O Fiat Uno foi um dos projetos mais bem-sucedidos e avançados na história do automóvel e teve seu ápice no Uno Turbo.
O hatch compacto da marca italiana foi lançado em 1983 no antigo Cabo Canaveral, hoje Kennedy, na Flórida. Teve diversas variantes e versões.
Um projeto tão bem resolvido, foi feito para ser popular, mas logo despertou o interesse da divisão de performance da Fiat.
Em 1985, surgiu o Uno Turbo i.e. na Europa. Os brasileiros apenas puderam ver através de revistas automotivas da época.
Entretanto, por aqui, o Uno Turbo chegaria quase 10 anos depois. Ele teve a primazia de ser o primeiro carro nacional com motor turbinado de fábrica.
Equipado com motor compacto, o Uno Turbo era leve e, por conta disso, teve um bom desempenho na época.
Já visto nas pistas, no Campeonato de Marcas dos anos 80, o Uno Turbo foi o último respiro do hatch da Fiat na antiga geração, pois, depois surgiu o Palio, centrando as atenções e deixando o popular de lado, numa faixa abaixo.
Hoje, o Uno Turbo é uma raridade bastante desejadas por entusiastas. Na história da Fiat no Brasil, outros esportivos (e não esportivos) turbinados surgiram depois, mas ele marca o início de tudo isso.
Uno Turbo
Para a Fiat Automóveis do Brasil, chegar ao Uno Turbo não foi difícil. Afinal, essa versão já existia na Europa desde 1985.
Discreta nos anos 80, a Fiat partia para a briga com as três grandes (VW, GM e Ford) na década de 90 e tudo começou com uma opção bem fraca.
Se aproveitando de uma política da época, em 1990, a Fiat lança o Uno Mille e parte para o ataque com o único carro 1.0 disponível no mercado, carregado de incentivos.
Depois de outras ações e produtos, a Fiat começava a incomodar as mais antigas nos anos 90 e um dos pulos que a marca deu foi justamente com o Uno Turbo.
Não seria um carro de volume, mas sua imagem ajudaria nas vendas das versões mais em conta.
Além disso, o Uno Turbo inovaria por ser o primeiro nacional turbinado, um título que ninguém tiraria dele.
Rápida em sacar o mercado, a marca italiana se destacaria neste e em outros lançamentos para alcançar o topo e criar tendências.
O Uno Turbo foi um hot hatch com alma e personalidade puramente italianas, mas feito sobre um projeto modificado para o Brasil, que no caso era o Uno nacional.
A história deste começa em 1985, mas no mercado brasileiro, apenas surgiu em 1994.
O Uno ainda era o principal produto da Fiat por aqui, sendo o mais vendido. Ainda sem o Palio, que chegaria apenas em 1996, o hatch popular com forma de bota ortopédica, era o cavalo de batalha da empresa.
Como já dito, a Fiat vinha sacando a concorrência com respostas rápidas desde o Mille (foto acima) e para o Uno Turbo, vale-se de o mercado nunca ter visto um turbo de série.
O que existia era importado. Então, utilizando-se do conjunto propulsor do europeu, a Fiat trouxe o Uno Turbo para se destacar.
Vale lembrar que isso foi em 1994, um ano antes do fim da produção do Uno na Itália.
Vendido como Uno Turbo i.e., mesma designação vista na Europa, o hatch estranhamente havia rodado aqui, em Jacarepaguá, no Grande Prêmio do Brasil de 1985, sendo sua estreia como carro-madrinha.
Era sua divulgação comercial para a Europa, onde estreou no mês de abril.
Uno Turbo no Brasil
Nove anos depois, o Uno Turbo finalmente estreou por aqui. A mecânica era seu principal destaque, pois, o Uno já havia estreado versão esportiva no país, iniciando com o antigo 1.5 R de 1987 e seu sucessor, o 1.6 R.
