O Kia Rio chega ao mercado nacional com proposta de hatch compacto premium e com preços na mesma faixa das versões mais caras de seus principais rivais, como Onix, Yaris, Polo e Argo, por exemplo. Ele parte de R$ 69.990 e quer seu espaço, embora bem menor que os dos nacionais.
Com previsão de vendas de “apenas” 2.400 unidades em 2019, o Kia Rio 2020 chegou tarde à briga do segmento. A primeira vez que foi cogitado ao Brasil, ocorreu em 2000. Nesses 20 anos, o hatch já poderia ter desembarcado aqui e com preços mais competitivos.
Agora, a questão nem é tanto o preço, mas sua proposta como hatch compacto. O Kia Rio 2020 é um carro moderno, contudo, o grupo Gandini tem que aceitar apenas o que os coreanos da Kia Motors determinam para mercados onde não possuem presença oficial. E nisso, o produto perde.
Essa quarta geração do Kia Rio surgiu em 2017 e é feita atualmente em Pesquería (além de Coreia do Sul e Argélia), Nuevo León, de onde chega sem imposto de importação. Com 4,065 m de comprimento, 1,725 m de largura, 1,450 m de altura e 2,580 m de entre eixos, o hatch chega com motor 1.6 16V Flex com até 130 cavalos e câmbio automático de seis marchas.
Com nível de conteúdo apenas aceitável, o Kia Rio 2020 fica devendo inovação diante da concorrência, que recentemente decidiu tentar compensar os altos preços com itens de tecnologia apenas vistos em segmentos mais altos. Nesse aspecto, o hatch sul-coreano poderia trazer algo novo, mas não deu.
Ainda assim, o Kia Rio 2020 vem de série com direção elétrica, ar condicionado, vidros elétricos, travas elétricas, retrovisores elétricos, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 15 polegadas com pneus 185/65 R15, banco do motorista com ajuste em altura, volante multifuncional com comandos de mídia e telefonia, bem como chave keyless.
O hatch traz ainda USB, banco traseiro bipartido, ajuste de altura da direção, sistema de som com 4 alto-falantes e 2 tweeters, sensor crepuscular, sensor de pressão dos pneus, Isofix, multimídia com tela de 7 polegadas, sistemas Android Auto e Car Play, câmera de ré e Bluetooth.
Além disso, o Kia Rio oferece ainda controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, gerenciamento de estabilidade do veículo, controle de frenagem em curvas e Isofix, bem como barras de proteção laterais e airbag duplo. Os freios ABS possuem discos na frente e tambor atrás.
Isso tudo vem na versão LX, que é a de entrada. Já a topo de linha EX, que custa R$ 78.990, traz um visual diferenciado, além de ar concionado digital, faróis com luzes diurnas em LED, luz de curva integrado ao conjunto ótico, grade dianteira com acabamento em preto brilhante, apoio de braço dianteiro central, USB traseiro e one touch no vidro para motorista.
Essa versão também vem com piloto automático, alavanca e volante em couro, material soft nas portas, retrovisores com repetidores de direção e rebatimento elétrico, aquecimento dos espelhos externos e bancos em couro.
Mesmo com esse conjunto, o Kia Rio ainda não oferece, por exemplo, airbags laterais ou de cortina, como no México. O motivo é que a Kia Motors determina a exportação de um pacote “padrão” para mercados onde não está oficialmente, como já dito, por isso no México oferece mais, pois, lá ela tem uma subsidiária com fábrica e tudo.
Na versão LX, mesmo custando R$ 70.000, não oferece piloto automático, algo importante num carro com proposta de conforto e ainda mais automático. Em compensação, a EX vem com espelhos rebatíveis eletricamente, o que não é novidade no segmento, porém, o desembaçador chama atenção.
Impressões visuais
O Kia Rio não é um carro focado no emocional, por isso, apresenta um aspecto bem conservador, mais alemão, como seu criador, o designer Peter Schreyer. Não tem um conjunto que vai atrair pelos olhos, sendo que sua proposta parece mesmo “ser” do que “aparecer”.
Nisso, o compacto chama atenção por seu porte, que é bem diferente do Picanto, a antiga porta de entrada da Kia no Brasil. Ele é voltado para clientes que necessitam de mais espaço dentro e no bagageiro, mas ainda assim querem um carro fácil de estacionar e que cabe com folga na vaga da garagem.
Na versão EX, a quase falta de grade superior, com acabamento em preto brilhante, chama atenção por lembrar um carro elétrico. Já na LX, uma grelha falsa se apresenta em acabamento preto.
Os faróis grandes dão uma cara mais expressiva ao Kia Rio, assim como as lanternas traseiras, cortadas pela tampa do bagageiro. Fluido, o para-choque dianteiro dá uma impressão de desempenho ao carro, tendo faróis de neblina em forma de projetor e spoilers pronunciados.
Contudo, esse “movimento” da dianteira não é acompanhado pelas rodas aro 15 polegadas, de desenho elegante, parecem pequenas demais para o Kia Rio, passando a impressão de uma versão totalmente focada na economia de combustível. Uma roda aro 16 polegadas cairia melhor, porém, a marca já fala em uma opção de aro 17 mais adiante.
