O aumento da produtividade é tema recorrente no agronegócio. Afinal, a crescente demanda por alimentos aliada às dificuldades encontradas pelos produtores, como mudanças climáticas, crise hídrica e entraves do setor logístico, levantam grandes desafios à agricultura moderna. Nesse contexto, os indicadores de produtividade rural podem ajudar. Como?
Os indicadores, ou KPIs (Key Performance Indicator), traduzem em números concretos o desempenho do negócio e são valiosos para a tomada de decisões. Assim, se você deseja medir a eficiência do seu processo produtivo, essas ferramentas são indispensáveis.
Neste artigo, você verá os principais indicadores de produtividade usados pelos profissionais do campo. Além disso, entenderá como calculá-los e utilizá-los para nortear suas estratégias. Continue lendo para conferir!
Os indicadores de produtividade rural e sua importância para o produtor
Embora os KPIs sejam ferramentas muito comuns no mundo corporativo, eles foram bem absorvidos por outros setores da economia, inclusive pela atividade agrícola. São indicadores que permitem monitorar a performance de cada etapa do processo produtivo e dar base para melhorar os resultados.
As novas tecnologias advindas da agricultura de precisão trouxeram ainda mais recursos que viabilizaram a extração de dados da lavoura para uma análise posterior. Essas informações são coletadas não só das plantas, mas também do clima, do solo e das máquinas agrícolas.
Os dados levantados consistem em registros sobre volume de produção, insumos, energia, recursos hídricos, dinheiro e tempo aplicados. São fatores fundamentais que devem ser equilibrados para garantir a competitividade e a eficiência. Então, vamos entendê-los melhor!
Os principais indicadores
O cálculo de produtividade é um indicador que revela quanto tempo e quanto de recursos sua fazenda precisa para produzir. Assim, além de levar em conta os custos da produção, vamos considerar a eficiência produtiva: quanto mais em menos tempo, melhor. O cálculo é assim:
- produtividade = receita total ÷ custo total da produção.
Esse mesmo princípio se aplica a muitos outros indicadores, já que a produtividade mede os recursos de forma isolada. É possível saber o desempenho de cada componente da cadeia produtiva e elaborar estratégias para otimizar os resultados de forma mais direcionada. Por exemplo:
- produtividade da mão de obra;
- produtividade de capital (ou custo da produção);
- produtividade do consumo de água.
Conheça alguns dos principais indicadores de produtividade rural!
Custo de produção
Um dos primeiros e principais indicadores que você precisa calcular no seu negócio são os custos, ou seja, quanto de dinheiro é necessário para fazer sua propriedade funcionar. Esses custos podem ser divididos de diferentes formas, conforme o seu objetivo. Como nosso foco é considerar o volume de produção, as despesas serão classificadas em fixas ou variáveis.
Os custos fixos são aqueles que não têm o valor alterado, independentemente se a produção cai ou aumenta. Eles podem incluir:
- aluguel de equipamentos e galpões;
- pagamento da mão de obra efetiva;
- limpeza e higienização;
- impostos;
- seguro rural.
Já os custos variáveis se referem a despesas que oscilam conforme o nível de produção da fazenda. Podemos listar aqui;
- insumos (defensivos, fertilizantes etc.);
- contratação de mão de obra sazonal;
- horas extras de funcionários;
- matérias-primas;
- água;
- energia elétrica;
- combustível para as máquinas agrícolas.
Um exemplo prático do impacto de um custo variável é o aumento na aplicação de herbicidas em lavouras infestadas com plantas daninhas. Um estudo realizado pela Embrapa calculou que esses custos podem subir até 222% em plantações de soja com casos de infestações mistas de capim-amargoso e buva.
Somando os custos fixos com os custos variáveis, você terá o custo total da produção agrícola. Já o custo médio é obtido dividindo-se o custo total pelo número de unidades produzidas de uma determinada commodity.
