Elegante e classudo, o Ford Galaxie foi um sedã de luxo que chegou a ter versão bem simplificada nos anos 70, mas sempre teve sua imagem ligada ao luxo e ao requinte.
O modelo trouxe à Ford do Brasil, a oportunidade de ter um carro realmente luxuoso no mercado brasileiro dos anos 60, que já aspirava ao desejo de ter carros grandes e potentes feitos nacionalmente.
A ideia inicial não era exatamente fazer o Ford Galaxie, mas acabou que o produto americano chegou até nós para durar os bons anos do começo de nossa indústria automobilística.
Enorme, como todo carro americano nascido de projetos dos anos 50 e 60, o sedã ainda era considerado “médio” nos states, onde os dinossáuricos com motor V8 Big Block dominavam as vendas.
Ao longo de sua breve trajetória no país, mudou de nome e de motor, mas sempre será lembrado como suprassumo automotivo do luxo nacional.
Ford Galaxie
Uma derivação do Ford Galaxie 500 dos EUA, que por sua vez era uma variante do Ford Fairlane de 1966 (quinta geração), o modelo brasileiro estreou no Salão do Automóvel de 1966.
Com 5,330 m de comprimento, 2,000 m de largura, 1,460 m de altura e 3,020 m de entre eixos, o Ford Galaxie era um carro muito maior que a média nacional e bem elegante.
Sonho para muitos, o modelo se tornou o primeiro automóvel de passeio da Ford a ser fabricado inteiramente no Brasil e mais, com um índice de nacionalização inacreditável até para os dias atuais: 98%!
Sim, o nível de conteúdo local equivalente ao de uma moto Honda CG. O Ford Galaxie impressionava não só pelo luxo e imponência, mas também pela qualidade no acabamento, um esmero que a fábrica do Ipiranga teve de lidar.
Afinal, ela só fazia picapes desde os anos 50. Agora, saía de suas linhas um carrão de luxo para ninguém botar defeito. Com visual do modelo que estava saindo de cena na terra do Tio Sam (mudando de geração), o Galaxie era o máximo.
Ford Galaxie – Estilo
O Ford Galaxie tinha um aspecto visual do modelo homônimo nos EUA, mas de 1965, um ano antes de mudar de geração. Era um carro elegante e de linhas retilíneas e musculosas.
Muito grande, ele mantinha o equilíbrio das formas dos sedãs americanos e vinha com capô e porta-malas bem longos. O capô tinha poucos vincos e ostentavam o símbolo do luxo da Ford, trazido da Lincoln, devidamente posicionado na frente.
Logo abaixo, o nome Ford em letras garrafais e bem espaçadas não deixavam dúvidas sobre a marca desse carro. A grade tinha longos cromados horizontais e pronunciados, com exceção da parte mais próxima dos faróis.
Estes eram duplos e colocados em posição vertical, como era o estilo do Ford Galaxie 500 e do Fairlane americanos. O para-choque chapado era totalmente cromado. Havia pequenos apêndices nos para-lamas.
Um vinco pronunciado sumia na altura do eixo traseiro, enquanto as saias de rodas e soleiras tinham mais frisos cromados. As maçanetas grandes e metálicas saltavam sobre a carroceria, deixando os retrovisores cromados até menores visualmente.
Havia cromo para todo lado, envolvendo para-brisa, janelas e colunas do Ford Galaxie. As colunas C eram largas, o que tornava o sedã ainda mais elegante.
O vidro traseiro e a base das colunas tinham mais cromados, enquanto os para-lamas traseiros ostentavam no nome Galaxie 500.
A tampa do porta-malas era bem grande e ia até a base do para-choque. Ela tinha uma moldura com o nome Ford. As lanternas eram quadradas e destacadas.
As rodas de aço com calotas cônicas e ornamentadas chamavam muita atenção, ainda mais calçadas com pneus diagonais de faixa branca e sem câmara.
Havia antena sobre o para-lama dianteiro direito e o para-choque traseiro também era cromado.
Por dentro, o ambiente era típico da época com grande espaço lateral e dois bancos inteiriços que podiam acomodar seis pessoas. Os assentos em couro ou vinil eram confortáveis e podiam ser adquiridos em várias cores, inclusive azul e vermelho.
Todo o habitáculo era preto e cheio de cromados, sendo que o painel tinha instrumentação horizontal para velocímetro e nível de combustível, pois a temperatura da água era indicada por duas luzes.
Um delas apontava motor frio e outra para superaquecimento. Detalhes do acabamento frontal eram em madeira e o sistema de climatização com três velocidades.
