O fechamento da fábrica da Ford, no bairro de Taboão, em São Bernardo do Campo, virou uma questão de Estado em São Paulo. Procurado pelo prefeito da cidade da região metropolitana da capital, Orlando Morando, o governador João Doria Jr decidiu entrar na questão.
Em reunião, que teve ainda a presença de Lyle Watters, o presidente da Ford no Brasil, ficou decidido que o governo de São Paulo irá ajudar na manutenção de empregos e da estrutura fabril da empresa com a busca por um novo comprador para a fábrica.
Com o objetivo de manter empregos e fábrica, João Doria Jr não pode evitar o fechamento da unidade, já que a decisão veio de Dearborn, Michigan, onde fica a sede mundial da Ford. O processo de fechamento levará alguns meses e os empregos estão assegurados até pelo menos o fim do ano.
Assim, o governo estadual terá alguns meses para ajudar a Ford à encontrar um novo comprador para a fábrica. Coincidentemente, a mesma fábrica que hoje está sendo fechada pela montadora americana, pertencia à extinta Willys Overland do Brasil, que foi encerrada em 1967 e teve a planta de Taboão, assim como de Taubaté, vendida para a Ford.
Agora, é a vez da Ford passar a bola para frente, no caso desta unidade, já que garantiu à Doria que a planta do Vale do Paraíba, onde estão empregados 1,6 mil pessoas, assim como a pista de testes de Tatuí e o centro de distribuição de peças em Barueri, continuarão com a companhia. Estas duas últimas unidades empregam 440 pessoas. O centro administrativo da instalação continuará na cidade.
Para São Bernardo do Campo, além do impacto trabalhista com 2.800 funcionários em risco de desemprego, a cidade perderia em arrecadação, já que Taboão recolhe anualmente R$ 4 milhões em ISS e R$ 14 milhões em ICMS. Mas, eis que vem a pergunta: Quem vai comprar a Ford Taboão?
De acordo com Doria, poderão comprar empresas nacionais e internacionais. O complexo emprega 2.800 nas linhas de montagem e outros 2.000 de fornecedores e sistemistas. Os 1.200 da parte administrativa permanecerão na Ford. O governador, no entanto, salientou que não pode exigir do comprador, a manutenção de todos os postos de trabalho.
Mas, de qualquer forma, afirma que a venda da fábrica no atual panorama econômico e político do país é mais favorável do que no ano passado, quando a Ford secretamente tentou passar a planta para outro fabricante, mas não obteve sucesso. Na ocasião, imperava no país incertezas quanto ao futuro.
Com a definição da posição do Brasil, o mercado está novamente animado com a possibilidade de crescimento econômico e é aí que o governo de SP acredita que pode ser mais fácil achar uma empresa interessada em Taboão. Agora, quais fabricantes poderiam adquirir a unidade da Ford?
Chineses em alta
Pelo tamanho e foco na produção de caminhões, embora faça o New Fiesta, a fábrica paulista poderia ser adquirida por um grupo com olhos na expansão na região. Fabricantes já presentes por aqui, como Scania, Volvo, Mercedes-Benz e Iveco, já possuem suas plantas, assim como Agrale, MAN e DAF.
Nesse ambiente de fabricantes ocidentais de caminhões e ônibus já consolidados no país, os chineses aparecem como potenciais compradores, pois estão expandindo suas operações no mercado internacional, comprando empresas e fábricas.
A Foton seria exceção, já que tem um parque industrial no RS, enquanto a BYD apostou nos elétricos em Campinas. A Sinotruk iria construir uma fábrica em Lages-SC, mas seus planos agora estão no Paraguai. A Shacman é outra chinesa que não conseguiu erguer uma fábrica no Brasil, que seria em Tatuí.
Grupos maiores, como FAW e Dongfeng, por exemplo, possuem parques industriais gigantescos na China, assim como a JAC Motors, que também tentou fazer caminhões aqui.
No caso de automóveis, a situação se complica mais se vislumbrarmos os fabricantes globais já estabelecidos. Sabe-se que a Mazda tem interesse no Brasil, mas uma planta enorme como Taboão, seria um passo muito longo para a marca japonesa em retorno ao país.
A Hyundai, por exemplo, teria uma boa oportunidade na região, mas custos operacionais mais altos do que no interior do estado, poderiam afastar a sul-coreana do ABC. Piracicaba trabalha no limite da capacidade. Para a Kia Motors seria interessante também, mas dependeria de investimento pesado da Coreia do Sul e do grupo Gandini, seu representante local.
A Toyota está em processo de expansão em Sorocaba e modernização nas outras plantas, isso sem contar a unidade de SBC. A CAOA agora tem 2 fábricas para a Chery e não precisará de Taboão. De fora, além do interesse da Mazda, somente marcas chinesas em expansão global poderiam fazer a oferta, tais como Geely, Changan (que retorna no meio do ano e é sócia da Ford na China), SAIC e GAC.
No mais, antes de qualquer oferta, é o potencial de crescimento do mercado brasileiro nos próximos anos, que será o motivo entre investir ou não no país. A projeção é de que o mercado volte a ser como o de 2012, somente em 2022, por causa da crise. Por ora, o mercado ainda está muito abaixo do desejável para uma operação nova de tal tamanho. Agora é esperar para ver.
[Fonte: Folha]
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