sábado, 26 de setembro de 2020

Aumento da Poupança ou Queda da Aposentadoria

A segurança no emprego é a preocupação imediata dos trabalhadores de todos os lugares, que eles se perguntam se ainda estarão empregados no mundo pós-covid. A crise econômica e de saúde fez o desemprego disparar, com empresas cortando custos e vagas. Mas a pandemia também deixará um legado oculto horrível para milhões: a aposentadoria para a qual muitos poupam será bem menos confortável do que pensavam.

A ação dos bancos centrais para estimular as economias e manter as taxas de juro baixas tornou mais difícil para os fundos de pensão fazer render o dinheiro para pagar as aposentadorias de seus participantes. Ao mesmo tempo, uma das maiores fontes de receita dos fundos e dos poupadores, os dividendos pagos pelas empresas, minguou de forma alarmante.

Alguns mercados de ações ainda estão bem abaixo de seus níveis pré-covid, o que afeta o valor das poupanças. Muitos dos perderam seus empregos também perderão a contribuição de seus empregadores para esses fundos. Além disso, alguns planos avisaram que empresas em dificuldade deixaram de pagar suas contribuições. Em todos os lugares, os trabalhadores enfrentam a perspectiva de se aposentar com menos dinheiro ou ter de trabalhar por mais tempo.

A crise chega num momento particularmente difícil para o setor de Previdência, que já está sob pressão por causa de uma década de taxas de juro e de retornos de bônus baixos. Especialistas já haviam alertado que o déficit na poupança para aposentadoria – a diferença entre o que as pessoas de fato poupam e o que precisarão para ter um padrão de vida adequado quando se aposentarem – se multiplicaria nas próximas três décadas.

A crise é especialmente aguda para os planos de “benefício definido” do setor público e do privado. Eles prometem a seus membros um valor específico de pagamento. Muitas empresas já fecharam seus planos a novos participantes, mas a crise pode ser o golpe de misericórdia para eles, com as empresas se concentrando na sua própria sobrevivência.

Não há resposta política fácil para a crescente crise. Na Austrália, o governo permitiu aos saques antecipado dos fundos de pensão por causa da crise, e o resultado foi que cerca de 600 mil pessoas – a maioria com menos de 35 anos – sacaram toda a sua economia.

É algo que as autoridades britânicas devem ter em mente, já que o programa de licença remunerada, que ajudou a pagar 80% dos salários de parte dos trabalhadores, terminará em outubro. As pessoas não devem ser levadas a saquear seus fundos de pensão. As agências reguladoras também precisam estar alertas para pessoas que buscam ativos de risco ultraelevado numa tentativa de obter retornos mais altos.

Nos EUA, o governo, corretamente, deu aos empregadores alguma margem de manobra com relação às contribuições para seus planos de pensão, para ajudá-los a lidar com a crise de liquidez.

No Reino Unido, a agência reguladora também relaxou essas regras em abril, mas o esforço de longo prazo para fazer com que os planos liquidem seus déficits mais rápido parece questionável no ambiente atual. Na última década, os planos de pensão garantidos foram empurrados para ativos de baixo risco (e baixo retorno), uma abordagem que acelerou a perda de valor de muitos deles. Em 2006, mais de 60% do investimento desses planos era em ações. Isso caiu para 24% em 2019. Os planos precisam de apoio na crise atual, para não serem prejudicados por um impulso precipitado pela autossuficiência.

A dura realidade é: na área de poupança para a aposentadoria, como em muitas outras, o coronavírus trouxe problemas antigos à tona de uma vez. Quem deseja uma aposentadoria confortável simplesmente precisará poupar mais, mas os governos e agências reguladoras devem garantir os obstáculos para isso serem removidos e nada seja feito para precipitar uma crise nas estruturas que cuidam de suas poupanças atuais para aposentadoria.

Maristela Gorayb (Valor,17/08/2020) explica: com a queda da Selic e o impacto da reforma da Previdência, será necessário mais prazo para acumular recursos suficientes para obter uma renda capaz de preservar o padrão de vida pretendido manter na futura aposentadoria.

A decisão de aplicar em Previdência Privada é acertada, se o seu objetivo é de longo prazo. Os atuais produtos disponíveis para pessoa física são o PGBL e o VGBL. Suas principais vantagens em relação aos fundos de investimento, por exemplo, são as tributárias e as possibilidades de realizar portabilidade e programar aplicações mensalmente, vantagens que conferem ganhos financeiros, flexibilidade e disciplina.

Relaciona a seguir o que é preciso analisar para contratar um plano de previdência e como fazê-lo:

1) Seguradora – Esse é um segmento bastante regulado e fortemente fiscalizado, portanto seguro. Busque uma seguradora que tenha um portfólio amplo de produtos, bom atendimento e recursos tecnológicos para dar a você transparência e facilidade para contratar e acompanhar seu plano;

2) Produto – se sua declaração de Imposto de Renda (IR) é feita pelo modelo completo, o PGBL é mais indicado porque tem incentivo fiscal. Valores aplicados no ano podem ser abatidos da base de cálculo até o limite de 12% da renda bruta anual tributável. Ao resgatar ou receber renda, a tributação será calculada sobre todo o valor recebido (contribuições mais rendimentos);

Se sua declaração é feita pelo modelo simplificado ou se você deseja aplicar valores excedentes aos 12% citados, não se beneficiará do incentivo fiscal do PGBL, por isso a melhor opção é o VGBL. Ao resgatar ou receber renda, o imposto só incidirá sobre rendimentos e não sobre valores aplicados.

Se ao longo do tempo você alterar o modelo de declaração, suspenda as aplicações, mantenha o saldo e contrate o outro produto, mais adequado para novas aplicações.

3) Regime de tributação – decida entre progressivo e regressivo.

O regime progressivo é o mesmo que incide sobre os salários, com alíquotas de IR variando de 0% (até R$ 1.903,98) a 27,5% (acima de R$ 4.664,68) dependendo do valor resgatado ou da renda. Ao fazer o resgate, há recolhimento de 15% de IR na fonte sobre qualquer valor, podendo ser compensado na declaração de ajuste anual, somado às demais rendas tributáveis.

No regime regressivo, as alíquotas diminuirão ao longo do tempo. Começam em 35% para aplicações feitas até dois anos antes e caem cinco pontos percentuais a cada dois anos, chegando a 10% após dez anos. Quanto mais tempo se mantém a aplicação, menor a alíquota, gerando um ganho fiscal efetivo no longo prazo. Nessa modalidade, o IR é exclusivamente retido na fonte e não compensável.

4) Fundo de investimento vinculado ao plano – comece sendo fiel ao seu perfil de investidor (conservador, moderado ou agressivo) para evitar desconfortos, principalmente quando os fundos apresentam oscilações na rentabilidade como tem ocorrido ultimamente. Assim, você já elimina opções não condizentes com seu perfil.

Certifique-se de que não há taxa de carregamento. Depois, analise a taxa de administração dos fundos, expressa em percentual ao ano, porém descontada diariamente de forma proporcional do saldo. Com a Selic em seu menor nível histórico, essa taxa impacta fortemente a rentabilidade do fundo. Considere as menores taxas, mas observe se o histórico de rentabilidade é consistente, o que não garante o desempenho futuro, mas indica o nível de competência da gestão.

Por fim, seja fiel ao seu planejamento e viva plenamente o momento presente.

Aumento da Poupança ou Queda da Aposentadoria publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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