domingo, 26 de janeiro de 2020

Desigualdade Explode no Capitalismo de Acionistas

Os 2.153 bilionários do mundo têm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas (60% da população mundial).

Mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado – uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global – mais de três vezes o valor da indústria de tecnologia do mundo.

Os 22 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza do que todas as mulheres da África.

Se o 1% mais rico do mundo pagasse uma taxa extra de 0,5% sobre sua riqueza nos próximos 10 anos seria possível criar 117 milhões de empregos em educação, saúde e de cuidado para idosos.

Em 2050, o Brasil terá cerca de 77 milhões de pessoas dependentes de cuidado (pouco mais de um terço da população estimada) entre idosos e crianças, segundo dados do IBGE.

90% do trabalho de cuidado no Brasil é feito informalmente pelas famílias – e desses 90%, quase 85% é feito por mulheres.

Em média, uma mulher no emprego doméstico no Brasil ganha 78,44% do rendimento de homens que exercem as mesmas funções. (Pnad Contínua 2018)

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 30% dos municípios brasileiros (cerca de 1.500) contam com instituições de assistência a idosos – a maior parte está localizada na região Sudeste do país.

37% das mulheres declararam ter exercido cuidados no Brasil em 2018, enquanto 26% dos homens declararam o mesmo (dados da Pnad Contínua 2018)

As mulheres que não tinham carteira de trabalho assinada receberam, em 2018, R$ 707,26 ao passo que para as formalizadas esse valor foi de R$ 1.210,94.

Daniel Rittner (Valor, 20/01/2020) informa: um grupo de apenas 2.153 indivíduos no mundo com patrimônio superior a US$ 1 bilhão detém mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas, o equivalente a 60% da população global, conforme indica um novo levantamento da rede de organizações não-governamentais Oxfam. O estudo chega à conclusão de o número de bilionários ter dobrado na última década e a desigualdade econômica está fora de controle.

Leia: Tempo de Cuidar – Sumário Executivo do Relatório da OXFAM 2020

“Os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza do que todas as mulheres da África”, compara a Oxfam no relatório, lançado horas antes da abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Para ilustrar o “grande fosso” de renda, há uma ilustração: se alguém tivesse juntado US$ 10 mil por dia desde que as pirâmides do Egito começaram a ser construídas, teria hoje só um quinto da fortuna média dos cinco maiores bilionários do planeta. Enquanto isso, quase metade da população global sobrevive com menos de US$ 5,50 por dia.

O estudo renova as discussões sobre concentração de renda e desigualdade, que estiveram no topo da agenda durante todo o ano passado, com manifestações

Manifesto de Davos 2020” (leia ao final deste post) propõe um novo capitalismo Fórum Econômico Mundial deste ano será mais verde Carvão pode ter ‘boom’ na África em 2025, diz estudo espalhadas pela América Latina, além de protestos na França e no Líbano. Muitos atos, como no Chile, desaguaram em crise política.

Especulações em torno da tributação das fortunas brotam do diagnóstico. No período entre 2011 e 2017, os salários médios nos países do G-7 tiveram alta de 3%. Já os dividendos para acionistas cresceram 31%. De acordo com o levantamento, apenas 4% das receitas tributárias globais provêm da taxação de fortunas e os “superricos” conseguem evitar até 30% de imposto por meio de evasão fiscal.

O novo relatório da Oxfam propõe ainda olhar as questões de gênero como um dos combustíveis, segundo as palavras dos autores, que alimentam essa engrenagem: as mulheres fazem mais de 75% de todo trabalho de cuidado não remunerado do planeta. Frequentemente elas trabalham menos horas em seus empregos ou têm que abandoná-los por causa da incompatibilidade horária com o cuidado. Em todo o mundo, 42% das mulheres não conseguem um emprego porque são responsáveis por todo o trabalho de cuidado – entre os homens, essa proporção é de 6%.

“Milhões de mulheres e meninas passam boa parte de suas vidas fazendo trabalho doméstico e de cuidado, sem remuneração e sem acesso a serviços públicos que possam ajudá-las nessas tarefas tão importantes”, diz a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia.

Quase simultaneamente à divulgação da rede de ONGs, o Fórum Econômico Mundial também publicou um estudo sobre mobilidade social que projeta ganho de até 4,4% no PIB global caso as economias dessem oportunidades iguais a seus cidadãos.

A lista dos dez países com maior mobilidade social no mundo é preenchida somente por europeus: Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia, Islândia, Holanda, Suíça, Áustria, Bélgica e Luxemburgo. Os Estados Unidos aparecem em 27o lugar.

