A Carta IEDI 968 informa: as exportações mundiais de mercadorias, segundo o anuário mais recente da Organização Mundial do Comércio (World Trade Statistical Review 2019), registraram, em valor, 10% de aumento em 2018, devido principalmente à elevação do preço do petróleo e seus derivados. Em volume, o desempenho foi bem mais modesto e inferior ao de 2017: +2,8%.
O ranking dos maiores exportadores de bens do mundo se manteve bastante estável de 2017 para 2018. A China continua líder nas exportações, com crescimento de 10% em 2018, em valor. Em seguida, vieram Estados Unidos, Alemanha, Japão e Holanda. Do lado das importações, também houve estabilidade no ranking mundial, sendo liderado, neste caso, pelos Estados Unidos.
Enquanto as primeiras posições seguiram inalteradas, o Brasil mais uma vez foi rebaixado no ranking de maiores exportadores, embora suas vendas externas de bens tenham crescido 10% (para US$ 240 bilhões) na passagem de 2017 para 2018. Desceu um degrau no período, passando a ocupar a 27ª colocação. Nosso retrocesso é patente: perdemos 5 posições em 10 anos, porque éramos o 22º maior exportador de bens em 2008, e a disparidade com o tamanho de nossa economia só aumenta, pois temos o 9º maior PIB do mundo.
Quando se trata das importações de bens, o Brasil segue em outra direção. Nossa posição subiu de 29º para 28º, devido a um crescimento de 20% do valor de bens importados (US$ 189 bilhões). Cabe observar, porém, a crise recente de 2015-2016 e a recuperação muito lenta fizeram o país descer alguns degraus neste ranking. Em 2014, por exemplo, éramos o 22º maior importador de mercadorias.
Se o quadro já não é animador para o total de bens, o dizer de manufaturados? Embora tenhamos o 9º maior parque industrial do mundo, correspondendo a 1,83% do PIB industrial global, ocupamos em 2018 apenas a 32ª colocação no ranking de exportações de manufaturados, com uma parcela de 0,62% do total. Perdemos uma posição em relação a 2017 e três posições frente a 2008. Dez anos atrás, entretanto, tínhamos 0,81% das exportações globais de manufaturados.
Isso ocorre porque, na última década, avançamos muito menos do que outros países na exportação de manufaturados. Embora tenhamos registrado um crescimento médio anual entre 2008 e 2018 em linha com o total mundial, de +1,9% ao ano ante +1,8% a.a., respectivamente, ficamos atrás de muitos emergentes de destaque, como a China (+5,6% a.a.), Índia (+5,3% a.a.) e México (+4,5% a.a.), entre outros. Não fossem nossos problemas de competitividade e de produtividade, que se acumulam ao longo das cadeias industriais, a história seria outra.
Como consequência, a participação de manufaturados na pauta de exportações do Brasil é cadente: passou de 44% em 2008 para 35% em 2017 e então para 34% em 2018. Bens primários seguem na direção oposta e ganham terreno. Não por outra razão, o Brasil se firma em uma posição de liderança mundial de exportações apenas de bens primários, com destaque para os agrícolas, ou manufaturados vinculados a áreas onde temos competitividade revelada, baseadas em riquezas naturais. Somos o 3º maior exportador de alimentos e produtos agrícolas, maior exportador de soja e 8º maior em ferro e aço.
Em contraste, de 2017 para 2018, o Brasil ascendeu da 30ª para a 28ª posição entre os maiores importadores mundiais de manufaturas, denotando seu papel de maior absorvedor de produtos da indústria do que exportador. A balança comercial brasileira deste tipo de bens é tradicionalmente deficitária e seu saldo negativo voltou a se ampliar depois dos anos recentes de crise.
As manufaturas representaram 72% do total importado de bens pelo Brasil em 2018, tendo sido 71% em 2017. Destaca-se que no grupo de manufaturas os equipamentos de transporte passaram a representar 15% do total importado em 2018, o percentual mais alto desde o ano 2008. Por sua vez, combustíveis e minérios mantiveram participação de 17% em 2017 e 2018, enquanto produtos agrícolas e alimentos tiveram queda de 8% para 6%.
Vale observar ainda que no caso de manufaturados, o ranking top 10 de exportadores manteve-se inalterado entre 2017 e 2018, liderado por China (com crescimento de 18% em dólares), Alemanha, EUA, Japão e Coreia do Sul. Quanto ao ranking das importações de manufaturados, os Estados Unidos foram os maiores importadores em 2018, com variação de 7,2%. Em seguida, vieram China, Alemanha, Japão e França – como em 2017.
Brasil despenca nos Rankings Internacionais e O Mercado acha “tudo bem”! publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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