O mundo dos SUVs tomou conta do cenário automotivo brasileiro. Em 2019, esse segmento representou quase 25% das vendas totais, e esse número só vai crescer em 2020.
Mas no meio de tantas opções, poucos podem realmente enfrentar qualquer obstáculo em trechos urbanos ou estradas de terra. É verdade que temos os reis da terra Troller T4 e Suzuki Jimny, ou modelos urbanos com tração 4×4, como Renault Duster 4WD e Ford EcoSport Storm.
Mas se você quiser aliar uma boa capacidade off-road e o conforto para o dia a dia, a melhor opção é o Jeep Renegade Trailhawk.
Com todos os equipamentos que um Renegade pode oferecer, um visual chamativo e o verdadeiro espírito Jeep, essa versão foi avaliada para comprovar se suas qualidades justificam os R$ 145.990 cobrados por ele.
Por fora…
O visual do Jeep Renegade agrada, e sua aceitação no mercado brasileiro comprova isso. Em sua versão topo de linha, o modelo faz isso de forma ainda mais acentuada.
Visto como o Renegade que tem o verdadeiro espírito Jeep, o Trailhawk se diferencia das outras versões por ter suspensão com curso mais longo e por ser mais alto em relação ao solo, com 1.725 mm. Isso lhe rende um vão livre maior (22,3 cm, contra 21,6 cm das demais versões), o que rapidamente é percebido pelo motorista ao enfrentar obstáculos, seja na terra ou dentro da cidade.
Outras diferenças no visual externo são as rodas de 17 polegadas com pneus de uso misto e medidas 215/60, as capas na cor cinza nos retrovisores e os chamativos ganchos na cor vermelha (dois na frente e um atrás).
O Renegade Trailhawk também vem com um adesivo fosco no capô. E antes que você pense que esse acessório é apenas um detalhe para incrementar o visual, na verdade ele serve para diminuir o reflexo do sol no rosto do motorista, especialmente em trilhas com inclinações.
Recentemente, o Jeep Renegade ganhou faróis e lanternas em LED, o que cumpre seu papel no sentido prático e também melhora o visual, especialmente as luzes diurnas de rodagem. E quando falamos que os faróis cumprem seu papel, podemos dizer que fazem isso até com certo exagero. Em algumas situações outros motoristas reclamavam por achar que estávamos com o farol alto ligado.
Um último detalhe importante no exterior é o teto solar elétrico panorâmico, único opcional do Renegade Trailhawk e que custa R$ 8.200. A versão que testamos tinha esse equipamento, e ele serve para mostrar que se trata do modelo diesel mais caro da linha. Se é prático ou não, depende do uso e da preferência dos ocupantes.
Por dentro…
Ao entrar no Renegade Trailhawk não é difícil perceber logo de cara suas qualidades e seus defeitos. A lista de pontos positivos é maior, e isso em si já é um ponto positivo (desculpem a redundância).
O acabamento do Jeep é muito bom, com pouca superfície em plástico rígido. O painel é quase todo emborrachado e tudo é bem montado. O volante tem acabamento em couro, assim como os bancos e o apoio central para os ocupantes dianteiros, itens que vem com costura vermelha que contrasta bem com a sobriedade do restante da cabine.
Outros detalhes chamativos no interior dessa versão são as partes com acabamento em plástico vermelho, como a moldura dos alto-falantes, das saídas de ar-condicionado e no console central.
O motorista tem a vida facilitada pelo fácil acesso aos comandos. Mesmo sendo menos equipado que a versão topo de linha a diesel de seu irmão Compass, o Renegade Trailhawk tem tudo o que você precisa.
No painel de instrumentos, o grafismo facilita a rápida leitura, e o centro dele conta com uma boa tela TFT de 7 polegadas. Esse é um dos equipamentos da generosa lista que essa versão traz, que inclui ar-condicionado de duas zonas, central multimídia de 8,4 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto, sete airbags, sensor crepuscular e de chuva, piloto automático, entre outros.
Mas o que torna o Renegade topo de linha menos equipado que o Compass mais caro? É a falta de itens como Park Assist, piloto automático adaptativo, monitoramento de mudança de faixa, farol alto automático, monitoramento de ponto cego e partida remota. São equipamentos que certamente tornariam o Renegade Trailhawk ainda mais interessante (e muito mais caro).
Porém, a versão que testamos também tem suas falhas. O que mais sentimos foi em relação ao espaço interno, ou a falta dele. Motorista e passageiro vão bem na frente, mas qualquer adulto que viajar no banco traseiro vai perceber que a altura do assento deixa as pernas um pouco suspensas. Dois adultos e uma criança até cabem ali, mas os joelhos vão encostados nos bancos dianteiros.
O espaço para as malas também é ruim. Se as outras versões do Jeep Renegade já tem um porta-malas apenas razoável (com 320 litros), na versão Trailhawk o espaço é ainda menor. Por usar um estepe de tamanho idêntico aos outros pneus (diferente das outras versões, que utilizam o estepe de uso temporário), o volume no compartimento é de apenas 273 litros. Isso fica abaixo de alguns populares de entrada, como Fiat Uno e Renault Kwid.
Outro detalhe negativo, mas menos importante, é a qualidade da imagem da câmera de ré, incompatível com um veículo que custa mais de R$ 150 mil.
Também tivemos dificuldade com o sistema de destravamento das portas. Ao desligar o carro, as portas dos passageiros só abrem quando o motorista abre a sua ou quando aperta o botão de destravamento. Parece um bom sistema de segurança, mas acaba sendo um incômodo quando você desliga o carro e alguém quer descer antes do motorista. A única maneira é fazendo isso manualmente, mexendo na trava perto da maçaneta.
Um último detalhe negativo, e que provavelmente você já ouviu falar em outras avaliações do modelo, é a famosa alavanca de seta boba. Ao dirigir um Jeep Renegade, acostume-se a dar farol alto toda vez que for dar seta. Sim, a alavanca é muito mole e é difícil evitar piscar o farol quando você quer mudar de direção. Um problema aparentemente fácil de corrigir, mas que até hoje não teve a atenção da marca.
Por ruas e estradas…
Dirigir o Jeep Renegade Trailhawk se mostrou algo muito prazeroso. Sua altura do solo faz o motorista ficar bem menos preocupado com lombadas ou valetas, obstáculos que o SUV passa com muita facilidade nos trechos urbanos.
A posição de dirigir também deve ser elogiada, já que os ajustes do banco permitem encontrar facilmente o melhor posicionamento. É verdade que a versão mais cara do Renegade poderia ter bancos elétricos, mas isso acaba não fazendo tanta falta.
Outro detalhe interessante, e que até impressionou quem dirigiu o Renegade pela primeira vez, foi a visibilidade que o motorista tem. Seja em manobras, ou com o trânsito pesado de ruas e estradas, o condutor sempre tem uma excelente visão de tudo à sua volta.
Mas o ponto principal para tornar o Renegade Trailhawk tão prazeroso é seu conjunto mecânico. O motor 2.0 Multijet de 170 cavalos e 35,7 kgfm de torque casou muito bem com a transmissão automática de nove velocidades, sendo uma opção muito (muito!) melhor que as versões flex.
A arrancada é vigorosa, mesmo sendo feita em segunda marcha pelo câmbio automático. Isso pode ser alterado com a alavanca no modo manual, o que torna sua aceleração ainda mais divertida. Ultrapassagens e retomadas na estrada são uma tarefa simples para o Renegade Trailhawk.
É claro que não estamos falando de um esportivo, mas esse Jeep certamente se destaca em sua categoria quando falamos desse quesito. E o melhor: seu consumo não parece ser tão afetado quando a condução é mais vigorosa.
Na cidade, sempre andando com o ar-condicionado ligado e em uma cidade com muitas subidas e descidas, o Renegade Trailhawk apresentou uma média de 9,5 km/l. É bom destacar que essa média foi feita com uma condução normal, sem nenhum esforço para economizar combustível.
E na estrada? Para ver o quanto o consumo seria afetado pelo estilo de condução, realizamos duas viagens, ambas com quatro ocupantes adultos e ar-condicionado ligado. Na primeira, as retomadas eram sempre fortes, apesar de respeitarmos o limite de velocidade. Na segunda, retomadas mais leves e velocidade máxima de 100 km/h (onde a rotação ficava pouco acima dos 1.500 rpm).
O resultado não foi tão diferente quanto esperávamos: 15,5 km/l na primeira e 16,7 km/l na segunda. Sim, existe uma diferença que, com o tempo, pode pesar no bolso. Mas o fato é que o Renegade diesel é um carro econômico nas mais diversas situações, especialmente na estrada.
Isso não significa, porém, que não tivemos reclamações nessas viagens. E elas novamente aparecem no banco traseiro. Além da falta de espaço, já citada acima, os passageiros citaram um pouco de desconforto com o encosto do banco. Além disso, sentiram falta do apoio central de braço e de uma saída traseira do ar-condicionado, um problema que aparece em quase todas as categorias de veículos no Brasil e que realmente torna a viagem mais cansativa.
Por ruas e estradas de terra
Ao avaliar um modelo movido a diesel e com tração 4×4, não poderíamos deixar de sujá-lo na terra. É bom deixar claro que não nos aventuramos em trilhas pesadas, pois o Renegade Trailhawk não foi feito para isso. Nesse caso, ainda é melhor optar por um Suzuki Jimny ou um Troller T4.
Mesmo assim, é fácil perceber que o Renegade Trailhawk é o Jeep mais aventureiro entre todas as versões desse modelo ou do Compass. Não é à toa que essa versão ostenta o selo “Trail Rated” em suas laterais. Esse selo comprova que o modelo é um autêntico Jeep, com tração 4×4 e capacidade off-road. Ou seja, ele faz mais do apenas passear num shopping.
Para conseguir essa certificação, a Jeep coloca seus modelos em seu campo de provas Lyman Trail, em Ann Arbor, nos Estados Unidos. Nesse local eles são avaliados em vários aspectos, como altura do solo, vedação contra água, tração, entre outros.
É claro que não levamos o Renegade Trailhawk para algo tão radical, mas mesmo assim ele se mostrou apto para enfrentar trilhas mais leves (as fotos são de estradas que levaram até essas trilhas). Quase não foi preciso usar outros modos de condução off-road, mas quando fizemos isso o Renegade parecia rir do percurso que precisava transpor.
É verdade que a grande maioria de seus compradores nunca vai alterar o modo de condução ou levá-lo a situações extremas em estradas de terra, mas deu pra perceber que o Renegade Trailhawk aguenta muito mais que seus rivais.
Por você…
A Jeep tem uma linha bem diversificada no mundo dos SUVs, e isso ajuda a explicar sua liderança na categoria. No caso do Renegade, existem versões com motor 1.8 flex ou 2.0 turbodiesel, com tração 4×2 ou 4×4. Os preços partem de R$ 79.290 na versão flex de entrada.
Mas o fato é que apenas as versões diesel realmente valem a pena em relação ao conjunto mecânico. E entre a versão Longitude ou a Trailhawk, a segunda é mais equipada e com um visual mais interessante. O problema, como todos sabem, são os preços.
Para ter um Renegade diesel é preciso desembolsar R$ 134.990, e se a escolha for pela versão avaliada nessa matéria, o preço sobe para R$ 145.990. E não se esqueça que esse valor não inclui o teto solar panorâmico, que custa R$ 8.200 e eleva o preço para R$ 154.190.
Realmente, é um valor muito alto. Mas em quase todo o país vemos muitos exemplares do Renegade (e de seu irmão Compass, ainda mais caro) nas ruas, e muitos deles são das versões mais equipadas. Será que tanta gente assim acha normal pagar tudo isso?
A verdade é que as vendas do Renegade e do Compass se apoiam fortemente nas vendas diretas. Em 2019, o Renegade emplacou 68.726 unidades, sendo o 9º modelo mais vendido do país. Porém, 49.524 exemplares foram em venda direta, o que representa 72% de suas vendas. No caso do Compass vemos a mesma situação: das 60.362 unidades vendidas no ano passado, 40.756 (ou 67,5%) foram nessa modalidade.
Não é sem explicação que os dois modelos da Jeep aparecem entre os mais vendidos quando olhamos apenas as vendas diretas: o Renegade ficou em 3º e o Compass em 5º.
Tudo isso ajuda a explicar que vale a pena ter um Renegade diesel, mesmo na versão mais cara Trailhawk, em sua garagem. Esse é o modelo mais valente de sua categoria, especialmente por ter um conjunto diesel e com tração 4×4.
E se os valores ainda assustam, tente optar pela compra através do CNPJ. Os descontos oferecidos pela Jeep chegam a 17%, além de mais deduções que a própria concessionária pode fazer. Com isso, as versões a diesel do Renegade terão preços entre R$ 112.000 e R$ 121.000.
Se a sua família não for grande e você quiser ter um SUV com ótimo conjunto mecânico e bem equipado, o Renegade Trailhawk certamente é uma boa compra.
Medidas e números…
Ficha Técnica do Jeep Renegade Trailhawk 4×4 2020
Motor/Transmissão
Número de cilindros – 4 em linha, diesel
Cilindrada – 1.956 cm³
Potência – 170 cv a 3.750 rpm
Torque – 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão – Automática de nove velocidades
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 9,9 segundos
Velocidade máxima – 190 km/h
Rotação a 110 km/h – 1.800 rpm
Consumo urbano – 9,5 km/litro
Consumo rodoviário – 15,5 km/litro
Suspensão/Direção
Dianteira e traseira – Independente McPherson
Elétrica
Freios
Disco ventilado (dianteira) e discos sólidos (traseira)
Rodas/Pneus
17 polegadas com pneus de uso misto 215/60 R17
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.232 mm
Largura – 1.805 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.725 mm
Entre eixos – 2.570 mm
Peso em ordem de marcha – 1.674 kg
Tanque – 60 litros
Capacidade de carga – 400 kg
Preço: R$ 145.990 (preço básico) R$ 154.190 (versão avaliada)
Jeep Renegade Trailhawk – Galeria de fotos
© Noticias Automotivas. A notícia Avaliação: Jeep Renegade Trailhawk é um SUV valente de verdade é um conteúdo original do site Notícias Automotivas.
Avaliação: Jeep Renegade Trailhawk é um SUV valente de verdade publicado primeiro em https://www.noticiasautomotivas.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário