sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Apple acima do Brasil

O valor de mercado das ações da Apple, uma das big-tech (FAAMG: Facebook, Amazon, Apple, Microsoft, Google), supera o PIB do Brasil: R$ 7,2 trilhões ou US$ 1,307 trilhão com o R$ 5,52/US$.

Segundo Daniela Braun (Valor, 04/11/2020), se quiser se manter no posto da empresa mais valiosa do mundo, a Apple, cujo valor de mercado chegou a superar os US$ 2 trilhões em agosto, precisa colocar em prática seu próprio slogan da década de 1990 e “pensar diferente”. Para reduzir a dependência do iPhone, sendo a nova geração lançada com atraso, representou 40,8% da receita líquida no último trimestre, a empresa aposta em diversificação de produtos e na oferta de serviços de assinatura de conteúdo e armazenamento de dados.

A Apple ainda tem uma dependência muito grande do iPhone, o que pode ser muito bom porque é um produto vencedor, mas pode ser ruim se ela não tiver um bom ano de vendas.

De fato, o atraso em um mês no lançamento do iPhone fez com os consumidores segurarem a troca de aparelhos para o quarto trimestre e gerou uma queda de 20% na receita com smartphones.

No período encerrado em setembro, a Apple registrou lucro líquido de US$ 12,67 bilhões, queda de 7,4% na comparação anual, e a receita líquida avançou 1% no período para US$ 64,7 bilhões

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Foi o pior resultado entre as FAANG no trimestre, em relação ao grupo das maiores empresas de tecnologia e entretenimento do mundo (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google).

A valorização da Apple, assim como das “big techs” está na geração de lucro para os investidores. Na última década, as empresas de tecnologia geraram o triplo de valor do SP 500, índice das maiores ações cotadas nas bolsas americanas NYSE ou Nasdaq. A geração de lucro é o que importa para o investidor no fim do dia.

Na estratégia de serviços, a empresa anunciou, em setembro, o Apple One, um pacote de assinatura de filmes, séries, músicas, games e armazenamento em nuvem. O serviço chegou ao Brasil em 30 de outubro de 2020, a partir de R$ 26,50 mensais.

Em produtos, a diversificação tem sido uma estratégia da empresa para se manter lucrativa. Junto com os relógios inteligentes, a receita de dispositivos vestíveis e para casa inteligente, cresceu 21% no último trimestre para US$ 7,9 bilhões, superando a receita com vendas de iPads.

Somente o faturamento com fones de ouvido sem fio deve avançar de US$ 6 bilhões, em 2019, para US$ 15 bilhões este ano, de acordo com a consultoria Bernstein Research. Se fosse um negócio separado, já nasceria maior do que muitas empresas.

Relógios inteligentes também salvam vidas e abrem caminho para o mercado de saúde. Em janeiro, o CEO da Apple, Tim Cook, enviou um e-mail ao publicitário Jorge Freire após ver o relato do brasileiro contando ter descoberto uma taquicardia por conta do Apple Watch. Na semana passada foi a vez de um usuário americano do Galaxy Watch, da Samsung, agradecer a empresa por ter descoberto um problema grave no coração.

A área de saúde é a carta na manga da Apple para ampliar a fatia de serviços nas vendas, hoje de 22% na receita trimestral.

“Você tem um personal trainer no smartphone, aproveitando que todo mundo está em casa durante a pandemia”. Isto foi dito sobre a assinatura de exercícios lançada em setembro pela Apple, ainda sem previsão para o Brasil.

Além da aposta em saúde, a Apple precisa seguir inovando para gerar valor aos investidores. Um dos caminhos está em aquisições como a da empresa espanhola Vilynx. Ela usa inteligência artificial para análise de imagens. Foi adquirida por US$ 50 milhões. Outro é abrir mais espaço fora dos Estados Unidos. Eles ainda representam 47% das vendas líquidas da empresa.

Exceto em sua terra Natal, onde detém 43% do mercado, e no Japão, com 41% de participação, segundo a IDC, o iPhone não lidera as vendas da categoria em outros países, segundo a IDC, o que também é preocupante se a empresa continuar dependendo dos smartphones.

A Apple deverá crescer nos próximos trimestres com uma forte demanda inicial pelo iPhone 12, especialmente nos Estados Unidos, disse a IDC ao ver a Apple cair da 3a para a 4a posição no ranking global no terceiro trimestre.

No Brasil, a Apple figura entre os cinco maiores vendedores de smartphones, mas não na liderança. Esta é da Samsung. Programas de descontos na troca por aparelhos antigos estimulam a oferta em países emergentes.

Os descontos da Apple para produtos antigos na compra de novos ainda não se aplica por aqui. Outras estratégias da fabricante para manter a base de clientes no país diante de aparelhos com preços cada vez mais elevados, acompanhando a alta do dólar, são a oferta de modelos mais antigos no varejo, e o “smartphone como serviço”, uma espécie de leasing de iPhone.

No programa “iPhone para Sempre”, lançado em parceria com o Itaú o cliente paga uma mensalidade e, ao fim de 21 meses, escolhe se fica com o aparelho ou se renova o plano com um iPhone mais novo.

A preocupação em manter a base de clientes é outro demonstrativo de valor da empresa. A Apple está mais preocupada em conversar com seus clientes do que com a base de usuários Android.

Quem tem a experiência Apple entra para um ecossistema de produtos da empresa tão integrado que geralmente não quer sair. Torna-se “applemaníaco”.

Na outra manga, a Apple ainda segue atualizando seus computadores e notebooks, responsáveis pela segunda fonte de receita líquida da companhia, depois dos iPhones. No último trimestre, a linha Mac gerou uma receita de US$ 9 bilhões, 30% superior a igual período do ano passado.

No dia 10 de novembro, a Apple promove mais um evento on-line para anunciar “só mais uma coisa”, frase que seu fundador Steve Jobs usava para revelar alguma novidade de impacto quase ao fim de um evento.

A suspeita do mercado é de a Apple apresentar novos notebooks e computadores com processadores Apple, baseados em arquitetura Arm. O anúncio marca uma nova era Mac após o fim de uma parceria de 14 anos com a fabricante de chips Intel.

Apple acima do Brasil publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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