O Brasil ocupa a 60a posição entre 82 nações e está no meio dos Brics. Os outros são Rússia (39a), China (45a), Índia (76a) e África do Sul (77a). Quatro aspectos foram analisados: salários, sistema de proteção social, condições de trabalho e educação continuada. Curiosamente, o Chile – palco das maiores manifestações na América Latina – é o mais bem posicionado da região: 47o lugar.

O número de bilionários do mundo duplicou nos últimos dez anos e essa camada já soma mais recursos que 60% da população mundial. O alerta está sendo publicado nesta segunda-feira pela entidade Oxfam.

Ela denuncia as políticas econômicas de Bolsonaro e alerta que a estratégia do governo aprofundará a desigualdade. O documento está sendo publicado às vésperas da reunião de Davos, na presença das maiores lideranças internacional e da elite do mundo das finanças.

Para escancarar a incapacidade do sistema em lidar com a desigualdade, a Oxfam traz dados sobre o que representa hoje a concentração de renda. “Os 22 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza do que todas as mulheres da África”, diz o relatório. No total, 2,1 mil bilionários têm em 2020 uma riqueza acumulada superior aos 4,6 bilhões de pessoas mais pobres do planeta.

Se esse grupo de pouco mais de 2 mil pessoas pagasse apenas 0,5% de imposto extra sobre a sua riqueza durante uma década, 117 milhões de novos empregos em áreas sociais seriam criados. Hoje, existem pouco mais de 180 milhões de desempregados no mundo.

MANIFESTO DE DAVOS 2020:

“O objetivo de uma empresa é envolver todas as partes interessadas na criação de valor compartilhado e sustentado. Ao criar esse valor, uma empresa atende não apenas seus acionistas, mas todas as partes interessadas – funcionários, clientes, fornecedores, comunidades locais e sociedade em geral. A melhor maneira de entender e harmonizar os interesses divergentes de todas as partes interessadas é através de um compromisso compartilhado com políticas e decisões que fortaleçam a prosperidade a longo prazo de uma empresa.

Uma empresa atende a seus clientes fornecendo uma proposta de valor que melhor atenda às suas necessidades. Aceita e apoia uma concorrência leal e condições equitativas. Ele tem tolerância zero para corrupção. Ele mantém o ecossistema digital em que opera, confiável e confiável. Ele conscientiza os clientes da funcionalidade de seus produtos e serviços, incluindo implicações adversas ou externalidades negativas.

ii. Uma empresa trata seus funcionários com dignidade e respeito. Honra a diversidade e busca melhorias contínuas nas condições de trabalho e no bem-estar dos funcionários. Em um mundo de rápidas mudanças, uma empresa promove a empregabilidade contínua por meio de aprimoramento e capacitação contínuos.

iii. Uma empresa considera seus fornecedores como verdadeiros parceiros na criação de valor. Oferece uma chance justa aos novos participantes no mercado. Integra o respeito pelos direitos humanos em toda a cadeia de suprimentos.

iv. Uma empresa atende a sociedade em geral por meio de suas atividades, apoia as comunidades em que trabalha e paga sua parcela justa de impostos. Garante o uso seguro, ético e eficiente dos dados. Ele atua como um administrador do universo ambiental e material para as gerações futuras. Protege conscientemente nossa biosfera e defende uma economia circular, compartilhada e regenerativa. Expande continuamente as fronteiras do conhecimento, inovação e tecnologia para melhorar o bem-estar das pessoas.

v. Uma empresa fornece a seus acionistas um retorno sobre o investimento que leva em consideração os riscos empresariais incorridos e a necessidade de inovação contínua e investimentos sustentados. Gerencia com responsabilidade a criação de valor a curto, médio e longo prazos, buscando retornos sustentáveis ​​para os acionistas que não sacrificam o futuro no presente.

B. Uma empresa é mais do que uma unidade econômica geradora de riqueza. Realiza as aspirações humanas e sociais como parte do sistema social mais amplo. O desempenho deve ser medido não apenas no retorno aos acionistas, mas também em como ele atinge seus objetivos ambientais, sociais e de boa governança. A remuneração dos executivos deve refletir a responsabilidade das partes interessadas.

C. Uma empresa ao possuir um escopo multinacional de atividades não serve apenas a todos os interessados ​​diretamente envolvidos, mas atua como uma das partes interessadas – juntamente com governos e sociedade civil – do nosso futuro global. A cidadania global corporativa exige uma empresa aproveitar suas principais competências, empreendedorismo, habilidades e recursos relevantes em esforços colaborativos com outras empresas e partes interessadas para melhorar o estado do mundo.”

 

Desigualdade Explode no Capitalismo de Acionistas publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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