O Porsche Boxster surgiu como um carro esportivo compacto e conversível, irmão do Cayman, tendo aparecido numa época em que a marca alemã havia acabado de encerrar com a carreira do modelo 928, que cedeu o lugar na linha da montagem para o novo carro, que prometia elevar muito as vendas do fabricante de Zuffenhausen.
O lançamento do Porsche Boxster foi de grande importância para a marca germânica, pois foi o primeiro roadster projetado do zero desde o famoso 550 Spyder, de 1955.
Além disso, o modelo garantiu ampliação das vendas ao atingir consumidores que antes não consideravam um produto do fabricante de esportivos.
Sendo ainda hoje um dos carros mais baratos da Porsche, o Boxster permite o acesso à marca e com um desempenho realmente muito bom, bem como traz o DNA da marca com motor central e tração traseira, embora nunca tenha sido oferecido com propulsor refrigerado a ar, como o 911 clássico.
No portfólio da empresa, o Porsche Boxster evoluiu em quatro gerações, mas sempre manteve a configuração original e recentemente recebeu uma nova nomenclatura, passando a ser chamado de Porsche 718 Boxster, o que não mudou em nada sua proposta de ser o abre alas da marca, depois de Cayman e Macan, que são os mais baratos.
Porsche Boxster
Para chegar ao Porsche Boxster, a marca teve que buscar o que havia deixado nos anos 50, a inspiração para um novo carro, que mantivesse o espírito do fabricante de Stuttgart.
Para isso, a empresa teria que resolver outro problema, a crise. Ao entrar na década de 90, a Porsche estava em sérios apuros e as chances de ser encampada pela Volkswagen eram grandes.
As vendas dos modelos 928 e 968, todos projetos dos anos 70 e com motorização dianteira, estavam em declínio e a Porsche precisava urgentemente de um sucessor.
Além disso, a montadora tinha enormes gastos com projetos independentes e consultou a Toyota para resolve-los, aprendendo a compartilhar peças e componentes entre os carros.
O designer Grant Larson foi escolhido para chefiar o desenho do novo carro, que estava nascendo junto com um irmão maior, a geração 996 do Porsche 911.
A ideia do projeto era buscar um roadster que realmente tivesse o DNA da marca e então Larson viu nos clássicos 356 Cabriolet e Speedster, bem como no 550 Spyder, a inspiração para o modelo.
A Porsche até chegou a usar o 968 como mula para o novo carro, mas este seria mais próximo do 996, embora com concepção mecânica diferente.
Larson introduziu o desenho de um roadster de motor central, como o 550 Spyder, diferindo assim dos 356 e 911.
Para reduzir os custos do projeto, o chamado Porsche 986 deveria compartilhar muitos itens com o 996, sendo que o principal deles era o motor boxer refrigerado a água M96. Mas, o futuro carro não ficou só nisso, ele também usou capô, faróis, saias dianteiras e interior do irmão maior.
O nome Boxster Concept apareceu no Salão de Frankfurt de 1993, mas o carro ainda estava longe de ficar pronto.
Havia um enorme risco para a Porsche, pois o M96 seria o primeiro boxer à água da marca alemã em sua história e era um caminho sem volta, pois, apesar de toda a tecnologia que se empregasse, a eficiência seria sempre menor e a emissão maior.
O Boxster deveria surgir para vender bem, enquanto o 911 996 não deveria fazer diferente do 993 anterior e até ganhar mais clientes com um desempenho melhor.
Infelizmente, essas duas gerações de Porsche acabaram por desvalorizar demais e podem ser encontradas pelo menor preço no mercado, perdendo apenas para o Cayenne.
Porsche Boxster 986
Lançado em 1996, o Porsche Boxster dessa primeira geração chegou ao mercado chamando atenção por resgatar uma concepção clássica da marca nos anos 50, apesar da refrigeração a água.
Além disso, era um alento, pois os 928 e 968 (944) existiam desde os anos 70 e seu estilo nunca foi agradável aos puristas.
Com 4,343 m de comprimento, 1,781 m de largura, 1,290 m de altura e 2,418 m de entre eixos, o Porsche Boxster tinha faróis circulares numa lente que se estendia sobre a base do capô, algo que seria visto mais tarde no Porsche 911 996.
