No início do ano passado, muito feliz com meu New Fiesta SE, tomei a decisão de que iria trocar de carro para algo maior, com mais tecnologia embarcada e com mais potência.
Sempre gostei muito de hatches médios, desde mais novo, e após muita pesquisa, fiquei entre dois carros. O Volkswagen Golf e o Ford Focus.
Sem muito suspense pois pelo título da matéria, vocês já sabem a escolha tomada, e esse carro veio a ser o melhor e um dos mais problemáticos que já tive.
Após 2 meses de procura, encontrei o meu carro, com apenas 36.000km e segundo dono. Dirigi, testei o famoso Powershift, e o carro estava ótimo mecanicamente e por funilaria também.
Ao retirar o veículo, ainda em garantia, notei que havia alguns barulhos que estavam incomodando, como o teto solar que estava vibrando, barulhos na pinça de freio e o regulador de altura do cinto do passageiro que estava preso.
Liguei então na Ford, agendei rapidamente o serviço e deixei o carro na concessionária para que arrumassem esses pequenos problemas. Em 3 dias o carro estava pronto e os problemas haviam sido resolvidos, e então pude aproveitar melhor o carro.
Sempre gostei dos Ford e do rodar deles, muito estável e com um comportamento bem dinâmico. O Focus não é exceção e é um carro extremamente confortável além disso.
A suspensão independente faz um ótimo trabalho em manter o carro totalmente estável sem perder o conforto.
A direção é muito precisa, e funciona como esperado de um médio. Um pouco dura para quem está acostumado com a leveza da elétrica na hora das manobras, mas não demora a acostumar.
O motor Duratec 2.0 com injeção direta, faz um ótimo trabalho e possui um bom torque para o carro. Como aspirado, a economia é melhor que a esperada, acompanhada de um dupla embreagem, fazendo 7,5 km/l na gasolina, com o ar condicionado ligado, em trânsitos da capital paulistana.
Na estrada, em uma viagem que percorri 600 km, o computador de bordo estava marcando 15 km/l numa média de 120 km/h, que é um número impressionante para um 2.0 aspirado com praticamente 1.400 kg.
Em momento algum ele deixa a desejar na potência, e o Powershift faz um bom trabalho nas trocas, que são muito suaves quando o câmbio está em ótimo estado (chegarei lá em breve).
Na questão de espaço, o Focus, no entanto deixa muito a desejar, por limitações da própria plataforma (C1).
Como sou solteiro, esse problema não chega a incomodar, mas em umas ocasiões que precisei colocar mais que 3 pessoas dentro do carro, tive que colocar os bancos do motorista e passageiro para frente, para que os ocupantes traseiros pudessem se sentar de forma mais confortável.
O porta-malas possui 315 litros, e próximo aos seus concorrentes, também é pouco espaçoso. No entanto, caso necessite carregar coisas maiores, os bancos traseiros que são bipartidos, possuem um sistema de expansão do porta-malas.
O espaço não é o único ponto negativo na questão de montagem desse carro, já que o acabamento é bem inferior aos modelos europeus e americanos.
Com apenas o painel sendo soft-touch, todas as portas são plásticos duros e possuem apenas um pequeno acabamento em couro.
Com isso, obviamente com o tempo e em asfaltos lunares do terreno brasileiro, as portas começam a fazer ruídos e barulhos que fazem o carro parecer muito mais barato do que realmente é.
A montagem argentina também é problemática, e as portas são bem desalinhadas em quase todos os modelos do Focus.
Em questão de tecnologia, o carro é muito bem equipado. Com um projeto que já irá fazer quase uma década, ele não deixa a desejar em carros que saem 0 km até hoje.
Na versão Titanium Plus, o carro possui sistema keyless, teto solar, Park Assist, câmera de ré, sistema de som Sony com 9 alto falantes (um show à parte), sensor crepuscular e de chuva, faróis bi-xenônio e também conta com regulagens elétricas no banco do motorista.
Na segurança, temos 6 airbags e uma estrutura bem reforçada, isso é notável ao abrir a porta, que é extremamente pesada.
A multimídia funciona bem, possui 8 polegadas e é intuitiva até a segunda página, contendo informações sobre telefone, navegação, reprodução e ar condicionado apenas na tela principal. Porém, é lenta e os bugs são notáveis.
Problemas
Após 2 meses da minha compra, me deparei com um problema no câmbio, que após muito tempo de rodagem, a luz da injeção acendia e apenas as marchas pares funcionavam, acompanhado de um cheiro extremamente forte de embreagem queimada.
Encostei o carro, pois havia acabado de chegar em um compromisso e após 3 horas que retornei, o carro estava normal como se nada tivesse acontecido.
Levei na concessionária e não conseguiram notar nada fora do normal. Apenas após 4 meses esse problema se repetiu, e dessa vez começou a acontecer várias vezes.
