quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Artificialidade de Fronteiras Econômicas Estaduais: Estados Sem Autossuficiência

Cristiano Romero (Valor, 04/11/2020) avalia: o Estado de São Paulo é, sem dúvida, dotado de uma forte economia, quando comparado não só a Estados brasileiros, mas também à maioria das nações. No ranking das maiores economias, a paulista é a 21a do mundo. Se São Paulo fosse um país independente, poderia reivindicar assento no G-20, o grupo das 20 maiores economias, afinal, seu PIB (US$ 603,4 bilhões) é maior que o da Argentina – US$ 449,7 bilhões), membro desse grupo (ver tabela acima).

O Estado de São Paulo responde por 32% do PIB brasileiro. A participação já foi maior. É a 3a economia da América Latina e também o 3o maior mercado consumidor da região. “São Paulo é um país dentro de um país. Quase 46 milhões de pessoas (21,6% do total do país) vivem em São Paulo. Trata-se da 31a maior população do mundo”, assinala o arrogante e esnobe ex-ministro golpista, Henrique Meirelles, hoje secretário de Fazenda do Estado.

O Estado é o maior produtor mundial de açúcar, etanol e suco de laranja. Das 20 melhores rodovias do país, 19 estão em São Paulo. O Estado tem o maior porto (de Santos) e o maior aeroporto (Guarulhos) da América do Sul. É sede de 60% das empresas do ranking Fortune 100 Latam. Quatro das dez melhores universidades latino- americanas estão em São Paulo.

Em economia mundial cada vez mais competitiva, onde a produtividade é crucial na disputa de mercados globais ou mesmo na defesa dos mercados domésticos, o Estado paulista tem uma vantagem incomparável: atrai 70% da mão de obra qualificada do país para trabalhar no Estado. As fronteiras estaduais não barram o livre fluxo de mão-de-obra. Os diferentes incentivos fiscais repelem/atraem o fluxo de capital.

São Paulo é sede de 80% dos eventos de negócios da América Latina, além de ser o maior centro de lazer e entretenimento da região.

Em 2019, segundo estimativa da Seade — os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relacionados a esse aspecto ainda não foram divulgados –, o PIB paulista cresceu 2,5%, alcançando um taxa representativa de mais do dobro do ritmo do país (1,1%), com geração de 579 mil empregos.

Pelo IBC-Br, índice do Banco Central para estimar o comportamento do PIB, o crescimento de São Paulo foi ainda maior: 2,8%. Neste ano, depois de entrar em terreno negativo em decorrência dos efeitos econômicos da pandemia, o Estado começou a se recuperar em agosto.

Considerando fevereiro base 100, isto é, o mês anterior ao início da pandemia, São Paulo chegou a 101,5 em agosto e, em setembro, segundo o Seade, deve ter superado os 103. Com isso, retrocedeu ao PIB de dezembro.

Ao contrário do governo federal, São Paulo consegue se diferenciar, perante os investidores, em relação a um quesito, atualmente, considerado crucial para que fundos estrangeiros invistam em qualquer lugar: o respeito ao meio ambiente.

São Paulo opera em alinhamento total às normas internacionais de conservação e preservação. Em 2019, o desmatamento ilegal foi zero e ainda houve recomposição de florestas. Estimula o uso de fontes limpas de energia e limitando a geração de gases causadores do efeito-estufa.

A comprovação disso foi a bem-sucedida licitação da rodovia de Pipa (Piracicaba-Panorama), realizada neste ano de pandemia. Com 1,3 mil quilômetros, a rodovia beneficiará 62 municípios, a um investimento de US$ 2,7 bilhões. Liderado pela gestora Pátria, o consórcio tem a participação do Blackstone, um dos maiores fundos de investimento do planeta.

É a primeira rodovia carbono zero do país. Se não respeitasse os compromissos na área ambiental, o investimento não teria saído.

Quer morar na capital de São Paulo? Chiara Quintão (Valor, 04/11/2020) informa: a pandemia de covid-19 impactou, negativamente, os preços fechados de aluguel residencial em São Paulo e no Rio de Janeiro, embora os valores pedidos tenham ligeira alta. O indicador lançado pela plataforma imobiliária digital Quinto Andar apura os valores fechados de novas transações de locação residencial.

De junho de 2019 a fevereiro deste ano, a diferença entre preços pedidos e fechados de aluguel era, em média, de 3,7%%. Em São Paulo, essa variação chegou a 10,5% em outubro. No Rio, a maior diferença (13,5%) ocorreu em setembro.

Essas variações entre o valor pedido e o negociado em contrato resulta de os proprietários estarem tentando garantir renda recorrente. A diferença foi maior nas unidades de um dormitório em lugar nas de dois e três dormitórios, como reflexo de parte dos inquilinos ter passado a buscar imóveis maiores.

Em outubro, o preço médio do metro quadrado alugado, em São Paulo, ficou em R$ 35,46, com redução de 0,45%. No ano, a queda acumulada foi de 6,2% e, em 12 meses, de 6,08%. Desde maio, o preço tem recuado.

Na capital paulista, as maiores desvalorizações, nos últimos seis meses, foram no Real Parque (32,3%), na Aclimação (27%) e Vila Olímpia (21,7%). Ainda assim, Vila Olímpia liderou o ranking do bairros com valor por metro quadrado mais elevado, com R$ 55,4, seguida por Vila Nova Conceição (R$ 52,2).

No Rio de Janeiro, o indicador apontou preço médio por metro quadrado locado de R$ 29,16. No mês de outubro, houve valorização de 1,47%. Essa tendência teve início em setembro. A queda acumulada, no ano, é de 3,27% e, em 12 meses, de 3,28%. Ipanema e Leblon foram os bairros com valor de aluguel fechado mais elevado, de R$ 50,6 e R$ 45,3, respectivamente.

Para reajustes de contratos em vigor, o principal índice utilizado, no mercado, é o IGP-M. Acumula alta de 18,10%, no ano, e de 20,93% em 12 meses. Há “descolamento” entre o apontado pelo IGP-M e a realidade do mercado de aluguel.

Os índices de preços anunciados também não deixavam claros os valores transacionados. O QuintoAndar pretende ampliar o levantamento para outros mercados.

Artificialidade de Fronteiras Econômicas Estaduais: Estados Sem Autossuficiência publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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