Já ouviu falar do Escort Hobby? Essa foi uma versão diferente do famoso carrinho da Ford.
O Ford Escort, no geral, foi um carro muito importante para a marca americana no Brasil, colocando a filial local entre aquelas que ganhavam um produto global.
Lançado em 1983, o notchback compacto trouxe muitas novidades, mas mesmo quando em fim de carreira, ainda teve forças para empregar uma opção diferenciada: o Escort Hobby.
Inicialmente uma ideia para oferecer uma versão barata e despojada, mas com alguns elementos que amenizariam essa redução de custo, o Escort Hobby acabou se tornando a opção da Ford para uma mudança radical que ocorreu no mercado brasileiro nos primeiros anos da década de 90.
Ainda sem o Fiesta, restava à Ford dispor do Escort Hobby para ter um produto acessível e também uma alternativa ao surgimento do fenômeno – imposto pelo governo – chamado “carro popular”.
Dentro da Autolatina, a marca americana pouco precisou de sua parceira alemã para dispor desse modelo, que existiu apenas na primeira geração, quando a segunda já estava em produção.
Muito simples, o Escort Hobby era extremamente básico e não dispunha de muitos dos opcionais que estavam disponíveis em outras versões.
Mesmo com a segunda geração vigente, o carrinho da Ford era um modelo diferenciado pelos detalhes externos e bom acabamento.
Escort Hobby
No Salão do Automóvel de 1992, a Ford lançava a segunda geração do Escort no Brasil, mas o modelo anterior continuava.
Para este, a montadora alterou a proposta, simplificando o produto para ficar mais barato, como de praxe no mercado nacional. Essa alteração fez surgir o Escort Hobby.
Equipado com motor 1.6, o hatch da Ford era um carro muito simples em relação ao “Novo Escort”, dispondo apenas de poucos itens de conforto e segurança.
Visualmente, ele mantinha a antiga carroceria notchback com os para-choques em poliuretano, faróis simples, piscas laranjas e rodas de aço aro 13 sem calotas.
O Escort Hobby 1.6 não tinha também retrovisor do lado direito, o que era opcional e não obrigatório na época. O esquerdo nem tinha ajuste manual internamente.
Os pneus eram 155/80 R13 e as janelas traseiras eram basculantes. Por dentro, o mínimo do básico.
O ambiente era pobre de equipamentos, mas se destacava pelo bom acabamento da Ford à época, com tecidos de qualidade e revestimentos que duram até hoje em muitos exemplares do Escort Hobby.
A instrumentação, por exemplo, só tinha velocímetro, nível de combustível e temperatura da água, além de algumas luzes-espia.
Não havia direção hidráulica, nem mesmo ar-condicionado ou sequer algum dos itens do trio elétrico.
Num mar de ausências, o Escort Hobby se afogava pela falta de um simples rádio, bem como ajuste do encosto do passageiro ou mesmo o tal retrovisor direito.
A tentativa de simplificação da Ford deixava alguns itens por lá, pois não havia similar mais barato para instalação.
O Escort Hobby tinha como destaque o espaço interno e o porta-malas de 325 litros.
Ele tinha tanque de 50 litros e media 4,060 m de comprimento, 1,640 m de largura, 1,322 m de altura e 2,402 m de entre eixos.
Pesava menos de 900 kg e tinha suspensão dianteira McPherson, enquanto a traseira tinha braços independentes.
Essa suspensão era caracterizada pela falta de estabilidade em curvas, mas excelente em maciez durante a condução.
Escort Hobby – concorrentes
Em 1994, a Ford se viu em desvantagem por não ter um carro dito “popular”. Que na época era associado com motor 1.0 e, por assim dizer, um produto para consumidores de baixa renda.
A Volkswagen tinha o Gol 1000, ainda quadrado da primeira geração. A General Motors trocava o velho Chevette Júnior pelo moderno e eficiente Chevrolet Corsa Wind (foto). E a Fiat, que inaugurou esse segmento em 1990, o Uno Mille.
Como estava dentro da Autolatina, a Ford pegou o motor AE-1000 do Gol e colocou no Escort Hobby, ampliando a oferta do compacto antigo.
