo, socialismo e democracia”.
A reforma da Previdência Social foi “vendida” como panacéia pela casta dos mercadores e a casta dos militares. Eles não dimensionaram suas consequências sociais no futuro, isto é, na hora da aposentadoria, e tampouco o aumento do custo das empresas patrocinadoras de fundos de pensão fechados!
Sérgio Tauhata (Valor, 05/12/2019) informa: o impacto da nova Previdência vai muito além do maior tempo de contribuição para as pessoas físicas. As empresas patrocinadoras de fundos de pensão, por exemplo, vão ter uma ampliação de gastos de até 100% com os funcionários, quando comparado com o regime anterior. Além disso, a nova realidade de taxas baixas vai exigir que os beneficiários até dobrem os esforços de acumulação para conseguir manter a mesma renda complementar comparada à época de juro real de 5% ao ano.
As conclusões fazem parte de um conjunto de simulações feitas com exclusividade ao Valor pela Luz Soluções Financeiras. As projeções ajudam a mensurar o que vai mudar para entidades de previdência complementar fechada e seus usuários com as mudanças.
Grandes impactos para os fundos de pensão são a questão do maior tempo de aporte para os fundos e o aumento dos gastos com saúde. Estes crescem exponencialmente.
Esse novo mundo da seguridade social, com elevação do tempo de exploração da força de trabalho, refletirá na seguridade privada complementar. Vai exigir uma combinação de esforços tantos dos planos privados quanto dos trabalhadores para manter o mesmo nível de benefícios do antigo regime e da época de retornos de dois dígitos das aplicações.
Conforme a simulação, em um cenário de migração de regimes de uma profissional, uma mulher hoje com 49 anos e salário mensal de R$ 15 mil, participante de um plano de contribuição variável (CV), os aportes da patrocinadora mais que dobram. De acordo com a projeção, pelo sistema anterior, se a beneficiária se aposentasse aos 53 anos, o gasto da patrocinadora nesses quatro anos seria de R$ 58,5 mil. No cenário atual, se a funcionária se retirar aos 57, os custos para a empresa relacionados ao plano subiriam mais de 100%, para R$ 119,3 mil.
Já no caso de um homem com 52 anos, nas mesmas condições salariais, o desembolso da patrocinadora seria de R$ 73,5 mil para o profissional se retirar aos 57 anos. Na transição para a nova Previdência, os 10 anos de contribuição até o beneficiário passar a receber a renda do fundo de pensão custariam no total R$ 150,7 mil à patrocinadora, ou seja, uma elevação de 105%.
Um trabalhador jovem, de 25 anos, com salário de R$ 5 mil, custaria à patrocinadora do plano CV, durante 30 anos de aportes, um total de R$ 135,6 mil, segundo os cálculos da Luz. Na nova Previdência, o tempo de contribuição aumentaria em 10 anos. Nesse caso, o desembolso da empresa no plano ao longo de três décadas e meia alcançaria R$ 200 mil, uma alta de 47,5%.
Apesar de os gastos com os planos de previdência complementar poderem mais que dobrar, o maior impacto ocorreria mesmo sobre os custos com cobertura de saúde, que se elevariam exponencialmente. Conforme a Luz, mais perto da aposentadoria, o funcionário entra em uma faixa etária que representa uma das mais caras para os planos de saúde. Entre 49 e 59 anos, as mensalidades dos planos praticamente duplicam.
Nas mesmas condições das simulações anteriores, os custos de um funcionário do sexo masculino de 52 anos sairiam de R$ 95 mil em cinco anos até se aposentar, considerando-se as regras do regime antigo, para R$ 308,4 mil após mais cinco anos de contribuição. Seria uma alta de 224,6%.
Na situação da funcionária de 49 anos, o aumento de quatro anos na conta representa um gasto adicional de R$ 101,5 mil à empresa. Nas regras anteriores, se a profissional se aposentasse com 53 anos, o custo com plano de saúde no período seria de R$ 65 mil. Retirar-se aos 57 anos elevaria esse valor para R$ 166,5 mil.
Além da mudança das regras de aposentadoria, o ambiente de taxas de juros reais entre 1% e 2% ao ano vai exigir das pessoas esforço bem maior de acumulação. As premissas da Luz consideram o uso de tábua atuarial AT2000, padrão no mercado para conversão de renda. O sistema considera um conjunto de fatores para determinar probabilidades de tempo de vida que a pessoa pode ter e chances de morte.
No cenário atual de taxas na mínima histórica, mesmo com tempo maior de contribuição o trabalhador terá de aumentar significativamente o valor de contribuição para obter um patamar de renda equivalente ao período no qual o juro real – quando se desconta a inflação – estava mais elevado. Na simulação da Luz, se o funcionário deixar o mercado de trabalho aos 65 anos, com um juro de 1% ao ano, ainda tendo feito 10 anos de aportes a mais, precisaria acumular reserva 22% acima do que uma pessoa que saiu do mercado aos 55 anos com juro real de 5% — situação em vigor até meados de 2017.
Conforme os cálculos da consultoria, em conversão baseada na tábua atuarial AT2000, o aposentado de 65 anos ao requerer o benefício com juro de 1% precisa de R$ 1,4 milhão para ter uma renda vitalícia mensal de R$ 5,8 mil paga pelo fundo de pensão. Já o empregado a se retirar aos 55 anos, com juro de 5%, precisaria de R$ 1,091 milhão.
Os números da simulação mostram ainda, para se aposentar aos 55 anos, em um cenário de 1% de juro real, o trabalhador vai precisar de 66% a mais de recursos para manter a renda vitalícia complementar de R$ 5,8 mil frente ao necessário na mesma idade com juro quatro pontos percentuais acima. As reservas teriam de subir de R$ 1,1 milhão para R$ 1,8 milhão.
Quanto menor a idade de aposentadoria maior o volume financeiro necessário para manter o nível de renda vitalícia. Como efeito de comparação, a Luz simulou o quanto de recursos seria necessário a uma pessoa para se aposentar aos 25 anos. Com juro real de 5%, a reserva teria de alcançar R$ 1,4 milhão. Mas no cenário atual de taxas na mínima histórica, o valor subiria para R$ 3,2 milhões, ou seja, 126% superior ao necessário em um ambiente de juros elevados, para assegurar um rendimento de R$ 5,8 mil mensais até o fim da vida.
No sistema dos fundos de pensão, a chamada previdência complementar fechada, em geral, tanto a empresa quanto o trabalhador fazem aportes mensais para a formação da reserva. Essa contribuição varia de acordo com os planos oferecidos pelas entidades. De modo diferente do desconto do INSS, não há uma alíquota fixa geral para o setor.
