O gráfico acima representa os marcos vistos na transição para o Banco 4.0, ocorrida até agora, e os marcos prováveis a serem vistos na próxima década à medida que avançarmos em direção a bancos digitais onipresentes e incorporados.
No cerne do mundo do Banco 4.0 haverá uma mudança simples e dramática.
Mais pessoas terão acesso a um serviço bancário básico ou a uma loja de valores pelo telefone celular em lugar de uma agência. Em 2025, a maioria das pessoas pensará em algum armazenamento de valor baseado em dispositivo como sua conta bancária, em vez de um artefato físico – como um talão de cheques ou cartão de débito – entregue por um banco.
Mais criticamente, os elementos fundamentais do mundo do Banco 1.0, rapidamente, começam a diminuir a importância da entrega. Agências, agentes e corretores com base na assimetria de informação darão lugar a contextos, comportamentos e ofertas sob medida para o seu mundo pessoal, de maneira que as instituições financeiras tradicionais nunca poderiam entregar por meio de uma experiência presencial. Muitos tradicionalistas vão negar isso ter mudado até o momento quando eles perceberem ser tarde demais.
Se RegTech, “SupTech” (Supervisory Tech), residência de dados, AML, monitoramento, crime financeiro ou, simplesmente, o cumprimento das leis nacionais, a regulamentação dos serviços financeiros é estabelecida para um realinhamento sísmico de acordo como o comportamento do cliente evolui. Os reguladores terão de mudar de modo mais rápido em relação às mudanças dos bancos para permanecerem relevantes. Já podemos ver o campo de batalha formando globalmente em torno de coisas como FinTech, sandboxes, blockchain, criptografia, etc.
Brett King, autor do livro Bank 4.0: Banking Everywhere, Never at a Bank (UK; John Wiley & Sons; 2019), questiona: se você está em um mercado onde se resiste a essas coisas, como nos EUA, você pode esperar duas coisas:
- primeiro, o Vale do Silício e o Silicon Alley continuará tentando encontrar soluções alternativas para você constantemente inovar fora das regulamentações;
- segundo, seus centros financeiros globais começarão a ser parecidos com aquela caminhonete com fashion da década de 1970.
King pede licença para fazer uma previsão para os próximos 10 anos: prevê, em algum lugar, um regulador digital competente decidirá não haver razão por que os clientes de um banco precisam ser residentes de uma geografia específica, eles só precisarão ser adequadamente identificados. Quando isso acontecer, as jurisdições financeiras e bancos não competirão apenas por dólares de capital de risco e talento, eles começarão a tentar ser centros verdadeiramente globais para o setor bancário, onde um armazenamento de valor digital para um cliente não precisa estar vinculado a onde ele viver. Depois disso, toda jurisdição progressiva do mundo perceberá eles precisarem competir por armazenamento de valor aberto, pagamentos universais e acesso mundial a crédito.
A Estônia já começou esse caminho com cidadania digital, mas será muito mais fácil permitir KYC digital sem fronteiras. Começará com dados e investimentos. A residência de dados será o campo de batalha, após o capital de risco em investimento na FinTech ter sido nivelado.
No entanto, em sua essência, a principal mudança dos “primeiros princípios” será: mercados serão baseados em regulamentação codificada não apenas na lei, mas em código de computadores. Isso exige uma completa qualificação dos órgãos reguladores. Também significa a capacidade de responder a plataformas e players FinTech extremamente ágeis implicar em processos e políticas codificadas, reduzindo a competitividade.
Por sua vez, os reguladores mudarão cada vez mais para uma nova tecnologia de supervisão, em vez de manter estruturas legais insuficientes. Se o setor for ágil e adaptável, começará por ter um regulador flexível.
Em toda essa mudança dinâmica, uma coisa ficará cada vez mais clara: a capacidade de competir dependerá da alocação eficiente de recursos. Quando você é um titular, você precisa conciliar a manutenção de clientes legados existentes com a nova tecnologia, mantendo os antigos sistemas legados funcionando o tempo suficiente para sobreviver e fazer seus números de balanços trimestrais de modo o preço das suas ações não cair.
Uma FinTech não precisa se preocupar com essas coisas. Ela escolhe mais clientes com experiência digital, ela não tem processos ou sistemas legados e tem investidores mais preocupados com sua capacidade de escalar em vez de manter a atual lucratividade.
Olhe para a Amazon, seus donos realmente não começaram a lucrar muito até estarem no negócio por uns bons 10 anos. Os bancos históricos não podem se comprometer com 10 anos de perdas para reconstruir. Uma FinTech só precisa se preocupar em aumentar na próxima rodada, e isso se resume a ganho de escala através de crescimento contínuo, não a lucratividade imediata.
No que diz respeito à inovação, entretanto, aqui as FinTechs têm vantagens econômicas claras. Têm equipes menores e não se preocupam com legado. As últimas inovações de tecnologia e sua disposição geral de romper com convenções significa elas poderem investir capital com muito mais eficiência para criar experiências para o cliente. Os grandes bancos históricos nunca conseguirão obter o mesmo retorno em termos de rentabilidade patrimonial face a aqueles times pequenos, ágeis e não apegados aos primeiros princípios. Esses se rentabilizarão à medida que ganharem maior escala.
Em última análise, isso levará a disputas concorrenciais entre FinTech, players de tecnologia e bancos históricos. Os bancos tradicionais ao se recusarem a fazer parceria com esses players eficientes só acharão eles estarem afetando seus resultados. A velocidade de superação de barreiras à entrada no mercado bancário será cada vez maior. Isso estará sob o microscópio dos analistas de mercado de ações.
É a mesma razão pela qual os investidores, com o tempo, começarão a descontar valor de mercado de bancos dependentes de redes de filiais para acesso ao cliente. Isso simplesmente porque bancos desafiantes demonstrarão, consistentemente, aquisições de clientela muito mais baratas em custos e, portanto, a capacidade de escalar e conquistar participação de mercado de uma maneira não possível de ser defendida pelas redes de agências.
Coloque tudo isso junto e o futuro bancário será super emocionante. Mas será super disruptivo para aqueles hoje com a atitude de evitar essa transformação rápida.
Repensando a Macro Competição Bancária publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário