“A interrupção não é sobre o que acontece com você, é sim sobre como você responde ao que acontece com você”, afirma Jay Samit, autor de Disrupt You.
Uma expressão mágica, atualmente, é inovação disruptiva. É um anglicanismo.
Quando falamos sobre o Banco 4.0, diz Brett King, autor do livro Bank 4.0: Banking Everywhere, Never at a Bank (UK; John Wiley & Sons; 2019), é bom estabelecer uma linha do tempo e uma definição com maior clareza:
BANCO 1.0: refere-se a bancos históricos tradicionalmente centrados na ramificação de rede de agências como pontos de acesso principal – e no multiplicador monetário, baseado em reservas bancárias fracionárias e efeito de rede, como suporte financeiro fundamental. Começou com a família Medici no Século XII.
BANCO 2.0: o surgimento deste banco de autoatendimentos (ATM) foi definido pelas primeiras tentativas de fornecer acesso ao banco fora do horário comercial. Iniciado com caixas eletrônicas, se acelerou a partir de 1995 com a comercialização massiva da Internet.
BANCO 3.0: o sistema bancário quando e onde você precisar, conforme redefinido pelo surgimento do smartphone em 2007, se acelerou com uma mudança para pagamentos móveis, P2P e bancos inovadores, construídos sobre a base de celulares móveis. É um canal agnóstico. Agnóstico é quem considera os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana. Sua etimologia significa “desconhecido” ou “não cognoscível”.
BANCO 4.0: refere-se aos bancos onipresentes e produtos bancários entregues em tempo real através de camadas de tecnologia. Apresenta-se ao cliente em tempo real, com experiências contextuais, engajamento sem atrito e um aconselhamento inteligente, baseado em camada de IA (inteligência artificial). Omni-canal em grande parte digital com zero em requisitos para distribuição física.
Se tentarmos representar isso, graficamente, mostraremos a economia bancária, principalmente a mecânica de distribuição e entrega, em um eixo vertical, versus contato / atrito / fricção na experiência do cliente, no outro eixo horizontal. Veja imagem acima.
Para ser bem claro, os bancos 1.0, 2.0 e 3.0 ainda existem hoje. Têm bancos ainda considerados fundamentalmente Banco 1.0 por natureza operacional e pelo tipo de envolvimento do cliente. Existem bancos ainda sem um aplicativo móvel e capacidade on-line limitada. Eles se enquadram na categoria Banco 2.0.
A maioria dos clientes dos bancos ainda não abre a conta em um celular e, portanto, dificilmente se qualificaria para o status do Banco 3.0. Talvez se relacione, no máximo, com um tipo de Banco 2.5.
O número de bancos verdadeiramente onipresentes em termos digitais, hoje, tentando talvez mudar para o Banco 4.0, ainda se restringe ao número de dezenas, isto globalmente. A maioria talvez nunca chegue lá, incluindo alguns dos bancos desafiadores (inovadores), de modo a fazer valer a pena o ganho de escala.
A mudança para o Banco 4.0 é pontuada por mudanças significativas no comportamento do cliente. O surgimento de grandes concorrentes não bancários com escala capaz de exceder o alcance dos maiores bancos do mundo, é uma diferença totalmente requisitada no conjunto de habilidades necessárias para o sucesso. Instituições financeiras capazes de acreditarem em poder sobreviver a esta inovação disruptiva, continuando a fornecer serviços bancários básicos através de uma assinatura atrás de um cartão, correm o maior risco de disfunção.
Se você é um banco e deseja sobreviver a essa transição ao longo dos próximos dez anos, você poderá redefinir sua organização, reconstruindo sua capacidade de entrega principal, evoluindo sua equipe, reestruturando-se em torno de um organograma completamente novo e mudando mais rapidamente do que você imaginaria possível. Se você é um banco hoje, estará competindo potencialmente com Kodak, Borders, Nokia, Motorola, Tower Records, Blockbuster, JC Penneys and Sears, Digital Equipment Corporation, Polaroid, Compaq, Borland — e outros de sua espécie.
A interrupção de atividade tradicional baseada em tecnologia não é algo anômalo e seletivo em seu foco. Poderia optar por deixar o sistema bancário intacto. Porém, desde quando Brett King escreveu o Bank 2.0, em 2009, o sistema bancário já enfrentou grandes mudanças.
Nenhum banco contestador existia em 2009. O investimento em FinTech nesse ano foi menos de US$ 2 bilhões em todo o mundo. Em 2017, ultrapassou US$ 31 bilhões (sem contar as ICOs).
