segunda-feira, 8 de julho de 2019

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

O Marea Turbo é a versão mais famosa do Fiat Marea, um modelo médio que a marca italiana vendeu no Brasil entre 1998 e 2007.

Entre as opções deste carro, que gera polêmica até hoje, o Marea Turbo é, sem dúvidas, o mais famoso. Admirado por uns, odiado por outros, ele representou avanços na época, mas também complicações.

O Marea Turbo seguiu o caminho lógico, traçado pela Fiat, para seus modelos médios nos anos 90, utilizando o turbo como diferencial de performance e imagem.

Isso foi feito para enfrentar a concorrência pesada das demais montadoras grandes, assim como também das chamadas “newcomers”, que chegaram na mesma época e algumas já produzindo.

Feito para impressionar, tanto quanto para andar rápido, o Marea Turbo foi o primeiro carro nacional com motor de cinco cilindros em linha, que era enorme.

Ele também era o brasileiro mais poderoso de sua época e foi vendido nas configurações sedã e perua.

Perto da virada de século, o Marea Turbo era discreto por fora, com exceção de alguns detalhes, mas olha de forma geral, pouco indicava o que realmente podia fazer.

Essa discrição atrai até hoje os entusiastas, especialmente aqueles que curtem preparação, com alguns exemplares atingindo de 500 a 700 cavalos.

E não é somente isso, o bólido quase teve um irmão local…

Marea Turbo

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

Nos anos 90, a Fiat havia lançado no Brasil o Tempra, um sedã médio baseado no Tipo e que fez muito sucesso por aqui. Uma das versões mais famosas desse carro era o Tempra Turbo.

Dando sequência, surgiu em 1998 o Marea e com ele a opção turbinada pouco tempo depois. O sedã chegou ao Brasil junto com a perua Marea Weekend, ambos derivados dos hatches Bravo e Brava (este também vendido aqui).

Com 4,393 m de comprimento, 1,741 m de largura, 1,450 m de altura e 2,540 m de entre eixos, o Marea Turbo era 35 mm maior, 46 mm mais largo e 15 mm mais baixo que o Tempra.

Seu porta-malas tinha 430 litros e o tanque oferecia 63 litros de capacidade. O espaço da plataforma é igual nos dois modelos. Entretanto, a perua Weekend tinha diferenças.

Ela era mais longa e alta, tendo 4,490 m de comprimento e 1,535 m de altura, sempre com a mesma largura e entre-eixos.

Tanto o Marea quanto a Marea Weekend estrearam no mercado nacional com versões ELX e HLX, ambas equipadas com o novo motor 2.0 de cinco cilindros e 20V, que entregava 142 cavalos e 18,1 kgfm.

Ainda em 1998, os Marea e Marea Weekend ganham a versão SX, mais barata, porém, com motor 2.0 20V de 127 cavalos.

A diferença era que não tinha a variação de abertura das válvulas como na versão de 142 cavalos. No entanto, a sensação mesmo, naquele fim de ano de 1998, era o Marea Turbo.

Marea Turbo – Desempenho

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

Como já dito, a Fiat teve em meados dos anos 90 o Tempra Turbo, que era equipado com motor 2.0 com injeção eletrônica e que entregava 165 cavalos a 5.250 rpm e 26,5 kgfm a 3.000 rpm, chegando assim a 213 km/h com aceleração de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos.

No entanto, havia ainda o Uno Turbo i.e, que tinha motor 1.4 de 118 cavalos a 5.750 rpm e 17,5 kgfm a 3.500 rpm. O pequeno hatch ia de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e 195 km/h.

Assim, a dupla da Fiat teria que ter um produto sucessor que fosse realmente imbatível em performance e números.

Esse carro seria o Marea Turbo, que não foi o último turbinado da Fiat no Brasil. Assim, o motor Fivetech entrou na ordem do dia para a criação de um carro único, inexistente na Itália.

