Be-a-bá keynesiano: Quando não há gasto privado por conta das expectativas negativas, o gasto público em investimentos em infraestrutura e subsídios em financiamento de habitações de interesse social tem de o substituir. Só assim haverá o arranque para crescimento da renda e emprego.
Mais da metade das cias. abertas pequenas e médias ainda têm geração de caixa inferior às despesas financeiras.
Hugo Passarelli (Valor, 18/10/2019) informa: a lenta recuperação do investimento, iniciada a partir de 2016 e sustentada pelo setor privado, perdeu fôlego no segundo trimestre deste ano corrente com a equipe econômica ultra-liberal inerte. Embora as taxas de retorno estejam mais atraentes para as empresas que desejam investir, o alto nível de incerteza e as perspectivas de baixo crescimento da economia jogaram contra a continuidade de melhora do indicador.
As conclusões são de estudo Centro de Estudos do Mercado de Capitais (Cemec) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), elaborado a partir das demonstrações financeiras de 240 empresas de capital aberto e de 421 companhias fechadas.
De 2016 a 2018, a taxa da investimento mostrou leve alta, de 14,97% para 15,42% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo as estimativas do estudo. O processo se interrompeu no ano encerrado no segundo trimestre, quando o indicador retrocedeu a 15,14% do PIB. O levantamento do Cemec-Fipe analisa os dados nos 12 meses terminados a cada trimestre para evitar distorção nas comparações.
Com a retração dos investimentos públicos, a retomada teria de ser capitaneada pelo setor privado, mostra o estudo. As companhias, fechadas e abertas, aumentaram seus investimentos de 2016 a 2018 de 1,79% para 3,46% do PIB. A maior parte do bolo cabe às empresas de capital aberto. Elas ampliaram a cifra de 1,1% do PIB em 2016 para 2,65% no período anual encerrado no primeiro trimestre deste ano. No segundo trimestre de 2019, porém, o indicador caiu a 2,5% do PIB.
O estudo calcula a taxa de investimento a partir de uma amostra de empresas, o que explica a diferença em relação aos dados da Contas Nacionais elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A metodologia também prioriza as companhias de capital aberto de grande porte. Por isso, os números sugerem que os investimentos em instituições de menor porte e das famílias podem ter mantido tendência de queda no período analisado.
A melhora da taxa de investimento tem forte ligação com a evolução das condições financeiras relacionadas à disposição de investir. Entre 2017 e 2018 a taxa de retorno sobre o capital investido foi de 9% para 11,6%, mais que compensando a elevação do custo de capital no período, que subiu de 11,6% para 12,8%.
Como resultado, a relação entre o primeiro e o segundo se aproximou de 1, ponto a partir do qual torna-se vantajoso às companhias investir. Segundo o estudo, este cenário não acontecia desde meados de 2011. Aumentou a proporção de empresas onde a taxa de retorno é maior do que o custo de capital.
Segundo o estudo, de 2016 para cá também aumentou a taxa de retorno ao acionista. Ela passou a superar a rentabilidade líquida de imposto de renda dos títulos públicos, ou seja, houve um desestímulo para aplicar recursos na renda fixa pública em vez de destiná-los a investimentos produtivos.
No período, as companhias ainda intensificaram a taxa de retenção de lucros, para níveis próximos ao do pré-crise, outra sinalização positiva ao investimento.
A combinação desses indicadores favoreceria uma retomada mais consistente dos investimentos. O que ocorre, no entanto, existir hoje um alto grau de imprevisibilidade.
A política econômica do governo está sem rumo. Há muitas propostas sendo anunciadas, mas nenhuma efetivada. O Mercado não é tão bobo como parece: muitas dependem de apoio do Congresso.
A alternativa para ajudar no destravamento do investimento é a aceleração nos projetos de concessão em infraestrutura. “Esse programa ajuda na ancoragem das expectativas de aceleração do crescimento, fator que influencia também a decisão de investir dos demais setores”, afirma o estudo.
Isso acontece porque, no momento, as projeções do PIB para os próximos três anos, horizonte mais usado para estimar o retorno de um projeto, estão em declínio. Depois de um salto de 1,70% ao ano em 2016 para 2,81% no ano terminado no primeiro trimestre 2018, o crescimento esperado do PIB nos três anos seguintes caiu de 2,58% ao ano em 2018 e a 2,42% no ano terminado no segundo trimestre de 2019.
Da lenta recuperação, persistente desde a última recessão, permanece um alto grau de capacidade ociosa na indústria de transformação, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Isso já seria, isoladamente, um entrave à retomada do investimento mesmo que as estimativas para o PIB voltassem a melhorar.
“A tendência de elevação da utilização da capacidade instalada iniciada em 2017 foi interrompida com a greve dos caminhoneiros em maio de 2018, e depois da recuperação, entra em novo ciclo de queda no segundo semestre de 2018 que se estende até o início de 2019 atingindo 77,7%”, afirma o estudo.
- Situação Financeira das Empresas: com base nas demonstrações financeiras trimestrais das companhias abertas e anuais das maiores empresas fechadas calcula-se vários indicadores de endividamento e capacidade de pagamento (como por exemplo, dentre outros, alavancagem, dívida líquida/EBITDA, EBITDA/despesas financeiras) e mostra-se o percentual de empresas que não conseguem gerar caixa (EBITDA) para cobrir suas despesas financeiras com juros.
- Periodicidade: Trimestral para as companhias abertas e anual para as empresas fechadas.
- Arquivos a serem entregues trimestralmente: Powerpoint com análise dos indicadores e planilha com dados e retrospecto.
- O link apresenta uma amostra de alguns dos elementos desse produto: Amostra do Produto
Notas CEMEC > Diversos
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- Indicadores de Custo de Capital Próprio Mensal – Métodos 1 e 2 – Setembro 2018
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- Novembro/2016 – Nota CEMEC 08: Endividamento das Empresas Brasileiras até 3º Trimestre de 2016
- Setembro/2016 – Nota CEMEC 07: Relatório Trimestral de Financiamento dos Investimentos no Brasil
- Agosto/2016 – Nota CEMEC 06: Endividamento das Empresas
- Maio/2016 – Nota CEMEC 04: Carteira de Poupança Financeira
- Março/2016 – Nota CEMEC 03: Dívida das empresas não financeiras: Evolução recente e impacto da desvalorização cambial
- Fevereiro/2016 – Nota CEMEC 02: Participação do Governo e do Setor Privado no Saldo de Operações de Dívida no Mercado Doméstico (Versão Revista e Ampliada)
- Fevereiro/2016 – Nota CEMEC 02:Participação do Governo e do Setor Privado no Saldo de Operações de Dívida no Mercado Doméstico
- Janeiro/2016 – Nota CEMEC 01: Relatório Trimestral de Financiamento dos Investimentos no Brasil
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Baixa Taxa de Retorno / Custo de Capital: Investimento Privado Paralisado publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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