O rádio ainda era de válvulas e tinha três faixas de recepção. O Ford Galaxie tinha ainda direção mecânica, mas opcionalmente podia ser hidráulica com enorme volante de dois raios com buzina em um aro meia-lua. Ele era colapsável em caso de batida.
A alavanca de câmbio cromada ficava na mesma coluna de direção, enquanto os pedais tinham frisos cromados. Aliás, havia um extra para o freio de estacionamento, que era liberado por meio de uma alavanca na lateral do painel.
O limpador de para-brisa tinha duas velocidades e havia mais coisas, como porta-luvas iluminado, chave de segurança para partida nos dois lados (era comum na época a chave entrar apenas de um lado) e relógio analógico elétrico.
O pisca tinha haste com retorno automático. Sem ar condicionado, a ventilação era apenas para manter o ambiente renovado, além de funcionar como desembaçador. O recurso para amenizar o calor era abaixar os vidros e girar os quebra-ventos cromados.
Para levar bagagem, o modelo tinha porta-malas com enormes 541 litros, sendo muito raso e ainda com um estepe de tamanho padrão próximo da traseira.
O Ford Galaxie não era feito em monobloco, mas numa carroceria de aço montada sobre um chassi de longarinas. Parte dele, assim como motor, câmbio, suspensão e cardã tinham partes devidamente cobertas por proteções e batentes plásticos para reduzir o ruído, fora as forrações que existiam no acabamento interno.
O ruído a bordo deveria ser o mínimo possível, pois, os clientes eram exigentes e o padrão de qualidade da Ford tinha de ser mantido. Já as suspensões eram convencionais, assim como todo o Ford Galaxie, mas bem macias.
Independentes com braços sobrepostos na frente e com eixo rígido atrás, tinha molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Havia barras estabilizadoras nos dois eixos, mas os freios eram a tambor.
Ford Galaxie – Motores
O Ford Galaxie surgiu com o V8 272 de 4.5 litros, que tinha de fato 4.458 cm3, sendo o mesmo que equipava picapes e caminhões da marca na época.
A diferença ficava nos cabeçotes e seus coletores integrados de escape e admissão, tudo fundido em alumínio. Com bloco em ferro fundido e comandos OHV, o V8 272 tinha carburador de corpo duplo e ostentava 164 cavalos a 4.400 rpm com 33,4 kgfm a 2.400 rpm.
Movido com a gasolina pura da época, ele trabalhava com alternador (algo raro na época) e sistema elétrico de 12V, tendo ainda uma caixa manual de três marchas sincronizadas.
A taxa de compressão era baixa (7,3:1) e o propulsor fazia de acordo com a Ford, 6,3 km/l em condições que eram consideradas “normais” para a época. Seu consumo real devia ficar entre 4 km/l na cidade e 6 km/l na estrada.
Para não ficar na rua, ainda mais em um país ainda em desenvolvimento, o Ford Galaxie tinha enorme tanque de 107 litros, que permitiam teoricamente alcançar cerca de 640 km.
Pesando 1.780 kg, o sedã ia de 0 a 100 km/h em lentos 145 segundos e com máxima de apenas 150 km/h. Os números já mostravam em 1966 que o modelo merecia algo melhor em termos mecânicos.
Em 1969, o Ford Galaxie ganhou um novo motor com a chegada de uma versão mais luxuosa, a LTD. O propulsor V8 272 foi substituído pelo V8 292 4.8 litros, que chegou com mais força.
O propulsor com 4.785 cm3 chegava ao mercado nacional com 190 cavalos a 4.400 rpm e 37,1 kgfm a 2.400 rpm. Com as mesmas rotações, o 292 tinha 26 cavalos e 3,7 kgfm, que garantia ao luxuoso sedã, um desempenho melhor.
Contudo, não era apenas o motor que chegava como novidade. O Ford Galaxie LTD estreava ainda uma transmissão automática, a Cruise-o-Matic com três velocidades.
Com conversor de torque, essa caixa oferecia mais conforto ao dirigir e tinha sua alavanca agregada à coluna de direção, tendo no painel um indicador de marcha.
Porém, o Ford Galaxie com esse propulsor era ainda mais rápido que o anterior com o V8 272, indo assim de 0 a 100 km/h em 13 segundos, mas com final elevada para 160 km/h.
O consumo urbano, no entanto, se deteriorava ainda mais, fazendo 3,5 km/l na cidade, porém, alcançando 7 km/l na estrada, já que a relação da Cruise-o-Matic era mais longa que a caixa manual de três marchas.