Em geral, a proporção das participações da empresa e do empregado fica em um para um, ou seja, para cada real investido pelo participante, a companhia deposita outro. A patrocinadora, no entanto, pode definir benefícios maiores ou menores, como, por exemplo, proporção de dois para um ou de meio para um. A contribuição do funcionário é descontada do salário. As mensalidades, contudo, podem variar de acordo com o plano contratado. Existem três tipos:
contribuição definida (CD),
benefício definido (BD) ou
contribuição variável (CV).
Nos planos CD, como o nome explica, a contribuição é definida na contratação. O valor do benefício, porém, é calculado no momento da aposentadoria, segundo o montante acumulado pelos aportes do empregado, da empresa e com o retorno das aplicações.
Já nos planos BD, que já não são mais oferecidos pelas fundações, é o benefício a ser recebido no momento da aposentadoria que é definido na contratação do plano. Com isso, o participante passa a receber o valor acertado desde o início como renda vitalícia no momento de resgate. Nesse modelo, tanto a patrocinadora quanto o contribuinte podem ter de aumentar os aportes se houver déficit atuarial.
O plano CV é uma mistura dos dois anteriores. Após o período de acumulação, feita ao longo das décadas com características de contribuição definida, o saldo pode ser é convertido em uma renda vitalícia. O valor a ser recebido na aposentadoria, porém, vai variar de acordo com o saldo obtido, os juros contratados e o conjunto de premissas de expectativa de vida e probabilidade de morte definidas na tábua atuarial.
A nova Previdência terá dois impactos distintos no sistema complementar fechado. De um lado, vai aumentar os custos para as empresas e os participantes de fundos de pensão. Para as patrocinadoras, os gastos com os funcionários podem até dobrar. De outro, o maior esforço exigido de poupança diante do aumento do tempo de contribuição associado aos juros na mínima deve acelerar a busca pela previdência complementar.
Os fundos de pensão podem ver o número de participantes dobrar em cinco anos após a reforma, prevê a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). O presidente da entidade, Luis Ricardo Martins, espera dos atuais 2,7 milhões de participantes do sistema fechado saltarem para mais de 5 milhões no período.
Segundo Martins, o patrimônio líquido dos fundos de pensão deve alcançar a marca psicológica de R$ 1 trilhão já em março de 2020. A indústria de previdência complementar deve acelerar o ritmo de crescimento, conforme as “fichas [da população] caírem” em relação à necessidade de poupança.
O presidente da Abrapp reforça que “as pessoas vão trabalhar mais, contribuir mais e vão ter um benefício menor”. Na visão do dirigente, com a mudança das regras de seguridade social e diante da redução estrutural das taxas de juros para a casa de um dígito, a previdência complementar se torna imperativa.
Para o representante da indústria, “o sistema fechado [dos fundos de pensão] é o único veículo [de previdência complementar] de longo prazo no país”, em referência ao fato de os planos privados abertos – VGBL e PGBL – terem carteiras concentradas em renda fixa curta. De fato, mais da metade (ou R$ 465 bilhões) dos R$ 909,5 bilhões de patrimônio líquido do sistema concorrente dos fundos de pensão, a previdência aberta, estão depositados em portfólios classificados pela Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) como renda fixa, nas subcategorias indexados, duração baixa e duração média.
A forma como os recursos serão devolvidos aos participantes deverá se adaptar à nova realidade, que inclui maior tempo de pagamento e maior valor a ser poupado. Essa equalização traz muitos desafios.
Como exemplo, há os problemas enfrentados pelo sistema do Chile. Apesar de servir de inspiração ao líder da equipe econômica do governo, saudoso da ditadura sanguinária do Pinochet, tem recebido críticas diante dos valores reduzidos de benefícios no regime de capitalização, ou seja, com privatização total dos planos. O modelo chileno não funcionou direito porque o nível de contribuição não era alto, o prazo de acumulação não era longo e a rentabilidade das contas individuais tem sido baixa.
Não vai ser com 10% de contribuição sobre seu salário uma pessoa ser capaz de chegar ao volume necessário para manter o mesmo nível de benefícios da época de juros altos. O percentual terá de crescer para, pelo menos, 18%, ou seja, quase um quinto do salário!
A Abrapp já identifica um processo de mudança de estratégias pelas fundações. Segundo o presidente da associação, há um aumento da alocação em renda variável, no crédito privado e até mesmo em classes alternativas como private equity e fundos de investimento em participações (FIP). Essas especulações em bolhas de ativos certamente explodirão antes da aposentadoria…
Jair Ribeiro é assistente da diretoria de investimentos da Real Grandeza – Fundação de Previdência e Assistência Social. Em artigo (Valor, 05/12/2019), faz um alerta sobre a gestão de riscos dos fundos de pensão.
Em outubro de 2019, foi realizado em São Paulo o 40o Congresso Brasileiro de Previdência Complementar Fechada, um evento influente que reuniu mais de 3.500 participantes de todas as regiões do país, atraindo profissionais das mais variadas áreas de atuação nos fundos de pensão.
Quando o assunto era gestão de investimentos, o que mais se ouviu, seja nas palestras do programa, seja nas reuniões mais informais de especialistas, foi que “os fundos de pensão precisam correr mais riscos”. A repercussão foi grande entre os congressistas devido à queda sem precedentes da taxa de juro que atinge em cheio o retorno esperado para a renda fixa.
Não há dúvida de a rentabilidade das aplicações nesse segmento vem caindo. Para se ter uma ideia, a taxa real de longo prazo, a de maior interesse para os fundos de pensão, representada pela NTN-B (Nota do Tesouro Nacional indexada ao IPCA) com vencimento em 2055, saiu de 4,9% no fim de 2018 para 3,3% ao ano, em outubro, após bater sucessivos recordes de baixa.
Trajetória declinante tem sido observada nas aplicações com prazos mais curtos, até recentemente a preferida dos analistas de mercado e dos gestores de fundos de investimento, especialmente às vinculadas à taxa Selic, cuja rentabilidade acima da inflação deverá ser inferior a 1% nos próximos 12 meses.
A preocupação dos gestores de fundos de pensão com esse quadro tem uma forte motivação estratégica devido à concentração em renda fixa. Segundo o Consolidado Estatístico da Revista da Previdência Complementar Fechada, com dados do fim do 1o semestre, a alocação média em renda fixa era de 88%, praticamente a mesma do ano anterior, indicando não ter havido aumento estratégico para investimentos mais arriscados, mesmo diante de mudança estrutural no cenário econômico.
Nos últimos anos, enquanto consultores e gestores não conseguiam se desapegar da conjuntura interna, a mudança estrutural se pronunciava claramente nos países desenvolvidos e se espalhava pelo mundo, contagiando os mercados financeiros internacionais e influenciando os países emergentes. Este novo mundo é um incrível fenômeno que, simultaneamente, apresenta crescimento econômico modesto, inflação irrelevante e juros muito baixos ou negativos nas economias mais avançadas.
