O pesadelo de todo empreendedor rural é a dívida agrícola. Ela pode ser um verdadeiro peso nas costas do produtor que deseja ver seu negócio crescer. Afinal, com suas finanças comprometidas, fica muito difícil buscar alternativas de investimento para aplicar em sua produção.
Pensando nisso, criamos este post, um verdadeiro guia para aqueles que estão tentando sair do vermelho e garantir a expansão dos seus negócios de forma sustentável e sem complicações. Acompanhe!
O que leva o produtor rural à inadimplência?
São muitos os custos operacionais relativos à atividade do agricultor. Para obter uma safra rentável, é comum o produtor rural investir no que pode garantir melhores resultados, como:
- manutenção de máquinas;
- compra de insumos, como defensivos e fertilizantes;
- contratação de mão de obra.
No entanto, na atividade agrícola, o retorno dos investimentos não é tão previsível. A próxima safra sempre é cercada por muitas dúvidas:
- Em condições normais, quanto será necessário aplicar em termos de recursos financeiros para conseguir uma boa safra?
- Como devo precificar meu produto para ter uma margem de lucro satisfatória?
- O investimento inicial se tornará uma dívida com instituições financeiras após a colheita?
O pior pode acontecer quando a safra não vem de acordo com o que foi planejado, transformando a dívida em uma bola de neve. Nesse contexto, o agronegócio se tornou um dos setores que mais recorreu a financiamentos para dar conta dos elevados custos operacionais. Somente em 2018, a dívida do produtor rural no Brasil chegou a R$280 bilhões.
Pessoas (físicas ou jurídicas) endividadas acabam perdendo credibilidade no mercado, o que gera um grande problema na hora de buscar recursos para arcar com os custos da próxima produção. Em decorrência disso, o produtor recorre a terceiros. E o que antes parecia um crédito facilitado, torna-se um acúmulo de juros sobre juros, mergulhando o produtor em um abismo de dívidas.
Portanto, os motivos por trás dessa confusão financeira são:
- imprevisibilidade dos resultados da safra e dos preços praticados na comercialização dos produtos;
- imprevisibilidade do clima;
- falta de conhecimento administrativo;
- falta de proteção às lavouras;
- falta de um sistema educacional rural eficiente;
- deficiência da tecnologia aplicada à atividade agrícola.
A boa notícia é que isso pode ser revertido. Confira quais passos você pode tomar para sair do vermelho e ver suas finanças andar nos trilhos.
Como renegociar a dívida?
É importante que o produtor rural com dívida agrícola fique atento a programas do governo que oferecem vantagens para a liquidação de passivos. É o caso do programa BNDES Pro-CDD Agro — Composição de Dívidas Rurais. Trata-se de um sistema de financiamento para produtores rurais que não tenham conseguido arcar com suas dívidas em virtude de problemas na safra, dificuldade de comercialização, entre outros motivos.
Dessa forma, dívidas com fornecedores e instituições financeiras (mesmo que pela Cédula de Produto Rural ou Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) e dívidas de operações de crédito rural de custeio ou de financiamento podem ser cobertas por esse fundo do BNDES.
Além disso, os produtores que contraíram dívidas até 2015 também podem buscar a linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), por meio do qual é possível conseguir descontos significativos para a liquidação dos passivos. O empreendedor precisa acompanhar as normas desses programas, pois há mudanças a cada ano.
Tendo em vista a importância do setor na economia nacional, o governo sempre cria leis e programas para ajudar os agricultores nas renegociações e repactuações das suas dívidas agrícolas. Com isso, o produtor rural consegue retomar seu poder de investimento para garantir a próxima safra.
Após a renegociação das dívidas, é indispensável organizar as finanças para não voltar à inadimplência. Por isso, reunimos algumas dicas para você.
É possível continuar a investir no campo?
Sim, é possível. Mas tudo vai depender da forma como você organiza suas finanças. Esse é o primeiro passo.
Gerencie seu fluxo de caixa
O fluxo de caixa é o registro de todos os recebimentos e pagamentos previstos, levando em conta as transações à vista e a prazo. Esse controle ajudará você a ter uma visão de futuro em relação às finanças do seu negócio. Assim, será mais fácil tomar decisões com base nos recursos da empresa.
Afinal, as decisões de negócio não podem ser tomadas com base em achismo ou por instinto; é preciso que o empreendedor tenha plena consciência do dinheiro que tem (ou planeja ter) para arcar com suas obrigações.
Liste suas obrigações
É muito importante ter por escrito suas contas a pagar. Entre essas obrigações, devem ser incluídos:
- compras: é possível planejar compras futuras com base no seu histórico, estimativas da produção e questões relacionadas à sazonalidade;
- salários: fique atento às quantias e às datas de pagamento, além de benefícios como férias e 13º salário;
- impostos: não se esqueça de conferir as datas dos impostos relacionados ao seu negócio.
Escolha melhores opções de pagamento/financiamento
Sempre é válido negociar com fornecedores para obter melhores opções de valores e prazos na compra de insumos. A mesma lógica se aplica aos financiamentos para investir na produção. Com as contas em dia e as dívidas agrícolas sob controle, é possível garantir novas fontes de recursos.
Aliás, os bancos costumam ser mais complacentes com produtores comprometidos com a gestão do seu negócio. Isso é uma garantia a mais de que serão responsáveis para arcar com a dívida e terão mais condições de não voltar à inadimplência.
Existem tipos de financiamento que são mais sustentáveis e não ameaçam o fluxo de caixa do negócio. O consórcio, por exemplo, é um tipo de investimento em que o usuário paga uma pequena quantia por mês para adquirir um bem. Como não há cobrança de juros, pode ser mais vantajoso do que um empréstimo ou financiamento convencional.
Para colocar as finanças nos trilhos e evitar cair em dívida agrícola, é fundamental ter uma boa gestão rural. Tenha tudo sempre por escrito e tente prever seus gastos em médio e longo prazos. Seguindo essas dicas, certamente você não só sairá do vermelho, como também garantirá o crescimento do seu empreendimento.
Gostou das dicas? Tem alguma dúvida sobre como sair da inadimplência? Deixe nos comentários!
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