domingo, 17 de maio de 2020

Fuga da Renda Fixa para a Renda Variável e desta para Repatriamento de Capital

Júlia Moura (FSP, 11/05/2020) informa: o pequeno investidor brasileiro está aproveitando a baixa da Bolsa para comprar mais ações, ao contrário do ocorrido em outros momentos de crise.

Em março de 2020, quando o Ibovespa teve um crash 30% e seis circuit breakers, a pessoa física foi às compras, aumentando em R$ 17 bilhões sua posição no mercado de ações no mês, segundo dados da B3. De janeiro a abril, são R$ 33 bilhões a mais no mercado acionário vindos de brasileiros.

número de novos investidores também cresce conforme a renda fixa fica menos rentável com a Selic renovando as mínimas históricas. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa básica da economia para 3% ao ano.

Do fim de janeiro ao fim de abril, quando o coronavírus passou a ser precificado pelo mercado, 558 mil CPFs entraram em ações,e fundos imobiliários, de índice (ETFs) e de investimentos (Fidcs, em direitos creditório, e FIPs, em participações).

Já são 2,3 milhões de CPFs no mercado acionário, quase três vezes o total de 2018.

Com a queda na taxa de juros o investidor tem que correr mais risco na busca de rentabilidade. Além disso, ativos ficaram muito mais baratos e a oportunidade de compra, melhor.

Enquanto o investidor doméstico amplia posições e sustenta a lenta recuperação da Bolsa, saindo dos 63 mil pontos após o crash de março para 80 mil pontos em maio, os estrangeiros tiveram, em 2020, a maior saída já registrada: tiraram R$ 71 bilhões do mercado acionário desde janeiro.

Com o aumento do protagonismo, o pessoa física representa 25% das negociações da B3 em maio, a maior participação desde agosto de 2010, quando eram 27%. Naquela época, a Petrobras fez a maior oferta de ações brasileira da história e a Bolsa chegou a 610 mil CPFs, recorde batido apenas sete anos depois.

Segundo dados do aplicativo Real Valor, do fim de fevereiro até a última sexta (8), 20 mil usuários da plataforma, que conta com 70 mil clientes, compraram ativos, sendo a maior parte das compras (74%) em ações, e 11% para fundos imobiliários.

Em valores, pessoas físicas e clubes de investimento atingiram 14,8% do R$ 1,8 trilhão do mercado de ações brasileiro em março, considerando ADRs (recibo de ação brasileira negociado nos EUA).

Estrangeiros ainda correspondem pela maior parte, 51,6%, mas este é o menor percentual desde fevereiro de 2010.

No cenário de aversão a risco, com uma das maiores crises econômicas da história pela frente, estrangeiros migram recursos de emergentes para portos considerados mais seguros, como ouro, dólar e títulos do Tesouro americano.

Com a Selic a 3% e juro real (descontado da inflação) estimado pelo mercado em 1% ao ano, brasileiros não se restringem à renda fixa. “As pessoas indo para a renda variável na crise pela Selic baixa”, diz Tales Fontes, sócio da AF Invest.

Segundo ele, outros dois fatores contribuem para o aumento de risco na carteira do brasileiro: a democratização dos investimento com o boom de corretoras e casas de análise, com custos de transações e taxas mais baixas e maior acesso à informação, e o medo de ficar de fora da “nova onda de alta” — em 2019, o Ibovespa subiu 32%, quebrando recordes na pontuação.

A educação financeira vem aumentando no Brasil. Em 2008, bateu o pânico e teve retirada em manada. Agora, as pessoas entenderam: vender em queda piora a situação..

Com a poupança rendendo pouco, tem de se mexer. O medo é a crise piorar, por isso não se pretende colocar muita coisa em renda variável. Coloca apenas 5% da carteira e amplia para, no máximo, de 15% a 20%.

A poupança rende hoje 2,10% ao ano. Segundo o Relatório Focus, que reúne expectativas de mercado, a inflação deve fechar este ano em 1,97%, o que deixaria o rendimento real da poupança em 0,13%.

A reserva de emergência é um valor equivalente a seis meses de gastos alocado em um produto de renda fixa com liquidez diária, como o Tesouro Selic ou alguns CDBs. Reserva de emergência é a primeira meta a ser alcançada pelo investidor. Todos têm que ter, independente do perfil.

O segundo passo é conhecer seu perfil de risco. Bancos, corretoras, casas de análise, sites e aplicativos oferecem o teste. Além da condição econômica do investidor, ele leva em conta o psicológico.

Para ter uma boa parte da carteira em ações, como no perfil arriscado, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações dos ativos. O investidor não pode sair do seu perfil de risco independente da Bolsa estar em alta ou baixa.

Fuga da Renda Fixa para a Renda Variável e desta para Repatriamento de Capital publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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