Roseli Loturco (Valor, 29/06/2020) informa: motivados pelos programas emergenciais de auxílio do governo federal, os bancos elevaram em mais de 21% o total de concessões de crédito para empresas e famílias desde o início da pandemia. As operações somaram R$ 833,5 bilhões entre novos empréstimos, renovações e alongamento de dívidas entre 16 de março e 19 de junho, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Desse total, R$ 570,6 bilhões são relativos a financiamentos novos, sendo que as grandes empresas ficaram com a maior fatia, de R$ 290,5 bilhões – duas vezes e meia o total concedido a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Esses indicadores, porém, começaram a desacelerar em maio, com recuo de 2,5%, ante o mês anterior. O setor considera natural porque o volume logo após o início do isolamento avançou muito acima da média. A soma do dinheiro para as companhias, de R$ 406,7 bilhões, é 27,6% superior à registrada em igual período de 2019.
Mas não foram só as empresas que se endividaram. As instituições financeiras liberaram R$ 163,9 bilhões em crédito pessoal, 7,3% a mais do que no mesmo intervalo de 2019, o que fez com que o Banco Central (BC) ‘recalibrasse’ a projeção de avanço da carteira total de crédito em 2020 para 7,6%.
No início de março, o BC havia projetado esse número para baixo – 4,1% – antes que as novas concessões começassem a socorrer a economia. O volume de crédito maior foi puxado no início da pandemia pelas grandes empresas, o que deixou os bancos mais cautelosos naquele momento.
As cinco principais instituições financeiras do país quase dobraram suas provisões para devedores duvidosos (PDD), prevenindo-se de um possível aumento da inadimplência. O programa do governo prevê também a prorrogação do vencimento de dívidas por até 120 dias.
Por causa disso, o total de renovação de empréstimos com empresas e pessoas bateu em R$ 262,9 bilhões do início do isolamento até 19 de junho. Nesse contexto, a carteira mais preocupante para os bancos é a das MPMEs. Entre renovação, de R$ 31,1 bilhões, e novos empréstimos, de R$ 50,6 bilhões, foi a menos atendida até então.
O que ocorreu em crises passadas: em 2008, com a crise do subprime americano, a inadimplência subiu 60% em um ano, segundo seus cálculos, saindo de 2,8% para 4,5%. Na crise de 2015 para 2017, a alta foi de 2,7% para 4%. O risco agora é maior do que o das crises passadas.
Para estimular o socorro a empresas menores, o último programa anunciado pelo BC, na semana passada, foi o Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE), destinado ao segmento e com potencial de crédito de R$ 127 bilhões. O empréstimo do CPGE terá prazo mínimo de três anos e carência de capital de seis meses. A linha é uma resposta do BC ao classificado como ‘estagnação’ do crédito a empresas menores nas últimas semanas.
Crédito Avesso ao Risco de Inadimplência publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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