Estações do ano e agricultura apresentam uma relação muito próxima. Se por um lado as lavouras são diretamente dependentes de fatores relacionados à temperatura, umidade e disponibilidade hídrica, a atividade agrícola pode ser impactada pelas mudanças climáticas.
Estar ciente dessas interferências pode ajudar o agricultor a se preparar para cada estação do ano e possíveis fenômenos climáticos que poderiam ameaçar a safra.
Reunimos neste post os principais impactos das mudanças climáticas observados nas estações do ano. Veja também como isso afeta a vida do produtor rural.
Estações do ano e agricultura: entenda essa relação
A prática agrícola é profundamente impactada pelas variações climáticas, o que inclui condições térmicas, precipitações e umidade. Esses fatores podem variar conforme as características próprias das estações do ano, interferindo no desenvolvimento da planta. As variações incluem:
- tempo de duração da luz do dia (fotoperiodismo): a sensibilidade da planta ao tempo de exposição à radiação solar varia a cada espécie. Essa energia é usada na fotossíntese para a produção de carboidratos responsáveis pelo crescimento da biomassa no vegetal;
- temperatura do ar e do solo: plantas tropicais demandam alta intensidade térmica durante todo o ano (banana, café e cana-de-açúcar são exemplos). Desse modo, são muito sensíveis a geadas. Já outras, como o centeio, podem até suportar temperaturas de congelamento;
- umidade do ar: ambientes secos, ou com pouca umidade, elevam excessivamente a transpiração das plantas, ao passo que níveis altos de umidade contribuem para a proliferação de fungos e bactérias que causam doenças na lavoura.
Em condições normais, as plantas se desenvolvem de modo saudável em suas respectivas regiões, pois já são adaptadas às condições climáticas típicas do local. No entanto, com o passar do tempo, as modificações do clima alavancadas pela poluição e pelo desmatamento, por exemplo, têm gerado alterações nas características particulares das estações do ano.
Assim, em épocas em que se costumava esperar chuvas, há períodos de seca. Ou elas ocorrem em temporadas muito prolongadas e intensas. Essa imprevisibilidade e os extremos prejudicam a atividade agrícola. Considere notícias recentes que atestam esse impacto:
- em 2017, chuvas prolongadas prejudicaram a produção agrícola de cana-de-açúcar, hortaliças, milho safrinha e flores, em São Paulo;
- também em 2017, a seca no Distrito Federal resultou em perdas estimadas em 90% da produção;
- logo no início de 2019, produtores calcularam prejuízos de R$ 250 mil em plantações de café e banana com chuva de granizo no Espírito Santo.
Entenda, então, como os diferentes fenômenos climáticos podem afetar negativamente a agricultura.
Mudanças climáticas: saiba o que o produtor deve considerar
As mudanças climáticas provocam eventos extremos que incluem frio ou calor intensos, altos índices de chuva ou déficit hídrico. São situações que afetam as estações do ano e agricultura e, consequentemente, atingem toda a população. Considere alguns desses fenômenos.
Ondas de calor
Uma onda de calor se refere a um determinado período de dias em que as temperaturas máximas ficam superiores à média considerada normal para a época. Além de trazer problemas à saúde das pessoas e contribuir para o surgimento e a propagação de incêndios florestais, o fenômeno é responsável pela queda da produção agrícola.
Resultados de um estudo realizado na Universidade de McGill, no Canadá, revelaram que as ondas de calor foram responsáveis pela queda de 9% a 10% em média na produção. Foram mais de 3 bilhões de toneladas de milho desde 1964.
Os veranicos
Veranico ou veranito se refere a um período de estiagem comum em algumas regiões do país. Os períodos são caracterizados por muito calor, baixa umidade relativa e forte insolação, mesmo em estação chuvosa ou inverno, com temperaturas mínimas e máximas bem acima do valor da média climatológica.
Além disso, a presença de massas de ar seco e quente geradas por sistemas de alta pressão não permite a formação de nuvens. Teremos, então, pouca nebulosidade, muito calor e muitas horas da luz do sol. Essas condições prejudicam o desenvolvimento de várias culturas, como a cana-de-açúcar, o feijão e a soja. O veranico dura pelo menos 4 dias.
Chuvas intensas
Fortes tempestades caracterizadas por chuvas e ventos intensos causam muitos transtornos e atrapalham as operações do campo. As inundações resultantes dificultam a passagem de máquinas agrícolas na lavoura. Os ventos fortes podem causar o que chamamos de acamamento, quando as plantas arqueiam ou caem, o que pode acontecer com plantações de arroz, trigo, cana-de-açúcar e soja.
O acamamento, por sua vez, resulta em diversos problemas, como o autossombreamento — folhas da parte superior bloqueiam a penetração da luz do sol em folhas mais próximas ao solo, reduzindo o potencial da fotossíntese e a vida da folha.
Temporadas de chuvas intensas e ventos fortes também impedem as operações de pulverização de defensivos, gerando problemas de escorrimento e deriva.
Aquecimento global
O aquecimento global é um fenômeno mais amplo que pode levar a mudanças na temperatura média global de oceanos e da atmosfera. Ele é causado pela concentração elevada de gases de efeito estufa na atmosfera que bloqueiam e impedem o retorno da radiação solar (calor) para o espaço.
Esse aquecimento se traduz em alteração e intensidade de chuvas, fenômenos meteorológicos mais intensos, ondas de calor, elevação do nível do mar e até extinção de animais e espécies vegetais.
Estiagem e seca
Estiagem se caracteriza por longos períodos sem chuvas. Uma vez que a água é um componente elementar para o desenvolvimento de qualquer cultura, esse fenômeno constitui um grande desafio para o agronegócio.
Já a seca é uma estiagem mais prolongada, ao ponto de se exaurirem todas as reservas hídricas da região. Isso não traz impactos somente ao produtor rural. É um desastre natural de largo alcance econômico, político e social.
Citando como exemplo a região nordestina, podemos dizer que as características básicas da seca incluem:
- clima semiárido;
- solo seco e com rachaduras;
- baixa umidade;
- temperaturas altas em boa parte do ano;
- arbustos e galhos próprios da caatinga, retorcidos e com poucas folhas.
Desertificação
Como o próprio nome sugere, esse fenômeno transforma o cenário em deserto, seja pela ação do homem, seja por algum processo natural. Com o desmatamento e fim da vegetação, formam-se regiões áridas, com altas temperaturas e baixo nível de umidade do ar. Além disso, o solo se torna infértil e inviabiliza a atividade agrícola.
Exemplos brasileiros desse fenômeno são o Sertão Nordestino, o Cerrado do Tocantins e os Pampas Gaúchos. Em âmbito global, segundo a ONU, a desertificação já ameaça 40% das terras férteis do planeta, em uma progressão de 120 mil km² por ano.
O homem do campo tem sob os seus pés o maior ativo que poderia ter: a terra. É fundamental, então, que compreenda melhor o meio ambiente em que está inserido para tomar decisões mais eficazes. Nesse contexto, diversas tecnologias que compõem a agricultura de precisão, como sensores, softwares e telemetria, podem facilitar essa gestão e contribuir para o sucesso da lavoura.
E você, o que acha? Que outros efeitos surgem da relação entre estações do ano e agricultura? Participe da discussão nos comentários!
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