Lá, na casa da marca, havia um carro esporte que possuía um propulsor potente o suficiente para fazer isso, o Fiat Coupé Turbo.

A Fiat brasileira pegou seu motor Fivetech 2.0 Turbo e adicionou aos Marea e Marea Weekend (mais tarde tentariam fazer isso com o Brava).

O enorme cinco cilindros em linha de 1997 cm3 e duplo comando de válvulas variável, tinha injeção eletrônica multiponto, turbocompressor e intercooler, porém, com correia dentada, o que se mostraria fatídica para a trajetória do carro no Brasil (veja mais abaixo).

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

O potente cinco cilindros passou a entregar 182 cavalos a 6.000 rpm e 27 kgfm a 2.750 rpm.

Tudo isso controlado por uma caixa manual de cinco marchas, assim como o Fivetech 2.0 aspirado de 127 ou 142 cavalos das demais versões.

Pesando 1.310 kg, o Marea Turbo ia de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos e tinha máxima de 223 km/h, sendo os mesmos números para a versão familiar, que tinha 50 kg a mais e 500 litros no bagageiro.

Mesmo com essa cavalaria e um propulsor grande, o Marea Turbo fazia 8,8 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada, somente com gasolina.

Para obter toda essa performance e ostentar o título de carro mais potente feito no Brasil por pelo menos cinco anos (até a edição especial do VW Golf VR6 2.8 de 200 cavalos), sedã e perua tinham alguns recursos técnicos, entre eles válvulas de escape refrigeradas a sódio e radiador de óleo.

Visual conservador

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

Entretanto, mesmo sendo um carro pensado para alto desempenho e até certo ponto esportividade, o Marea Turbo era um produto muito conservador, que poderia passar despercebido do grande público em ruas e estradas.

A ostentação mesmo ficava no cofre, fora do olhar das pessoas, mas haviam indicações do que este sedã médio italiano portava debaixo do capô.

Quando se fala em Marea Turbo é preciso esquecer um visual impactante, com rodas esportivas, spoilers acentuados, aerofólio traseiro proeminente, difusor de ar e suspensão rebaixada.

Aliás, até mesmo um escape esportivo é coisa que não se encontrava nos médios turbinados da Fiat.

Sem chamar a atenção, o Marea Turbo tinha pequenos faróis duplos e horizontalizados, uma diminuta grade com o logotipo de barras da Fiat, assim como lavador de faróis, presos ao para-choque.

O protetor frontal tinha faróis de neblina circulares, assim como frisos emborrachados e grade inferior grande. Haviam pequenos defletores de ar nas extremidades.

Nas laterais, saias decorativas bem sutis, enquanto a traseira exibia as lanternas inicialmente cortadas e depois arredondadas levemente, enquanto o porta-malas com tampa nua, exibia os estranhos vincos que o fazia lembrar carros britânicos.

O para-choque tinha vincos suaves e dois refletores, assim como moldura na parte inferior, tentando ocultar o escape simples, virado para baixo.

As rodas de liga leve de seis raios não eram exatamente esportivas, mas também não chegavam a desejar nessa proposta. Eram calçadas por pneus 195/60 R15, que podemos considerar como sendo altos.

Tendo suspensão McPherson na frente e braços arrastados na traseira, o Marea Turbo tinha apenas calibração mais firme de molas e amortecedores, nada de barra estabilizadora maior ou algo assim.

Ainda assim, os pneus tinham classificação W (até 270 km/h) e rodas de tala mais larga.

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

O sistema de freios foi melhorado e tinha discos ventilados na frente e sólidos na traseira. O Marea Turbo tinha dois diferenciais em relação às demais versões.

Uma era o teto solar elétrico de tamanho padrão, enquanto a outra era composta por duas saídas de ar estilizadas sobre o capô, que davam um ar de esportividade, mas limitada pelo resto do conjunto.

