domingo, 19 de julho de 2020

Renda Fixa: Saída Líquida; Ações: Entrada Líquida; No Fim: todos entram bem…

Fundos_Total_202007.pngSegundo a ANBIMA, Apesar da crise causada pela pandemia, a indústria de fundos se mostrou resiliente frente à forte volatilidade do mercado. Em junho, a indústria encerrou o mês com patrimônio líquido total de R$ 5,46 trilhões, apenas 0,3% abaixo do patrimônio de dezembro de 2019. No semestre, registrou-se saída líquida de R$ 16,2 bilhões.

O destaque positivo no período ficou com a classe ações. Além de apresentar o melhor resultado nos primeiros seis meses do ano (R$ 49,5 bilhões), não registrou nenhuma saída líquida mensal de recursos ao longo da crise e completa 21 meses sem resgates. Este movimento consolida a tendência observada, já há algum tempo, de que esses tipos de fundos se tornaram atrativos frente ao ambiente de juros baixos.

A classe multimercado, que chegou a registrar resgate líquido mensal de R$ 12,3 bilhões em maio, encerrou o semestre com entrada líquida de R$ 30,9 bilhões, o segundo melhor resultado da indústria. Somente em junho apresentou seu melhor resultado mensal no ano e o melhor resultado da indústria no mês (R$ 13,2 bilhões), o que sugere que o investidor doméstico pode estar com maior disposição ao risco.

Acoes e Multi_202007.png

Já a classe renda fixa registrou o pior resultado da indústria, com saída líquida de R$ 95,2 bilhões no semestre. Quando analisamos a performance da classe separando pelos principais tipos, é possível perceber que os resgates líquidos foram concentrados nos tipos do segmento de varejo que apresentam maior liquidez, classificados como grau de investimento*, indicando que os investidores desse segmento podem ter solicitado resgates para atender à necessidade de reserva de emergência (no semestre, esses fundos acumularam saída líquida de R$ 192,5 bilhões).

Outros tipos também utilizados pelos investidores de varejo, os de crédito livre**, mas que buscam rentabilidade em investimentos de crédito de médio e alto risco, foram menos afetados e encerraram o período com captação líquida negativa de R$ 19,9 bilhões. Já os tipos que tendem a receber aportes dos investidores institucionais, os tipos soberano***, foram na direção contrária, com entrada líquida de recursos de R$ 99,6 bilhões, o que pode ser explicado pela busca de liquidez desses agentes em períodos de alta volatilidade.

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Legenda: *Renda fixa grau de investimento: fundos que investem pelo menos 80% do PL em títulos públicos federais (TPF) e crédito privado de baixo risco (renda fixa duração baixa grau de investimento, renda fixa duração média grau de investimento, renda fixa duração alta grau de investimento e renda fixa duração livre grau de investimento). **Renda fixa crédito livre: fundos que podem investir acima de 20% do PL em títulos de médio ou alto risco de crédito (renda fixa duração baixa crédito livre, renda fixa duração média crédito livre, renda fixa duração alta crédito livre e renda fixa duração livre crédito livre). ***Renda fixa soberano: fundos que investem 100% do PL em TPF (renda fixa duração baixa soberano, renda fixa duração média soberano, renda fixa duração alta soberano e renda fixa duração livre soberano). ****Outros: renda fixa simples, renda fixa indexados, renda fixa investimento no exterior e renda fixa dívida externa.

Em linha com a forte queda presenciada na bolsa – o Ibovespa perdeu 17,8% no semestre –, todos os tipos que compõem a classe ações apresentaram rentabilidade negativa no período. O tipo mais representativo, ações livre, encerrou com variação negativa de 12,33%. Na classe multimercados, quase todos os tipos obtiveram ganho no semestre, com destaque para o tipo investimento no exterior, que teve retorno de 5,82%. Na classe renda fixa, assim como os na classe multimercados, quase todos apresentaram rentabilidade positiva, o tipo com o maior PL da classe, renda fixa duração baixa grau de investimento, rentabilizou 1,16%.

BAIXAR O ARQUIVO COMPLETOOs impactos econômicos da pandemia a partir de março fizeram as taxas de juros, que já testavam as mínimas históricas, recuarem ainda mais – a reunião do Copom de junho definiu a meta da taxa Selic em 2,25% ao ano. Essa redução, combinada a um nível mais baixo de volatilidade, reverteu parte da desvalorização dos preços dos ativos observadas neste semestre, principalmente no mercado de títulos públicos – o IMA-Geral encerra o semestre com ganho de 1,87%. Já o IDA-Geral ainda opera no campo negativo no acumulado de 2020, com perda de 0,74%. Vale destacar que desde maio se observa recuperação nos preços dos ativos, sobretudo a carteira de títulos públicos em mercado, que já apresenta retornos positivos.

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Em 2020, no mercado de títulos corporativos, todos os subíndices que refletem os ativos indexados à inflação apresentaram retorno positivo no período. O IDA-IPCA Infraestrutura teve o melhor resultado, com variação de 1,43%. Logo em seguida, o IDA-IPCA ex-Infraestrutura apresentou 0,08%.

O único que ainda acumula perda no acumulado de 2020 é o IDA-DI (-1,89%), uma das menores duration, composto principalmente por ativos pós fixados atrelados ao DI. Essa performance é explicada tanto pela mudança do risco de crédito, que impactou todo o mercado, como pelas novas revisões para baixo em relação aos juros, as quais impulsionaram ainda mais o ajuste de preço dos ativos que remuneram em percentual do DI.

IDA-DI_202006.png

Em relação ao mercado de títulos públicos no semestre, quase todos os subíndices apresentaram retorno positivo, com exceção das carteiras de duration mais longa. O IMA-B5+, que apresentou ganho de quase 6% entre abril e junho, encerrou o semestre com perda de 5,26% – refletindo a desconfiança dos investidores em relação ao ambiente econômico de longo prazo. Já o IMA-B5 encerrou o semestre com variação positiva de 3,17%.

Em relação aos títulos pré-fixados, representados pela IRF-M, o destaque no acumulado de 2020 até junho ficou com o IRF-M1+, com variação de 6,03%. O IRF-M e o IMA-S rentabilizaram 2,6% e 1,72%, respectivamente.

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