Jacilio Saraiva (Valor, 31/01/2020) informa: o ano de 2019 foi o período com a maior movimentação de aportes do mercado de venture capital em negócios digitais, em toda a história do setor. Estudo lançado este mês pela Distrito, empresa de inovação aberta ligada ao ecossistema brasileiro de startups, enumera 260 investimentos, que somaram cerca de US$ 2,7 bilhões, volume 198% maior do que o registrado em 2017 e 80% superior ao alcançado em 2018. Em 2020, a expectativa é crescer 30%, ante 2019.
Quem mais atraiu a atenção dos investidores, em número de aportes, foram as fintechs, com 62 rodadas de investimento (US$ 935 milhões), antes do varejo, com 31 negociações (US$ 210 milhões), e companhias ligadas à saúde, com 24 captações (US$ 43 milhões). O valor médio das injeções de capital ficou em US$ 19,5 milhões, 200% acima do tíquete médio de 2018.
O setor de fintechs continuará na agenda dos fundos em 2020. O mercado financeiro ainda é muito concentrado, o que gera oportunidades para todos. A evolução do segmento, considerando iniciativas como o novo Cadastro Positivo, o crescimento dos pagamentos instantâneos e a tendência do open banking (conjunto de regras para organizar o sistema financeiro por meio da abertura e integração de informações), deve ampliar a competição entre bancos, financeiras e startups, diz ele.
Além do nicho de finanças, mais recursos irão para startups do comércio e da área de mobilidade, em 2020. O cenário de inflação controlada, indícios de avanço do PIB e a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic) devem incentivar os investidores a assumir mais riscos. A chegada de novos fundos interessados em companhias digitais também alimenta o fluxo de dinheiro. Pelo menos duas iniciativas, com recursos de até R$ 260 milhões, apareceram no final de 2019.
Em novembro, a Microsoft Participações, holding de investimentos da marca de software no Brasil; a Bertha Capital e a Belvedere Investimentos, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional), lançaram a iniciativa Women Entrepreneurship (WE), de fomento ao empreendedorismo feminino. A ação inclui um fundo dedicado a negócios digitais que tenham, pelo menos, uma mulher entre os sócios. O objetivo é captar R$ 100 milhões e investir em 25 startups, em cinco anos. “Ele já nasceu com R$ 30 milhões captados”, diz Franklin M. Luzes Jr., vice-presidente de operações da Microsoft Participações.
Startups em fase de ideias de projetos ou em aceleração devem receber entre R$ 50 mil a R$ 500 mil, enquanto negócios com soluções já desenvolvidas podem ser beneficiados com cotas de R$ 500 mil a R$ 5 milhões. Pelo menos dez setores, como inteligência artificial, internet das coisas (Iot) e indústria 4.0, serão priorizados.
Em dezembro, a Qualcomm Ventures, braço de investimentos da multinacional americana do setor de tecnologia, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram um fundo de investimentos em participações de R$ 160 milhões, direcionado a áreas como Iot, cidades inteligentes e saúde.
O diretor executivo da Qualcomm Ventures para a América Latina prevê de três a quatro novos investimentos, este ano, na região. A empresa mantém 14 ativos no portfólio e aplicou em empreendimentos como a QuintoAndar e a Loggi – ambas já alçadas à categoria de unicórnios (com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão). Este ano, lançou um fundo global focado em redes 5G. “No momento adequado, queremos investir nesse setor, aqui no Brasil.”
Critérios como atuação em grandes mercados e velocidade de crescimento continuarão guiando a seleção das companhias, em 2020. Além de empreendimentos de áreas como finanças, educação, saúde, software B2B e varejo, soma três unicórnios investidos: Gympass, Rappi e Creditas.
No ano passado, foram 15 investimentos em novos negócios, ante cinco em 2018. Outras categorias de startups, como legaltechs e construtechs também foram incluídas. Um dos movimentos mais recentes, em dezembro, mirou a Nobli, fintech que oferece empréstimos garantidos por aplicações financeiras. O valor da negociação não foi divulgado.
Investimentos em Fintechs publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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