O Volkswagen TL foi um modelo que chegou ao nosso mercado depois dos 12 anos iniciais de produção da VW no Brasil. Antes dele, o portfólio da marca alemã se resumia a três modelos, sendo eles Volkswagen Fusca, Kombi e Karmann-Ghia.
O fastback da montadora alemã chegou junto com a família 1600, que continha ainda a perua Variante e o sedã 1600L. Derivado do Typ 3 germânico, o modelo brasileiro teve uma carreira curta por aqui, finalizado por causa da evolução.
O Volkswagen TL trouxe não só estilo ao portfólio da marca, mas foi membro de uma família que chegou tarde demais ao mercado brasileiro, justamente num momento de transformação para a empresa.
Fabricado entre 1970 e 1975, o TL era um fastback que teve versões de duas e quatro portas, usando uma plataforma diferente daquela do Fusca e Kombi, bem como o famoso motor 1600 “plano”.
Volkswagen TL
O Volkswagen TL era um fastback e foi o primeiro com este estilo na marca em sua presença no Brasil, sendo que o segundo seria o Passat. Este último, porém, foi justamente aquele que viria a dar fim em sua breve existência.
Numa família de três modelos, o TL foi o último a aparecer, visto que o sedã 1600L – o famoso Zé do Caixão – havia sido lançado no Salão do Automóvel de 1968, enquanto a perua Variant apareceu em meados de 1969.
Apesar do grande incêndio na fábrica da VW na Anchieta, em 1970, o TL sobreviveu para entrar no mercado, onde teve uma atualização de estilo e foi o segundo carro da marca a ter quatro portas, sendo o 1600L o primeiro.
Equipado sempre com motor boxer a ar 1600, o TL teve desempenho mediano, mas trazia luxo e conforto que não cabiam no Fusca. Mantendo a arquitetura básica dos modelos mais antigos, ele ajudou a VW à ampliar seu mercado e liderança.
Volkswagen TL – Estilo
O estilo do Volkswagen TL não foi pensado para o Brasil, ele era alemão e derivado conceito EA97 de 1960, um projeto nunca usado na matriz. Embora poucos saibam, ele fez parte de uma grande família de carros da marca.
Inspirado no modelo alemão de 1966, o TL surgiu em 1970 com a frente truncada, com capô longo e envolvente, que tinha o logotipo da VW bem destacado na frente.
O conjunto tinha ainda quatro faróis num fundo cromado, sendo este visual a primeira atualização da família 1600, já que o Zé do Caixão e a Variant haviam surgido pouco antes com faróis simples quadrados.
O para-choque era laminado e baixo, tendo batentes igualmente cromados e a placa ficava abaixo do capô, entre os faróis. Já os piscas ficavam nos para-lamas e eram retangulares. Essa frente foi integrada aos irmãos 1600.
Esse Typ 3 brasileiro havia sido desenvolvido pelos designers brasileiros Marcio Lima Piancastelli e José Vicente Novita Martins, com base no Typ 3 alemão, porém, utilizando uma plataforma que não foi usada em Wolfsburg.
O projeto dos três carros deu tão certo que os três tinham o mesmo conjunto até as colunas B. Com base nisso, o TL tinha então para-brisa amplo e curvo, bem como bocal do tanque lateral na frente com tampa.
As saias de rodas tinham frisos cromados, assim como a base das portas e o vinco elevado, que ia até atrás. Janelas, vidro traseiro e para-brisa tinham detalhes cromados também.
Os retrovisores seguiam o mesmo padrão, tal como as maçanetas. As portas eram pequenas e tinham quebra-ventos, enquanto as janelas traseiras eram basculantes.
O Volkswagen TL vinha também com três entradas de ar nas colunas C, que desciam diretamente para a pequena tampa do motor, na traseira. A vigia traseira era bem inclinada e dificultava a visibilidade, mas era o estilo proposto.
As lanternas eram pequenas e retangulares, com um espaço entre elas para a placa, que tinham duas luzes de iluminação, enquanto a tampa do motor trazia de um lado “VW 1600” e do outro “TL”.
