Durante nove anos o Golf Mk3 esteve em produção e até conviveu com a famosa segunda geração. Também foi o primeiro a chegar ao Brasil de forma oficial.
O Golf Mk3 marcou mais um passo na evolução técnica da Volkswagen e foi o catalisador da expansão do modelo na geração seguinte.
O hatch médio mais vendido do mundo teve de tudo nessa geração, incluindo o famoso Golf Mk3 VR6, assim como uma gama enorme de motores e configurações.
Sem dúvida alguma, o Golf MK3 manteve o DNA do clássico da marca alemã, que nesse período teve 4,8 milhões de unidades feitas.
Além de sua forma tradicional, o Golf Mk3 também existiu nessa geração nas outras carrocerias conhecidas, como cabriolet e a perua Variant.
Ele ajudou a dar forma na formação do sedã médio Jetta da mesma época. Feito em cinco países, ele partida de lugares como Puebla, Wolfsburg, Bruxelas, Bratislava e Uitenhange, respectivamente México, Alemanha, Bélgica, Eslováquia e África do Sul.
Foi do primeiro destes países que o Golf Mk3 chegou ao Brasil, importado em 1994 e com direito à versão esportiva GTI.
Lá fora, ganhou um impressionante protótipo que não viu a linha de produção, mas que anteciparia um segmento que hoje está em alta no mundo dos esportivos.
Golf Mk3
Como sabemos, desde 1983 a Volkswagen produzia a segunda geração do Golf.
Mas este simpático e funcional hatch de faróis circulares e colunas C enormes precisava ser trocado no início dos anos 90, que prometiam muito com a queda da URSS e do Pacto da Varsóvia, assim como de uma abertura da China e de mercados como o brasileiro.
Assim, surgiu a plataforma A3 do grupo VW, que teve uma versão encurtada para o Polo III, assim como para o primeiro Seat Ibiza, sendo chamada A03.
No Golf Mk3, nasceu em agosto de 1991, pouco antes do fim da segunda geração. O hatch médio mantinha o mesmo estilo básico oriundo da escola alemã, conservadora e que se pauta em formas funcionais.
Esse produto de herança da Bauhaus manteve as grossas colunas C, uma marca que vem no DNA do modelo desde 1974 e que continua até hoje.
Sem modismo de época, o Golf Mk3 tinha aspecto robusto, mas pouco atraente. Seu sucesso foi preservar boa dinâmica de condução, desempenho aceitável, custo de manutenção baixo e economia.
Com frente ainda bem quadrada, o Golf Mk3 tinha faróis arredondados junto à grade clássica, dotada de diversos frisos pretos e horizontais. Esta, porém, ficou bem mais afilada.
O para-choque adotou uma característica bem alemã com faróis de neblina, repetidores de direção e lentes reflexivas logo acima das entradas de ar inferiores, divididas em três partes.
O protetor era bem volumoso e proeminente, tendo ainda um equivalente de característica semelhante. Barras de proteção nas laterais também eram itens de série.
Vincos pronunciados nas laterais marcavam a carroceria, que tinha versões de duas e quatro portas.
Na traseira, as lanternas seguiam compactas e quase quadradas, com uma suavização na parte interior, junto à tampa com grande vigia.
Por dentro, o Golf Mk3 tinha um dos painéis mais bem elaborados da época, um conjunto com difusores de ar, sistema de áudio e climatização voltados para o condutor.
O volante de quatro raios com airbag era encorporado, enquanto o cluster seguia o padrão VW com mostradores dotados de muitas marcações.
O velocímetro seguia uma escala que dava outra percepção de velocidade, uma característica da marca. O porta-luvas ainda com chave fica isolado no lado do passageiro.
O acabamento das portas era mais elaborado e o ambiente interno tinha espaço mediano, mas suficiente para a época.
O Golf Mk3 tinha 4,074 m de comprimento, 1,694 m de largura, 1,422 m de altura e 2,471 m de entre eixos até 1995, quando passou a ser de 2,474 m. Também dispunha de 330 litros no porta-malas e 55 litros no tanque.
Golf Mk3 – muitos motores
O Golf Mk3 teve diversos motores ao longo de sua vida comercial.
O hatch médio alemão utilizou várias séries de motores das famílias EA111 (não o que conhecemos atualmente, mas a geração anterior, dos anos 70), assim como EA827 e EA113.
Dessa família EA111, o Golf Mk3 começava sua oferta com um 1.4 8V de 60 cavalos, tendo sido vendido com três versões deste, incluindo uma com 75 cavalos e outra com 16V, que entregava 80 cavalos.
O hatch teve ainda um motor 1.6 com 75 cavalos. Porém, os mais populares no modelo eram os motores 1.8 a gasolina e 1.9 diesel.