A medida teve êxito, pois os incentivos do governo eram tão altos que na prática, o que regia o mercado era o ágio praticado nas revendas. Isso ajudou o modelo até 1995, quando as regras mudaram.
Escort Hobby – motores
O Escort Hobby tinha motor CHT 1.6, que dentro da Autolatina, foi rebatizado de AE-1600.
O pequeno propulsor era de origem Renault e tinha bloco com camisas d’água para refrigeração, além de cabeçote em alumínio com comando de válvulas instalado no bloco e acionado por corrente.
Equipado com carburador, o AE-1600 tinha 77 cavalos a 5.200 rpm e 13,3 kgfm a 3.200 rpm, sendo um motor de manutenção simples.
Com câmbio manual de cinco marchas, o Escort Hobby ia de 0 a 100 km/h em bons 12,6 segundos e com máxima de 157 km/h. Fazia 10,5 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada, sempre com gasolina.
Como já mencionado acima, em 1994, a Ford introduz o Escort Hobby 1.0. De volume reduzido em relação ao AE-1600, o AE-1000 também era carburado e tinha 52 cavalos a 5.800 rpm e 7,4 kgfm a 3.600 rpm.
Porém, era muito fraco, mesmo para um carro que não era tão pesado assim.
Por conta disso, o Escort Hobby 1.0 fazia de 0 a 100 km/h em eternos 19,9 segundos e com máxima de somente 142 km/h.
Essa fraqueza era amenizada pelo consumo de 10,7 km/l na cidade e 14,0 km/l na estrada, sempre com gasolina, como no AE-1600. O câmbio também era de cinco marchas.
Escort Hobby – atualização
Em 1995, o Escort Hobby ganhou frisos vermelhos e na linha 1996, estes também podiam ser de cor cinza.
O hatch chegou a ter como opção rodas de liga leve aro 14 polegadas, mas a versão 1.6 já contava com rodas de aço com calotas e aro 13 polegadas, dotadas de pneus 175/70 R13.
Quando completo, o Escort Hobby tinha também limpador e lavador do vidro traseiro, desembaçamento da vigia traseira, retrovisores com controle interno, rádio AM-FM, ventilador com três velocidades, ar quente, frisos vermelhos nos para-choques e laterais, calotas integrais aro 13 polegadas, janelas traseiras basculantes, retrovisores na cor do carro, antena do rádio e relógio digital.
Com a iminência da terceira geração do Escort em 1997, já sem os laços da Autolatina, a Ford iniciava sua independência local com a ideia de ter um carrinho menor que o clássico nacional.
Assim, iniciou a importação da Espanha do compacto Fiesta, ainda em 1995.
Em versões de 2 ou 4 portas, o modelo vinha com motor Endura-E 1.3 e já com meta de ser o popular da Ford. Mas, não era apenas o Fiesta que estava no radar.
Quase ao mesmo tempo, a marca mudou a geração do Escort, lançou o Fiesta nacional e também o Ka, em 1997, que assumiu a posição do Escort Hobby.
Assim, ainda com produção até abril de 1996, o Escort Hobby viveu mais um ano e saiu de cena para a entrada de uma dupla nacionalizada (Ka e Fiesta) pronta para atender os consumidores de poder aquisitivo menor pelos próximos 20 anos…
Já o popular de cores chamativas, especialmente o azul com rodas de liga leve do Verona 1992, restou sair de cena e virar história.
Escort, um sucesso nacional
O Ford Escort chegou em 1983 e teve logo de cara motores CHT 1.3 e 1.6, sendo este último preparado para o esportivo XR3.
Se isso não bastasse, o hatch compacto tinha ainda uma versão conversível, construída pela Karmann-Ghia no Brasil. Em 1987, foi atualizado e ficou mais atraente.
Na Autolatina, o Ford Escort ganhou motor AP 1.8 da VW e uma segunda geração, com o XR3 chegando a ter suspensão adaptativa (amortecedores eletrônicos) no XR3, que já tinha motor 2.0 como outras versões.
Na terceira, veio a separação da VW e uma plataforma com motores Zetec da Ford, chegando a ter uma versão perua, fora o sedã Verona, que existiu na segunda geração.
E então, no final dos anos 90, foi substituído pelo Focus, que só saiu de linha recentemente.
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