terça-feira, 7 de maio de 2019

Outra Dívida Pendente: FIES substituto do CREDUC “micado”

Entre os eleitores de 2018, apenas 13,4 milhões tinham cursado o Ensino Superior. Este é um número pouco superior ao dos possuidores de riqueza financeira, fora os depósitos de poupança.

Levantamento feito pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) mostra: o governo terá de investir R$ 64 bilhões no setor até 2024 para que o Brasil atinja a meta fixada pelo Plano Nacional de Educação (PNE). O número corresponde a 6%, em cinco anos, do montante pretendido economizar com a reforma da Previdência em dez anos.

A decisão do governo obscurantista de retirar recursos da área de Ciências Humanas não afeta o setor privado, diante da autonomia das instituições, mas agrava sim a ignorância dos brasileiros.

O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) já reserva vagas para áreas prioritárias desde o governo social-desenvolvimentista (2003-2014). Mas o presidente idiota anunciou a decisão de desviar investimentos nos cursos de Filosofia e Sociologia por razão puramente ideológica: em uma postura anti-intelectual, imagina todo sujeito culto em ambas áreas de conhecimento ser de “esquerda”. É muito tacanho!

Tacanho é quem é falto de clareza de ideiasde largueza de alma, ou seja, estúpido.

As faculdades particulares têm autonomia para criar seus cursos conforme os interesses do mercado. Não é grande a procura por cursos na área de Ciências Humanas no setor privado. Uma exceção é Pedagogia. É o curso com maior procura no ensino à distância; é relevante porque o FIES identificou como área crítica a necessidade de professores qualificados, para não se ter um presidente estúpido como o atual, justificado por ele só ter cursado a AMAN.

O capitão não inova ao definir prioridades na educação superior. No início de 2016, ainda na gestão Dilma Rousseff, o Fies passou a reservar 70% das vagas para áreas prioritárias: Engenharia, Saúde e formação de professores. Hoje esse percentual caiu para 60%, mas ainda vigora.

Sobre a gravação de professores em sala de aula, estimulada pelo próprio presidente tuiteiro nas redes sociais, esta deduragem se tornou uma realidade “comum nas salas de aula de escolas privadas”, sobretudo nos cursos de educação à distância, onde “tudo se pode gravar e reproduzir, se houver prévia autorização”. As aulas devem ser transparentes e mediadas pela tecnologia, mas o uso do audiovisual implica o consenso entre aluno e professor.

A indústria de ensino superior privado faz um lobby forte. Apresentará estudos sobre a ampliação e aperfeiçoamento do Fies ao novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, outro olavete ignorante.

Para o Brasil alcançar a meta do PNE, é preciso 33% da população entre 18 e 24 anos esteja matriculada no ensino superior em 2024. Atualmente, 18% dos brasileiros nessa faixa etária estão na universidade. O cenário atual sugere que, mantida essa proporção, essa meta será inalcançável.

A retração de matrículas no ensino superior vem se agravando nos últimos anos, depois do golpe de 2016. Até abril de 2019, apenas 16 mil vagas oferecidas pelo Fies foram preenchidas de um total de 100 mil. É o pior resultado até agora, porque é 20% pior que o do ano passado, quando 80 mil foram preenchidas. O receio do setor é fechar neste ano com 65 mil contratos assinados. No auge do programa, em 2014, foram 730 mil vagas preenchidas.

Os R$ 64 bilhões a serem aplicados no ensino superior em cinco anos implicam R$ 32,3 bilhões em investimentos nas instituições particulares. Estas abrigam 75% do total de alunos. Sobram R$ 31,7 bilhões nas públicas. Com esses recursos, seriam criadas 200 mil novas vagas anuais no ProUni, e 250 mil no Fies para gerar 3,1 milhões de novas vagas em cinco anos.

Enquanto isso, o burocrata ideólogo, preposto no MEC do guru intelectual e, de fato, quem preside o país lá de Richmond-Virginia-EUA, persegue as Universidades Federais, contingenciando seus orçamentos em 30%!

As mudanças feitas no Fies na gestão anterior de Michel Temer dificultaram o acesso dos estudantes. O governo golpista foi um retrocesso histórico — e está sendo agravado.

O remédio matou o paciente, tornou-se um programa mais financeiro do que social. Agora, é necessário ampliar e aprimorar o ProUni e o Fies para o atraso dos últimos anos ser superado. Imaginem…

Para ampliar o Fies, a ABMES sugere o governo voltar a oferecer o financiamento de 100% do curso — modalidade extinta nas últimas edições do programa. Em um pacto com o governo, as instituições particulares poderiam oferecer descontos nas mensalidades, como uma “contrapartida social”.

Outra proposta é de os alunos começarem a pagar o financiamento desde o início, mesmo em valores módicos. O aluno pode pagar, semestralmente, uma parte dos juros. Com a carência para começar a pagar ao final do curso, muitas vezes o aluno “esquece” da dívida, ou não se preparou para pagá-la.

A solução real seria um crédito estudantil consignado na folha de pagamento de seu primeiro emprego com carteira assinada.

Sobre as críticas à alta inadimplência do Fies, a ABMES questiona a razão do governo não recorrer ao fundo garantidor do programa, hoje com saldo de R$ 12 bilhões. Trata-se do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC). Ele passou à gestão da Caixa Econômica Federal no ano passado e tem sido utilizado para abater o déficit fiscal.

Um cálculo atualizado da dívida do FIES foi publicado pelo jornal “O Globo” e indicou um saldo aproximado de R$ 13 bilhões. Mas a ABMES contesta esse valor, porque inclui parcelas com apenas uma semana de atraso. A prática de cobrança tem que ser aprimorada, o governo não sabe cobrar.

Weintraub não será um bom ministro pela formação em Economia e Gestão, dadas as péssimas notas em seu currículo medíocre, daí seu ódio às Universidades públicas, expressando um antiintelectualismo. Ele não parece um nome adequado em termos de formação para a discutir o futuro da educação. A sucessão de mudanças ideológicas e perseguições políticas no MEC deixou o setor de educação superior em compasso de espera.

O setor aguarda a nomeação da nova equipe para retomar o diálogo sobre a avaliação das instituições. São 2 mil instituições particulares, desde grandes grupos empresariais até as filantrópicas, inclusive pequenas instituições com menos de mil alunos. As pequenas e as médias são analisadas pelos mesmos parâmetros aplicados aos grandes grupos. Querem uma avaliação com reconhecimento das características regionais e valorizadora da responsabilidade social do setor.

O governo de extrema-direita não vai dar ênfase sequer à educação básica, área onde o setor de ensino superior pode contribuir também. Hoje forma 110 mil estudantes de Pedagogia, uma massa de gente para atuar na alfabetização e na melhoria do ensino básico.

Outra Dívida Pendente: FIES substituto do CREDUC “micado” publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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