Contudo, estes apenas usaram motores aspirados e disponíveis em outros modelos vendidos por aqui.
Ou seja, eram esportivos que se valiam do que havia no portfólio, sem qualquer inovação que atraísse o comprador de fato.
Em 1994, isso mudou com o Uno Turbo. Nesse caso, a Fiat sabiamente evitou fazer adaptações em motores já usados por aqui. Então, trouxe exatamente o que havia no modelo europeu.
O propulsor era da família Sevel, mesma dos 1.5 e 1.6 usados nos Uno 1.5 R e 1.6 R, respectivamente. No entanto, era menor.
Tratava-se do 1.4 Sevel, que tinha 1.372 cm3. A Fiat usou um motor 1.3 turbinado no Uno, durante o Campeonato Brasileiro de Marcas, mas era uma adaptação para as pistas.
Nesse caso, o propulsor foi desenvolvido para as ruas e trazia, além do turbocompressor, o mesmo Garrett T2 do Uno Turbo i.e. europeu, intercooler (apenas ar) e radiador de óleo.
Isso ajudaria a manter o 1.4 turbinado em condições ideais de trabalho em qualquer regime.
Obviamente, a injeção eletrônica (multiponto) fazia parte do pacote e era descrita no nome da versão.
Não era a primeira vez que o Uno brasileiro recebia injeção, pois a Fiat, espertamente, invertera a ordem das coisas ao “injetar” primeiro as versões mais baratas do carro a partir de 1992.
O 1.6 R mpi surgira um ano antes do Uno Turbo com injeção multiponto, mas essa não era mais inovação alguma.
O que realmente importava era o turbo e isso o compacto passava a oferecer.
Abastecido apenas com gasolina e com taxa de compressão baixa (7,8:1), o Uno Turbo entregava 118 cavalos a 5.750 rpm e 17,5 kgfm a 3.500 rpm.
Com números bons, especialmente no torque, o pequeno Uno Turbo era como se tivesse um 2.0 sob o capô.
A pressão do turbo era de 0,8 bar, mas tinha o suficiente para fazer o Uno Turbo responder prontamente ao acelerador. Ele pesava apenas 975 kg e isso permitia ir de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e ter máxima de 195 km/h.
Para manter tudo isso em ordem, o Uno Turbo valeu mais do que visual.
Antes, porém, falando disso, ele chamava atenção por seu visual esportivo. A frente era baixa e tinha faróis simples, além de piscas amarelos.
A grade tinha moldura na cor do carro e grelha preta, ostentando as cinco barras do logotipo da Fiat na época.
Como era um esportivo, tinha para-choque obrigatoriamente diferenciado, sendo mais quadrado e proeminente. Ostentava dois faróis de neblina de mesma forma, assim como duas pequenas entradas de ar logo abaixo.
Havia também uma entrada de ar maior na parte central, logo acima do spoiler integral.
Para ampliar o impacto visual, a Fiat introduziu saias de rodas maiores, integradas aos apliques laterais pronunciados. Tinha ainda saias laterais inferiores, igualmente com formas retilíneas.
Na traseira, o para-choque era igualmente proeminente e retangular, tendo dois spoilers individuais na parte inferior, sendo um deles com o escape esportivo.
As lanternas tinham máscara negra, enquanto a tampa do bagageiro dispunha de defletor de ar preto.
O Uno Turbo oferecia janelas traseiras basculantes e retrovisores na cor do carro, assim como colunas B pretas. Havia antena no teto e logotipo “Turbo” nos para-lamas dianteiros.
As rodas de liga leve diamantadas e de sete raios chamavam atenção, sendo de aro 14 polegadas com pneus 185/60 R14.
Por dentro, o Uno Turbo parecia ir muito além do próprio carro.
Os bancos eram eram devidamente esportivos, sendo envolventes e com tecido diferenciado. O cluster era um “alienígena” num painel que era simples, sendo o mesmo usado até o fim da primeira geração.
Tinha velocímetro com empolgantes 240 km/h e conta giros, além de nível de combustível e temperatura da água. Contudo, tinha ainda pressão do turbo em destaque, além de temperatura e pressão do óleo.
O volante de três raios tinha formas suaves, destoando do conjunto quadradão, como o carro.
Não havia ar-condicionado de série no início, mas tinha logotipo “Turbo” no painel, assim como alavanca esportiva. Ele tinha o câmbio manual Termoli, importado da Itália e com engates mais precisos.
Com cinco marchas, o Uno Turbo tinha uma proposta parecida com a do europeu. A marca ainda realçou o ambiente com cintos de segurança vermelhos.
Tinha teto solar manual e acabamento geral escuro.
Mecânica acertada
Para andar como um esportivo, o Uno Turbo nacional recebeu alterações mecânicas para ficar bem acertado.
Assim, o hatch recebeu barra estabilizadora dianteira maior, bem como feixe de mola traseira (transversal) reforçado. Além disso, ganhou molas helicoidais dianteiras e amortecedores no geral, mais firmes.
Outra alteração foi a redução de altura do conjunto em 10 mm. No cofre do motor, as duas torres de amortecedores foram ligadas por uma barra anti-torção.
Por conta disso e de outras modificações agregadas do motor 1.4 turbinado, o Uno Turbo eliminava o estepe fino sob o capô. Os freios tinham discos maiores e ventilados, sendo os mesmos usados no Tempra.
Com isso, a Fiat decidiu por um estepe padrão no porta-malas. Assim, o volume de 290 litros caiu bastante.
Nesse formato, o Uno Turbo estreou no mercado nacional medindo 3,654 m de comprimento, 1,548 m de largura, 1,445 m de altura e 2,361 m de entre eixos.
O consumo urbano ficava em torno de 9 km/l, enquanto o rodoviário atingia 12 km/l.
Em 1995, o Uno Turbo ganhou ar-condicionado de fábrica, já que o mesmo nem era opcional de início. Tratava-se de um grande vacilo que criou um mico para os primeiros lotes.
Com cores vibrantes, o Uno Turbo também chamava atenção por oferecer aos primeiros clientes, um curso de pilotagem ministrado pela Fiat.
O marketing da marca, nesse caso, foi benéfico para a estreia do carrinho, mas o pequenino veloz não duraria muito.
Com a chegada do Palio em 1996, as coisas mudaram e a Fiat passou a dar ênfase bem maior ao novo rebento. Depois de 1.081 unidades, saiu de cena nesse mesmo ano.
Para a Fiat, foi um marco que deu impulso para outros modelos famosos, como o Tempra Turbo, o (polêmico) Marea Turbo e culminando com esportivos como Punto T-Jet e Bravo T-Jet.
Uno Turbo na Europa
Em 1985, o Uno já tinha pouco mais de um ano e a Fiat decidiu criar uma versão de alto desempenho, que foi chamadas oficialmente de Uno Turbo i.e., por trazer injeção eletrônica.
O Uno Turbo i.e. chegava para celebrar o número 1.000.000 do compacto e trazia na época um motor Sevel 1.3 (1.299 cm3) com turbocompressor e resfriador de ar.
Ele dispunha de 105 cavalos e 14,9 kgfm, fazendo o modelo alcançar 200 km/h.
Diferente do brasileiro, o Uno europeu tinha suspensão traseira por eixo de torção com molas helicoidais. No Uno Turbo i.e., havia ainda freios a disco nas quatro rodas.
O esportivo tinha diferenciais como painel digital e teto solar.
Em 1990, o Uno europeu sofre um facelift que o deixa mais aerodinâmico e levemente arredondado.
O Uno Turbo i.e. trocara o motor 1.3 (já com 1.301 cm3) pelo 1.4 (1.372 cm3) com 118 cavalos e 16,4 kgfm, que alcançava 205 km/h! O fim chegou em 1995.
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