Embora a desaceleração mundial venha prejudicando o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil é um dos países mais beneficiado dos efeitos dessa avalanche financeira externa. Ela demorou a ser percebida pelos alocadores de recursos dos fundos de pensão. Não se deve esquecer os fatores internos também virem contribuindo para a queda da taxa de juro, embora não tenham liderado o movimento até aqui.
No evento de São Paulo, ficou a impressão de que os gestores de fundos continuam com visão limitada do funcionamento dos fundos de pensão e, mesmo com essa restrição, recomendam a exposição a ativos financeiros mais arriscados; no entanto, exercem papel relevante ao oferecer produtos que podem ser atrativos neste momento de enfraquecimento da renda fixa.
Cabem aos gestores de fundos de pensão selecionar as opções que fazem mais sentido, valendo-se das melhores práticas, do princípio da diversificação eficiente e da maximização de resultados do patrimônio, rejeitando a adoção de estratégias sem a devida análise do conjunto.
No momento quando as recomendações são para correr mais riscos, deve prevalecer a tomada de decisão orientada pelos compromissos financeiros do passivo e pela meta atuarial. Com as pressões por mudanças aumentando, mais do que nunca é hora de persistir no gerenciamento de riscos integrado. Não é demais reafirmar: gerenciar riscos não é simplesmente ser conservador e evitar a volatilidade de mercado; pelo contrário, é enfrentá-la com o emprego de técnicas adequadas que sustentem o aumento em renda variável, o investimento no exterior ou outra alternativa menos tradicional, obtendo-se, como contrapartida, taxas de rentabilidade compensadoras.
Neste cenário onde ameta atuarial supera a taxa de juro de mercado, notadamente a de longo prazo, o gerenciamento integrado de riscos pode contrariar a lógica convencional como, por exemplo, se basear no resgate das aplicações atreladas à taxa Selic para investir em ativos mais arriscados.
Simulações mostram neste contexto, a estratégia mais adequada seria reduzir a carteira de NTN-B de prazos mais longos porque otimiza a relação entre retorno e risco do patrimônio como um todo, maximizando os interesses dos participantes e dos assistidos. Fica o alerta: não basta correr mais riscos, é preciso persistir nos critérios ao fazê-lo.
O VW Up TSI é, sem dúvidas, a versão mais atraente da linha do subcompacto.
Apesar de não esbanjar no luxo e refinamento como qualquer outro modelo da categoria, o carrinho da marca alemã cativa pelo conjunto mecânico para lá de refinado e com doses de potência e torque acima da média, aliados a um excelente consumo de combustível.
Disponível no mercado brasileiro desde 2015, o Volkswagen Up TSI hoje pode ser encontrado somente em duas versões, que têm preços que partem de nada acessíveis R$ 54.890. Ele parece ser ainda mais caro pela falta de esmero no acabamento interno e também por se tratar de um carro bastante pequeno (embora um pouco mais espaçoso que Mobi e Kwid).
Hoje o Up TSI ocupa papel de coadjuvante dentro da linha da Volkswagen. De janeiro a novembro, conseguiu emplacar somente 12.263 unidades nas versões MPI e TSI. Para se ter uma ideia, o Chevrolet Onix vende quase o dobro deste volume todos os meses. Isso faz do Up um dos carros menos vendidos do segmento.
Confira abaixo todos os principais detalhes do Up TSI, inclusive de suas versões:
VW Up TSI – versões
VW Black Up TSI (2015 a 2017)
Esta foi uma das primeiras versões do então novo Volkswagen Black Up! TSI a serem comercializadas no nosso mercado. Além do Black, a marca ofereceu também o subcompacto nas configurações Red Up! TSI e White Up! TSI, cujo os detalhes você pode conferir logo a seguir.
Como o próprio nome indica, o Volkswagen Black Up lançado em 2015 tinha como aposta o visual com carroceria e outros adereços pintados na cor preta. Tinha, além da lataria, a tonalidade presente na porção central das rodas de liga-leve e também no detalhe horizontal do painel.
De fábrica, vinha equipado com recursos como volante revestido em couro sintético e aplique em preto brilhante, bancos revestidos em tecido texturizado com faixa em couro sintético, soleiras das portas dianteiras com aplique em alumínio, alavanca de câmbio e do freio de estacionamento em couro sintético, ar-condicionado, sistema de som com Bluetooth, entrada USB e entrada auxiliar com quatro alto-falantes e dois tweeters, ar-condicionado, trio elétrico, direção elétrica, entre outros.
Oferecia também três apoios de cabeça no banco de trás, tampa divisória no porta-malas, volante com ajuste de altura, alarme, faróis de neblina, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga-leve de 15 polegadas com desenho exclusivo, capa dos retrovisores prateadas, moldura dos faróis de neblina prateadas, Isofix, banco do motorista com ajuste de altura, entre outros.
Podia contar como opcional com itens como bancos revestidos em couro sintético e sistema multimídia com navegador GPS e tela sensível ao toque fixado no topo do console central do painel.
O preço do Black Up TSI em seu lançamento, no mês de julho de 2015, era de R$ 48.690. O modelo foi vendido até meados maio de 2017, com a chegada da linha Volkswagen Up! 2018.
Volkswagen Red Up TSI (2015 a 2017)
O Red Up, formando o trio com os modelos Black Up e White Up, se diferenciava também apenas pela tonalidade exclusiva. Saía de fábrica com carroceria pintada na cor vermelha, mesma cor presente na parte central das rodas de liga-leve e no detalhe central do painel.
Tinha ainda pintura prateada no aro dos faróis de neblina e na capa dos retrovisores externos, estes com ajuste elétrico e repetidores de indicadores de direção.
De resto, seguia a mesma linha do Black Up, sobretudo na lista de equipamentos. Ele também podia ser encontrado por R$ 48.690 iniciais.
VW White Up TSI (2015 a 2017)
Por último, mas não menos importante, o terceiro integrante do trio de modelos com cores exclusivas era o Volkswagen White Up! Assim como os outros dois apresentados acima, contava com carroceria em cor diferenciada, neste caso o branco, também encontrado nas rodas e no painel.
Lista de equipamentos, motorização e preço (R$ 48.690 em 2015), também todos iguais.
Volkswagen Move Up TSI (2015 a 2019)
O Move Up TSI também foi oferecido desde o lançamento do Volkswagen Up TSI, em julho de 2015. Esta era a configuração mais em conta do subcompacto com motor turbo, disponível por a partir de R$ 43.490.
Por ser a mais barata, tal versão era também a mais “pelada”. Não trazia recursos como rodas de liga-leve de 15 polegadas, por exemplo. Mas oferecia bons recursos de conforto e segurança para dispor de uma condução “digna” ao motorista no seu dia a dia.
Oferecia recursos como chave canivete, alarme com comando remoto, Isofix, sistema de som com entrada USB e conexão Bluetooth, vidros dianteiros, travas e retrovisores elétricos, ar-condicionado, direção elétrica, computador de bordo, airbag duplo e freios ABS.
