sábado, 29 de fevereiro de 2020

Estagdesigualdade: Concentração de Renda e Riqueza

Raquel Brandão (Valor, 14/02/2020) informa, mesmo com a Grande Depressão (2015-2016) e a posterior estagnação do valor adicionado nos últimos anos (2017-2019), o poder de influência sobre as Assembléias dos Acionistas das Empresas trouxe uma grande melhora a remuneração dos executivos e Conselheiros de companhias abertas.

O salário médio anual dos Conselheiros da Administração subiu 44,2% de 2016 para 2018, chegando a R$ 568,9 mil, enquanto o dos diretores avançou 33,3%, para R$ 2,95 milhões, conforme estudo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). No caso dos conselheiros, por exemplo, o crescimento da remuneração é quase o triplo da inflação acumulada de 14,67% medida pelo IPCA no período.

A economia não adicionou valor novo, só houve apropriação privada concentrada nas mãos de poucos dos valores existentes, porque em 2017 e 2018 o Ibovespa subiu e o lucro das empresas listadas também por conta de custos trabalhistas, tributários e financeiros.

Como em alguns casos uma parte da remuneração é atrelada ao desempenho do valor de mercado das ações das empresas, supõe-se a bolha em ações, devido à fuga da renda fixa para a renda variável, teve impacto no crescimento da concentração de renda. Isto sem falar na concentração de riqueza financeira estampada na primeira tabela acima.

A evolução da riqueza financeira do Private Banking no primeiro ano do governo da extrema-direita foi de 20,9% no volume financeiro total. Para comparar, no último ano do governo do golpista temeroso a evolução no ano tinha sido de “apenas” 11,6%. Antes, entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, tinha evoluído de 15,9%. Esta evolução percentual tinha também ocorrido no ano anterior, o do golpe (2016): 16%. Esse segmento da sociedade estava infeliz com a Dilma porque sua fortuna financeira tinha elevado “apenas” 11% em 2014 e 9% em 2015. snif, snif...

Em sua sétima edição, a pesquisa analisou 289 documentos publicados, em 2019, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por 233 companhias abertas. A pesquisa é quantitativa e levanta informações de remuneração a Conselheiros de Administração, Diretores e Conselheiros Fiscais em 2018. Essa foi a primeira edição desde quando as empresas passaram a ser obrigadas a reportar as informações após disputa judicial, quando, por anos, algumas empresas conseguiram evitar tal divulgação.

A remuneração fixa ainda é a mais comum entre os conselheiros, correspondendo a 77%. Esse cenário muda quando observada a remuneração à diretoria, cujo o pagamento variável ou baseado em ações chega a 89%.

Recentemente, o “programa de superação” adotado pela resseguradora IRB Brasil para seus principais executivos chamou atenção, após a gestora Squadra questionar os resultados crescentes apresentados pela companhia desde quando ela chegou à bolsa, em 2017. De acordo com a análise da gestora, com geração de caixa em queda, os lucros do IRB só poderiam ser explicados por itens não recorrentes.

Aprovado em assembleia de acionistas, o programa de remuneração complementar prevê a distribuição de R$ 61,991 milhões se, no período de maio de 2018 a maio de 2021, a ação do IRB dobrar de valor.

Embora o IBGC não comente casos específicos, é preciso cuidado quando se estrutura a remuneração com base em ações, uma vez que o desempenho dos papéis de uma companhia não está atrelado somente à sua capacidade de execução operacional ou saúde financeira. “A remuneração de diretores e conselheiros é um dos principais indicadores para alinhar os interesses da empresa”, disse.

Nesta edição, a pesquisa avaliou a relação entre os rendimentos dos presidentes e demais executivos. A pesquisa considerou valores máximos e mínimos divulgados pela companhia, considerando o máximo para diretor-presidente e presidente do conselho e calculando um valor médio de acordo com a quantidade de integrantes.

Em média, os diretores-presidentes recebem 2,7 vezes mais do que o restante da diretoria. Já a relação entre pagamento do presidente do Conselho de Administração e Conselheiros é em média de 3,2 vezes.

Leia mais: IBGC – Pesquisa sobre Remuneração dos Administradores de SA – 7a. edição

Estagdesigualdade: Concentração de Renda e Riqueza publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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