O Renault Kwid Outsider chegou fazendo barulho por conta de sua campanha de marketing, que foi comentada inclusive nos EUA, já que o desenho animado Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons) foi muito popular lá nos anos 80.
Popular também é o pequenino da Renault, que agora se veste de aventureiro e continua dizendo que é SUV.
No entanto, ele está cumprindo o que a marca francesa deseja, vender bem. Com 32.639 emplacados até maio, o Kwid é o quinto carro mais vendido em 2019.
Na primeira quinzena de junho, ele ficou em quarto. Agora com visual mais apropriado para suas pretensões, o Renault Kwid Outsider quer manter o bom ritmo comercial após oscilações anteriores, contando também com mais conectividade.
Desde nossa primeira avaliação do Kwid, alguma coisa mudou. Não foi somente isso, outra (além do visual), também foi alterada, para melhor.
Custando R$ 43.990, porém, o Outsider fica perigosamente perto do Sandero, que parte de R$ 45.990.
Por fora…
O Renault Kwid Outsider aposta num visual diferenciado, especialmente com as molduras pretas no para-choque, que sustentam os faróis de neblina.
Protetores inferiores, com a central em cinza, bem como a grade preta, reforçam a proposta aventureira.
Saias de rodas com protetores plásticos, semelhantes aos das portas, preenchem bem o pequeno hatch e ajudam a destaca-lo.
O mesmo em relação aos retrovisores em preto brilhante e às barras longitudinais no teto, que são apenas decorativas.
A traseira tem um para-choque preto com protetor central em cinza para chamar atenção, enquanto o restante do conjunto permanece inalterado.
As rodas de aço aro 14 polegadas (a boa notícia é que já existe a opção de liga leve como acessório) possuem calotas bem brilhantes.
Por dentro…
Simples e funcional, o ambiente interno do Kwid Outsider foca nos detalhes diferenciados para manter o diferencial.
Detalhes em cobre podem ser vistos por todo lado, desde a alavanca de câmbio até o volante, passando pelas portas e chegando aos bancos.
Estes apresentam essa tonalidade nas laterais dos assentos, que possuem uma padronagem exclusiva com tecido de boa impressão e o nome Outsider bordado em branco.
Até as costuras são da mesma cor, tema da proposta.
Obviamente o Kwid Outsider continua devendo muito em conforto. O espaço geral é pequeno e o banco traseiro, por exemplo, nem é bipartido.
O som só saiu nos alto-falantes do painel… e esqueça cinto de três pontos para o espremido quinto passageiro. Quase um personagem fictício da propaganda…
Quem vai atrás, tem pouco espaço para as pernas, diferente do bagageiro, que tem volume igual ao dos hatches compactos bem maiores. Malas sim, caronas não. A preferida do Presto? A Media Evolution é simples e funcional.
Intuitiva, ela vem com Google Android Auto e Apple Car Play, tendo agora a conexão via USB em um plugue no console, junto com uma entrada auxiliar.
O local é mais adequado que a frente do aparelho. Tem câmera de ré, mesmo com seu porte diminuto. Para não se perder, Waze e Maps são fáceis de usar e confiáveis…
O dispositivo permite até ver os episódios do seriado animado e rever a campanha de marketing, que no mínimo ganhará algum prêmio pela ótima produção.
No resto, o Kwid Outsider continua tão pobre quanto antes.
Nada de ajustes de altura de banco e volante, vidros elétricos apenas na frente e com acionamento no painel. Luz interna única, porta-luvas mediano e com tampa que abre pouco, afinal, não dá para descer mais com o passageiro sentado.
Em resumo, apesar do projeto atual, o Kwid Outsider parece mais simples que o Chery QQ, que é mais barato.
Entretanto, para muita gente, isso é o suficiente para o dia a dia. É aí que o pequeno tem seu principal atributo.
Por ruas e estradas…
Seu motor de três cilindros 1.0 SCe não poderia ser mais contido. Tem 12V, mas alterações e simplificações em relação ao que equipa Sandero e Logan, o deixaram apenas com 66 cavalos na gasolina e 70 cavalos no etanol, ambos a 5.500 rpm.
Na gasolina, o Kwid anterior trabalhou bem, mas, no etanol, esse propulsor oscila muito, dependendo das circunstâncias.
Após um trecho de estrada e trabalhando em alta, ao religar, ele dispara como um “efeito-memória”.
Se está apenas um pouco frio de manhã, nada de vapor saindo ao falar, o Kwid Outsider resmunga na partida e, depois de quente, parece pronto para pegar no batente. Não se esqueça do tanquinho de gasolina nesse frio.
Ágil, o hatch tem boas saídas com seu torque de 9,4 e 9,8 kgfm a 4.250 rpm, respectivamente.
O regime é alto, mas com seus 806 kg, até que o 1.0 SCe dá para o gasto no cotidiano urbano. A falta de força é em parte compensada por uma relação de marchas curta e apta para fazê-lo desenvolver bem no trânsito, que pede mais esperteza.
