terça-feira, 17 de março de 2020

Composição do Livro “A Busca: Energia, Segurança e a Reconstrução do Mundo Moderno”

Daniel Yergin descreve como compõe seu livro “A Busca: Energia, Segurança e a Reconstrução do Mundo Moderno” (Rio de Janeiro: Editora Intrínseca; original “The Quest: Energy, Security, and the Remaking of the Modern World” publicado em 2011).

A Parte Um deste livro descreve o mundo novo e mais complexo do petróleo surgido nas décadas após a Guerra do Golfo. O drama básico do petróleo — a luta pelo acesso, a batalha pelo controle, a geopolítica que molda tudo isso — continuará sendo um fator decisivo para nosso mundo em mudança.

A China, que há duas décadas não figurava na equação global da energia, desempenha um papel fundamental nesse novo mundo. Isso é verdade não apenas por ela ser a “oficina do mundo” em termos da indústria manufatureira, mas também devido ao maciço processo de construção nacional que está acomodando os vinte milhões de pessoas que migram anualmente das regiões rurais para as cidades.

A Parte Dois gira em torno da segurança energética e do futuro da oferta de energia. Será que o petróleo do mundo vai acabar? Senão, de onde ele virá?

Entre as novas fontes estará o gás natural, com sua crescente importância para a economia global. A rápida expansão do gás natural liquefeito (GNL) está criando outro mercado global de energia. O gás de xisto (shale gas), a maior inovação em energia desde o início do século XXI, tornou uma escassez iminente nos Estados Unidos no que pode vir a ser abastecimento suficiente para cem anos e pode fazer o mesmo em outras partes do mundo. O gás de xisto está alterando de modo drástico as posições competitivas em diversas áreas, da energia nuclear à energia eólica. Além disso, alimentou, em um período notavelmente curto, um novo debate ambiental.

A Parte Três trata da Era da Eletricidade. Desde quando Thomas Edison colocou em operação, em Manhattan, a primeira usina elétrica dos Estados Unidos, o mundo tornou-se cada vez mais movido a eletricidade. Nos países desenvolvidos, a eletricidade é dada como certa; sem ela, o mundo não funciona. Nos países desenvolvidos, a eletricidade é dada como certa; sem ela, o mundo não funciona. Nos países em desenvolvimento, sua escassez afeta a vida das pessoas e o crescimento econômico.

Hoje, novos dispositivos e aparelhos que não existiam há três décadas — de computadores pessoais e aparelhos de DVD a smartphones e tablets — exigem o aumento da oferta de eletricidade (o que poderíamos chamar de gadgiwatts). Suprir as necessidades futuras de energia elétrica significa tomar decisões desafiadoras, e às vezes sofridas, quanto à escolha do combustível que será necessário para manter as luzes acesas e permitir que a energia seja transmitida.

A Parte Quatro narra a história, pouco conhecida, da transformação da mudança climática — assunto que antes interessava apenas a um punhado de cientistas — em uma das questões dominantes relacionadas ao futuro.

O estudo da mudança climática começou por mera curiosidade nos Alpes, nos idos de 1770. No século XIX, alguns cientistas começaram a pensar sistematicamente no clima, mas não porque estivessem preocupados com o aquecimento global. Ao contrário, temiam a ocorrência de uma nova era glacial.

Somente no final da década de 1950 e início da de 1960 alguns pesquisadores começaram a medir a elevação dos níveis de carbono na atmosfera e avaliar sua possível relação com o aumento das temperaturas. O risco, concluíram, não era de resfriamento global, e sim de aquecimento. Porém, foi só no século XXI que a questão da mudança climática começou a ter efeitos mais impactantes nas decisões de líderes políticos, CEOs e investidores — chegando até a ser matéria de votação na Suprema Corte dos Estados Unidos.

A Parte Cinco descreve as novas energias — o “renascimento das energias renováveis” — e a evolução da tecnologia. A história do setor de energias renováveis é marcada por inovações, empreendedorismo, batalhas políticas, controvérsias, decepção e desespero, recuperação e sorte. O setor apresentou um crescimento enorme, mas está chegando a hora em que será preciso demonstrar se as energias renováveis poderão, de fato, ser comercializadas em grande escala.

Há uma fonte de energia fundamental que as pessoas em geral desconsideram. Às vezes, é conhecida como conservação; outras, como eficiência. Trata-se de algo difícil de conceituar e de mobilizar; ainda assim, pode dar a maior contribuição de todas para o equilíbrio energético num futuro próximo.

Todos os temas convergem para a questão do transporte, especificamente do automóvel. Parecia bastante claro que a corrida pelos automóveis para o mercado de massas estava decidida há exatamente um século, com a vitória esmagadora do motor de combustão interna. Entretanto, a volta do carro elétrico — nesse caso, abastecido não apenas por sua bateria, mas também por políticas governamentais — está reiniciando essa corrida. Será que a eletrificação completa vencerá desta vez?

Se o carro elétrico comprovar, de fato, sua competitividade, ou pelo menos sua competitividade em determinadas circunstâncias, o resultado remodelará o mundo da energia.

O carro elétrico, porém, não é o único concorrente. Há uma corrida também pelo desenvolvimento de biocombustíveis — ou seja, “plantar petróleo” em vez de perfurar poços. Tudo isso nos leva a uma pergunta crucial: será que o carro elétrico ou os biocombustíveis derrubarão o petróleo de seu trono no reino dos transportes?

Podemos ter certeza de, nos anos vindouros, surgirem novas “surpresas” capazes de abalar o consenso atual. Elas mudarão as perspectivas, redirecionarão tanto as políticas quanto os investimentos e afetarão as relações internacionais.

Essas surpresas podem ser choques de um tipo ou de outro — de levantes políticos a guerras, terrorismo ou mudanças abruptas na economia. Ou podem resultar de acidentes ou da fúria da natureza. Ou, ainda, consequências de revoluções tecnológicas imprevistas que gerarão novas oportunidades.

De uma coisa, porém, podemos ter certeza: nos anos vindouros, o apetite mundial por energia aumentará bastante. Os números absolutos são assombrosos. Qualquer que seja o mix que está por vir, a energia e seus desafios serão decisivos para o nosso futuro

Composição do Livro “A Busca: Energia, Segurança e a Reconstrução do Mundo Moderno” publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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