terça-feira, 10 de março de 2020

Inovações Financeiras: PIX ou Sistema de Pagamentos Instantâneos e Portabilidade de Crédito

Talita Moreira (Valor, 20/02/2020) informa: o sistema de pagamentos instantâneos, batizado de PIX, vai reduzir os custos de transferência de dinheiro e diminuir o uso de numerário, cujo manejo custa caro para a sociedade, disse o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

“O Pix é um dos projetos mais importantes deste ano. Veio de uma necessidade que as pessoas têm, não só no Brasil, e os bancos centrais de todo o mundo estão pensando nisso, de ter um instrumento barato, transparente, rápido e seguro”, afirmou. “Vai ser o embrião do que acredito que é uma transformação total na intermediação financeira futura no país”, disse.

O sistema vai unir um novo meio de pagamento aberto e interoperável. A expectativa é ele atrair novos competidores, como fintechs. O BC apresentou a marca do Pix, a ser lançado em 16 de novembro de 2020 para transferências, pagamentos com QR Code e recolhimentos de guias da União.

No próximo ano, serão acrescentadas novas funcionalidades ao Pix, como os pagamentos por aproximação entre dois celulares. As transações serão feitas em até 10 segundos, mas a expectativa do BC é, na média, não passarem de 2 segundos.

O regulador tem quatro objetivos ao oferecer a tecnologia:

  1. aumentar a competição,
  2. incluir as pessoas na cidadania financeira,
  3. ter maior facilidade nas transações e
  4. reduzir o custo para todos os usuários.

As instituições terão liberdade para cobrar seus clientes pelo serviço, como fazem com TEDs e DOCs, mas a intenção do BC é a competição resultar em preços baixos.

O custo para os bancos e instituições de pagamentos que se conectarem à plataforma será pequeno também – o suficiente, apenas para cobrir os gastos que o regulador terá para fazer a liquidação das transações e operar a base de dados de endereçamento dos usuários.

Os bancos poderão usar parte do compulsório sobre depósitos à vista, títulos públicos ou até mesmo acessar mecanismos privados para dar liquidez aos pagamentos instantâneos.

Os participantes diretos da plataforma de pagamentos instantâneos – como grandes instituições financeiras e instituições de pagamentos – precisarão manter contas reservas específicas para o Pix, que funcionará 24 horas por dia, sete dias por semana.

A adoção do Pix é positiva. É uma demanda dos clientes. Eles já falam com os amigos de forma instantânea.

A tecnologia também ajudará a reduzir custos com dinheiro em espécie. Somente o transporte de numerário custa cerca de R$ 10 bilhões por ano, sem contar gastos relacionados a segurança. O BC conduziu o processo, com participação de bancos, fintechs, fornecedores.

Flávia Furlan (Valor, 19/02/2020) informa: o Banco Central já iniciou conversas com representantes de bancos e fintechs para estabelecer regras de modo a facilitar a portabilidade de crédito no país. O regulador quer incentivar essas operações, além de estimular a concorrência no sistema e reduzir as taxas de juros cobradas de famílias e empresas.

Grandes instituições financeiras têm puxado a discussão para as carteiras de maior prazo, como o crédito imobiliário e o financiamento de veículos, em que acreditam haver mais possibilidade de aprimoramento de regras. É preciso entender a estrutura de custos para capturar clientes nessas modalidades de longo prazo para rediscutir as regras da portabilidade.

O diagnóstico do BC é O Mercado cobrar um ressarcimento de custo operacional (RCO) muito alto para permitir a portabilidade. Essa taxa é paga pela instituição que recebe o crédito àquela que cedeu para ressarci-la pelos custos da captação de novos clientes. Em empréstimos mais altos, ela representa de 1,5% a 2% do total do crédito – numa operação de R$ 1 milhão, varia de R$ 15 mil a R$ 20 mil.

A taxa foi criada diante de um receio do mercado de que não houvesse mais estímulo para a busca de novos clientes e os bancos focassem mais em um “rouba- monte”. Desde então, a RCO é definida a cada dois anos por uma consultoria independente contratada pela Federação Brasileira de Bancos (Febrabran), com base na média do custo de mercado para originar uma nova operação.

No crédito imobiliário e de veículos, os custos para conquistar novos clientes são significativos, porque há toda a estrutura de cartórios e dos departamentos de trânsito nos Estados. Reabrir a discussão e entender a formação desses custos faz sentido, mas não tabelar taxas da portabilidade.

A portabilidade de crédito passou de R$ 5,9 bilhões em novembro de 2015 para R$ 37,3 bilhões no mesmo mês de 2019, segundo a Câmara Interbancária de Pagamentos, que registra as operações. O salto de mais de seis vezes parece significativo, mas ficou concentrado no crédito consignado, correspondendo em média por 98,8% do total.

A portabilidade se tornou mais fácil no crédito consignado porque há mais clareza das informações sobre os empréstimos dos clientes, principalmente na esfera pública, o que não ocorre nas demais modalidades, onde é difícil conseguir dados sobre as operações dos clientes.

O lado operacional da portabilidade precisa ser melhor desenhado, para realmente ter solidez de informação para melhorar a experiência de usuário. As discussões com o BC se concentram em padronizar o processo, para evitar que tenha impedimentos da transferência da dívida de um banco a outro.

A avaliação do custo de aquisição do cliente está mais complexa, tendo em vista agora o sistema financeiro contar com fintechs com um modelo novo para originar operações, mais digital e, portanto, padronizar valores para toda a cadeia será um grande desafio.

Inovações Financeiras: PIX ou Sistema de Pagamentos Instantâneos e Portabilidade de Crédito publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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