Esporte mesmo só por dentro. O Marea Turbo vinha com um interior diferente das outras versões, levemente esportivo. Ele tinha como diferencial um cluster de fundo branco, que tinha mostradores grandes em formato de meia-lua.

Os pedais eram de alumínio e o volante de quatro raios com comandos satélites vinha com couro perfurado. O acabamento das portas era diferente, assim como o couro dos bancos.

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

O espaço contava ainda com trio elétrico, ar condicionado, sistema de áudio com CD player, piloto automático, direção hidráulica, banco traseiro com apoio de braço, entre outros.

O Marea Turbo 2000 ganhou ajustes elétricos para altura e lombar do banco do motorista, assim como temporizador dos vidros e iluminação interna.

Mesmo com a chegada do Fivetech 2.4 (2.45 litros) de 160 cavalos e 21 kgfm em 2000, o Marea Turbo permaneceu sem alterações.

Na linha 2002, o modelo ganhou leve atualização visual, que adicionou uma grade superior maior e com frisos, além de mais retangular.

Os para-choques permaneceram sem alterações, assim como as rodas de liga leve. O logotipo da Fiat muda para o padrão atual, mas com fundo azul ainda.

Já sofrendo as polêmicas envolvendo a manutenção, o Marea Turbo ganhava em 2005 molduras cromadas na grade e faróis, bem como Bluetooth com comando de voz.

De resto, tudo continua igual e assim, tanto sedã quanto perua, perdiam apelo, ainda mais com os concorrentes se renovando.

A Fiat também começava a perceber que aqui, o segmento médio para ela já não estava mais dando certo.

No começo de 2007, o Marea Turbo e as versões ELX e HLX saíram de cena, ficando apenas o SX, que durou só alguns meses e também foi embora.

Com isso, os emblemáticos sedã e perua Weekend com motores grandes e turbinados virou coisa do passado.

Eles foram substituídos pelo Fiat Linea, que não passava de um sedã compacto esticado, algo que os clientes perceberam e um dos fatores que determinaram o fim desse segmento dentro da marca no Brasil.

Depois do Stilo, o Bravo não foi muito adiante também.

Marea Turbo – Consumo

A Fiat informava na época de lançamento do modelo um consumo de 8,7 km/l na cidade e 13,3 km/l em estrada, sempre com gasolina.

É bomba?

Marea Turbo: história, anos, motor, desempenho, consumo (detalhes)

No entanto, o Marea Turbo deixou seu legado, não muito bom. Algo que repercute até os dias atuais, lhe valendo um apelido infame, mas que reflete bem as políticas de pós-venda e manutenção que reinavam no fim dos anos 90.

Afinal, esse carro é mesmo uma “bomba”?

É dessa forma que muitos consumidores olham ainda hoje para o Marea Turbo e seus irmãos com motores Fivetech aspirados.

Na época, o Brasil estava passando por seu primeiro período de downsizing e evolução tecnológica, deixando a velha guarda dos anos 70 e 80 para trás.

No entanto, o Marea Turbo sofreu da falta de assistência técnica especializada fora da rede Fiat e da pouca garantia, de apenas um ano.

Além disso, o projeto do carro colocava um motor enorme num cofre pequeno, exigindo sua retirada apenas para troca de correia dentada.

A cultura de manutenção de oficina de amigo, pratica comum nos carros nacionais mais simples de anos anteriores, destruiu muitas unidades do Fiat Marea e o orçamento de muitos clientes.

O resultado foi tão desastroso quanto o do motor de 16V, que fez quase toda a indústria nacional mudar para cabeçotes de 8V….

Falta de manutenção especializada, peças e serviços caros e a uma cultura de pós-venda (tanto de fabricante quanto de consumidores) dos anos 70 e 80, findaram com o Marea Turbo e todos os seus Fivetech.

Valeu como lição sobre como se construir uma imagem ruim.

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