sábado, 30 de novembro de 2019

Geração Y: Investimentos dos Millennials para Aposentadoria

Sergio Prates é diretor regional da Icatu Seguros. Publicou artigo (Valor, 20/11/2019) de leitura interessante para a geração de meus filhos e meus alunos de Finanças Comportamentais: Planejamento da Vida Financeira. Reproduzo-o abaixo.

Geração Y, a geração da internet ou comumente conhecidos como “millennials”, são os novos entrantes do mercado de capitais, jovens dos seus 18 a 36 anos que experimentam um cenário econômico favorável a investimento de longo prazo, com uma gama de informações e ofertas de produtos sofisticados pipocando em seus smartphones a todo instante.

Ao mesmo tempo, experimentam a necessidade da realização de uma previdência privada, pois acompanham, com esta mesma intensidade, notícias sobre o rumo da nossa Previdência Social, fadada a garantir apenas uma pequena parcela de seus rendimentos.

Os millennials buscam por todo tipo de informação na rede. Um dia desses, um jovem localizou o telefone do nosso escritório no google maps e perguntou se ali poderia ser atendido. Ele havia estudado a fundo o assunto e sabia o que queria — um PGBL com tabela regressiva –, mas estava um pouco confuso quanto à alocação dos seus investimentos. Existem inúmeras opções hoje em dia, para o bem do mercado, ainda que ele sofra de uma grande concentração dos famosos “RF CDI”. E que sirva de alerta, pois mais de 95% da indústria ainda está dormindo nestes fundos.

Com uma Selic de 5% ao ano e IPCA projetado de 3,4% ao ano, o retorno que muitos clientes da geração “baby boomer buscam, com foco em preservação de capital, já está projetando rendimento real negativo.

Um ponto muito positivo para os mais jovens é a questão do longo tempo de investimento disponível. Uma carteira com rendimento real de 3,5% ao ano, passados 30 anos, terá mais de 38% do seu saldo composto por rentabilidade e, com mais dez anos investidos, chegamos a 48%, reforçando a tese de que o quanto antes começamos a investir, melhor.

O leque de investimentos em previdência é grande e diversificado. Uma classe a ganhar espaço e respeito entre estes investidores é uma das vedetes do evoluído mercado americano: a classe “data alvo”. Ela abre uma importante discussão a respeito das estratégias de mercado.

Data alvo” porque tem em sua nomenclatura uma referência ao ano quando o fundo se tornará conservador, permitindo compreender que a partir daquela data, seus clientes estarão, em sua grande maioria, usufruindo da aposentadoria, sem mais terem o tempo a favor de seus investimentos e evidenciando assim uma característica de preservação de capital – “2030”, “2040”, “2050” e por aí vai. No entanto, essa classe de fundos ainda representa apenas 1,3% do total de reserva do mercado, são R$ 9,8 bilhões contra R$ 756 bilhões. A boa notícia é que ele cresce, em média, 472% ao ano desde a sua criação, em 2005.

A beleza dessa estratégia é aliar o longo prazo às inúmeras opções de investimento disponíveis no mercado e diminuir automaticamente o risco de alocações ano após ano. Um jovem de 30 e poucos anos, com um horizonte de 35 a 40 anos de investimento, aloca a maior parte das reservas em mercados com maior risco. Conforme a reserva for crescendo e a idade de aposentadoria chegando, o fundo vai se tornando mais conservador. Ele corre risco maior quando a reserva ainda é pequena e menor quando é grande.

Traduzindo em números e alocações, o data alvo 2040, por exemplo, tem hoje em sua carteira 5,2% em renda fixa (CDI), 12,5% em renda fixa atrelada à inflação com “duration” média de três anos (IMA-B5), 48,2% em renda fixa atrelada à inflação com duration maior (IMA-B5+) e 33% em bolsa, sendo 45% dela na estratégia dividendos e 55% em IBX. Já na data alvo 2030, quando se tem menos tempo de investimento pela frente, a parte de renda fixa é maior, principalmente em CDI e inflação curta, e menor em inflação longa (34%) e em bolsa (2,7%).

Um estudo de Gary P. Brinson, L. Randolph Hood e Gilbert L. Beebower com 91 dos maiores fundos de pensão americanos, analisados durante nove anos, demonstrou: a escolha correta dos ativos em um investimento de longo prazo representou 94% da variância de uma carteira, enquanto que acertar a hora de sair ou de entrar em determinado ativo, o famoso “timing”, representou apenas 6%.

Geração Y: Investimentos dos Millennials para Aposentadoria publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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