Instituições do setor divulgam dados sobre custos médios em determinadas safras em diferentes regiões, como o CNC (Conselho Nacional do Café). Seria algo parecido com R$ 443,91 por saca de 60 kg de café arábica ou R$ 13.317,11 por hectare (referente à safra de verão 2018/19, Barra do Choça — BA).
Eficiência da utilização de mão de obra
Para calcular a produtividade da sua mão de obra, é necessário somar suas unidades de produção e levar em conta o número de funcionários por hora. Por exemplo:
- produção: 50 sacas;
- recurso de mão de obra: 10 homens por 8 horas;
- produtividade da mão de obra = 50 sacas ÷ 10 homens × 8 horas;
- produtividade da mão de obra = 50 ÷ 80 = 0,625 sacas.
Então chegamos a 0,625 sacas/hh. Isso quer dizer que 1 homem produz um pouco mais de meia saca por hora. Se você colhe mais em menos tempo, sua produtividade é maior. Isso ocorre, por exemplo, ao adotar a mecanização, uma vez que você precisa de menos homens e faz um volume maior de atividades.
Consumo de água x produção
A irrigação é uma das operações mais importantes da produção. Ela é também a grande responsável pelo setor agrícola ser o que mais consome recursos hídricos no Brasil e no mundo. Segundo as Nações Unidas, essa fatia pode chegar a 70%.
Infelizmente, esse recurso está se tornando cada vez mais escasso. De acordo com a mesma organização, em 2030 teremos um deficit hídrico de 40%. Por isso, calcular o consumo médio de água da sua produção é tão importante a fim de usá-la de modo sustentável.
Para fazer um cálculo, vamos citar como referencial um relatório divulgado pela Embrapa, em que foram utilizados dois tipos de irrigação (sulco e gotejamento) em plantações de cebola. Dá para comparar qual dos dois métodos teve um melhor aproveitamento do consumo de água.
Irrigação por gotejamento:
- produção total de 42 toneladas por hectare (700 sacas de 60 kg);
- 3.760 m³;
- 3.760 m³ ÷ 700 sacas = 5,37 m³ por saca.
Irrigação por sulcos:
- 19,36 t/ha (322 sacas de 60 kg por hectare);
- 5.340 m³ de água;
- consumo de 16,58 m³ de água por saca.
Ao compararmos os resultados, podemos concluir facilmente que o método de irrigação por gotejamento exigiu um consumo de água bem menor.
Taxa de aumento da produção
Para determinar a taxa de crescimento, basta subtrair o valor atual pelo montante anterior. Divida o resultado pelo valor inicial e multiplique por 100. Por exemplo:
- a produção anterior foi de 2,3 t/ha;
- a safra atual 2,8 t/ha;
- 2,8 – 2,3 = 0,5;
- 0,5 ÷ 2,8 = 0,17;
- 0,17 × 100 = 17%.
Nesse caso, a taxa de aumento da produção foi de 17%.
Potencial estimado de produção
Os métodos para fazer estimativa de produtividade variam bastante, dependendo da lavoura e das tecnologias disponíveis. Na produção de soja, por exemplo, calcula-se com base nos componentes de rendimento:
- quantidade de planta por ha;
- quantidade de grãos por planta;
- peso do grão (peso de mil grãos).
O método é simples:
- descobrir quantas plantas há em cada m² e depois multiplicar por 10 mil (1 hectare);
- estimar a quantidade de grãos por planta;
- estimar o peso de 1.000 grãos em 150 g.
Levando em conta uma lavoura com cerca de 250 mil plantas por hectare, faremos o seguinte cálculo:
- pl/ha × número de grãos por planta × mil/grãos (divido por 60 mil);
- 250 × 78,3 grãos × 150 g ÷ 60.000;
- 48,9 sc/ha.
Por meio desses números, percebemos a grande relevância dos indicadores de produtividade rural no agronegócio. Eles são indispensáveis para nortear o produtor em suas decisões e ajudá-lo a entender a saúde da sua lavoura e do seu negócio.
Com base nesses resultados, o próximo passo é elevar sua produtividade, certo? Então, leia agora o próximo artigo para descobrir 5 maneiras para conseguir esse crescimento!
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