A frente baixa e com entradas de ar laterais era atraente, assim como a traseira com lanternas envolventes. O escape único e centralizado era outro atrativo do produto.
A tampa do motor central era lisa e tinha uma luz enorme de freio auxiliar, assim como o habitáculo possuía duas barras fixas como proteção em caso de capotamento, além de uma tela para reduzir a turbulência no interior.
O Porsche Boxster tinha duas entradas de ar pequenas nas laterais, que junto com as dianteiras, ajudavam na refrigeração.
Para duas pessoas, o ambiente era bem esportivo e atraente. Bem diferente do vigente 911 993, o cluster do Porsche Boxster 986 vinha com três mostradores analógicos com displays digitais integrados com computador de bordo, hodômetros e relógio digital.
O conjunto era dominado pelo conta-giros, com velocímetro à esquerda e nível de combustível com temperatura da água no lado direito.
O painel era revestido em material soft na mesma cor do interior, tendo console central com difusores de ar e sistema de áudio e navegação (um dos primeiros do tipo) integrados.
Havia espaço para uma disqueteira de CDs e ar condicionado automático. O volante tinha três raios e nenhum botão, com o piloto automático em uma haste na coluna de direção.
Os bancos esportivos eram bem envolventes e o Porsche Boxster podia ter até telefone móvel… O ambiente tinha ainda vidros elétricos com comandos no túnel, assim como capota de tecido com acionamento elétrico.
Na atualização, o roadster ganhou volante multifuncional e detalhes em alumínio, além de mais luxo a bordo.
Também ganhou vidro na capota (antes era plástico) e teve mudanças na abertura de capô e tampa traseira, além de lanternas, para-choques e outros detalhes revisados.
Antes de sair de linha em 2004, teve uma edição de 50 anos do 550 Spyder com 1.953 unidades exclusivas.
Na mecânica, o Porsche Boxster usava essencialmente o boxer M96 de seis cilindros com 2.5 litros, que entregava 204 cavalos.
O câmbio podia ser manual ou automático Tiptronic, ambos com cinco marchas. Assim, o pequeno bólido ia de 0 a 100 km/h em 6,9/7,6 segundos, respectivamente. As máximas eram de 235/240 km/h.
Com centro de gravidade baixo e distribuição de peso quase perfeita com om motor central, o Porsche Boxster parecia ir muito bem em termos de projeto, mas o M96 começou a “fazer água”.
O bloco (ou carcaça) do propulsor apresentou falhas nos primeiros lotes, o que ocasionava mistura de água e óleo.
Mesmo sendo um problema estrutural no motor, oriundo de erros de fundição, a Porsche reparou todos os motores defeituosos e ao invés de troca-los. O problema da fundição (pois, camisas e bloco são fundidos numa única peça) só foi resolvido em 1999.
Nesse mesmo ano, a Porsche troca o M96 2.5 por duas variantes com 2.7 e 3.2 litros, que entregavam 220 e 253 cavalos, respectivamente.
Esses dois permitiram que o Boxster alcançasse os 100 km/h em apenas 5,9 segundos e com máxima de empolgantes 260 km/h, obtidos no propulsor 3.2 com câmbio manual, agora de seis marchas.
Porsche Boxster 987
Em 2005, o Porsche Boxster ganha sua segunda geração, a 987. Assim como a anterior 986, esta manteve o propulsor M96, já livre de problemas de fundição.
O propulsor boxer agora estava a bordo de um roadster de linhas bem mais fluidas e muito mais atraente, já sem os faróis puxados do modelo antigo.
Com projetores de xênon numa lente quase circular, o Porsche Boxster mantinha a aparência próxima do 911, mas a inspiração do estilo veio do Carrera GT. A frente tinha dois grandes conjuntos com repetidores de direção e faróis de neblina embutidos numa grade.
A carroceria era bem limpa e as entradas de ar laterais, maiores. Os retrovisores chamavam atenção pelo desenho bem aerodinâmico.
As lanternas traseiras eram maiores, mas a tampa do motor mantinha o mesmo design. As barras contra capotagem continuaram firmes e fortes no 987. O escape passava a ser duplo, mas centralizado ainda.
O interior ficou mais verticalizado, preservando o cluster triplo na mesma disposição, mas agora com difusores de ar circulares.
O console central formava um conjunto único com sistema de navegação, áudio, disqueteira para CDs, ar condicionado dual zone e outras funcionalidades.
O Porsche Boxster 987 ainda podia ter telefone móvel, mas agora com comandos dos vidros elétricos nas portas, assim como um enorme porta-luvas.
No Boxster S, por exemplo, cluster e outras partes tinham tonalidade cinza. O roadster tinha capota elétrica em tecido e uma variedade enorme de tonalidades e revestimentos internos, alguns de gosto bem duvidoso.
Com 4,359 m de comprimento, 1,801 m de largura e 1,295 m de altura, o Porsche Boxster 987 mantinha o mesmo entre eixos com 2,416 m.
Quase do mesmo tamanho, ele parecia bem maior com a mudança de estilo. O M96 2.7 passou a ter 240 cavalos e foi usado até 2008, ganhando em 2007 o VarioCam (comando de válvulas variável) e dispondo de 245 cavalos.
Já o 3.2 tinha 280 cavalos, mas só durou um ano, já que foi substituído pelo novo 3.4 litros de 295 cavalos, que permitiu ao Porsche Boxster 987 ir de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos com máxima de 272 km/h, usando câmbio manual de seis marchas.
O modelo ainda tinha o automático Tiptronic S, ainda com cinco marchas.
Em 2008, o Porsche Boxster 987 ganha duas importantes inovações mecânicas. A primeira é a injeção direta de combustível no M96, que agora tinha versões 2.9 e 3.4 litros, o que elevou a potência para 255 e 310 cavalos, respectivamente. Entretanto, tinha algo a mais, o câmbio PDK.
Este foi o primeiro automatizado de dupla embreagem da Porsche (e depois do grupo Volkswagen).
Chamada Porsche DoppelKupplungsgetriebe, a transmissão tinha sete marchas e pela primeira vez na história, tornava um sistema automático mais rápido que um manual, fazendo o Boxster S (Sport Plus) alcançar 100 km/h em 5,2 segundos, enquanto o manual fazia o mesmo em 5,3 segundos.
A final era de 272 km/h contra 274 km/h.
A atualização deixou o Porsche Boxster 987 mais sofisticado com o pacote Sport Design, bem como a introdução de spoilers agressivos, difusor de ar e rodas mais expressivas, além de alterações no escapamento (que voltou a ser único) e um ambiente mais rico.
Antes disso, porém, ganhou a série limitada de 60 anos do 550 Spyder.
Porsche Boxster Spyder
Essa influência forte do famoso bólido de James Dean se materializou em 2009 no Porsche Boxster Spyder.
Esta variante do 987 tinha como destaque a tampa do motor com duas protuberâncias que quase se moldavam aos arcos protetores na altura das cabeças de motorista e passageiro, algo visto apenas no condutor, quando comparado com o 550 Spyder.
Havia ainda uma barra entre eles com luz auxiliar de freio. Com lanternas em forma de folha e iluminação em LED, como na atualização do 987 regular, o Boxster Spyder tinha ainda um defletor de ar no final dessa nova cobertura. As rodas aro 19 eram exclusivas e a suspensão mais firme.
Com 80 kg a menos que o Boxster S, pesando assim 1.275 kg, o Boxster Spyder tinha ainda bancos esportivos em fibra de carbono e outros detalhes exclusivos, sendo equipado apenas com o M96 3.4 com 320 cavalos, sendo 10 a mais que o modelo S. A transmissão podia ser manual ou PDK.
Nesse mesmo ano, o roadster ganha seu irmão Cayman, vendido exclusivamente como um cupê.
Porsche Boxster 981
Em 2012, a Porsche transfere parte da produção do Boxster de Uusikaupunki, Finlândia, onde era feito pela Valmet (exclusivamente no caso do Boxster Spyder) para Osnabrück, na antiga fábrica da Karmann, que havia falido em 2010 e cuja planta fora encampada pela VW.
O maior volume continua até hoje em Zuffenhausen.
Essa alteração marca a chegada da terceira geração do Porsche Boxster, a 981.
Mais encorpado, esse modelo chegou com uma nova plataforma de 2,475 m de entre eixos, tendo ainda 4,374 m de comprimento e 1,282 m de altura, mas com os mesmos 1,801 m de largura.