Após muitas idas e vindas na concessionária, foi constatado que o problema estava no módulo TCM que estava em garantia.
Mas para a minha surpresa, a concessionária alegou que a garantia estendida não cobria isso, seguido de uma sugestão de entrar em contato com a Ford para solucionar o problema.
Feito isso, somente após uma reclamação no Facebook obtive uma resposta, duas semanas depois de ter aberto o chamado no SAC.
O setor de mídia entrou em contato comigo, perguntando o que havia acontecido e em questão de 30 minutos, a concessionária me ligou para agendar a troca do módulo.
Depois desse ocorrido em Agosto, utilizei o carro normalmente por 3 meses até que notei que as marchas estavam soluçando bastante, e levei novamente a concessionária para que fizessem o teste de trepidação.
Sem muitas demandas, eles fizeram o pedido de uma nova embreagem e levei o carro para trocar, mal sabendo que isso causaria um dos problemas mais perigosos que já tive em qualquer carro.
Após instalar a embreagem, notei que o carro começou a ter comportamentos estranho nas rotações, até que totalmente desativou o acelerador eletrônico enquanto o carro estava andando, com uma mensagem (Motor, procure serviço).
Desligando e ligando o carro novamente, o problema sumia. Levei então na concessionária, que ficou com o carro por dois dias, para constatar que o problema estava na TBI.
Em dúvida se era a TBI, levei em um mecânico de automáticos próximo a minha casa, que notou que o chicote do motor estava mal encaixado, e toda vez que superaquecia, ele dava mal contato. Tudo resultado de um serviço mal feito pela concessionária.
Resolvido esse problema, comecei a ter outro, uma infiltração de água no carpete do motorista, que acabava encharcando o lado esquerdo inteiro do carro.
Levei então ao meu funileiro, que notou que a válvula de drenagem (uma peça em L que fica no final do dreno do teto), estava jogando água para dentro do carro no paralamas.
Após solucionar esses problemas, tive que resolver um vazamento de óleo na junta, que é normal nesse carro, e trocar o regulador do xenônio que havia quebrado por causa de uma pedra na rua.
Feito isso, estava praticamente novo e aproveitei para trocar os pneus, que duraram 50 mil km.
Custos
A troca de embreagem e do módulo, ficaram por custo da concessionária.
A revisão dos 40 mil km, que fiz em julho do ano passado (2018), saiu por R$ 1200,00. A revisão dos 50 mil que fiz em Maio, saiu por R$ 554,00.
O regulador do xenônio, comprei original da Ford por R$ 440,00 e foi trocado na mesma manutenção da troca da junta que saiu tudo por R$ 330,00.
Os pneus, que troquei para Michelin Primacy 4, saíram por R$ 450,00 cada.
Conclusão
No dia a dia, esse carro é extremamente confortável, e apesar dos problemas que tive, nunca foi necessário chamar uma plataforma para levá-lo, o que de certa forma, também o torna “confiável”.
E agora, com o Focus fora de linha, seu preço baixou bastante, virando um ótimo custo benefício.
É realmente uma pena que esse segmento está falecendo aqui no país, pois sem sombra de dúvidas, se o Focus MK4 viesse para cá, trocaria sem problemas, assim como diversos outros donos do carro que conheço.
É importante frisar que os maiores problemas com o Powershift vieram da falta de serviço das concessionárias, visto que a Ford possui a garantia estendida de 5 anos para a embreagem e 10 anos para o módulo.
O Focus é um carro para quem gosta de dirigir, e faz uso do dinamismo sem abrir mão do conforto.
Noto que é um dos hatches médios com um dos maiores públicos jovens, e isso se explica por conta do seu comportamento na rua e de sua proposta, afinal, não é um carro que é recomendado para quem possui família.
Seu design é extremamente atraente e diferente de seus concorrentes (chegando apenas próximo ao seu primo rico, o Volvo V40), e sua tecnologia deixa carros de mesmo valor, a desejar.
O preço de sua manutenção é alto, como a maioria dos Fords, mas é um valor compreensivo para um carro de sua categoria.
Como todo carro, possui problemas crônicos, mas após ter trocado embreagem e módulo, é muito difícil voltar a dar problema no câmbio.
Estou rodando quase 10 mil km após a última troca da embreagem e cada vez que dirijo, gosto mais do comportamento do PS. É um carro que você sai com um sorriso no rosto após uma longa viagem.
Embora tenha sido premiado com um carro nessas situações, não culpo a fabricante, pois a maioria dos erros foram cometidos durante o serviço de oficina da própria rede de concessionárias.
Gosto muito dele e não o trocaria por qualquer 0km do mesmo valor.
O que me leva a outra questão, que é, para qual carro trocar após ter experienciado um veículo tão bem equipado e tão gostoso de dirigir como o Focus.
Abraços!
Por Victor Sartori
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