O TL significa Turismo Luxo. Laminado, o protetor traseiro tinha batentes verticais emborrachados como na frente e uma grade inferior, que cobria o silencioso transversal do escapamento, cuja saída era no lado direito.
Para manter a refrigeração do motor, o fastback brasileiro tinha três grupos de entradas de ar acima do friso cromado lateral, enquanto as rodas eram de aro 15 polegadas calotas centrais cromadas e pneus de faixa branca diagonais 165.
Por dentro, o Volkswagen TL era bem luxuoso para o padrão da marca, chamando atenção pelo painel em estilo jacarandá com a parte central elevada, que era revestida em material soft que encobria os difusores de ar segmentados.
O painel tinha velocímetro clássico da VW com iluminação verde, além de nível de combustível e relógio analógico. Havia ainda botões para os faróis e limpador do para-brisa, bem como cinzeiro tipo gaveta em posição central e acendedor de cigarros.
Já o porta-luvas tinha tampa e chave. O volante era grande e com buzina em estilo meia-lua, que geralmente ostentava o brasão de armas de São Bernardo do Campo, onde era produzido, mas podia vir ainda com um relógio analógico extra como acessório.
Os bancos eram em vinil e podiam ter quatro cores, sendo bege, marrom, preto ou vermelho, um luxo para a época. Dentro, cabiam cinco pessoas, mas as duas portas atrapalhavam bem. O rádio AM era outro item presente no TL, assim como a antena externa.
As portas tinham maçanetas embutidas e cromados, tendo os quebra-ventos como alívio para o calor em condução. Atrás, cinzeiros nos lados. O assoalho era mais amplo que o do Fusca, tendo pedais em disposição igual, assim como a posição da alavanca.
Para bagagens, o porta-malas dianteiro levava 267 litros, enquanto o traseiro podia transportar mais 344 litros de volume. Isso era possível por causa da altura reduzida do propulsor boxer, que era “plano” como da Variant.
Com o grave incêndio da Volkswagen em 1970, a montadora alemã teve enormes perdas e teria que descartar um produto das linhas de montagem afetadas, inclusive até recorrendo à pintura do Fusca na fábrica da Toyota, também em São Bernardo do Campo.
Assim, o 1600L acabou morrendo cedo e levando as quatro portas que os taxistas tanto apreciavam. Mas, a VW olhou para o TL e na linha 72, incorporou as duas portas adicionais, mantendo assim a opção no lineup, mas com a atualização visual do ano-modelo.
Atualização
O Volkswagen TL 1972 chegou cedo e trouxe uma frente bem modificada em relação ao visual quadrado do anterior. Esse layout aumentou o comprimento do fastback, que passou de 4,22 m para 4,32 m, mantendo o entre-eixos de 2,40 m.
A frente ficou mais proeminente e deixa o visual mais fluido. O capô agora não ia até a extremidade frontal, mas os faróis continuavam a ser um conjunto de quatro, com o facho baixo nas extremidades e o alto ao centro. Eles ficavam em molduras de cor cinza.
Com a frente mais baixa, o Volkswagen TL ganhava em aerodinâmica e estética, recebendo ainda um friso cromado junto ao logotipo VW. O para-choque continuou laminado, mas agora mais envolvente e com piscas integrados.
Os batentes verticais ficaram maiores e ampliaram a proteção emborrachada, que agora se estendia também ao frontal da lâmina. As saias de rodas e base da carroceria continuavam com frisos cromados, assim como os elevados, próximos das maçanetas.
Já as rodas continuavam com calotas cromadas, porém, as entradas de ar laterais passaram a ser contínuas, diferente do modelo anterior. O para-choque ficou mais baixo e ganhou as mesmas proteções extras do dianteiro. As lanternas não mudaram.
No interior, praticamente tudo igual. A novidade geral mesmo era a versão de 4 portas do TL, que trazia os taxistas de volta para as revendas Volkswagen, tendo portas menores na frente e quebra-vento falso nas de trás. Vigias nas colunas C surgiram também.
Internamente na VW, esta versão era conhecida como Modelo 109, enquanto a carroceria de duas portas foi a 107. A Variant nacional nunca ganhou quatro portas, assim como a Typ 3 alemã.
Em 1973, aparecia a Brasília, mas esta não atuou com quatro portas até 1978. Mesmo assim, roubou a atenção do TL, que nesse ano recebeu duas versões: Standard e Luxo. A primeira tinha acabamento mais simples e sem relógio, por exemplo.
A segunda mantinha o padrão, mas agora com lanternas duplas, as mesmas da Variant. Em 1974, o Volkswagen TL perdeu calotas cromadas e batentes. Um duro golpe foi a chegada do moderno Passat, o primeiro VW nacional com motor refrigerado à água.
Igualmente fastback, o Passat tinha quatro opções de acesso na carroceria, tendo prevalecido aquela de duas portas, porém, tinha quatro portas também. Sem poder brigar com o futuro, o Volkswagen TL morreu em 1975, mas ainda tendo modelos 1976.
Pouco depois a Variant mudava para a segunda geração, projetada nacionalmente, morrendo assim o último Typ 3 nacional. O TL abriu as portas para o Passat, que viria a ser sucesso.
Volkswagen TL – Motor
Em 1968, o Volkswagen 1600L surgia com uma proposta de sedã com linhas quadradas e um formato padrão do segmento, porém, ele não tinha o mesmo aproveitamento de espaço do Volkswagen TL, que veio depois.
O propulsor dele era o boxer 1600 a ar, mas em configuração similar ao de Fusca, Kombi ou Karmann-Ghia, com radiador de ar elevado, assim como dinâmico e distribuidor. Isso deixa o cofre atrás apenas para o motor.
Para a Variant, a VW precisou reduzir a altura do boxer a ar para ampliar o porta-malas e o acesso, estendendo a modificação também para o TL em 1970, já que este compartilhava muitos itens com a perua.
Esse motor boxer 1600 a ar era igual ao do Fuscão, Karmann-Ghia e demais que o usaram, mas os periféricos eram distintos. A caixa de ar, por exemplo, passou para um corpo na frente do motor, tendo a polia do virabrequim com ventoinha embutida.
Nesse corpo de metal, eram distribuídos os fluxos de ar para as extremidades dos cabeçotes de comando simples, que eram cobertos por capas metálicas pretas, que auxiliavam na refrigeração.
O dinâmico passou a ser de lado e mais baixo, acionado por correia em uma capa preta de metal. O distribuidor era mais baixo, enquanto os carburadores tinha coletores igualmente reduzidos.
Para os dois carburadores, havia um coletor de ar único que os ligava ao filtro circular, tudo compactado. O mesmo em relação às varetas de acionamento dos mesmos. Radiador de óleo e bobina ficavam deitados. A engenhosidade da VW surpreendia nesse caso.
Os motores “planos” foram usados nos TL, Variant, Variant II, SP1, SP2 e Karmann-Ghia TC, além das Kombi Touring e Safari até 1983, quando a produção dessa configuração deixou de ser feita.
No TL, o boxer de quatro cilindros e 1.584 cm3 tinha 65 cavalos brutos a 4.600 rpm e 12 kgfm a 3.000 rpm, tendo câmbio manual de quatro marchas e tração evidentemente traseira.
A suspensão dianteira era por barras de torção (e não por feixes, como no Fusca) com amortecedores, enquanto a traseira usava eixo de torção com facões, igualmente com amortecedores. O TL ia de 0 a 100 km/h em 20,5 segundos e tinha máxima de 135 km/h.
O consumo ficava em torno de 7 km/l na cidade e 9 km/l na estrada, tendo um tanque de combustível com 40 litros, localizado na frente, onde ficava também o estepe em posição vertical. Ao todo, foram feitos 109.515 unidades do Volkswagen TL.
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