O primeiro era da família EA827 e tinha algumas opções de potência, começando por 75 cavalos. Teve ainda duas versões com 90 cavalos e outra com 98 cavalos.
Esse propulsor era o cavalo de batalha do Golf Mk3, herança da segunda geração, que popularizou o uso de motor grande em carro pequeno no portfólio da VW.
Para termos uma ideia, esse 1.8 – semelhante ao AP brasileiro – tinha de 14,2 a 14,8 kgfm de torque, geralmente a partir de 2.500 rpm.
Ele era carburado originalmente, mas ganhou injeção eletrônica Bosch LE Jetronic e tinha bloco de ferro fundido com cabeçote de 8 válvulas de fluxo lateral.
Sua variante de 16V tinha duplo comando no cabeçote com uma polia e uma corrente na parte posterior do cabeçote, movendo assim o segundo comando. Também com injeção eletrônica, esta opção tinha 139 cavalos.
Acima desse, estava o 2.0 8V que entregava 116 cavalos. Sua variante 16V tinha 136 cavalos inicialmente, mas chegou a evoluir para 150 cavalos, que equipou o Golf GTI 16V.
No caso do diesel, embora o Golf Mk3 tenha tido diversos motores a gasolina, ele basicamente teve apenas um movido por óleo combustível e esse era o famoso 1.9.
Também parte da família EA827, esse motor de quatro cilindros chegou a ser usado no hatch dessa geração em versão aspirada, que entregava 60, 64 ou 68 cavalos, sempre com torque até 13,5 kgfm.
Havia ainda as versões turbo diesel, que neste 1.9 partiam de 75 cavalos, chegando a 90 e depois 110 cavalos, este último com quase 24 kgfm de torque.
Este motor tinha ainda intercooler na versão mais potente, mas sem injeção direta Common Rail. Estes antigos TDI eram a base das vendas do Golf MK3 em muitos países, especialmente na Alemanha e França.
O Golf Mk3, por incrível que pareça, chegou a ter transmissão manual de quatro marchas, além da normal de cinco. Também teve câmbio automático, mas de somente quatro velocidades e com conversor de torque.
Golf Mk3 VR6
Apesar do uso de propulsores convencionais de quatro cilindros, especialmente da dupla 1.8 e 1.9 TDI, o Golf Mk3 utilizou duas unidades poderosas que levariam o hatch médio “às alturas” nos anos seguintes, o VR6.
Trata-se de uma das obras de engenharia automotiva mais interessantes.
O projeto do VR6 envolveu a fusão de dois blocos tradicionais e um único conjunto com cilindros em ângulo de 15°.
Geralmente, os motores V6 têm ângulos bem mais abertos, a partir de 60°, mas no caso deste da VW, a intenção era que ele fosse bem compacto.
Este V6 é tão fechado que existem apenas dois comandos de válvulas, que atendem todos os seis pistões.
O VR6 foi empregado no Golf Mk3 na versão GTI, tendo 2.8 litros de volume e cabeçote com 16 válvulas inicialmente. Nessa época, o propulsor tinha 174 cavalos e 23,8 kgfm.
Com as mesmas características, mas com 2.9 litros, este VR6 foi o maior já feito e tinha 190 cavalos e quase 25 kgfm, equipando igualmente o GTI entre 1994 (dezembro) e 1997.
Esses dois motores proporcionaram ao Golf GTI um desempenho espetacular, indo assim de 0 a 100 km/h em 7,7 e 7,5 segundos, respectivamente.
Golf Mk3 GTI
Assim como desde a primeira geração, o Golf Mk3 também teve sua versão esportiva GTI. O modelo foi fabricado tanto na Europa quanto no México e África do Sul.
O hot hatch teve motores 2.0 8V de 116 cavalos, 2.0 16V com 136 e depois 150 cavalos, bem como os propulsores VR6 2.8 e 2.9, respectivamente com 174 e 190 cavalos.
Diferente de hoje, o Golf GTI dessa geração tinha um visual bem mais limpo, tendo como destaque spoilers nos para-choques, saias laterais e entradas de ar dianteiras maiores, assim como defletor de ar na tampa do porta-malas, ganhando também lanternas escurecidas e escape duplo.
Por dentro, o ambiente era todo preto, incluindo teto e colunas, além de bancos Recaro com malharia exclusiva. As rodas de liga leve também eram diferenciadas.
No Brasil, o Golf GTI chegou em 2014 com motor EA827 2.0 8V com 116 cavalos e 17,3 kgfm, que fazia o esportivo ir de 0 a 100 km/h em 11 segundos, tendo máxima de 186 km/h.
Importado do México, ele era vendido nos EUA apenas com duas portas e aqui chegou sem vidros elétricos! Essa foi a primeira versão do Golf no Brasil e também da Mk3.
Depois da versão GTI de 1994, no ano seguinte, a Volkswagen trouxe do México uma segunda opção, a GL 1.8.
Este tinha como diferencial ter quatro portas, enquanto o esportivo seguia com duas. Seu motor 1.8 tinha 90 cavalos e 14,9 kgfm, tendo câmbio manual de cinco marchas.
Poucas unidades do Golf VR6 2.8 chegaram ao Brasil e hoje são raríssimas e caras. Em 1998, a importação cessou em detrimento da produção nacional da quarta geração.
CitySTROMer
Desde os anos 80, a Volkswagen testava carros com baterias. Esses modelos geralmente eram do Golf da segunda geração.
No Golf Mk3, surgiu uma variante elétrica chama CitySTROMer, que possuía baterias de chumbo-ácido e motor elétrico na dianteira.
No entanto, como eram necessárias muitas baterias para mover o hatch, a VW introduziu mais células no cofre dianteiro, acima do motor elétrico, enquanto as demais ficavam sob o bagageiro.
Com enorme peso, o Golf Mk3 CitySTROMer tinha autonomia de apenas 50 km.
Interessante sobre este proto-elétrico da Volkswagen era que ele não conseguia gerar calor suficiente para o sistema de aquecimento.
Assim, para sobreviver ao inverno alemão, o Golf Mk3 CitySTROMer utiliza um pequeno motor diesel para aquecimento. Foram produzidas 250 unidades.
O Golf Mk3 também experimentou outras tecnologias, como o Ecomatic. Trata-se de uma embreagem automática que era conjugada com um dispositivo de desligamento remoto do motor.
Assim, para religa-lo, bastava precisar o acelerador. O engenho adiantou em mais de uma década o sistema atual, conhecido como Start&Stop. Também foi um dos primeiros a usar catalisador.
Além desses, o Golf Mk3 teve ainda o protótipo A59, uma versão com tração nas quatro rodas, equipado com motor 2.0 turbinado de 275 cavalos.
Essa configuração só existiria de fato muitos anos depois na forma do Golf R, mas com um pouco mais de potência. Ele tinha partes em fibra de carbono e kevlar, sendo pensado para o mundial de rali, mas nunca ganhou as pistas.
Mk3 Cabriolet e Mk3 Variant
O Golf Mk3 seguiu as gerações Mk1/2 no que diz respeito ao conversível.
O Golf Cabriolet iniciou algum tempo depois do hatch na terceira geração, pois, a anterior, continuou em linha por mais algum tempo.
Em todos os casos antes e depois disso, a produção dessa carroceria não se dava na Volkswagen, mas na Karmann, em Ösnabruck, Alemanha.
Conhecido como Typ 1E, sua produção só aconteceu a partir de 1993 e foi até 2002, quando a quarta geração estava em fabricação desde 1998.
O modelo era 1995, mesmo sendo feito mais de um ano antes, pois ele substituíra o Golf Cabrio anterior, que ainda tinha a primeira geração como base, mas com facelift.
O mesmo aconteceu com esse Golf Mk3, que ganhou frente idêntica ao Golf Mk4, embora fosse o anterior.
Ele era chamado de Golf MK3.5. Mas, o hatch médio alemão também teve uma terceira variante e essa saía das linhas de montagem em Wolfsburg, a Golf Variant.
Até 1993, a Volkswagen contava apenas com uma perua na Alemanha, a Passat Variant.
Parecia incoerente a VW em sua sede não ter pelo menos duas, como no Brasil, onde tínhamos Parati e Quantum. Mas, apenas no Golf Mk3 é que outra Variant apareceu, menor e com bagageiro reduzido.
Essa perua do Golf Mk3 chegou a ter versão GT com propulsor VR6 2.8 de 174 cavalos, convertendo-se em uma das peruas mais rápidas para os consumidores comuns.
A partir dessa geração, a Golf Variant passou a ser parte integrante do portfólio da VW.
Edições especiais
O Golf teve várias edições especiais, como GTI 20th Anniversary, Color, Oltmar Alt, Match I e II, Family, Track, Wolfsburg Edition e a polêmica Harlequin.
Feito para ser exibido em salões automotivos em 1995, esse Golf Mk3 tinha quatro cores misturadas, mas não aleatórias, seguindo quatro padrões.
As cores eram Tornado Red, Ginster Yellow, Chagall Blue e Pistachio Green.
Foram feitas inicialmente apenas quatro unidades, cada uma seguindo padrão individual.
Depois, a VW lançou uma série com 60 exemplares, que foi seguida por um segundo lote de 200 carros. No entanto, comenta-se que até 275 tenham sido vendidos, tanto na Europa, quanto nos EUA e Canadá.
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