segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Brevemente, Ruptura da Casta dos Mercadores com a Casta dos Milicianos

Hugo Passarelli (Valor, 06/09/19) anuncia: o baixo crescimento da economia brasileira e a retórica contundente do governo boçalnaro em temas sensíveis, como o meio-ambiente, afastam investidores estrangeiros do Brasil, isolando ainda mais o país nas trevas. Antes do isolacionismo adotado como política externa brasileira por sujeitos ineptos para os cargos nomeados, os investidores estrangeiros planejavam entrar em projetos de infraestrutura, concessões ou privatizações, opinam especialistas nessa corretagem da venda de patrimônio público.

Já houve uma virada brusca de humor em relação ao Brasil — acabou o “soft-power” brasileiro!

São inúmeros exemplos de elementos estúpidos trazidos pelo novo governo e prejudiciais à economia brasileira. São capazes de frustrar a tentativa de, em cenário de restrição fiscal, atrair capital privado para destravar investimentos.

No começo do ano, a expectativa do governo reacionário e de vários analistas ilusionistas de O Mercado era de um bom andamento da reforma da Previdência no Congresso trazer um volume expressivo de recursos do exterior para o país. Isso, como era esperado pela oposição lúcida, não ocorreu, embora a mudança do sistema de aposentadorias seja vista como fundamental pelos investidores de fora do país para garantir a sustentabilidade das contas públicas no longo prazo. Ah, é?! Há risco de insolvabilidade do Tesouro Nacional? Há risco soberano?!

Recentemente, os questionamentos sobre a segurança de se investir por aqui aumentaram com as polêmicas em torno das queimadas na Amazônia. Os consultores com contato frequente com estrangeiros dizem a imagem externa brasileira estar péssima! Simbolicamente, os imbecis representantes do atual (des)governo demonstraram toda sua estupidez machista — para todo o mundo conhecer — ao ironizar a esposa do presidente da França!

Se existe uma certa confusão na cabeça do investidor por imaginar (falsamente) existir uma ala pragmática e reformista nos ministérios da Economia e da Infraestrutura e, ao mesmo tempo, ver uma outra parcela do governo só gerando muito ruído improdutivo, é desconhecimento de causa. O ex-banqueiro de negócios não tinha nenhum respeito por parte de seus ex-colegas de corporação profissional: os economistas. É um vil servidor voluntário de militares reacionários, tanto no Chile, como aqui!

Para o público investidor no exterior, o tema ambiental domina as conversas. É inequívoco sinal de o clima já ter se deteriorado desde a eleição do capitão. Ele foi reformado a bem do serviço público, optando-se por deixá-lo fora do Exército por sua mediocridade mental.

Apenas em comparação com o fim do governo Michel Temer, a imagem brasileira se imaginava ser melhor. A retórica belicosa do governo dificulta o investidor estrangeiro enxergar a proposta reformista, ou melhor, entreguista.

O quadro de marasmo na economia não se reverterá nesse governo inerte. Ele acredita no “nada fazer” e deixar tudo por conta das forças de O Mercado! Para Guedes, existem dois tipos de problemas no mundo: os insolúveis e os demais por conta do tempo resolver por si só

Como o crescimento não virá neste (des)governo, não veremos tão cedo um aumento da presença do investidor estrangeiro a exemplo do observado em outros países também com lideranças polêmicas e/ou neofascistas.

Não houve nenhum avanço progressista por parte deste governo. Sua agenda reformista é reacionária, vai contra o avanço da história da cidadania brasileira. Os imbecis apostam no retrocesso histórico do país, tal como ocorreu com a Argentina ao longo do século XX com governos de origem militar.

A estratégia de reformas neoliberais é totalmente equivocada em uma situação de estagdesigualdade. Discutir a reforma tributária é necessário para depois do fim deste (des)governo. Agora, se os debates se prolongarem por um ano, essa inércia na estagnação econômica poderá gerar profundas incertezas quanto ao futuro brasileiro para as empresas.

O ambiente externo é hoje mais desfavorável se comparado ao passado recente, o que também pode adiar os planos dos estrangeiros comprar o país. Nenhum grande capital investirá em países emergentes hostis à civilização nesse ambiente de reversão da globalização, queda do comércio exterior, Brexit e disputa entre Estados Unidos e China. Seus acionistas não aprovarão investir em um país presidido por um sujeito totalmente despreparado!

Suas falas machistas, típicas de conversas de botequim, apesar de contarem com amplo apoio entre seus (29%) eleitores fiéis, também podem ter influenciado as decisões dos empresários locais. Embora isso seja difícil de mensurar, certamente esse clima de deflagração afeta a confiança: conseguirá tal imbecil governar mais 3,5 anos?!

Uma postura mais conciliatória e diplomática poderia ajudar a puxar o crescimento e, nesse sentido, o investidor estrangeiro estaria mais propenso a apostar no país. Era de se esperar o Brasil estar crescendo muito mais, caso um representante da casta dos sábios-universitários, aliada à casta dos trabalhadores organizados, tivesse vencido a eleição.

Há um excesso de liquidez global com as baixas taxas de juros vigentes nos países desenvolvidos. Mas quem quer queimar dinheiro na Amazônia em chamas?!

Existe um consenso de o Brasil ter mais um ano de crescimento fraco, em torno de 0,8%. No começo do ano, os mais otimistas, ou melhor, os ilusionistas da imprensa oficiosa esperavam avanço superior a 3%.