O Renault Kwid Outsider funciona bem com trocas aos 2.500 rpm, imprimindo assim um desempenho aceitável para seu papel de carro urbano.
Sem lotação máxima, ele se comporta bem, mas com quatro pessoas e mais alguma bagagem, mesmo na cidade, ele reclama!
Nisso, é preciso trabalhar mais o braço direito nas trocas, que estão bem longe dos antigos Renault, com engates mais precisos que o Outsider, mas ainda não tão suaves.
No Kwid, a vibração do conjunto mecânico ainda é bem sentida no pomo.
Falando nisso, a Renault trocou o coxim e filtrou melhor as vibrações do motor de três cilindros, porém, ele ainda continua sendo “vibrante”, especialmente no pedal de embreagem.
O nível de ruído permanece alto, especialmente se o condutor for aventurar-se na estrada.
Aliás, na rodovia, o Kwid Outsider mostra que ali não é seu ambiente. Para manter 110 km/h, o pequeno compacto precisa girar a 3.500 rpm.
Então, haja ruído. Mesmo com uma relação adequada apenas para a cidade e a falta de força em ultrapassagens e retomadas, esse Renault fez 11 km/l na estrada.
Na cidade, seu habitat – e não no fora de estrada – o Kwid Outsider fez bons 10,8 km/l, indicando que tanto faz pegar ou não rodovia, você não fará muito melhor que entre carros, semáforos e pedestres.
Com o preço do etanol em queda, pelo menos no estado de São Paulo, mesmo o bom consumo na gasolina não parece vantajoso.
Quando (e se) a coisa mudar, pode ser que valha a pena trocar pelo derivado de petróleo. Para isto que existe o flex, não é mesmo?
Simples até demais, o Renault Kwid Outsider tem uma direção muito leve, que funciona bem na cidade e nem tanto na estrada, onde o hatch é bem mais suscetível aos ventos laterais. E olha que ele não é tão alto assim: 1,474 m.
No entanto, sua suspensão é macia o suficiente para ele inclinar bem nas curvas não tão fechadas e pular diante da buraqueira e outras imperfeições de nossas ruas.
Os pneus 165/70 R14 contribuem também para esse efeito, que lembra vagamente o VW Fusca.
Podemos até dizer que o Kwid é o Fusca do século XXI. A suspensão ainda tem curso curto e as pancadas em buracos assusta, mas, o Renault parece não ligar muito para isso.
Afinal, ele foi projetado para enfrentar surpresas que sentiríamos mais em outros carros.
Então, no final das contas, o Kwid Outsider continua sendo como os demais? Bom, isso não se sabe, mas que o sistema de freio mudou isso temos certeza.
A Renault fez uma alteração no conjunto, que agora tem resposta muito melhor, parando o carrinho mais eficientemente. Isso é bom quando se sai de um túnel dimensional no meio de um parque de diversões…
Por você…
Ele é pequeno, cabe em qualquer vaga e ainda tem um visual simpático, que vai atrair muita gente.
Seu projeto é mais moderno que de seus rivais, como Fiat Mobi e o Chery QQ. Parece mais consistente que esses.
Para quem quer um segundo carro ou simplesmente um transporte melhor que ônibus, ou aplicativo, o Renault Kwid se encaixa bem.
É econômico de fato na gasolina, não considerando os valores oscilantes dos combustíveis.
Tem boa conectividade, o essencial para achar o caminho mais rápido de volta para casa (e sem ser perseguido pelo Vingador) e um visual com detalhes que o deixam mais chamativo e agradável aos olhos (de quem compra).
Entretanto, o valor é alto. Como já falamos, o Kwid entra numa faixa de preço que os hatches maiores não perdoam, especialmente com vendedores de plantão e seus descontos de agressivos.
Então, parte da magia vai embora, valendo a pena apenas para quem realmente não irá deixar de tê-lo na garagem.
Medidas e números…
Ficha Técnica do Renault Kwid Outsider 2020
Motor/Transmissão
Número de cilindros – 3 em linha, flex
Cilindrada – 999 cm³
Potência – 66/70 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol)
Torque – 9,4/9,8 kgfm a 4.250 rpm (gasolina/etanol)
Transmissão – manual de cinco marchas
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 14,7 segundos (etanol)
Velocidade máxima – 156 km/h (etanol)
Rotação a 110 km/h – 3.500 rpm
Consumo urbano – 10,8 km/litro (etanol)
Consumo rodoviário – 11,0 km/litro (etanol)
Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Eixo de torção
Elétrica
Freios
Discos dianteiros e tambores traseiros com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Aço aro 14 com pneus 165/70 R14
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 3.680 mm
Largura – 1.579 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.474 mm
Entre eixos – 2.423 mm
Peso em ordem de marcha – 806 kg
Tanque – 38 litros
Porta-malas – 290 litros
Preço: R$ 43.990 (versão avaliada)
Renault Kwid Outsider 2020 – Galeria de fotos
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