Tendo colunas C reforçadas, o Kia Rio tem tampa do bagageiro com uma boa maçaneta para abertura, melhor que muito compacto nacional. Com para-choque truncado e dotado de grandes refletores, o hatch tem uma aparência consistente.
No interior, o Kia Rio apresenta um ambiente moderno, com acabamento simples, porém, usando materiais de boa qualidade e montagem de primeira. O volante tem um aspecto esportivo e agrada visualmente.
O mesmo em relação ao cluster, de fácil leitura e com computador de bordo descomplicado. Já os difusores de ar centrais são pequenos e não apresentam um fluxo bom para ajudar quem vai atrás, pois, o Kia Rio não tem difusor de ar traseiro.
A multimídia tem uma apresentação simples e bem intuitiva, focando no monocromático em vez de cores e apresentações bonitas para atrair os olhos dos ocupantes. Na reprodução da câmera de ré, linhas de marcação ajudam.
O ar condicionado digital na EX tem bom aspecto, mas o manual da LX não fica devendo. No console, há pequenos espaços para até dois smartphones, enquanto a alavanca em forma de manete, proporciona bom conforto no manuseio.
No habitáculo, o espaço geral é apenas bom. Não surpreende atrás, apesar dos 2,580 m de entre eixos. Em realidade, o espaço para pernas poderia ser melhor. Com uma pessoa de 1,77 m na frente, outra de 1,85 m atrás, encosta bem os joelhos no encosto dianteiro.
O acabamento das portas e dos bancos é bom, mesmo na LX, o que ajuda a vender o Kia Rio diante de alguns rivais. No bagageiro cabem 325 litros, o que está acima da média do segmento, sendo um ponto positivo importante para o hatch coreano.
Impressões ao dirigir
Guarulhos-SP – Pesando 1.141 kg, o Kia Rio 2020 vem equipado com o motor Gamma II 1.6 16V VVT com 123 cavalos na gasolina e 130 cavalos no etanol.
Nada estranho aos brasileiros, ele já equipou outros produtos da Kia por aqui e é um motor “padrão” para certos mercados. Aspirado, ele é um bom motor, porém, já passou de seu melhor momento.
Num segmento onde turbo e injeção direta começam a estar em evidência, entregando o melhor de dois mundos, o velho Gamma poderia ter dado lugar ao Kappa 1.0 T-GDi, aquele mesmo do Novo HB20.
Com ele, o Kia Rio é um carro esperto, entretanto, não surpreende em desempenho. O propulsor precisa de giros mais altos para embalar bem, mesmo tendo 16,0/16,5 kgfm, embora atuantes aos 4.700/4.500 rpm, respectivamente.
Então, nas saídas rápidas, ponteiro nos 4.000 rpm e ele vai. Nas retomadas, algo entre 3.000 e 4.000 rpm para começar. O interessante, porém, é que metendo o pé lá no fundo, ele alcança mais de 6.500 rpm antes de cortar.
Mesmo assim, a resposta ao acelerador leva um tempo, afinal, o torque só age com tudo lá em cima. Rodando em cruzeiro, ele fica bem entre 1.500 e 2.000 rpm, sendo bastante agradável nesse caso, já que seu isolamento acústico é bom.
Apenas quando se exige um pouco mais do motor, é que este se apresenta de forma firme no habitáculo. Rodando a 90 km/h, ele marca 2.000 rpm, devendo chegar a 2.500 rpm em velocidade limite das estradas nacionais.
Não deu para aferir isso, pois o test drive rápido se limitou à rodovia Hélio Schmidt, com direito a bloqueio da PRF… O câmbio automático de seis marchas não é longo, o que ajuda o Rio a compensar seu motor aspirado.
Suave nos engates, ele permite trocas manuais, mas apenas na alavanca de câmbio. Não há modo Sport, o que sinceramente é desnecessário nessa proposta, assim como os paddle shifts.
A direção elétrica é bem responsiva e muito agradável, dando leveza ao conjunto. Já a suspensão tem um ajuste mais para firmeza, mas com pneus altos, filtra bem as irregularidades do asfalto.
O próprio acabamento também é firme e amplia a sensação de robustez e qualidade construtiva. Nas curvas, o Kia Rio inclina um pouco mais, porém, os controles de estabilidade e dinâmica de condução, deixam o carro em sua trajetória, mesmo com pneus cantando bastante.
O hatch tem vetoração de torque, o que ajuda também. Mesmo sem discos atrás, os freios atuam bem no Kia Rio. Agradável ao dirigir, o compacto tem um conjunto aceitável, mas que poderia oferecer mais.
De qualquer forma, para um início de conversa com o mercado nacional, ele começou bem. Faltam itens importantes, que ajudariam mais o Kia Rio por aqui, mas quem sabe adiante o pacote melhore, não é mesmo?
Kia Rio 2020 – Galeria de fotos
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