sábado, 2 de maio de 2020

Homo Darwinus: Economia Evolucionária

Jean Tirole  (1953- ), ganhador do Prêmio Nobel de Economia 2014, por análise do poder e regulação de mercado, em seu livro Economia do bem comum (1ª.ed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2020), por fim, gostaria de dizer algumas palavras sobre um campo em rápida expansão, a Economia Evolucionária, sobre a qual não fez nenhuma pesquisa.

Um dos fatos mais marcantes dos últimos vinte anos na pesquisa econômica é podermos começar a reconciliar a visão do homem da Economia com a visão de Darwin de sermos todos o produto da seleção natural.

Existem muitos exemplos de polinização cruzada entre Economia e Biologia Evolutiva. Por exemplo, as preferências sociais, cruciais para um economista, como mostra este capítulo, também são examinadas do ângulo da evolução.

Os biólogos também contribuíram para a Teoria dos Jogos. Por exemplo, o primeiro modelo da “guerra de atrito”, descrevendo a irracionalidade coletiva de situações como uma guerra ou uma greve, quando cada parte sofre, mas permanece firme na esperança de a outra capitular antes, é devido ao biólogo Maynard Smith, em 1974, enquanto o paradigma foi posteriormente refinado pelos economistas.

A Teoria dos Relatórios é uma terceira preocupação compartilhada por biólogos e economistas. A ideia geral da teoria é relatar ser benéfico para um indivíduo, animal, planta, estado ou empresa sob a ameaça de desperdiçar recursos comuns, se convencer outras pessoas a se comportarem de maneira conciliatória.

Os animais usam uma série de sinais dispendiosos e até disfuncionais (como penas de pavão) para atrair parceiros ou evitar predadores, assim como os humanos correm riscos para impressionar seus rivais ou alguém desejada de eles atrair. Uma empresa pode vender com prejuízo, na tentativa de convencer seus rivais de seus custos serem baixos ou de sua base financeira ser tão sólida a ponto de fazê-los sair do mercado.

Logo após a publicação do famoso artigo do economista Michael Spence sobre reportagem, o biólogo Amotz Zahavi publicou análises sobre o mesmo assunto. Esses artigos retomam e formalizam o trabalho do sociólogo Thorstein Veblen (The Theory of the Leisure Class, 1899) e das abordagens francesas à diferenciação (Jean Baudrillard, La Société de Consumer, 1970; Pierre Bourdieu, La Distinction, 1979).

As ideias sobre reportagem têm origem em Darwin, The Descent of Man (1871), muito antes de economistas ou sociólogos se interessarem por ela. Portanto, não há mais elo entre a Economia e as Ciências Naturais do que entre a Economia e as outras Ciências Humanas e Sociais.

Todos esses elementos são, obviamente, apenas uma introdução breve e seletiva a um campo disciplinar vasto e em evolução. Estamos testemunhando uma reunificação progressiva das Ciências Sociais.

Essa reunificação será lenta, mas inevitável: de fato, como Jean Tirole disse na introdução deste capítulo, antropólogos, economistas, historiadores, juristas, filósofos, cientistas políticos, psicólogos e sociólogos estão interessados ​​nos mesmos indivíduos, nos mesmos grupos e para as mesmas empresas. A convergência existente até o final do século XIX deve ser restaurada e exigirá esforços por parte das várias comunidades científicas para se abrir às técnicas e ideias de outras disciplinas.

 

Homo Darwinus: Economia Evolucionária publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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