Podia contar, como opcional, com rodas de liga-leve de 14 polegadas, faróis e lanternas de neblina e sensor de estacionamento traseiro.
Na linha reestilizada do Up, lançada em 2018, ele ficou mais equipado, com direito a recursos como faróis de neblina, rodas de liga-leve de 14 polegadas, volante multifuncional, suporte para celular no painel, iluminação ambiente, entre outros. Tinha como opcional o sistema de som Composition Phone, que utiliza o smartphone do condutor para exibir conteúdo.
Foi descontinuado em 2019 para dar lugar ao Volkswagen Up Connect.
E por falar em Up Connect, o Move Up 2018 em sua linha reestilizada foi oferecido com o pacote especial Up Connect. Com motor TSI de série, tinha interior com acabamento escurecido, adesivos exclusivos na carroceria e sistema Composition Phone. Custava R$ 54.990.
VW High Up TSI (2015 a 2018)
Acima do Move Up TSI, a Volkswagen ofertava o High Up TSI. Ele seguia a mesma linha da versão mais em conta do subcompacto turbo, mas com alguns recursos exclusivos no visual e no acabamento interno, além de uma lista de equipamentos ligeiramente mais recheada.
O Volkswagen High Up TSI também foi ofertado desde o lançamento do Up TSI, mas acabou sendo descontinuado na linha Up 2019. Ele tinha itens como faróis e lanternas de neblina, rodas de liga-leve “São Paulo” de 15 polegadas com pneus Hankook Optimo K415 185/60 R15, tapetes de carpete, painel com aplique central colorido e volante com aplique plástico em preto brilhante.
Tinha ainda bancos revestidos em couro sintético “Native” e sensor de estacionamento traseiro, além dos demais itens já encontrados no Move Up TSI. Como opcional, podia receber o pacote “Maps & More”, com um sistema de entretenimento com tela sensível ao toque de cinco polegadas e navegador GPS.
Seu preço na época era de R$ 48.040.
Volkswagen Cross Up TSI (2015 a 2019)
Ainda entre os modelos do Volkswagen Up TSI oferecidos desde o lançamento do subcompacto turbo no mercado brasileiro, o Volkswagen Cross Up TSI tinha uma certa proposta mais aventureira – mas só no visual.
Ele tinha como base o Volkswagen High Up TSI, mas se diferenciava pelas rodas de liga-leve “Zurique” de 15 polegadas, rack longitudinal de teto, revestimento exclusivo nos bancos, grade frontal com aplique na cor cinza e detalhe em plástico cinza na parte inferior dos para-choques.
Oferecia também moldura nas caixas de roda, frisos laterais, capa dos retrovisores na cor cinza, aro cromado nos faróis de neblina e volante revestido de couro sintético e com aplique cromado.
Também podia ser equipado com o pacote “Maps & More”, com tela sensível ao toque e GPS.
Em seu lançamento, o Cross Up TSI foi anunciado por R$ 47.030. Ele foi um dos modelos que mais durou dentro da gama do Volkswagen Up, sendo substituído somente no início de 2019 pelo Volkswagen Up Xtreme, que é praticamente o mesmo modelo.
VW Speed Up TSI (2015 a 2017)
A última versão ofertada a partir de 2015 foi a Speed Up TSI. Enquanto o Cross Up tinha uma proposta mais aventureira no visual, o Speed Up tinha um apelo mais voltado para a esportividade – um pouco mais condizente com a capacidade do motor turbo.
Também baseado no High Up, ele oferecia rodas de liga-leve “Zurique II” de 15 polegadas com acabamento diamantado, saias laterais, adesivo exclusivo da versão na parte inferior das rodas, capa dos retrovisores na cor azul, teto e porção central da grade frontal pintados de Preto Ninja, entre outros.
Por dentro, oferecia soleiras de portas com acabamento em alumínio, acabamento do painel em preto brilhante, forro do teto e colunas “A” em tecido preto, manopla de câmbio com acabamento exclusivo, entre outros.
Também podia receber o “Maps & More”. Seu preço, de entrada, era de R$ 49.990. Ou seja, o Up TSI mais caro da gama.
Volkswagen Up Pepper TSI (2017 a 2019)
A segunda grande novidade do Volkswagen Up TSI foi a chegada da nova versão Pepper, que substituiu o Speed Up na gama. Ele chegou juntamente com outros modelos na mesma variante, como o Fox Pepper e a Saveiro Pepper. O lançamento aconteceu em julho de 2017, como uma série especial.
O então novo Volkswagen Up Pepper TSI tinha recursos como capa dos retrovisores na cor vermelha (ou preto nos carros vermelhos), friso vermelho no vão central entre os faróis, grade dianteira com aplique em preto brilhante, rodas de liga-leve diamantadas de 17 polegadas, nome da versão nas portas dianteiras e na tampa do porta-malas e teto pintado de preto.
Por dentro, ganhou volante multifuncional em couro com costura contrastante na cor vermelha, saídas de ar no painel com detalhes em vermelho, alavanca de câmbio exclusiva, bancos revestidos em couro sintético com o nome da versão nos encostos e costuras vermelhas e soleiras de portas também com o nome da versão.
O pacote de equipamentos era o mesmo do High Up, com direito a sensores de luz e chuva, luz de conversão estática (acende um dos faróis de neblina ao girar o volante), chave canivete, trio elétrico, luz ambiente em LED, sensor de estacionamento traseiro, ar-condicionado, direção elétrica, entre outros.
Podia receber, por R$ 1.400 a mais, o rádio Composition Phone, com tela colorida e integração com smartphones.
Seu preço em 2017 era de R$ 57.900, ou R$ 800 a mais que o High Up.
VW Up Connect TSI (2019, até hoje)
Lançado recentemente, o Volkswagen Up Connect TSI é a versão do carrinho equipada com motor turbo mais em conta que o seu dinheiro pode comprar. Até o fechamento desta matéria (dezembro de 2019), este modelo podia ser encontrado no configurador online da marca alemã com preço de R$ 54.890.
O Up Connect TSI foi anunciado pela Volkswagen em maio de 2019 como uma estratégia de enxugar a gama do subcompacto e ainda reduzir os preços do modelo. Este modelo chegou para ocupar o lugar do Move Up TSI, sendo R$ 790 mais em conta.
Ele já sai de fábrica com recursos como luzes de condução diurna, direção elétrica, ar-condicionado, volante multifuncional, computador de bordo, vidros dianteiros, travas e retrovisores elétricos, sistema de som “Composition Phone” com Bluetooth e entrada USB, suporte para smartphone no painel, rodas de liga-leve de 15 polegadas, grade frontal com aplique vermelho, faróis de neblina, iluminação ambiente no painel e faixa lateral alusiva à versão.
Não há qualquer opcional disponível para o Up Connect TSI 2020.
Volkswagen Up Xtreme TSI (2019, até hoje)
Por último, mas não menos importante, o Volkswagen Up Xtreme TSI foi outro modelo da linha Up 2019 anunciada em maio de 2017. Ele substituiu o Cross Up, mas com praticamente o mesmo visual, itens e acabamento. Hoje ele pode ser encontrado por a partir de R$ 56.890.
Em comparação ao Up Connect, o Xtreme oferece rodas de liga-leve diamantadas de 15 polegadas, faróis com máscara negra, lanternas traseiras escurecidas, rack de teto, moldura nas caixas de roda, capa dos retrovisores na cor preta, sensor de estacionamento traseiro, adesivo alusivo à versão nas laterais, entre outros.
De resto, segue a mesma linha do Connect.
Volkswagen Up TSI – motor
Praticamente uma exclusividade do mercado brasileiro frente aos outros principais mercados para a Volkswagen, o Up TSI tem como o foco a eficiência e também o desempenho. Ele foi o primeiro a usar um o primeiro motor turbo com turbo e injeção direta de combustível – os da BMW e da Citroën eram importados.
O motor 1.0 TSI flex faz parte da mesma família dos propulsores aspirados MPI (EA211), mas têm 90% de seus componentes exclusivos. Além do turbocompressor, intercooler, injeção direta e do duplo comando de válvulas variável, todo o restante da unidade precisou ser reprojetado e redimensionado para lidar com a força extra.
Outro ponto interessante é que o motor TSI usado no Volkswagen Up conta com um sensor de etanol capaz de identificar o combustível antes de dar início a queima, diminuindo as perdas de performance até que o motor se adaptasse após um abastecimento.
Ele dispensa o tanquinho auxiliar de gasolina para partidas a frio com etanol. O motor conta também com duas bombas de combustível, sendo uma elétrica e outra mecânica, pressão de combustível entre 50 e 220 bar, entre outros.
Este propulsor consegue desenvolver 101 cavalos de potência quando abastecido com gasolina e 105 cv com etanol, a 5.000 rpm. Já o torque é de 16,8 kgfm com qualquer um dos combustíveis, que aparece já a 1.500 giros e se mantém até 4.500 rpm.
Junto a esta unidade está o mesmo câmbio manual MQ200 de cinco marchas usado no Up MPI aspirado e ainda em outros carros da Volkswagen. Todavia, para o Up TSI, ele recebeu um ponto extra de fixação com o bloco por conta do torque adicional e a embreagem foi redimensionada. A relação do diferencial foi alongada em 26%, focando em maior conforto e economia de combustível.
Ou seja, além de entregar um desempenho acima da média, o Volkswagen Up TSI também oferece bons números de consumo de combustível. Para se ter uma ideia, em quinta marcha e velocidade a 100 km/h, o motor gira a aproximadamente 2.300 rpm.
Ainda entre as diferenças, o Volkswagen Up TSI se difere do Up MPI pelos freios mais fortes e reforçados (mesmo com discos somente na dianteira e tambores na traseira) e também um novo conjunto de suspensão, com nova calibração para molas e amortecedores.
VW Up TSI – consumo
Confira abaixo os números de consumo do Volkswagen Up TSI, de acordo com o divulgado do Inmetro:
Volkswagen Up TSI
Consumo de 9,6 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada com etanol;
Consumo de 14,1 km/l na cidade e 16 km/l na estrada com gasolina;
Notas “A” na comparação relativa na categoria e na comparação absoluta geral, com selo Conpet de eficiência energética.
Volkswagen Up TSI – desempenho
Veja a seguir os números de desempenho do Up TSI, conforme os dados da Volkswagen:
Aceleração de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos com etanol;
Aceleração de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos com gasolina;
Velocidade máxima de 184 km/h com etanol;
Velocidade máxima de 182 km/h com gasolina.
VW Up TSI – ficha técnica
Motor
1.0 TSI
Tipo
Dianteiro, transversal e bicombustível
Número de cilindros
3 em linha
Cilindrada em cm3
999
Válvulas
12 (4 por cilindro)
Taxa de compressão
10,5:1
Injeção eletrônica de combustível
Direta
Potência Máxima
101 cv (gasolina) e 105 cv (etanol) a 5.000 rpm
Torque Máximo
16,8 kgfm (gasolina ou etanol) a 1.500 rpm
Transmissão
Tipo
Manual de cinco marchas
Tração
Tipo
Dianteira
Freios
Tipo
Discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira)
Joseph A. Schumpeter, no livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1943), afirma: as teorias da concorrência monopolista e oligopolista e as suas variantes populares podem ser usadas de dois modos para sustentar a opinião segundo a qual a realidade capitalista é desfavorável ao rendimento máximo na produção.
É possível alegar ter sido sempre assim e a produção nunca deixou de se expandir, apesar da sabotagem secular perpetrada pela burguesia dirigente. Os defensores dessa proposição teriam de provar a taxa de crescimento observada se explicar por uma sequência de circunstâncias favoráveis independentes do mecanismo da empresa privada e suficientemente fortes para vencer a resistência burguesa.
É justamente essa a questão discutida por Schumpeter no capítulo 9 deste livro. Contudo, os adeptos de tal variante pelo menos contam com a vantagem de evitar o problema de ordem histórica enfrentados pelos partidários da proposição alternativa. Esta afirma, outrora, a realidade capitalista ter tendido a favorecer o rendimento produtivo máximo ou, em todo caso, um rendimento produtivo considerável a ponto de constituir um elemento importante em qualquer avaliação séria do sistema. Mas, de lá para cá, a posterior disseminação de estruturas monopolistas reverteu aquela tendência.
Primeiramente, isso envolve a criação de uma Idade de Ouro da concorrência perfeita inteiramente imaginária. Em dado momento e de algum modo, se transformou na Era Monopolista, muito embora seja evidente a concorrência perfeita nunca ter sido mais real de o que é atualmente, ou seja, inexistente.
Em segundo lugar, é mister notar a taxa de crescimento da produção não ter diminuído a partir da década de 1890, ou seja, a partir do período quando, segundo supõe Schumpeter, a preponderância das grandes corporações se afirmou pelo menos na indústria. Não há nada no comportamento das séries temporais da produção total capaz de insinuar uma “ruptura da tendência”.
Mais importante é o padrão de vida moderno das massas ter melhorado no período da “grande empresa” relativamente livre de entraves. Se arrolarmos os itens participantes do orçamento doméstico do operário moderno e acompanharmos a evolução dos seus preços a partir de 1899, não em termos monetários, mas de horas de trabalho para comprá-los – i.e., os preços nominais de cada ano divididos pela taxa de salário-hora de cada ano –, é surpreendente a taxa do avanço. Considerando a melhora espetacular das qualidades, parece ter sido maior – e não menor – do que nunca até o presente.