Em 2009, os empréstimos entre pares [peer-to-peer] representaram menos de US$ 1 bilhão globalmente. Hoje, possuem 30% de participação no mercado de empréstimos nos Estados Unidos e se aproxima de US$ 1 trilhão no total das carteiras de empréstimos anuais.
Em 2009, os pagamentos móveis ainda estavam sendo debatidos e a Apple ainda estava para decidir sua estratégia. Mas, até outubro de 2017, somente a China fez US$ 12 trilhões em pagamentos móveis em duas redes de bancos digitais, Tencent e Alipay.
Blockchain existia como a tecnologia subjacente por trás do Bitcoin, mas nenhum banco estava considerando essa tecnologia operacionalmente em 2009. Em 2018, centenas de bancos estão envolvidos globalmente com iniciativas de blockchain.
Em 2009, apenas um banco no mundo oferecia abertura de conta digital: o Jibun Bank do Japão. Em 2017, existiam centenas de bancos oferecendo abertura de conta baseada em dispositivos móveis. São bancos desafiadores da classe estabelecida.
Em 2009, 5.000 Bitcoins custariam menos de US$ 30 para você comprar. Nos momentos finais de 2017, esses Bitcoins valiam US$ 100 milhões.
Desde 2009, o número total de agências bancárias em economias desenvolvidas diminuiu de 8 a 22%, com uma média declínio de 1,5% a 2% ao ano.
Desde 2009, a inclusão financeira cresceu muito na Índia, na África Subsaariana e em outras partes do mundo, com mais de um bilhão de pessoas tendo acesso a uma simples reserva de valor. Praticamente, nenhum desses indivíduos acessou serviços financeiros por meio tradicional, ou seja, via agências bancárias físicas.
Aos poucos, estamos vendo mudanças fundamentais em várias linhas de negócios em serviços financeiros. O acesso está sendo redefinido. Manuais de economia bancária estão sendo reescritos. O regulamento está sendo reformulado. O comportamento diário de clientes os mantém permanentemente afastado do relacionamento com agências via filas.
A receita de prestação de serviços bancários está aumentando na mesma rota. O número de bancos em todo o mundo está diminuindo à medida que a consolidação ocorre e, ao mesmo tempo, o número de empresas financeiras com tecnologia ou FinTechs capazes de oferecerem serviços bancários está explodindo.
Se essas tendências continuarem, deve resultar em um setor bancário fundamentalmente diferente, emergindo no futuro breve. Espera-se uma redefinição permanente de:
- o que é uma conta bancária e
- o que os meios de pagamento bancários representam para seus clientes.
Para enfatizar o potencial desse comportamento perturbador, Brett King dá para você algumas das suas previsões para o período 2025-2030:
- Até 2025, as maiores organizações de depósito serão players de tecnologia, sejam líderes de tecnologia como Alibaba, Amazon, Google, Tencent e Apple (potencialmente) ou pure-play disruptores como FinTech; eles simplesmente descobriram como escalar depósitos mais eficientemente.
- Até 2025, considerando os 15 anos anteriores, quase três bilhões de pessoas não-bancarizadas terão entrado no sistema de acesso a serviços financeiros sem terem sequer pisado em uma agência.
- Até 2025, todos os dias, mais pessoas irão interagir e interagir com seu dinheiro em um computador, smartphone, via voz ou em realidade virtual aumentada (ou visualizada) em lugar daquelas pessoas ainda visitantes durante todo o ano da rede coletiva de sucursais bancárias do mundo.
- Até 2025, mais aconselhamentos sobre uso de dinheiro serão dispensados via inteligência artificial, algoritmos e software em lugar de toda a rede coletiva de consultores humanos das instituições financeiras existentes hoje.
- Até 2025, cerca de um quarto de todo o comércio eletrônico via dispositivos móveis será orientado para o comércio diário por meio de robôs de voz ou software, e esses robôs com voz de suporte terão um aumento de receita de 25 a 30% em comparação com os seus homólogos sem voz.
- Até 2025, quase todos os maiores bancos de varejo do mundo obterão a maior parte de sua receita de prestação de serviços via digital.
- Até 2030, uma dúzia de países ao redor do mundo estará sem dinheiro em papel-moeda, incluindo a população urbana da China e os habitantes de países nórdicos, Cingapura e Austrália.
- Até 2030, a IA terá contabilizado a perda de mais de 30% dos empregos existentes hoje no setor bancário. Enquanto alguns desses trabalhos serão substituídos por especialistas em aprendizado profundo, cientistas de dados, e assim por diante, os novos empregos não chegarão nem perto de substituir o número dos perdidos.
Roteiro do Cenário Futuro de Banco 4.0 publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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