Roseli Loturco (Valor, 27/08/19) o encaminhamento da votação da reforma da Previdência no Congresso Nacional tem beneficiado direta e indiretamente a entrada de investimentos na Previdência Complementar por conta própria. Os números do primeiro semestre de contratação e captação líquida dos planos de previdência privada. O setor vinha desacelerando o ritmo de crescimento nos dois últimos anos, mas deu uma arrancada nos meses de maio e junho.
Foi o suficiente para inverter a curva e mostrar melhores resultados. As
contribuições até junho totalizaram R$ 55,7 bilhões, e a captação líquida
atingiu R$ 20,4 bilhões, 20,1% acima do igual período de 2018. Até o fim do ano a carteira total de investimentos do setor deve saltar de R$ 890 bilhões para atingir seu primeiro trilhão de reais.
A aprovação da reforma na Câmara colocou uma transparência maior sobre o que vai acontecer na Previdência Social com relação a idade, tempo de contribuição e valor dos benefícios. Logo, as pessoas com mais condições financeiras, começam a procurar a indústria privada. Neste cenário, as 67 seguradoras e as plataformas de investimentos têm feito esforços adicionais de vendas e oferecido mais opções de fundos. Os fundos multimercados têm despontado na preferência dos ativos de previdência.
Hoje, já representam 12,08% dos recursos aplicados. Em 2016, eram 5,7%. Já a renda fixa, apesar de representar ainda 84,5% do total, vem perdendo espaço. Em 2016, detinha 91% das aplicações.
Para a líder deste segmento, a reforma da Previdência Social tem provocado maior procura aos canais digitais da Brasilprev em busca de conhecimento sobre o produto. Especialmente, da classe média. Mas a empresa também atribui a melhora dos resultados ao trabalho que desempenhou mais fortemente em maio e junho. A captação líquida da instituição subiu 103% de janeiro a julho, para R$ 7 bilhões, elevando o total dos investimentos desta carteira para R$ 275 bilhões.
O desafio para o novo investidor a ingressar no mercado privado a partir da reforma e com menor poder aquisitivo será como combinar a previdência pública com a privada. De olho nesta possibilidade, as seguradoras já preparam o lançamento de produtos de menor tíquete de entrada nos planos, em média, em torno de R$ 100 de contribuição mensal. O do Bradesco é a partir de R$ 50.
O BrasilPrev Fácil tem saldo é de 215 mil planos vendidos, ou 190 mil CPFs. O tíquete médio das contribuições está em R$ 258 mensais. O plano permite investimentos a partir de R$ 100. A faixa etária aderindo ao produto oscila entre 30 e 35 anos. Bem diferente de sua base tradicional, de 48 a 52 anos.
A intenção do Bradesco, que possui a segunda maior reserva de investimentos do mercado de previdência – R$ 234 bilhões – é reverter os R$ 2 bilhões de captação líquida negativa.
No Itaú, a estratégia de manter sob uma mesma liderança os mandatos dos fundos de investimentos e previdência é antiga. Isso dá condições de olhar o investidor de forma mais ampla. Não recomenda investir em previdência quem não tem reserva de curto e médio prazos.
Sob a sua tutela estão quase R$ 200 bilhões em ativos de previdência, que capturaram nos primeiros seis meses mais R$ 1 bilhão líquido, uma queda de 84% sobre o mesmo período de 2018.
Quanto aos ricaços, se até pouco tempo o que predominava no segmento de Private Banking era o jogo de “rouba monte” entre as instituições, o aquecimento do mercado de capitais tem trazido dinheiro novo para aumentar o monte.
No ano passado a B3 registrou apenas três operações de abertura de capital (IPO) e duas de ofertas subsequentes (follow-on). Em 2019, porém, já contabilizou dois IPOs e 17 follow on, dos quais 14 via instrução normativa 476, ou seja, reservados a um número restrito de investidores com mais de R$ 10 milhões na carteira.
Nos últimos dois anos, o Itaú havia registrado captação próxima a R$ 22 bilhões. No acumulado deste ano, a marca dos R$ 20 bilhões já foi ultrapassada e a expectativa é chegar a R$ 30 bilhões.
