Dymski e Pollin (1994) conduziram uma investigação empírica sobre a noção de as Eras de Governo “Pequeno” e “Grande” terem dinâmicas cíclicas diferentes. Dymski (2002, 2009) estendeu este estudo original.
Dymski e Pollin (1994) confirmaram as trajetórias cíclicas na Era do “Pequeno Governo” (anos anteriores à década de 1930) diferirem sistematicamente daquelas da Era do “Grande Governo” (década de 1930 até o final da década de 1970), nas formas dramatizadas por Minsky: deflação da dívida ocorreu, sistematicamente, na Era do “Pequeno Governo”, com profundas e prolongadas quedas no crescimento econômico e no emprego. Mas a Era do “Grande Governo” foi caracterizada por um período mais longo de expansão, devido à reconstrução pós-guerra, intercalado por desacelerações moderadas, além haver uma mudança do viés deflacionário para o inflacionário.
Durante a Era do “Grande Governo” também houve um estável crescimento médio real do PIB, uma taxa de juros real mais baixa, e taxas de insucesso bancárias e comerciais reduzidas. Dymski e Pollin (1994) descobriram o comportamento do ciclo de negócios dos anos 80 ter revertido para a Era do “Pequeno Governo”, de certa forma, quando houve alta taxa de juros real e daí altas taxas de falhas nos negócios bancários, mas não tanto em outros empreendimentos, quando a inflação de preços foi alta.
Não ficou claro se as trajetórias cíclicas estavam retornando ao seu padrão anterior ou se, um novo padrão estava surgindo. Dymski (2002) adicionou dados cíclicos dos anos 90 e descobriu sua trajetória se assemelhar à da década de 1980, sugerindo a economia dos Estados Unidos ter entrado em uma nova fase na década de 1980. Dymski (2009) descobriu os dados cíclicos dos anos 2000 (até o final de 2007) também se enquadram no padrão da “Era Neoliberal”.
As características definidoras desta época pós-Reagan e Thatcher são:
- desregulamentação sistemática da intermediação financeira e dos fluxos financeiros,
- fluxos comerciais globalizados em economias relativamente abertas, e
- uma mudança no papel do governo.
Para tomar emprestada a terminologia de Kregel (1998), o “grande papel do governo” de atuação com gastos contracíclicos desapareceram em grande parte. Foram sendo substituídos por mecanismos do “Grande Banco” do governo para estabilizar a economia. No caso de países com capitalismo maduro, estabeleceu-se a função de último recurso do Banco Central e seu uso de taxas de juros para moderar tendências inflacionárias ou deflacionárias. [Em países emergentes do BRIC, os bancos estatais têm a atuação anticíclica, enquanto os bancos privados se retraem durante a crise.]
O “acordo capital-trabalho”, implicitamente atingido durante o período da Idade de Ouro [durante a Era da Socialdemocracia com a aliança entre a casta dos trabalhadores organizados e a casta dos sábios-intelectuais], é revogado. O direito dos trabalhadores de organizar, proteger seus salários reais da erosão e negociar diretamente com proprietários e gerentes de empresas são desafiados. Da mesma forma, o uso de gastos do governo para apoiar os desempregados, os enfermos e os idosos é cada vez mais restrito.
O governo não é mais considerado um garantidor ou provedor de segurança para indivíduos. Em vez disso, seu papel mais modesto [decompondo a economia da sociedade e impondo sobre esta a autorregulação do mercado] é:
- policiar as relações de mercado,
- garantir as regras do jogo de mercado serem justas [entre as quais, destacadamente, proteção para o direito de propriedade e a consequente exploração da força do trabalho].
De fato, autores discutem se o novo regime geralmente toma como tema principal a renúncia do controle do governo sobre as forças de mercado. A possibilidade de fuga de capital e/ou desinvestimento serve como um indicador para verificar:
- a capacidade de qualquer governo para proteger os padrões de vida de seus cidadãos ou
- os fluxos de caixa de suas empresas de origem nacional, mas ação multinacional.
A mudança da Era do “Grande Governo” para a Era “Neoliberal” pode ser vista na dinâmica cíclica variável ao longo desses anos. Neste capítulo, Dymski não reproduz os dados cíclicos empíricos mostrados em Dymski e Pollin (1994), Dymski (2002), ou Dymski (2009), quando foram utilizados dados anuais. Em vez disso, examina os dados trimestrais capazes de explorar essa crescente fenda no comportamento cíclico.
As noções orientadoras de Minsky de as intervenções de o Grande Governo estabilizarem a economia ao preço de uma inflação mais alta, pode ser avaliada pelo período da década de 1950 em diante com a ajuda de gráficos elaborados por Gary Dymski nesse capítulo.
Leia mais em: Crises of Global Economies and the Future of Capitalism: reviving Marxian crisis theory
Era de Governo Neoliberal e Era de Intervenção Governamental: Sequência Cíclica em Capitalismo publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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