quarta-feira, 12 de junho de 2019

Otimista Racional: Poupança de Tempo é Economia de Escala

Matt Ridley, autor do livro “O Otimista Racional” (Rio de Janeiro: Editora Record; 2014), afirma: “tempo: esta é a chave”. Esqueça dólares, qualquer outra moeda ou ouro. A verdadeira medida do valor de alguma coisa são as horas necessárias para adquiri-la. Se você tem de obtê-la por você mesmo, isso normalmente demora mais do que se comprá-la pronta de outras pessoas. E se o que puder obter dos outros for feito com eficiência, então poderá comprar mais coisas deles.

Por exemplo, conforme a luz ficava mais barata, as pessoas a usavam mais. O britânico médio hoje em dia consome, grosso modo, 40 mil vezes mais luz artificial do que consumia em 1750.26 Ele também consome 50 vezes mais energia e 250 vezes mais transporte (medido em passageiros-milhas viajadas).

Prosperidade é isto: o aumento da quantidade de bens ou serviços que se pode obter com a mesma quantidade de trabalho. Economia de escala organiza o processo produtivo de maneira a se alcançar a máxima utilização dos fatores produtivos envolvidos no processo, procurando como resultado baixos custos de produção e o incremento de bens e serviços.

Ela ocorre quando a expansão da capacidade de produção de uma empresa ou indústria provoca um aumento na quantidade total produzida sem um aumento proporcional no custo de produção. Como resultado, o custo médio do produto tende a ser menor com o aumento da produção.

Existem economias de escala se, quando se aumentam os fatores produtivos (trabalhadores, máquinas, etc.), a produção aumenta mais do que proporcionalmente. Por exemplo, se forem duplicados todos os fatores produtivos, a produção mais do que duplicará. Os custos médios serão decrescentes.

Em empresas com grande escala de produção, o investimento inicial (custo fixo) é difundido sobre o crescente número de unidades de produção. Desta forma, estas empresas possuiriam vantagens sobre as pequenas, com custos médios ainda altos. A lógica do capital é a concentração através de fusões e aquisições via mercado de capitais.

Até os mais notórios capitalistas, os barões ladrões do fim do século XIX, normalmente ficavam ricos tornando as coisas mais baratas. Cornelius Vanderbilt foi o homem para quem o New York Times usou primeiro o termo “barão ladrão”. Ele é o verdadeiro epítome da expressão. Ainda assim, observe o que o Harper’s Weekly tinha a dizer sobre sua ferrovia em 1859:

“Os resultados em todos os casos do estabelecimento de linhas concorrentes por Vanderbilt têm sido a permanente redução do preço das passagens. Onde quer que ele tenha “imposto” uma linha concorrente, as passagens foram instantaneamente reduzidas, e não obstante a competição terminasse quando ele comprava os concorrentes, como fazia com frequência, ou eles o compravam, as passagens nunca eram aumentadas novamente para o antigo padrão. Esse grande benefício — viagem barata — esta comunidade deve principalmente a Cornelius Vanderbilt.”

O preço dos fretes ferroviários caiu 90% entre 1870 e 1900. Há pouca dúvida de que Vanderbilt ocasionalmente subornou e ameaçou para ter sucesso. Ele, às vezes, pagava aos seus trabalhadores salários mais baixos que outros, mas também não há dúvida de que, ao longo do caminho, ele conferiu aos consumidores um enorme benefício que, de outra forma, lhes teria sido privado — transporte acessível.

Da mesma forma, Andrew Carnegie, enquanto se fazia imensamente rico, reduziu o preço de um trilho de aço em 75%, no mesmo período. John D. Rockefeller cortou o preço do aço em 80%. Durante aqueles trinta anos, o PIB per capita dos americanos subiu 66%. Eles também eram “barões-enriquecedores”.

A queda dos preços ao consumidor enriquece as pessoas. No entanto, a deflação dos preços de ativos pode arruiná-las, mas isso acontece porque elas usam os preços dos ativos para terem com que comprar artigos de consumo.

Uma vez mais, a verdadeira métrica da prosperidade é o tempo. Se Cornelius Vanderbilt ou Henry Ford não apenas levam você mais rápido para onde quer ir, mas pedem a você trabalhar menos horas para conseguir o preço da passagem, então eles o enriquecem ao lhe conceder um bocado de tempo livre.

Se você decidir gastar o tempo poupado consumindo a produção de outra pessoa, então poderá torná-la mais rica, por sua vez. Se decidir gastá-lo produzindo para o consumo dela, então você também ficará mais rico.

A moradia também está comichando para ficar mais barata, mas, por razões confusas, os governos não medem esforços para impedir isso. Enquanto se levava 16 semanas para pagar o preço de 100 m2 de moradia em 1956, agora se leva 14 semanas, e a moradia é de melhor qualidade.

Mas, dada a facilidade de o maquinário moderno montar uma casa, o preço deveria ter baixado muito mais rápido. Na concepção neoliberal de Matt Ridley, os governos impedem isso, usando:

  1. primeiro, o planejamento ou leis de zoneamento para restringir o suprimento de terra (especialmente na Grã-Bretanha);
  2. segundo, usando o sistema de impostos para estimular o empréstimo hipotecário (nos Estados Unidos ao menos — na Grã-Bretanha não mais); e
  3. terceiro, fazendo tudo que podem para impedir a queda dos preços das propriedades após uma bolha.

O efeito dessas medidas é tornar mais dura a vida daqueles que ainda não têm casa e recompensar maciçamente os que têm. Para remediar isso, os governos, então, forçam a construção de moradias mais baratas, ou subsidiam o empréstimo hipotecário para os pobres.

Otimista Racional: Poupança de Tempo é Economia de Escala publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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