sábado, 11 de abril de 2020

Futuro da Pesquisa em Economia Narrativa

Robert J. Shiller, no último capítulo do livro “Narrative Economics: How Stories Go Viral & Drive Major Economic Events” (Princeton University Press; 2019), diz ser muito importante, se quisermos ter uma compreensão substancial dos tipos de grandes eventos econômicos, os quais nos surpreenderam tantas vezes no passado, termos alguns métodos científicos para estudar o elemento narrativo deles.

Isto mesmo se a ciência não for exata e ainda envolver algum julgamento humano. Caso contrário, o campo será deixado para os prognósticos ou profetas. Estes atribuem um mau nome à profissão inteira de economistas.

A pesquisa econômica não enfatizou as histórias contadas pelas pessoas, umas às outras e a si mesmas, sobre suas vidas econômicas. A pesquisa perde qualquer significado discernível aparecido na forma de narrativas. Ao perder as narrativas populares, também falta explicações possivelmente válidas das principais mudanças econômicas.

Se alguém procura nos jornais do século XX explicações contemporâneas das recessões no início, descobre a maioria das conversas se referir aos indicadores principais, e não às causas definitivas.

Por exemplo, os economistas tendem a apresentar a política do banco central, os índices de confiança ou o nível dos estoques não vendidos. Mas, se perguntados o que causou as mudanças nesses indicadores principais, eles geralmente ficam silenciosos.

Geralmente, as narrativas em mudança são responsáveis ​​por essas mudanças, mas não há consenso profissional sobre as narrativas mais impactantes ao longo do tempo.

Os economistas relutam em apresentar narrativas populares ouvidas parecerem ser importantes e relevantes para as previsões. Sua única fonte sobre as narrativas é o boato, a conversa de amigos ou vizinhos.

Eles geralmente não têm como saber se narrativas semelhantes existiam em eventos econômicos passados. Assim, em suas análises, eles não mencionam mudanças nas narrativas, como se elas não existissem.

Hoje já podemos aprender algo sobre narrativas econômicas populares contando palavras e frases nos textos digitalizados disponíveis, mas não há pesquisas organizadas suficientes para medir a força das narrativas concorrentes. Elas se combinam e se recombinam ao longo do tempo para causar grandes eventos econômicos.

A inteligência artificial pode ajudar com isso, especialmente, com dados não estruturados. As narrativas perenes descritas na parte III deste livro são obras em andamento, não quantificações finais e exaustivas de todas as narrativas verdadeiramente importantes.

A pesquisa sobre economia narrativa já começou e certamente continuará, mas será essa pesquisa realizada em escala suficiente no futuro?

Com qual eficácia uma pesquisa substancial sobre Economia Narrativa usará as grandes e crescentes quantidades de dados digitalizados?

A Economia Narrativa nos ajudará a criar modelos econômicos melhores e mais precisos para prever crises econômicas antes que elas comecem ou fiquem fora de controle?

Para avançar, precisamos reconhecer a importância de coletar melhores dados e integrar lições dos dados nos modelos econômicos existentes. Precisamos pesquisar questões hoje consideradas periféricas à Economia e precisamos colaborar com não economistas. Eles têm perspectivas diferentes.

Por exemplo, podemos incorporar insights matemáticos de outros campos, como Epidemiologia Matemática, para criar um vínculo entre a Economia Matemática e as Ciências Humanas. Devemos expandir o volume de dados disponíveis e estudar muitas narrativas econômicas juntas. Devemos dar conta da mudança de Epidemias Narrativas em nossos modelos de previsão.

Futuro da Pesquisa em Economia Narrativa publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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