Se os economistas fôssemos menos dados ao pensamento volitivo e mais à observação dos fatos, duvidaríamos imediatamente do realismo de uma teoria a nos levar a esperar um resultado muito diferente. Mas isso não é tudo.
Quando entramos nos pormenores e examinamos os itens individuais nos quais o progresso foi mais conspícuo, a pista leva não à porta das firmas operando em condições de concorrência comparativamente livre, e sim à dos grandes conglomerados. Estes, como no caso da mecanização da agricultura, também contribuíram para o progresso do setor competitivo. Porém, no nosso espírito de corpo se insinua a chocante suspeita de talvez as grandes empresas, longe de pressionar o nível de vida para baixo, tenham-no elevado!
Tanto os economistas quanto os jornalistas econômicos se deixaram levar pelos fragmentos da realidade, caso porventura conseguiram apreender. Viram corretamente a maior parte desses fragmentos. Desenvolveram corretamente a maior parte das suas propriedades formais. Mas uma análise tão fragmentária não permite tirar nenhuma conclusão válida acerca da realidade capitalista como um todo. E, se mesmo assim as tirarmos, só acertaremos por acaso. Foi o que se fez. Mas a casualidade feliz não compareceu.
O ponto essencial a compreender é: lidar com o capitalismo é lidar com um processo evolucionário. Pode parecer estranho alguém passar por alto um fato tão óbvio como Karl Marx realçou há muito tempo. Entretanto, aquela análise fragmentária gera o grosso das proposições dos economistas neoclássicos a respeito do funcionamento do capitalismo moderno e persiste em deixá-lo de lado.
O capitalismo é, por natureza, uma forma ou método de transformação econômica e não só não é, como não pode ser estacionário. E o caráter evolucionário do processo capitalista não se deve meramente ao fato de a vida econômica transcorrer em um ambiente social e natural se transformando incessantemente e cujas transformações alteram os dados da ação econômica.
Esse fato é importante e essas mudanças (guerras, revoluções e assim por diante) geralmente condicionam as mutações industriais, mas não são a sua principal causa motriz. Esse caráter evolucionário também não se deve a um crescimento quase automático da população e do capital ou aos caprichos dos sistemas monetários. Eles tampouco figuram entre as suas principais causas motrizes.
O impulso fundamental capaz de colocar e manter em movimento a máquina capitalista é dado por:
os novos bens de consumo,
os novos métodos de produção ou transporte,
os novos mercados e
as novas formas de organização industrial criadas pela empresa capitalista.
Como vimos no capítulo precedente, o conteúdo do orçamento do operário, digamos de 1760 a 1940, não cresceu simplesmente com base em linhas invariáveis, mas sofreu um processo de mudança qualitativa. Do mesmo modo, a história do aparato produtivo de uma fazenda típica, a partir do início da racionalização da rotação dos cultivos, da lavra e da engorda até a mecanização atual – somada aos silos e às ferrovias – é uma história de revoluções.
É composta de revoluções tecnológicas a história do aparato produtivo da indústria do ferro e do aço, desde o forno a carvão até o de hoje, e a do aparato produtivo de energia, desde a roda hidráulica até a usina moderna, e a do transporte desde a diligência até o avião. A abertura de novos mercados, estrangeiros ou nacionais, e o desenvolvimento organizacional da oficina de artesão e da manufatura para os conglomerados como a U. S. Steel ilustram o mesmo processo de mutação industrial.
Ele revoluciona incessantemente a estrutura econômica de dentro para fora, destruindo incessantemente a antiga, criando incessantemente a nova. Esse processo de destruição criativa é o fato essencial do capitalismo. O capitalismo consiste nesse processo e nele toda empresa capitalista tem de viver. Esse fato é relevante para o problema analisado por Schumpeter de duas maneiras.
Em primeiro lugar, como estamos às voltas com um processo onde todos os elementos demoram consideravelmente a revelar as suas verdadeiras características e os seus efeitos definitivos, não tem sentido avaliar o seu rendimento ex visu de um momento dado. Cabe-nos julgá-lo ao longo do tempo. Ele se desdobra em décadas ou séculos.
Um sistema complexo incluindo também o componente econômico–, em cada momento dado, utiliza as suas possibilidades plenamente e com o maior proveito. Pode, no entanto, em longo prazo, ser inferior a um sistema compartimentado sem interações entre outros componentes. Este segmento não o faz em nenhum momento dado, porque, para ele, deixar de fazê-lo pode ser uma condição para o nível ou a velocidade do rendimento em longo prazo.
Em segundo lugar, como estamos às voltas com um processo orgânico, a análise de o que se passa em uma parte isolada dele – por exemplo, um conglomerado ou indústria individual – pode efetivamente esclarecer detalhes do mecanismo, mas não conduzir a conclusões mais gerais sobre o organismo total. Cada movimento da estratégia econômica só adquire o seu significado verdadeiro quando colocado em relação com esse processo e dentro da situação por ele criada.
Deve ser visto no seu papel de vendaval perene de destruição criativa. Não pode ser compreendido independentemente dele nem com base na hipótese de uma calmaria perene.
Mas é precisamente essa a hipótese adotada pelos economistas adeptos da ideologia do livre-mercado (“laissez-faire”) ou competição perfeita, ex visu de um momento dado, examinam, por exemplo, o comportamento de uma indústria oligopolista – uma indústria consistente em algumas grandes empresas – e nela observam as conhecidas manobras e contramanobras a visarem unicamente a altos preços e a restrições à produção.
Eles aceitam os dados da situação momentânea como se esta não tivesse passado nem futuro e pensam se entendem o que há para entender se interpretarem o comportamento dessas empresas mediante o princípio da maximização do lucro com referência àqueles dados.
A dissertação usual do teórico e o relatório usual da comissão do governo praticamente nunca tentam encarar esse comportamento, de um lado, como resultado de um fragmento da história passada e, de outro, como uma tentativa, por parte dessas empresas, de se manterem firmes em um terreno a deslizar sob os seus pés.
Em outras palavras, o problema usualmente tomado em consideração é como o capitalismo administra as estruturas existentes, sendo a questão relevante a de saber como as cria e como as destrói. Enquanto não o reconhecer, o investigador faz um trabalho sem sentido. Tão logo o reconhece, a sua visão das práticas capitalistas e das suas consequências sociais se modifica consideravelmente.
Maria Clara R. M. do Prado, jornalista, é sócia diretora da Cin – Comunicação Inteligente e autora do livro “A Real História do Real”. Publicou (Valor, 10/12/2019) um artigo destoando do coro dos contentes com a bolha no mercado de ações brasileiro.
“O ano de 2019 entrará para a história monetária do país como aquele em que a taxa básica de juros caminhou para níveis compatíveis com o ritmo de queda da inflação em uma economia cujo crescimento, em torno de 1% ao ano, ainda denota frágeis sinais de recuperação.
O Copom (Comitê de Política Monetária) definiu o nível da taxa Selic em 4,5% ao ano em uma conjuntura de ligeira retomada da inflação. Ela pode fechar dezembro com taxa anual acumulada entre 3,8% e 4%, segundo os últimos prognósticos coletados pelo boletim Focus do Banco Central. Nesse caso, o juro real (diferença entre a taxa nominal e a inflação) se reduzirá ainda mais significativamente, estreitando a “gordura” dos rendimentos para quem há décadas se sentia bem remunerado nos fundos DI, cuja taxa se aproxima da Selic.
Para o investidor aflito, a opção natural é o mercado de capitais, mas dificilmente vai encontrar ali as condições necessárias de liquidez e de oportunidades para a remuneração do seu capital, por mais eufóricos que estejam os representantes da B3- bolsa de valores.
Não há dúvida de que alguns indicadores têm melhorado este ano com o aumento das ofertas de ações e maior interesse dos investidores pessoas físicas, mas os números estão longe de representar robustez em um segmento que se sustenta em uma demanda concentrada nos investidores estrangeiros e nos fundos de investimento administrados pelos bancos.
As emissões primárias continuam rarefeitas e as ofertas do mercado secundário não apresentam grandes avanços. O aumento ocorrido neste segmento reflete em boa parte a menor atuação do BNDES como provedor de financiamento para expansões e novos empreendimentos empresariais. O acionista da empresa vê-se forçado a desfazer-se de parte de sua posição acionária para captar recursos no mercado. As ações trocam de mão e ajudam a movimentar o mercado, mas isso não amplia o número de empresas registradas na bolsa.
De fato, o número de 328 empresas listadas na B3 em 2019 até aqui tem se mantido praticamente no mesmo nível nos últimos anos, pouco abaixo, pouco acima, longe das 369 registradas em 2008. Isto, por si, não chega a ser nada de extraordinário quando comparado com os mercados dos países mais desenvolvidos. Além disso, a bolsa brasileira caracteriza-se por uma enorme volatilidade das companhias cadastradas.
Entre 2005 e 2019, até o dia 28 de novembro, uma boa quantidade de empresas saiu da bolsa. O total chegou a 302 no período, sendo que 88 desapareceram por operações societárias (fusões e incorporações) e as demais 214 sumiram por cancelamento do registro pela bolsa ou por decisão dos próprios dirigentes. Todos esses dados estão compilados no estudo “Perplexidades do mercado de valores mobiliários”, desenvolvido pelo ex-presidente da CVM e fundador da Escola de Direito da GV São Paulo, Ary Oswaldo Mattos Filho, em parceria com Renato Vilela: Apresentação do Mercado de Capitais.
O retrato é dramático. Mostra um mercado concentrado, com as emissõesdirecionadas a grandes investidores, e de baixíssima liquidez para as pessoas físicas em busca de alternativas.
Ressalte-se o grande volume de negociações estar concentrado em 14 grandes emissores, detentores de 52% do mercado, sendo que apenas duas empresas – a Petrobras e a Vale do Rio Doce – respondem por 24% do total negociado, conforme destaca o estudo, indicando também a alta concentração em termos do valor negociado por empresa. Do total de R$ 23 bilhões negociados na B3 entre janeiro de 2005 e outubro de 2019, apenas 0,25% daquele montante envolveu o valor emitido por 732 empresas. Apenas 18 emissores mobilizaram mais de 1% do total dos recursos movimentados naquele período, segundo o levantamento do estudo.
Na ponta dos subscritores, a participação entre 2005 e 2008 foi dominada por dois grandes tipos de investidores. Os estrangeiros responderam por 44% das subscrições em valor das ações oferecidas via Instrução CVM 400 e 55% das ofertas via Instrução CVM 476. Já os fundos de investimento vinculados às instituições bancárias subscreveram no período 27% do valor ofertado via ICVM 476 e 16% das ações oferecidas ao mercado através da ICVM 400. A diferença básica entre uma e outra é que a ICVM 400, mais rígida nas regras de transparência, abre a oferta para qualquer nível de investidor, enquanto que a ICVM, mais frouxa nas regras, limita a subscrição a investidores com mais de R$ 10 milhões em investimentos.
“O mercado de capitais no Brasil é uma farsa”, atesta Ary Oswaldo, chamando atenção para uma “estrutura montada para grandes empresas, com grandes emissões e grandes colocações por poucos grandes bancos para grandes subscrições”. Em termos de liquidez, lembra ele, não é por acaso que as grandes empresas brasileiras optam por colocar suas ações no exterior, via ADR, onde o giro é substancialmente mais elevado do que no mercado interno.
A ampliação do registro de investidores pessoas físicas na B3 este ano é sem dúvida um sinal positivo. Aponta-se em um milhão e 600 mil o número de pessoas físicas cadastradas este ano, dos quais 777 mil começaram a operar na bolsa, mas esse universo ainda é extremamente pequeno em termos de valor. O estudo de Ary Oswaldo mostra que apesar da pessoa física ter sido responsável por 91% da quantidade de subscrições das ofertas pela ICVM 400 até 2018, o valor movimentado por aqueles investidores não passou de 7% do total no período.
A concentração também é visível entre as empresas que coordenam as operações de oferta. Entre 2005 e 2008, conforme mostra o estudo, apenas três bancos – Pactual, Itau BBA e Credit Suisse – foram responsáveis pela intermediação de 150 operações de lançamento do total de 212, considerando as ofertas registradas pela ICVM 400. Quanto ao valor por líder nas colocações, aquelas três instituições detiveram 75% do total intermediado entre 2005 e outubro de 2019.
Para Ary Oswaldo, a solução passa necessariamente pela desconcentração do mercado de capitais com a criação de bolsas de valores regionais, com mais estímulos para as negociações eletrônicas e menor burocracia para as ofertas via ICVM 400. Em época de juros baixos, outros arranjos são necessários para que os investidores possam efetivamente contar com novas possibilidades de investimento.”
Marcelle Gutierrez (Valor, 09/12/2019) avalia: beneficiar o acionista é o propósito de todo negócio de fusão e aquisição, mas nem sempre isso acontece. Diante de uma oportunidade muitas vezes inesperada,empresas aproveitam a chance e não se preparam adequadamente para o movimento estratégico, que pode fracassar ou não ter o desempenho esperado.
No caso do vendedor, a falta de preparo pode resultar em um preço abaixo do ideal ou afetar negócios remanescentes.
Pesquisa global da PwC obtida com exclusividade pelo Valor revela que 61% dos compradores de ativos acreditavam que sua última operação criou valor. No entanto, 53% tiveram desempenho inferior aos seus concorrentes, em média, nos 24 meses seguintes à conclusão do último acordo, com base no indicador de retorno total aos acionistas (TSR, na sigla em inglês).