O Ford Galaxie 292 só teria essa transmissão manual na versão 500 em 1970, encerrando assim a carreira do V8 272.
Ainda em 1969, surgiu uma perua do Ford Galaxie em versão ambulância, sendo feitas duas unidades para uso na fábrica e nas provas de Fórmula Ford.
Em 1976, o Ford Maverick emprestou o V8 302 4.9 de 199 cavalos a 4.600 rpm e 39,8 kgfm a 2.400 rpm. O propulsor tinha comandos no bloco acionados por corrente.
Ele permitia ao Galaxie ir de 0 a 100 km/h em 13 segundos na versão manual e 15 segundos na automática, alcançando até 165 km/h. O consumo era semelhante aos anteriores.
Mais luxo e simplicidade
O Ford Galaxie em 1969 ganhou uma importante novidade, uma versão mais luxuosa, disponível para ser ainda mais requintada e corrigir alguns defeitos que o modelo de 1966 apresentava.
A versão LTD era essa representação do luxo no sedã da Ford, que passava então a oferecer de fábrica o teto em vinil, assim como mais cromados, bem como grade e detalhes externos exclusivos.
O Galaxie LTD tinha ainda retrovisores com ajustes internos, lembrando que um ano antes, eles passavam a ser itens de série no sedã, visto que os espelhos externos se tornaram obrigatórios por lei.
O destaque do LTD era o acabamento em madeira de Jacarandá da Bahia, um luxo não igualado posteriormente. Dentro, o Ford Galaxie “limited” tinha tapetes mais macios e apoio de braço no banco traseiro.
Além disso, vinha com espelho de cortesia no para-sol e lampejador de farol. Já o conforto máximo era a chegada finalmente do ar condicionado, que tinha evaporador e comandos sob o painel.
A direção hidráulica agora era de série e sem nenhuma assistência em progressividade. No entanto, o Ford Galaxie na versão anterior era muito próximo da nova opção.
Assim, pensando em também concorrer com sedãs mais baratos, como Chevrolet Opala e Dodge Dart, a Ford decidiu empobrecer o Galaxie da versão anterior.
Ela acabou retirando muito do acabamento e conteúdo, incluindo até o rádio e ventilação, bem como direção hidráulica e a maioria dos cromados, criando assim a versão Standard.
Essa opção do Ford Galaxie foi apelidada de “teimosão” e “pé-de-camelo” em alusão às versões espartanas de Willys Gordini e VW Fusca, conhecidas como “teimoso” e “pé-de-boi”, expressão usada até os dias de hoje.
Nessa época, a Ford já tinha um carro realmente econômico e acessível, o Corcel, mas mesmo assim, insistia em dispor de um carro grande em versão que não era nada econômica (seja em preço ou consumo).
O Ford Galaxie Landau surgiu em 1971 com alusão às carruagens alemãs do século 18, ganhando adorno estético em referência a isso. Tinha vidro traseiro menor e rodas com calotas raiadas.
Os bancos podiam ser em couro ou setim, opcionais, enquanto o acabamento geral era aveludado. Havia luzes de leitura e o teto em vinil era diferenciado. Ganhou até um segundo alto-falante. Havia ainda luz de ré.
No ano seguinte, em 1972, os discos de freio dianteiros chegavam e morria o Galaxie STD. Em 1973, houve uma atualização visual, que modificou capô, lanternas, grade, calotas e para-choque traseiro, ficando com um ar mais leve e atualizado com mais cores.
Cara de Landau
Em 1976, uma grande atualização visual colocou os quatro faróis do Ford Galaxie em posição horizontal, tendo ainda lanternas em mesma posição e triplas.
No Galaxie 500, a grade tinha frisos horizontais que envolviam os faróis, enquanto LTD e Landau eram verticais. O acabamento melhorou no modelo.
Mais individualizadas, as versões eram quase produtos diferentes nessa época e o Ford Galaxie 500 ganhava o novo motor V8 302 do Maverick, assim como os demais.
Em 1978, a Série II adicionava novo volante de quatro raios, pneus radiais, faróis de iodo, novo padrão de acabamento, dois cintos de segurança retráteis na frente e limpadores intermitentes. O para-brisa passou a ser laminado.
Novos amortecedores foram adicionados e a suspensão recalibrada. Em 1979, o Ford Galaxie surgiu com uma grade em plástico preto, frisos atualizados, ar condicionado integrado ao painel e novo carburador. A ignição eletrônica era opcional. Esse foi seu último ano, com LTD e Landau seguindo até 1983, no segundo.
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