Embora o projeto do Ford Escort seja de fato europeu, notadamente alemão, por aqui ele ficou identificado pelo público como “Escort Europeu” quando mudou de geração.
Apesar desta segunda geração ter originado uma terceira, por suas linhas, os consumidores acabaram se confundindo.
Assim, o público identifica a segunda e a terceira geração como sendo o Escort Europeu.
Desde 1983, a Ford já produzia no Brasil a geração anterior, sendo esta em realidade a terceira. Com a Autolatina, a segunda apareceu, mas hibridizada com a Volkswagen.
Apenas na terceira é que a Ford assumia totalmente o produto, mas este já era argentino.
O Escort Europeu marcou uma época na Ford do Brasil, quando a marca se modernizou e chegou a dispor de uma família completa até o fim dos anos 90.
Através do Escort Europeu, a Ford deu continuidade ao segmento médio no Brasil com o Focus argentino, que teve três gerações até sair de cena em junho passado.
Oferecido em variantes hatchback (notchback em realidade), sedã e perua.
O Escort Europeu chegou a ter uma opção conversível do XR3, feita pela Karmann-Ghia, assim como o anterior.
O modelo também marcou algumas inovações na marca por aqui, além do uso de motores que iam dos velhos CHT renomeados, passando pelos famosos AP da VW e chegando aos modernos Zetec, da própria Ford.
Escort Europeu
Em 1983, o Escort era um carro quase mundial da Ford (não era o mesmo carro nos EUA, por exemplo) e o Brasil entrava na era da globalização de automóveis.
O primeiro Escort era realmente europeu e estava em sua terceira geração quando chegou aqui.
Com passar dos anos, tendo o esportivo XR3 e sua variante conversível, o Escort sentiu o peso da idade no começo dos anos 90.
Tendo a Autolatina como suporte, a Ford decidiu usar o motor AP 1.8 no produto, que depois ganhou um sedã chamado Verona e desenvolvido localmente, sempre com duas portas.
Tendo o Apollo como irmão, o sedã ainda usava o propulsor da VW. Mesmo assim, o Escort já não conseguia mais responder aos rivais na mudança de década.
Segunda geração (Autolatina)
Em 1992, a Ford mudava as coisas com a segunda geração (quinta na Europa, pois a atualização vista aqui em 1987, lá foi identificada como geração), chamado popularmente de Escort Europeu.
Feito no Brasil, o Escort Europeu mantinha o estilo de “dois volumes e meio”, mas com linhas bem mais atuais.
A frente bem mais baixa e de linhas fluidas, tinha uma barra no lugar da grade no XR3, mas afilada nas demais versões.
O Escort Europeu era maior, medindo 4,040 m de comprimento, 1,692 m de largura, 1,389 m de altura e 2,525 m de entre eixos. Com base maior, oferecia mais espaço e bagageiro.
Neste último, o acesso pela tampa ia até o para-choque, que era cinza inicialmente, assim como o dianteiro.
Feito em Taboão, hoje à venda, o Escort Europeu chegou com o mesmo CHT 1.6 (AE-1600) do passado, assim como o AP 1.8 com carburador eletrônico da VW.
Vinha nas versões L, GL, Ghia e XR3, sendo que as duas primeiras tinham motores 1.6 e 1.8, enquanto as duas últimas vinham com propulsor AP-2000 da VW, que entregava 116 cavalos e 17,7 kgfm.
O Escort Europeu na versão L tinha 73,4 cavalos e 11,9 kgfm no fraco AE-1600, enquanto o GL 1.8 dispunha de 95,2 cavalos e 15,6 kgfm.
O modelo da Ford inovava com o câmbio VW MQ-200 de acionamento por cabos, além do ajuste de profundidade no volante (inédito no país).
O XR3 era a sensação e ainda tinha a versão conversível, exibindo elegantes em forma de rotor.
Por dentro, o Escort Europeu tinha painel bem distribuído com cluster de três conjuntos de mostradores, relógio digital destacado e até equalizador de som no XR3, separado do rádio com toca-fitas.
O Escort Europeu XR3 ia de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos e máxima de 186 km/h. Tinha também volante e bancos esportivos, além de ABS.
O velho Escort existia apenas como Hobby, inicialmente 1.6 e depois 1.0.
Embora fosse um modelo novo e usasse motores confiáveis, o Escort Europeu de segunda geração mantinha as duas portas no hatch.
O eixo traseiro independente no anterior, passava a ser por eixo de torção, herança da VW.
Já o sedã Verona ressurgiu como um legítimo quatro portas, o que foi bom em termos comerciais.
Este chegou em 1994 nas versões LX, GLX e Ghia, sendo as duas primeiras com motor AP-1800, mas a GLX, assim como a topo de linha, usavam o AP-2000.
Nessa época o 1.8 tinha 90 cavalos, enquanto o 2.0 com álcool chegava a 122 cavalos.
Em 1996, a Ford transferiu a produção do Escort Europeu de São Bernardo do Campo para General Pacheco, na Argentina.
O objetivo era abrir espaço para os menores Fiesta e Ka.
Com a Autolatina em seus últimos dias, a Ford estranhamente manteve o velho Escort Europeu na Argentina por apenas seis meses.
Esse modelo tem grade oval e mantinha apenas os motores 1.8 da VW nas versões GL e GLX, enquanto o Racer tinha motor 2.0 herdado do finado XR3, assim como as rodas e parte do visual.
Terceira geração (Ford)
Em meados de 1996, a Ford apresentava o Escort Europeu de terceira geração (no Brasil), correspondendo à sétima da Europa.
Dessa vez, a Ford corrigiu o erro do Escort Europeu brasileiro e incorporou quatro portas ao hatch (como no modelo de 1983 e no Escort Guarujá de 1990).
Muito parecido com o anterior, trazia para-choques liso e bem envolventes, faróis arredondados, grade formada por capô e protetor inferior, lanternas maiores e nova tampa traseira.
O Escort Europeu argentino e de terceira geração tinha 4,136 m de comprimento com 1,700 m de largura, mantendo o entre eixos de 2,525 m.
Era mais baixo e tinha 380 litros no porta-malas.
A novidade era que o Escort Europeu podia ter airbag do motorista e o interior era novo, embora mantivesse a mesma distribuição de comandos e instrumentação.
O cluster tinha mostradores espaçados e de boa visibilidade, enquanto o sistema de áudio era 2din e tinha CD player.
O relógio digital de cristal líquido era bem simpático e ficava ao lado dos difusores de ar.
Ruim mesmo eram os comandos dos vidros entre os bancos. O padrão de acabamento da Ford ainda era o mesmo (ótimo) dos anos 80, o que mudaria nos anos seguintes.
Atrás, o Escort Europeu argentino tinha até apoio de braço central na versão GLX.
Aliás, o modelo chegou ao mercado apenas nas versões GL e GLX, mas incluindo agora sedã e perua, todos sendo chamados de Escort.
Isso matou o Verona de vez.
O Escort Europeu em formato sedã tinha a mesma carroceria do Verona, mas com as mudanças estéticas já citadas.
Entretanto, havia uma exceção. A traseira mantinha a velha tampa do porta-malas e as lanternas anteriores. Com 4,229 m de comprimento, o Escort Sedan tinha 459 litros no porta-malas, nada mau para a época.
Assim como no Escort Europeu brasileiro, esta nova geração mantinha o eixo de torção traseiro.
Mas, para as famílias, o bom era dispor de uma perua e a Ford finalmente resgatou essa opção após o fim da Royale (versão Ford da VW Quantum e sucessora da Belina/Scala).
Esta era a Escort SW. Com 460 litros até a altura das janelas e tanque de 64 litros, ela podia ir longe com tudo dentro.
O Escort Europeu em forma familiar tinha 4,300 m de comprimento e mantinha a base dos demais. O visual era elegante e agradável.
Bem equilibrada em suas linhas, a Escort SW foi uma das coisas boas que a Ford fez na época, oferecendo um carro com amplo acesso ao bagageiro e bancos bipartidos para ampliar o espaço.
Tinha lanternas verticais e para-choque rebaixado, além das obrigatórias barras longitudinais no teto.
Apenas com um único motor, o Escort Europeu argentino chegou bem ao mercado.
Abastecido apenas por gasolina, o novo motor era o Ford Zetec 1.8 16V com duplo comando e injeção multiponto. Com 115 cavalos a 5.750 rpm e 16,3 kgfm a 4.500 rpm, conferia bom desempenho e economia.
A Escort SW, por exemplo, ia de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos e tinha máxima de 190 km/h. Fazia 11 km/l na estarad, o que garantia mais de 700 km de autonomia.
O câmbio era manual de cinco marchas.
O Escort Europeu tinha somente as versões GL e GLX até 1998, quando chegou a inédita RS. Com mesmo motor e câmbio dos demais, era apenas uma versão esportivada, longe do icônico Escort RS Corworth europeu.
Mesmo assim, ia de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e tinha máxima de 196 km/h, como as demais versões.
Incorporava saias laterais e spoilers traseiros, mas não havia nada na frente que indicasse um esportivo. O Escort RS tinha aerofólio traseiro e tinha somente duas portas.
Estava até distante do XR3 anterior, pois, conservava a dinâmica de condução das versões comuns e tinha até rodas de liga leve aro 14 com pneus 185/65 R14, longe de qualquer proposta esportiva.
Em 1999, a Ford tinha as variantes de duas portas e sedã do Escort Europeu argentino, mantendo apenas perua e hatch quatro portas.
O Escort GLX ganhava detalhes cromados e melhoria nos vidros elétricos, com comandos traseiros.
Mas, o passo para o fim foi a incorporação do nacionalizado Zetec Rocam 1.6 8V na versão GL, que entregava 95 cavalos e tinha 14,2 kgfm.
Era uma forma de baratear o produto e mante-lo por mais tempo no mercado.
Mesmo com a chegada do mais moderno Focus em 2001, o Escort Europeu se manteve ainda por mais dois anos no mercado brasileiro, sendo vendido junto com o sucessor.
Em 2003, a Ford finalmente encerrou sua produção em Pacheco e o Escort Europeu findava junto com a história do hatch que fez a marca americana entrar em sintonia com o mundo nos (fechados) anos 80, dentro do mercado brasileiro.
No ano de 2015, a Ford China reintroduziu o Escort, mas sobre a plataforma do Focus de terceira geração e com proposta de baixo custo.
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