Na outra ponta, dos vendedores, 57% das companhias apresentaram desempenho menor do que seus pares no setor, em média, nos 24 meses posteriores ao negócio de comercialização de um ativo, ou seja, de uma unidade, fábrica, ou fatia da companhia, por exemplo.
No Brasil, a situação é ainda mais delicada do que nos Estados Unidos e na Europa. “O planejamento de aquisições é menos profissional e detalhista do que em países desenvolvidos”, diz Leonardo Dell’Oso, sócio da PwC Brasil. Segundo ele, muitas transações ocorrem sem a contratação de assessores ou de processos de verificação dos números, ativos e que identificam as sinergias. “As empresas brasileiras têm preparação menor do que as americanas e europeias.”
Dell’Oso detalha que todo negócio de fusão ou aquisição visa fazer o crescimento ou proteger o negócio, que se traduz em valor ao acionista. “Toda transação tem um único propósito final que é gerar valor ao acionista, escondido em outras razões, como entrar em novo mercado, eliminar concorrente, aproveitar uma tecnologia nova, entre outras.”
O relatório da PwC foi elaborado com base em entrevistas com 600 executivos de alto escalão de diversos setores e regiões geográficas e incluiu transações anunciadas entre janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2016, com seu posterior desempenho medido pelo indicador TSR até 24 meses depois, sendo o último medido em 30 de junho de 2018.
Dell’Oso explica que a principal razão para o benefício ao acionista menor do que o esperado é a falta de preparo, principalmente porque na maioria dos casos são transações oportunistas. “Muitas vezes, a empresa não está procurando outra para comprar, mas apareceu e faz sem preparação, definição estratégica ou sem programa de integração. Sem um planejamento, a operação tende a fracassar.”
A maior parte dessas transações com desempenho aquém do esperado ocorre na primeira compra, sendo que nas aquisições seguintes a preocupação é diferente. “A grande quantidade é transação única, de quem nunca comprou ninguém. Aquelas empresas que já passaram por uma experiência fracassada, têm uma preocupação diferente em uma próxima aquisição. Quem faz com certa regularidade é a exceção à regra.”
Na ponta dos vendedores, o fracasso ocorre, de acordo com Dell’Oso, porque a companhia não quer ter um custo adicional para preparar a saída de um ativo que já não produz a rentabilidade adequada. O resultado é a venda por um preço baixo, impacto em outros negócios que continuarão na companhia, perdas tributárias, entre outros. É preciso preparar o ativo para a venda, diz, porque “não preparar custa mais caro”.
Os 600 executivos entrevistados estão distribuídos igualmente por seis setores: energia, concessões públicas, mineradoras e infraestrutura; serviços financeiros; serviços de saúde e farmacêuticas; produtos industriais e serviços corporativos; varejo, consumo e lazer; e tecnologia, mídia e telecomunicações.
Na divisão por regiões, 240 dos empresários estão localizados nas Américas, 240 na região que abrange Europa, Oriente Médio e África (Emea) e 120 na Ásia-Pacífico (Apac).
O líder da área de fusão e aquisição e sócio da PwC Brasil explica que não há uma diferença de geração de valor ou desempenho por segmento. O que ocorre são companhias de tecnologia, por exemplo, que se dedicam mais à preparação tecnológica e acabam tendo problemas menores, como na integração. “A variação ocorre entre empresas grandes e pequenas, porque as grandes têm mais recursos para investir em serviços, mapear, capturar e identificar valor, enquanto as pequenas têm menos condições e investem menos”, completa.
Outro exemplo de euforia, também devido à fuga de investidores da renda fixa para a renda variável e/ou imobiliária, está, conforme informa Sérgio Tauhata (Valor, 10/12/2019), noano de 2019, no segmento de Fundos de Investimentos Imobiliários (FII). Esta aplicação combina a distribuição de dividendos com a possibilidade de ganho com a variação das cotas em bolsa. No pano de fundo, está o juro na mínima histórica. Isto tem levado cada vez mais investidores a assumir riscos e a buscar diversificação nessa classe de ativos. Além disso, o aquecimento do mercado imobiliário é favorável ao setor, alimentando expectativas de ganhos.
O volume de novas emissões é o maior da história, com R$ 32,5 bilhões captados até novembro, segundo a Anbima. A cifra inclui fundos listados e aqueles não negociados em bolsa. Esse valor é mais que o dobro do recorde anterior, de R$ 16,1 bilhões em 2011, ou ainda dos R$ 15,6 bilhões de todo o período de 2018. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem mais R$ 2,9 bilhões de 13 ofertas em análise. Caso se concretizem, 2019 tem potencial para fechar com total de R$ 35,4 bilhões em emissões.
A liquidez do mercado secundário também aumentou exponencialmente neste ano. Em relação a janeiro, os dados da B3 mostram que os fundos listados negociaram volume financeiro quatro vezes maior em outubro. O giro mensal saiu de R$ 1 bilhão para R$ 4 bilhões no período. No ano, o volume negociado alcançou R$ 21 bilhões. Em dez meses, o fluxo também quase dobrou, com aumento de 94,64% em relação ao visto em todo o ano passado, segundo a B3.
O patrimônio líquido dos 200 fundos listados em bolsa alcançou R$ 74,4 bilhões em outubro, com alta de 35,8% no ano. Em apenas um mês, entre setembro e outubro, os ativos dos fundos cresceram 11%. Em valor de mercado, no acumulado do ano até outubro, essas carteiras registraram aumento também de 35,8%, a R$ 75,5 bilhões – em relação a setembro, quando o segmento chegou ao topo histórico de R$ 78,4 bilhões, o valor representa pequeno recuo.
Outro destaque, a quantidade de investidores em fundos listados apresentou um salto. Boletim da B3 de outubro mostra, em dez meses, o número ter saído de 230 mil para 517 mil, ou seja, mais do que dobrou. A base de investidores ganhou cerca de 32 mil novos cotistas por mês na média de 2019 até outubro.
No ritmo atual, a barreira psicológica de 1 milhão de investidores do segmento na B3 seria alcançada no primeiro trimestre de 2021. Mas vários gestores apostam que a marca já será atingida no ano que vem. “Em dois anos a quantidade de investidores se multiplicou por cinco, então acho que a gente vai chegar a 1 milhão nos FII já em 2020”, afirma Ricardo Almendra, CEO da RBR Asset. E o cara fica contente com esse comportamento de manada gerador de profecia autorrealizadora ou bolha de ativos!
“Acredito que em 2020 vamos chegar a 1 milhão de investidores, tem muita gente ingressando no mercado”, diz outro especulador, sócio da Hectare Capital. A mesma opinião é compartilhada pelo CEO da Integral Brei. “A marca de 1 milhão de investidores de FII na bolsa vamos ver já no segundo trimestre de 2020”, afirma.
A casta dos mercadores-financistas não se emenda… Ganha vendendo ilusões para jovens incautos.