terça-feira, 17 de março de 2020

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

O Porsche 356 foi o primeiro carro feito em série pela Porsche. Projetado por Ferdinand ‘Ferry’ Porsche, o esportivo que se tornaria famoso anos depois, nasceu como Porsche 356, mas não na Alemanha.

O 356 foi um marco para a Porsche, cujos engenhos lendários dos anos 30, criados por célebre engenheiro austríaco Ferdinand Porsche, já tomavam forma nos primeiros anos do pós-guerra.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Ferry e sua irmã Louise, decidiram que criar uma montadora para produzir carros em série, algo que seu pai não havia feito. O Porsche 356 foi o início de tudo isso, em Gmünd, Áustria, no ano de 1948.

Para criar esse bólido, Ferry contou com ajuda de Erwin Komenda, o renomado designer que criaria ainda o Porsche 911, anos depois. Embora pequena, a Porsche tinha o potencial de criar novos produtos e o fez em poucos anos.

Porsche 356

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

O Porsche 356 foi um esportivo compacto que surgiu em 1948 como um roadster, mas ao longo de seus 17 anos de vida, teve carrocerias cupê e conversível, sendo que a Speedster era a proposta citada acima.

Ele teve quatro fases, conhecidas como Pré-A, A, B e C, cada uma com alterações no estilo e mecânica, que o tornaram famoso tanto original quanto como réplica. É um carro tão desejado ainda hoje, que existem milhares de réplicas.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Algumas delas custam tão caro quanto um Porsche 911 usado, para termos uma ideia. Além disso, o 356 fez com que uma réplica nacional fosse considerada a mais perfeita do mundo, declarada pela própria marca alemã.

De fábrica, o Porsche 356 ganhou o mundo em poucos anos, assim como seu “primo” Fusca, com o qual compartilhava a herança mecânica. Os dois cruzaram o Atlântico e conquistaram os americanos, encantados com os novos carros alemães.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Construído sobre um chassi tubular com carroceria de aço, o 356 tinha motor traseiro boxer refrigerado a ar e espaço interno 2+2, além de uma dinâmica de condução leve e esportiva, que fez fama.

Simples mecanicamente, o Porsche 356 não precisou de tecnologias avançadas para andar bem dentro ou fora das pistas de corrida, mas o sucesso da marca nestas, fez com que ele brilhasse ainda mais nas ruas.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Purista ao extremo, o 356 não exigia luxo, mas apenas o necessário para dar ao condutor o prazer em dirigir, mesmo que não ostentasse um propulsor grande e potente, como os carros americanos da época, por exemplo.

Com equilíbrio nas formas, especialmente no belíssimo Speedster, o Porsche 356 deixou num legado de estilo e performance que a Porsche transmitiu ao 911, que chegou a resgatar a versão citada acima em algumas edições.

Pré-A

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Três anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa ainda removia os escombros, mas o desejo de seguir em frente era velado, especialmente na Alemanha e o Porsche 356 apareceu na vizinha Áustria, como sinal dos novos tempos.

Fabricado em Gmünd, onde Ferry iniciou a Porsche Konstruktionen GesmbH, o 356 surgiu com carroceria de alumínio, feita à mão e com espaço para duas pessoas. O primeiro exemplar, tipo como “Protótipo Nº1” apareceu em 8 de junho.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Embora Ferdinand Porsche tenha feito três carros de corrida (Typ 64) em 1939, o 356 é contado como o primeiro carro da marca feito em série. O modelo austríaco logo recebeu uma carroceria cupê, ainda em alumínio.

Com mecânica Volkswagen modificada, o Porsche 356 tinha um boxer de quatro cilindros, refrigerado a ar e com 1.100 cm3. Seu câmbio era de quatro marchas e a tração, assim como o propulsor, era traseira. Tinha 35 cavalos, depois 40.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Tendo bitolas estreitas, sua carroceria larga avançava sobre as rodas, tendo linhas suaves e um corpo que ia se estreitando em direção à traseira. O capô era longo e curvilíneo, enquanto a cabine era curta e dotada de duas portas.

A queda suave do teto em direção ao cofre do motor foi uma de suas marcas, que ainda incluíam faróis circulares grandes e diminutas lanternas redondas na traseira.

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Em pouco tempo, a produção da Porsche Konstruktionen GesmbH não dava mais conta e, em 1949, até o nome da empresa mudou para Dr. Ing. hc F. Porsche GmbH, uma homenagem em vida ao Doktor Ingenieur Honoris Causa.

No ano seguinte, a Porsche mudou a fabricação do 356 de Gmünd para Zuffenhausen, um distrito de Stuttgart, Alemanha. A partir dai, a produção teve que ser industrializada e não havia mais espaço para construção à mão.

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Para que o 356 pudesse ser feito em escala maior, a empresa Reutter foi contratada e depois adquirida, para fazer as carrocerias em aço. Mais tarde, a divisão de assentos dessa empresa se tornou a famosa Recaro.

Em 1951, surgiram duas novas opções de motor, sendo o 356 1300 com 44 cavalos e o 1500 com 55 cavalos, que permitia ao modelo alcançar 160 km/h e ir de 0 a 100 km/h em 15,4 segundos. O 1300S de 60 cavalos substituiu o 1100 em 1953.

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O Porsche 356 Pré-A tinha carrocerias cupê (2+2) e conversível (2 lugares), mas em 1954, Max Hoffman, o representante da Porsche nos EUA, pediu que se fizesse uma variante do conversível mais simples e com para-brisa reduzido.

Esta versão não teria nem vidros laterais ou uma capota retrátil. Com linhas mais baixas, ficou conhecido posteriormente como Porsche 356 Speedster. Hoffman queria 356 Continental, mas a Ford o processou. O 1500 S chegou a ter 70 cavalos.

Porsche 356 A

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Em 1955, o Porsche 356 passou por mudanças e o anterior ficou conhecido como 356 Pré-A. Agora, o “novo” carro era chamado de 356 A. Embora tenha havido uma certa indecisão sobre a designação do produto, ele seguiu como 356.

Hoje, são raros os 356 “Continental” e “European”, vendidos anos EUA em 1955. O Porsche 356 A foi vendido nas carrocerias Coupé, Cabriolet e Speedster, mas em 1958, surgiu o Cabriolet D (“D” de Carrozzerie Drauz, de Heilbronn).

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Este era uma versão com teto retrátil do Speedster, tendo para-brisa mais alto e vidros nas portas com manivelas. Além disso, tanto este quanto os 356 Cabriolet e Speedster, tinham opção de um teto rígido fixo, o “Hardtop”.

Com alguns aperfeiçoamentos técnicos e de acabamento, como o painel acolchoado, o Porsche 356 A ganhou poder com os novos motores boxer a ar de origem VW, mas de engenharia Porsche. Ou seja, antecipavam o futuro desses propulsores.

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Além dos 1300 e 1300S, o 356 A teve ainda o 1500 no GS Carrera Gran Turismo, que foi o primeiro modelo da Porsche a ostentar essa designação, hoje parte do 911. Esse motor herdado do 550 Spyder, entregava nada menos que 110 cavalos.

O Porsche 356 A ainda teve três opções de motor 1600, todos com dois carburadores duplos Zenith, entregando assim 60, 75 e 105 cavalos, respectivamente, nos 356 1600, 1600 S e 1600 GS Carrera.

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Com a fama da Carrera Panamericana no México, tradicional competição próxima da fronteira com os EUA, o Porsche 356 A se tornou cada vez mais desejado no mercado americano.

Tendo painel com três mostradores circulares de linhas clássicas, um volante de dois raios metálicos com acabamento em madeira e chave de partida do lado esquerdo, herança das pistas, o Porsche 356 A não tinha equivalente no mundo.

Porsche 356 B

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Por quatro anos, a Porsche produziu o 356 A, até que em 1959, decidiu dar um visual mais encorpado ao esportivo, que passou a ser conhecido como Porsche 356 B. Esse foi um movimento que iria acabar gerando o 911.

Com o mesmo para-brisa curvado, característica do 356 A em relação ao Pré-A, o 356 B herdou ainda os motores possantes, fazendo o mesmo que o anterior, alcançando a marca de 200 km/h.

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Sua carroceria é diferente, tendo prolongamento retilíneo sobre os para-lamas, projetando assim os faróis circulares e deixando o capô baixo. Os para-choques eram mais alongados e as lanternas traseiras passaram a ser duas ovais.

Sua estética contribuiu para o surgimento do Porsche 911, quatro anos depois. Embora seja bem parecido com este, o 356 B ainda mantinha um certo ar austero dos primeiros modelos da marca, porém, não condizente com o polido Speedster.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Maior, o 356 B ganhou ainda um teto rígido diferenciado, construído pela Karmann, em Osnabrück. Com formas mais elaboradas e luxuosas, o modelo tinha batentes cromados nos para-choques e muito mais cromo no exterior.

Uma tampa do motor com dupla abertura, assim como modificações nos acessos ao porta-malas, visando maior capacidade, foram vistas a partir de 1962.

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Por dentro, o luxo também havia aumentado. Em decorrência dessa mudança de perfil, o 356 B Speedster deixou de ser feito em 1962. Na mecânica, a força aumentou na mesma medida do acabamento.

As versões Super 90 (famosa como réplica da Envemo) e Carrera chegaram a usar uma geometria diferente na suspensão traseira, para reduzir a tendência de sobreviragem.

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Os 356 B Carrera GT e GTL (Abarth) tinham 115 cavalos no motor 1600, mas o Porsche 356 B 2000 GS Carrera 2 alcançava 130 cavalos no novo boxer 2000. Este ainda chegaria a 155 cavalos no 2000 Carrera GT, feito para as pistas.

Esse “GT3” da época tinha várias partes construídas em fibra de vidro e tinha um tanque de 110 litros contra 50 normalmente usado nas demais versões. Os motores 1600, 1600 S e 1600 Super 90, tinha 60, 75 e 90 cavalos.

Porsche 356 C

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Em 1963 surge o Porsche 911 (901), que daria continuidade ao legado do 356. Porém, o modelo não morreria de imediato, surgindo assim o Porsche 356 C. O modelo apresentava como evolução, os freios a disco nas quatro rodas.

Também mantinha os mesmos motores 1600 usados no 356 B, ganhando ainda uma versão SC com 95 cavalos para corridas. Com o 911 tendo um boxer de seis cilindros como padrão, o 356 C parecia ter algum futuro.

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

De imediato, o público não gostou do 911, o que ajudou a manter o 356 C em produção por mais tempo. Ele é quase similar em aspecto ao 356 B e tinha alguns acessórios, como diferencial de deslizamento limitado.

Na mecânica, o 356 C 1600 tinha 75 cavalos, enquanto o 1600 SC entregava os já mencionados 95 cavalos. Em 1965, a comercialização encerrou, mas no ano seguinte, a polícia rodoviária holandesa recebeu os 10 últimos Porsche 356.

Réplicas

Porsche 356: a história do primeiro carro feito em série pela marca

Um legado do Porsche 356 foi a permissão da marca em autorizar a replicação do modelo, geralmente em carrocerias de fibra de vidro com mecânica Volkswagen 1200, 1600 ou 1700.

No Brasil, a precursora foi a Envemo, empresa conhecida por carros fora-de-série, reconstruiu o Porsche 356 B Super 90 através de um modelo original, construindo a réplica em fibra de vidro com motor 1700 do VW SP2.

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O modelo foi levado para a Alemanha e apresentado à Porsche, que elogiou o trabalho e considerou esta, a réplica mais perfeita do Porsche 356. Outras empresas nacionais seguiram os passos da Envemo, entre elas a Chamonix.

No exterior, as réplicas do Porsche 356 possuem também boa quantidade de peças originais, incluindo algumas dispõem de certificados de originalidade dados pela Porsche, que cede até planos industriais para perfeição da cópia.

O Porsche 356 da Studebaker

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Em 1953, a marca americana Studebaker pediu um projeto de sedã com base no Porsche 356. A empresa austro-germânica desenvolveu um modelo com base no projeto Porsche 530, iniciando a marca em projetos terceirizados.

Este era um cupê maior, com portas ampliadas e entre-eixos alongado, que acabou não indo para frente. Já o sedã da Studebaker virou o Porsche 542, que tinha motor traseiro V6 com 2.0 litros a ar (L) ou água (W).

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A Studebaker não gostou, pois queria um carro maior e de motor frontal, mas aprovou o V6 à água. Um novo carro, chamado Z-87, foi finalizado com motor dianteiro. Contudo, o estilo ficou antiquado três anos depois e não vingou.

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