Para essa formas de manutenção de riqueza financeira terem capacidade de continuar crescendo é preciso ter crescimento da economia, ou seja, novo valor adicionado sob forma de rendimentos. Se o PIB não cresce, a bolha especulativa baseada em pressão de demanda sobre os mesmos ativos existentes, acaba estourando quando a expectativa reverte. Fica sem o fluxo de rendimentos para geração de estoque de riquezas riquezas.
Além das operações de liquidez na bolsa, fusões e aquisições também trazem novo dinheiro ao mercado. Há um mercado de negócios envolvendo empresas médias e mesmo pequenas, muitas vezes não noticiados, mas capazes de trazerem recursos para girar no mercado. Fusões e aquisições levam à pressuposta atribuição de valor futuro até os investidores se desapontarem com a realidade aquém da fantasia.
O private banking do BB conta com uma carteira administrada de R$ 200 bilhões no segmento. Com 5% de crescimento acumulado no ano, o BB espera fechar o ano com avanço de 11% a 12%. O desempenho positivo é atribuído ao maior volume de eventos de liquidez e também ao bom desempenho do agronegócio: grandes produtores rurais são parte significativa dos clientes private do BB. Para atender a demanda por maior rentabilidade lança diversos fundos de ações e inova comprando ativos no exterior. Alguns fundos têm até 100% de ações no exterior, facilitando a fuga de capitais dos ricaços brasileiros.
Já o Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) estima sua carteira crescer mais de 15% este ano, acima da média esperada para o mercado. O principal motor desse crescimento tem sido a rentabilidade das carteiras da instituição. Elas têm atraído novos clientes. A atividade de mercado de capitais ainda está concentrada na venda de participação de estatais e ofertas primárias, não gerando grande liquidez para private banking.
A rentabilidade continua sendo um vetor importante. Se as ofertas secundárias de ações se confirmarem, deve haver maior expansão do patrimônio do segmento.
O BTG Pactual, por sua vez, conta com R$ 140 bilhões administrados. Ele já captou cerca de R$ 9 bilhões em private banking este ano e estima chegar a R$ 14 bilhões até o final do ano, abaixo dos R$ 22 bilhões captados em 2018. Com os juros mais baixos, há grande demanda dos clientes mais sofisticados por investimentos em ativos reais como participação em shopping centers, real estate, venture capital e startups. O gestor de fortunas procura ajudar esses grandes investidores a realizar investimentos em empresas de capital fechado tanto no Brasil como no exterior.
Segundo a BNP Paribas Wealth Management, a busca por investimentos mais rentáveis neste ano já levou entre 10% a 15% do patrimonio de seus clientes private a migrar de posições mais conservadoras para outras mais agressiva, seja dentro da própria renda fixa ou fora dela.
Com R$ 8 bilhões administrados, a Azimut Brasil Weatlh Management também projeta crescer este ano. Deve fechar 2019 com evolução de 30% em relação ao ano passado, quando crescemos 25%. O desempenho é atribuído não apenas aos eventos de liquidez mas ao aprimoramento de serviços.
No Banco Votorantim, com R$ 30 bilhões de patrimônio administrado, a expectativa de alta é de 5% a 7%. Entre as novidades, o banco lançou um fundo de investimento imobiliário, negociado pela B3.
Existem bancos e existem banquetas… Estas são, em sua maioria, para administrar a fortuna do “banqueiro de negócios”, isto é, privados e/ou particulares. Eles se lixam para a coisa pública, exceto para torcer para um representante da casta dos mercadores-financistas desmanchar o Estado brasileiro, privatizando tudo, e propiciar bons negócios para os ex-parceiros.
A privataria tucana será vista na história como um “jardim-de-infância” face ao já ocorrendo, p.ex., venda da BR Distribuidora e dos dutos de gás. Quem vai investigar desde logo?
Conservadorismo em Finanças Pessoais, Liberalismo em Postura Política e Costumes publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário