Considerado um dos carros esportivos mais emblemáticos de todos os tempos, o Porsche Carrera GT ganhou fama e acumulou recordes em sua curta vida.
Vendido entre 2004 e 2007, o bólido alemão foi o suprassumo do desenvolvimento técnico da marca na época, sendo um carro bem exclusivo e para pouquíssimos bolsos.
Com apenas 1.270 unidades produzidas, o Porsche Carrera GT foi considerado o melhor carro esportivo dos anos 2000 pela Sports Cars Internacional e foi tido como a maior novidade de 2003 pela revista Popular Science.
Dotado de DNA das pistas, o superesportivo nasceu da larga experiência da Porsche em competições, inclusive adotando a famosa submarca do fabricante alemão.
Embora tenha sido breve em sua existência comercial, o Porsche Carrera GT foi o flag ship ideal em seu tempo e marcou a recuperação da marca depois da crise dos anos 90, quando lutou para não ser encampada pela Volkswagen, por conta de dificuldades financeiras.
Mesmo sendo um carro de rua, o Porsche Carrera GT foi pensado para as pistas e isso o tornou um carro realmente especial para entusiastas e colecionadores, graças à dinâmica de condução apurada e excelente performance.
Considerado um “carro perigoso” tanto por Jeremy Clarkson quanto por Jay Leno, o bólido é também excitante e desafiador. Infelizmente, essa fama pode ter cobrado um preço caro…
Porsche Carrera GT
O Porsche Carrera GT surgiu como um targa de motor central e silhueta baixa. Muito diferente do Porsche 911, o bólido até mantinha certa semelhança visual na parte frontal, com faróis duplos em lentes ovalizadas, tendo grandes entradas de ar no para-choque e poucos detalhes para marcar o layout.
Com laterais bem proeminentes, o Porsche Carrera GT apoiava os retrovisores sobre essas bases, que ainda eram marcadas por vincos acentuados nascidos nas saias de rodas dianteiras.
Esse vinco se converte em um corte na carroceria, onde a Porsche aproveitou o rebaixamento das portas para inserir parte das maçanetas.
Tendo saídas de ar entre as rodas dianteiras e as portas, o Porsche Carrera GT adotou entradas para refrigeração do motor logo antes do eixo traseiro, curvando a entrada destas de forma suave até as saias laterais inferiores, que possuem vincos pronunciados.
Além disso, o esportivo tinha ainda elevação acentuada até o eixo traseiro, muito mais distante do habitáculo que num 911. O motivo era o posicionamento central do propulsor. O para-brisa era estranhamente elevado e bem verticalizado, tendo colunas A até certo ponto espessas.
Já as colunas B formavam uma barra anticapotamento com dois arcos reforçados, unidos por uma barra com luz auxiliar de freio.
Apesar das pequenas elevações laterais sobre o cofre do motor, o Porsche Carrera GT nem se aproximava do 911 Speedster nesse aspecto, muito menos do clássico 356 Speedster. Também estava longe do 911 Targa.
O teto era removível, sendo assim considerado um targa. O Porsche Carrera GT tinha um aerofólio traseiro apoiado sobre as laterais da carroceria, mais elevadas e combinadas com as lanternas traseiras em LED, que tinham formato compacto.
Assim, o fluxo de ar passava sobre a tampa do motor e por baixo do defletor, entre o conjunto ótico traseiro.
O badge Carrera GT era a única identificação do bólido, que tinha para-choque traseiro integrado à carroceria com duas molduras, onde ficavam as duas bocas de escape e as luzes de neblina e ré.
Abaixo havia um grande difusor de ar triplo. Com cinco raios e parafuso central, as rodas do Porsche Carrera GT eram aro 19 polegadas na frente e 20 polegadas atrás.
Assim, o superesportivo era calçado com pneus de alta performance 265/30 ZR19 na frente e 335/30 ZR20 atrás. O Porsche Carrera GT tinha discos de freio de carbono-cerâmica de 15 polegadas e pinças de múltiplos pistões.
Por dentro, o ambiente é bem exclusivo e contava com painel em dois tons e console central que se ergue entre os bancos até o topo de conjunto frontal.
A alavanca de câmbio é bem elevada e era feita de madeira de faia no primeiro ano de produção, em homenagem aos carros de competição clássicos.
Porém, foi substituída por fibra de carbono no segundo ano de fabricação. A guarnição da parte central do conjunto era em alumínio e com alguns comandos, inclusive do freio de estacionamento eletrônico.