Os investidores esperam apenas o governo colocar mais ativos do patrimônio pública à venda, acelerando os programas de concessão ou privatização. Para o entreguismo ou desmanche de vez da economia brasileira é essencial apresentar as estatais ao mercado em melhor situação financeira. “Há empresas estatais que são mais fáceis de vender, como Eletrobras e Petrobras, mas há uma série de outras que precisa passar por transformação para se tornar mais atrativa”, dizem os espertos a comprarem barato o país para o recolonizar.

De janeiro a julho, o investimento direto no país (IDP) somou US$ 44,9 bilhões, alta de 17,6% em relação ao mesmo período de 2018, segundo o Banco Central. Na composição, porém, houve queda de 3,8% na participação de capital, para US$ 30,6 bilhões, enquanto as operações intercompanhia mais do que dobraram, para US$ 14,3 bilhões.

Investidores e executivos de instituições financeiras começam a levar em conta o “risco Bolsonaro” na decisão de aplicar dinheiro no Brasil, além do baixo crescimento. Enquanto aguardam o avanço da agenda de reformas para cortar direitos dos trabalhadores e o aquecimento da atividade sem nenhum motivo aparente, observam com certa dose de preocupação as declarações públicas do presidente, o posicionamento em relação a temas mundiais relevantes, como a questão ambiental, e os embates com mandatários de outros países.

Para esses executivos, o “ruído político” tem roubado a atenção de uma agenda econômica só capaz de avançar nas promessas de entreguismo. Há falsos elogios principalmente à atuação do Banco Central (BC) para modernizar o sistema financeiro nacional, permitindo o desenvolvimento de “fintechs“, e para a estabilização da moeda. Não é um espanto a superficialidade tal avaliação?!

As referências ao trabalho do Ministério da Economia, liderado por Paulo Guedes, e ao programa de desinvestimentos proposto pelo governo também costumam ser muito positivas por vender o Brasil barato. No entanto, essas fontes lamentam, reservadamente, a “névoa” provocada pelas declarações polêmicas. Elas ofuscam essas propostas de vendas das estatais e provocam ódio ou vergonha na maior parte da população brasileira.

“Comitês de Investimento e Conselhos de Administração de grandes fundos estão cada vez mais resistentes a alocar no Brasil por causa do que chamam de ‘retrocesso civilizatório’”, diz um executivo que fez recentemente uma rodada global para a atração de investimentos. “Essa percepção se intensificou com os episódios da Amazônia e o caso da esposa do [presidente francês, Emmanuel] Macron.”

Um desses grandes investidores institucionais globais, por sua vez, afirma que a discussão entre Bolsonaro e Macron teve impacto na imagem dos fundos sobre o Brasil, dando a sensação de “o governo não entende o que está acontecendo no país” e “está criando situações que mostram perda de controle”.

“Esse tipo de conflito pode sim reduzir os investimentos no país”, afirmou o executivo. “Acho que o presidente Bolsonaro ainda não entendeu um governo precisar de um bom diálogo. É muito importante fazer isso de maneira cuidadosa.”

A crise ambiental deixou em alerta grandes investidores estrangeiros, especialmente aqueles capazes de incorporar os conceitos de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) na alocação de recursos. Casas europeias como o Norges Bank Investment Management (NBIM), braço do banco estatal norueguês Norges Bank, e a Aberdeen, além da americana NCH Capital, observam com cautela os incêndios na Amazônia. Embora as empresas não estejam diretamente envolvidas nas queimadas, o evento afeta a imagem do país, segundo esses investidores.

O quanto essa deterioração na imagem do Brasil vai durar e qual será exatamente seu impacto na alocação de capitais é difícil de dizer, mas certamente esse tipo de acontecimento [as queimadas] tem um impacto negativo generalizado na percepção dos investidores.

Até agora, as consequências desse alerta são, aparentemente, mais retóricas do que práticas. No caso da crise ambiental, o tema é um ponto de atenção para o mundo todo, mas não chegou ainda a afetar investimentos e negócios por conta de estar tudo paralisado.

Há investidores globais sem dar peso às atitudes do presidente porque consideram que o Brasil está vivendo um “parlamentarismo branco”, com um protagonismo maior do Congresso para o andamento das reformas de que o país precisa. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é visto como o grande fiador dos ajustes, muito mais do que Bolsonaro. Por isso, banqueiros, investidores e empresários têm procurado estabelecer um canal direto com Maia e também com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

“Quando Bolsonaro assumiu, esses investidores tinham receio de a agenda no Congresso não andar porque ele veio de um partido menor, mas agora percebem um ‘parlamentarismo branco’”, afirma um executivo de instituição financeira, preocupado em continuar divulgando um falso otimismo.

Já muitos fundos globais à espera da volta do grau de investimento para começar a alocar recursos no país – muitos deles têm cláusulas impeditivas do investimento em ativos sem o selo de bom pagador. Por isso, o dinheiro de fora não virá nem logo, nem mais tarde, ainda mais considerando o cenário global de baixo crescimento.

É um equívoco imaginar o grau de investimento vir naturalmente por conta da execução do plano de governo de privatização de tudo. Passará no Congresso? A sociedade através das grandes corporações estatais não reagirão?!

Toda essa preocupação aumentou em momento de maior aversão ao risco diante das perspectivas de baixo crescimento global e da guerra comercial entre EUA e China, que podem ter impacto sobre commodities. Esse movimento global não passou despercebido no Brasil. Em agosto de 2019, os estrangeiros tiraram da B3 R$ 10,79 bilhões, maior valor mensal em pelo menos 23 anos. A tendência continua nos primeiros dias de setembro.

Ao mesmo tempo, o risco-país medido pelo CDS estava em 124 pontos, perto das mínimas históricas. Isso só demonstra a inaptidão dos avaliadores de risco-país…

Brevemente, Ruptura da Casta dos Mercadores com a Casta dos Milicianos publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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