Com faróis maiores e frente em cunha, o Porsche Boxster 981 reforçou a agressividade com frente adotando três entradas de ar, sendo uma central bem avançada, especialmente na versão GTS.
O roadster ganhou vinco mais pronunciados nas laterais e volume maior nas entradas de ar. Os retrovisores passam a ser apoiados nas portas.
Assim como as lanternas traseiras com LEDs envolventes, a frente também ganhou projetores de LED. O escape central duplo voltou, envolvido por difusores de ar maiores.
Por dentro, o ambiente ficou muito parecido com o do Porsche 911 991, especialmente com o console elevando-se do túnel em direção ao painel.
O cluster analógico continuou na mesma disposição, enquanto o volante de três raios ganhou um aspecto realmente mais esportivo.
Ar condicionado dual zone, multimídia PCM com navegador e câmera de ré, assim como difusores de ar compactos, chamam atenção, mas não mais que o relógio/cronômetro entre as saídas de ar centrais.
Também inspirado no 918 Spyder, o Porsche Boxster 981 adotou um chassi mais rígido e agora a motorização era a M97 com boxer de seis cilindros com 2.7 e 265 cavalos ou 3.4 com 315 cavalos. Mas, a versão GTS apareceu em 2015 com 330 cavalos neste último.
Pesando apenas 1.163 kg, essa variante radical do roadster baixou o tempo de 0 a 100 km/h para 4,7 segundos e com máxima de 279 km/h.
Entretanto, o Porsche Boxster 981 ganhou também uma variante Spyder com as mesmas elevações na tampa traseira e o defletor de ar junto das lanternas, pesando menos e ficando ainda mais possante, tanto que utilizou o boxer 3.8 do Cayman GT4, entregando assim 375 cavalos.
Ele baixou o tempo para 4,5 segundos e com final de 290 km/h. Apenas 2.400 foram fabricados, sendo 850 para os EUA.
Tecnologias como Porsche Torque Vectoring (PTV) e Sport Chrono, deixaram essa geração 981 ainda mais agressiva, dando ao Porsche Boxster um poder antes reservado apenas ao 911.
Ainda com um enorme boxer de seis cilindros em posição central, o roadster precisava ficar mais eficiente.
Porsche Boxster 982
Nesse pensamento, a Porsche resolve mudar quase tudo em 2016. Entra o Boxster 982, inspirado no modelo de competição 718 dos anos 50 e início dos 60.
Embora ainda mantendo a concepção central, a busca pelo clássico não foi em termos de estilo, mas de tamanho de motor.
A Porsche eliminou o M97 aspirado do 982, introduzindo um novo boxer, mas de quatro cilindros (como no 718) e com quatro comandos de válvulas e turbocompressor com intercooler.
Por causa disso, a marca renomeou tanto o Boxster quanto o Cayman com a designação 718, embora a dupla não tenha sido feita para competir, como no clássico, que nunca ganhou as ruas.
Com 2.0 litros, a variante mais fraca tinha 300 cavalos e 38,6 kgfm, durando apenas o primeiro ano/modelo do 718 Boxster.
A Porsche recebera uma avalanche de críticas da imprensa especializada por conta do propulsor turbinado, que tinha um som ruim e o desempenho inferior ao esperado.
Então, ela abandonou o menor, deixando apenas a variante 2.5 litros, que subiu de 345 para 366 cavalos em 2017. O torque passou de 42,6 para 43,7 kgfm.
Com câmbio manual ou PDK, ambos de seis marchas, o Porsche Boxster 982 alcança até 100 km/h em 4,1 segundos no Sport Chrono da versão GTS, limitando-se a 290 km/h.
Em estilo, o 718 Boxster manteve muito da geração 981, mas com visual atualizado para o conjunto ótico full LED com quatro LEDs diurnos individuais em cada lente.
O para-choque com frente dotada de grade contínua e traseira com lanternas de LED com um olhar mais aguçado, o roadster atual se mantém nas versões de acesso, S e GTS.
No interior, apenas o relógio analógico foi posicionado sobre o painel, enquanto o conjunto geral se assemelha demais ao 981.
Comenta-se que a próxima geração do Porsche Boxster será totalmente elétrica e esta decisão será tomada em 2019. Se isso ocorrer, provavelmente a plataforma será a MEB da Volkswagen.
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