Havia um pequeno computador de bordo do sistema PCM no alto desse console, que tinha inclusive um sistema de navegação por GPS. Os difusores de ar lembravam grandes projéteis, enquanto o cluster era uma reprodução do 911, com cinco mostradores analógicos.
O volante de três raios era revestido em couro e sem comandos satélites. Já no lado do passageiro, o Porsche Carrera GT vinha com acabamento em alumínio numa proporção maior.
Esse metal também foi inserido no acabamento das portas.
O couro com tonalidades diversas cobria boa parte do habitáculo e era o mesmo dos bancos esportivos em estilo concha e com apoios de cabeça integrados, dotados de elementos vazados em alumínio.
O Porsche Carrera GT tinha um bom porta-luvas com chave. O bólido era oferecido nas cores Vermelho Guards, Amarelo Fayence, Preto Basalto, Prata GT e Cinza Seal.
A partida mantinha a chave de ignição do lado esquerdo, herança das pistas, onde era mais rápido entrar no carro e dar partida ao mesmo tempo em que engatava a marcha.
Materiais compostos
O Porsche Carrera GT foi construído com diversos materiais compostos e ligas especiais para reduzir peso. O monocoque era feito em fibra de carbono e subchassis com sistema de amortecimento independente, tendo ainda suspensão em alumínio e ajuste específico para pista e estrada.
Os amortecedores adaptativos eram acionados por hastes nas barras estabilizadoras, enquanto o fluxo de ar era diferenciado para criar um enorme efeito downforce.
Aliás, o aerofólio traseiro era móvel e elevava-se sempre acima de 70 km/h, garantindo a estabilidade em velocidades elevadas.
Sua construção era mais complexa, demorada e cara numa comparação com o Porsche 911. Feito em Leipzig, Alemanha, sendo desenhado por Harm Lagaay, o Porsche Carrera GT era apenas um pouco maior que o 997 da época.
Ele media 4,556 m de comprimento, 1,915 m de largura, 1,192 m de altura e 2,700 m de entre eixos, muito maior que nos 911 ou Boxster.
Tinha bagageiro de somente 100 litros e seu tanque levava 92 litros de gasolina. Pesando somente 1.380 kg, o Porsche Carrera GT tinha motor V10 5.7 de aspiração natural com injeção eletrônica multiponto, bem como duplo comando de válvulas nos cabeçotes.
Ele apresentava taxa de compressão de 12:1 e tinha potência de 612 cavalos a 8.000 rpm e torque de 60,2 kgfm a 5.750 rpm.
O Porsche Carrera GT foi vendido apenas com transmissão manual de seis marchas, enquanto a embreagem tinha duplo disco de cerâmica a seco.
Dessa forma, o bólido ia de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos e com máxima de 330 km/h, fazendo 2,7 km/l na cidade e 5 km/l na estrada. Apesar de baixo e com perfil bem limpo, o targa tinha somente coeficiente aerodinâmico de elevados 0,39 de cx.
Apesar disso, o Porsche Carrera GT era um carro que realmente flertava com os limites. Num teste em Nürburgring, feito por uma revista europeia, o bólido fez curvas com 1,35 g de força lateral, enquanto outra, americana, obteve nada menos que 1,4 g.
O modelo ainda chama atenção por não ter rádio, pois, a marca entendia que o ruído típico do V10 do GT era o melhor som a se ouvir.
Além disso, o Porsche Carrera GT nunca foi unanimidade para os entusiastas de alta performance, já que preparadoras como a Gemballa, customizaram o bólido para que alcançasse velocidades incríveis, como 400 km/h, por exemplo.
Quando chegou ao mercado em 2004, o Porsche Carrera GT custava uma bagatela de US$ 448.000 nos EUA! Era um valor realmente astronômico para um Porsche, mas não era um modelo qualquer. A previsão inicial era de que o carro venderia em torno de 1.500 unidades ao longo do tempo.
No entanto, a Porsche nem chegou perto disso. O motivo não seria exatamente o preço.
A marca foi obrigada a anunciar seu fim logo em 2005, devido a não conformidade do produto em relação à segurança no mercado americano, no caso, os airbags. Por conta disso, a fabricação foi acelerada até 2006, ano-limite para as vendas do Carrera GT nos states.
Quando foi encerrada, em 6 de maio de 2006, a produção do Porsche Carrera GT estava vendida e 1.270 exemplares encontraram seus donos, sendo que 644 deles moravam nos EUA, 49 no Reino Unido e 31 no Canadá, por exemplo.
Com o fim do Carrera GT, a Porsche entrou novamente em um limbo até o próximo super carro exclusivo. O anterior havia sido o icônico Porsche 959, que foi feito entre 1986 e 1993.
Então, em 2013, a marca de Zuffenhausen lançou uma nova máquina do desejo, o Porsche 918 Spyder, outro bólido com referência nas pistas.
Porsche LMP
A Porsche trouxe o DNA de carros de competição para desenvolver o Carrera GT. No final dos anos 90, a FIA e a ACO (maior associação de motoristas da França) haviam mudado as regras para os carros de competição em diversas categorias e isso atingiu em cheio os desenvolvimentos da Porsche para provas de endurance.
Carros como o Porsche 911 GT1 já não atendia aos requisitos e assim surgiu o LMP1-98, um bólido para correr em Le Mans.
A partir da experiência com esse protótipo de competição, conhecido como WSC-95, a marca iniciou o desenvolvimento do Carrera GT, que seria um automóvel para as ruas, mas com DNA de corrida. Houve ainda o LMP2000, uma evolução deste, que nunca correu.
No Carrera GT, o propulsor originalmente seria um boxer de seis cilindros, mas o fabricante alemão estava envolvido em um projeto secreto para a equipe de F1 Footwork em 1992.
Tratava-se de um motor V10 5.5 que acabou sobrando desse projeto e foi guardado. Anos depois, ele foi parar no conceito do superesportivo.
Como a Porsche queria fazer o Cayenne, o dinheiro para evoluir o motor foi desviado. Havia uma disputa de poder envolve Audi, Volkswagen e Porsche naquela época e o Carrera GT teria sido vítima disso até quando conseguiu converter o V10 5.5 para 5.7 e entrar em produção.
Carrera Panamericana
O nome deste esportivo remonta aos anos 50 e virou marca dentro da Porsche. Embora o projeto seja conhecido internamente como 980, o Porsche Carrera GT foi batizado em homenagem a uma prova chamada Carrera Panamericana (daí originando também o Panamera).
A corrida era no estilo das Mille Miglia e Targa Florio italianas, mas ocorrendo no México e indo de uma costa a outra do país.
A competição era classificada como a mais perigosa do mundo na época, sendo realizada de forma regular entre 1905 e 1954. A Porsche mesmo participou em categorias específicas vencendo em 1953 com o emblemático 550 Spyder.
Em 1955, a Carrera Panamericana foi encerrada, mas a Porsche se recusou a esquecer da prova, nomeando algumas versões de seus carros como Carrera, fazendo o mesmo com os de teto móvel, os Targa, em homenagem à italiana Targa Florio.
Nos anos dourados do automobilismo mundial, a marca alemã foi uma das protagonistas.
Em anos mais recentes, a partir de 1988, a corrida foi revivida, mas com carros antigos e clássicos, sendo mais um passeio de colecionadores que desejam rememorar os feitos do passado.
Nomes como Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio, Louis Chiron, Carroll Shelby, entre outros, imortalizaram a Carrera Panamericana e o Porsche Carrera GT faz jus ao nome que carrega, emocionante e perigoso.
Porsche Carrera GT e Paul Walker
No ano em que o sucessor do Porsche Carrera GT foi anunciado, o Porsche 918 Spyder, o mundo do automóvel foi abalado com a morte do ator Paul Walker, da franquia de filmes sobre carros de maior sucesso na história do cinema, Velozes e Furiosos.
Paul Walker, também entusiasta de automóveis, chegou a competir na categoria Redline Time Attack com um BMW M3 E92. Ele tinha uma coleção de 30 carros, incluindo cinco da Porsche, sendo 3 911 GT3 RS (997) e 2 911 Turbo (930). Infelizmente, o ator morreu a bordo de um carro e este era um Porsche Carrera GT, que era de seu amigo Roger Rodas.
Eles estavam em Santa Clarita, Califórnia, terra-natal de Walker. Era uma festa beneficente que o ator promovera para as vítimas do furacão Haiyan.
No retorno, Rodas perdeu o controle de seu Porsche Carrera GT, vindo a bater em um poste, explodindo e queimando totalmente. Ambos morreram no local.
A filha de Walker processou a Porsche em 2015, alegando que o Carrera GT tinha histórico de instabilidade e que o cinto de segurança tinha problemas em caso de colisão.
A briga com a marca acabou em um acordo entre as partes. A esposa de Rodas perdeu uma ação contra a empresa alemã.
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